Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 35
Nós e ele...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787573/chapter/35

POV KATNISS

—Apesar de parecer experiente, sou novo nesse lance de casamento.

Abafo uma risada em seu pescoço, raspo nossa pele antes de voltar a encarar seu olhar.

Seu sorriso ainda aberto me catapulta para anos atrás, quando o vi no corredor da escola. Dias depois dele jogar o pão para mim, tentei agradecer, mas seus amigos somado a minha pouca coragem, me impediram.

 

—Está imaginando uma forma de me castigar pelo atraso?

Pisco, percebendo que o encarei tempo suficiente para Peeta achar suspeito.

—Não. Apenas percebi que seu sorriso não mudou com o passar dos anos.

Ele pega meu rosto, puxa até encaixar sua boca com a minha.

—Eu realmente consegui capturar Katniss Everdeen.

—Não fique tirando vantagem, você não é um adolescente.

Mordo seu queixo, sendo recompensada por um tapa na coxa. Rio deitado sobre seu tôrax, aproveitando as embaladas batidas de seu coração.

—Acho que temos que conversar agora.

—Não estraga o momento, Peeta!

—Na verdade é a hora perfeita, aqui eu posso controlar você.

—Isso não é legal.- rebato sabendo que o loiro tem toda a maldita razão, sou vulnerável a ele em meio aos seus braços.

Como uma droga paralisante e totalmente eficaz contra mim.

Aspiro o cheiro forte de sua pele suada, o molhado do suor me faz ficar fresca apesar do calor sempre me atingir cada vez que suas mãos movimentam.

—Kat, eu não sou o pai de Anelise.

—Você já me disse isso.

—Não aja como se não estivesse feliz!

—Eu estou, assim não terei que ficar anos presa por ter matado sua amiga.

—Seu humor negro me encanta.- essa ironia está passando de mim pra ele, assim como sua paciência vem para mim.

Isso é bom, já que se eu ainda tivesse 16, a bunda de Willow estaria quente de tantos tapas.

—O que vocês tanto conversaram?

Brinco com os poucos pêlos que crescem em seu peito, a maturidade dando um tapa em nossa cara.

—Ela me explicou a situação. O pai da menina morreu e eu, naquela época, prometi que iria ajudá-la com tudo.

Ergo meu corpo, não importando com sua visão descendo até meu colo nu. Puxo o lençol, evitando beliscar seu braço.

—Você se tornou pai da garota, de qualquer maneira.

Jogo os pés pra fora do colchão, sentindo o choque ao pisar no piso frio. Me enrolo no lençol deixando apenas um edredom para Peeta, seu olhar passeia por mim antes de tentar montar uma boa resposta.

—Você é um idiota, Mellark!- passo depois de passo, chego ao banheiro, a raiva subindo rapidamente a cabeça.

—Eu não disse que sou pai da menina, Katniss. Custa entender que estou tão perdido nessa história quanto você?

—Não está não.- viro apontando um dedo contra seu peito. -Você não está chateado ou contra tudo isso, aposto que apenas concordou com alguma ideia maluca da Delly. Estou enganada?

Sua boca não mexe, não há o que contradizer.

—É por isso que estou brava com você. Não quero esse envolvimento com elas, não quero Delly tão perto de você. Mas agora isso é impossível de não acontecer, e você está gostando, Peeta.

Minha mão caí, cansada de tentar explicar o que ainda está confuso dentro de mim.

—Eu também sou nova nesse lance de casamento, e não acho que isso seja bom pra nós.

O empurro de volta ao quarto, tranco a porta em seguida.

Suas palavras morreram no momento que joguei meus pensamentos, Peeta sabe como me sinto, um pouco pelo menos.

Mas é óbvio, já que tudo que envolva Delly sou contra.

                             

Quando se prova algo bom, você quer repetir.

É isso que acontece comigo em relação á Peeta, seu corpo é tão bom que me deixa sem defesas. Sua voz tão boa e somada a palavras certas, é impossível não cair.

Mesmo quando luto para aguentar, quando tudo me pede para repuldiá-lo, eu vou.

Katniss?

Seu chamado soa como uma pergunta, ele quer ter uma resposta, mesmo eu ignorando-o.

—Leve-a direto para a escola quando terminar.

—Eu não gosto desse tom.- sua mão deixa o copo dentro da pia, mas seu olhar permanece cravado no meu.
—Parece que estamos separados.

Impulsiono o corpo pra trás, arrastando a cadeira o suficiente pra mim sair.

—Não estamos.

Ele assente se aproximando, talvez pense que eu queira um 4° round.
Quero, mas não darei o braço a torcer. Meu orgulho não mudou.

—Não quer dizer que eu esteja boa contigo.

—Mas, mais cedo nós...

—Eu sei.- as maçãs do meu rosto explodem, tamanha vergonha e agrado.
—Mas ainda estou brava o suficiente para chutar seu traseiro pra fora daqui!

—Eu até iria gostar.- lanço meu olhar ameaçador, nada bom.
—Mas prefiro não arriscar.- sua mão cobre a minha sobre a mesa, seu tronco grande embala minhas costas.

—Peeta.

—Se quiser ficar a tarde comigo na padaria...- seu rosto desce ameaçadoramente até o nivel de meu pescoço.

—Vou passear com Rye.

—Ótimo, passe lá depois.- sua boca provoca tremores em meus membros. -Estarei esperando.- um último beijo roubado na ponta dos lábios e o loiro sai com Willow em seus ombros.

—As vezes não gosto nada de você, padeiro.

Murmuro entre risadas, vibrando pelo atrevimento. O desconhecido nos obriga a ter um jogo de cintura e colocar a cara no mundo, preciso tentar mais, já que Peeta está apostando tudo em nós.

Mesmo que exista seu amor antigo e forte, mas não é a mesma situação pra mim.
O amo, admito. Mas ainda sim é difícil, dado ao meu histórico.

Escondi meus sentimentos por muitos anos, é complicado deixar um hábito desses para trás tão repentinamente.
Assim como ser dependente de alguém, nunca precisei. Mas tenho o loiro, ocorreram mudanças.

Meu bebê loiro sorri quando ameaço pegar seu corpo, as brincadeiras estão aumentando.
Aceito o afeto e a realidade. Duas crianças saíram de mim, dependem do meu cuidado e buscam meu amor.

Estou pronta para dar.

—Vamos brincar na areia?- sua cabeça assente alegre, consegui uma boa tarde.

—Aposto que mais tarde não será essa alegria toda.- relembro da última vez que Rye esteve na praça, ele revelou uma grande aflição por ficar mais de 2 horas brincando com a areia.
—Venha, mamãe vai trocar sua roupa.

Escolho algo fresco, loto sua bolsa com brinquedos e uma bola pequena.
Água e petiscos não podem faltar.

Estou me revelando uma boa mãe.
Inesperiente, mas cuidadosa.

—Quer ir no carrinho?

—Colo.

Acato seu pedido, caminhando até uma praça próxima a padaria.
Os brinquedos circulam uma grande área coberta de areia, outras pessoas passeiam.

Chamo a atenção, mesmo sem lembrar, ainda sim sou conhecida como " O Tordo". Provavelmente algo de bom eu fiz.

O local reservado para as criança é circulada por um batente de cimento pintado de azul escuro, onde separa a areia do restante dos brinquedos.

—Pá.

Lhe dou tudo o que precisa. Um pequeno balde, pá, formas de animais para moldar a areia, bonecos e alguns carrinhos.

Sento ao seu lado, esperando o momento que terei que segurar o balde enquanto suas mãos jogam muitos grãos dentro.

Os minutos são gostosos, proveitosos. Estou formando uma relação com minhas crianças, tornando tudo estranhamente normal.

—Toma. Beba um pouco de água.- destampo sua garrafa, logo seus lábios sugam o bico ávidos.
—Quer mais?

A ponta de seus fios embola quando ele nega, de forma fofa e rápida.

Saio da areia, bato na calça sentando no banco de cimento. O deixo á uma curta distância de mim, sem nunca desviar o olhar.

Pego um boneco seu, brinco mexendo nos braços distraidamente. Observo meu pequeno Peeta.

Algo, nesses 10 anos, me fizeram mudar muito.
Aceitar coisas que jamais fariam parte da minha vida, lutar e sobreviver a situações extremas, não desistir e provavelmente dar um fim a minha vida.

Baseada nos pesadelos e nas informações que recebi, eu tinha muitas oportunidades e motivos para isso.
Mas algo me transformou em alguns pontos.
Suspeito ter sido Peeta.

A pessoa que serviu de ancôra quando me perdia nos devaneios. O balão que me puxava pra fora de um problema grande demais.

Um sorriso frouxo passa por minha boca, brota levemente me deixando corada só por lembrar de certos momentos.

Vamos conversar, Katniss Mellark.

Minha costela é prensada por algo pontudo e afiado, tão ameaçadora quanto a voz se chocando baixa contra meu ouvido.

Não ouso olhar pro lado, nem para Rye. O medo de algo ameaçar meu filho embrulha o estômago.

Apenas fecho os olhos, a escuridão me lembrando de quem é essa voz...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ao Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.