Artemis escrita por Camélia Bardon
Notas iniciais do capítulo
Oioi ♥ Tudo bem com vocês?
Hoje o capítulo é um pouquinho diferente do habitual. Por sugestão de uma leitura, resolvi incluir como alguns bônus entre capítulos as histórias que a Artemis publicou antes da editora ♥ eu gostei bastante da sugestão porque, querendo ou não, é bom que conheçam o estilo de escrita dela, que é diferente da narrativa.
Espero que gostem!
Sobre como os espinhos enxergam as rosas
Num mundo repleto de romance, rosas são colocadas como rainhas. Segundo algumas lendas, a rosa teria sido criada a partir do corpo morto de uma ninfa, e suas diversas colorações se davam às bênçãos dos deuses. Daí, a rosa e todo seu simbolismo foi coroada como rainha das flores. Sua coroa, no entanto, era uma coroa de espinhos.
Na tentativa de aliviar a dor das rainhas – pois, veja bem, esse título vaga pelos inúmeros exemplares que temos aqui –, seus súditos sempre tentavam aparar os espinhos de sua coroa. Um gesto inocente e até amoroso, mas perigoso em inúmeros modos. Ainda que a rainha pedisse para que a deixassem como estava, seus conselheiros intervinham: “Majestade, está aqui para ser vista, e não ouvida”.
Ninguém suspeitava como as rainhas faleciam tão rápido. Exceto as próprias rainhas. Mas, é claro, ninguém as ouvia. Morriam em silêncio, em prol da beleza que lhes fora concedida.
Séculos de silêncio dominaram o reino das flores. Séculos de espinhos sendo cortados para fora de suas rosas, porque machucavam as mãos humanas que tentavam cativá-las. Até que houve um dia em que os espinhos tomaram parte na Revolução das Flores.
De tanto serem jogados ao meio do caminho, os espinhos começaram a carregar partículas das rosas de que lhe eram roubadas. Sabiam que morreriam no processo, no entanto os reis respeitavam suas rainhas acima de tudo. Não era uma questão hierárquica: um dependia do outro para continuar vivendo. De lá, começaram a brotar arbustos. Consequentemente, pequenos brotos nasceram entre eles, tímidos como sinais de grama em meio à neve que restava do inverno.
Os humanos, é claro, sequer repararam na rebelião silenciosa. Continuavam cultivando suas rosas e as matando assim que assumiam suas coroas. Entretanto, em outros reinos outras cresciam ainda mais majestosas – ocultas da violência e tirania que a mão dos homens tanto havia atormentado suas antepassadas e parentas distantes. Em meio aos arbustos, surgiu a Terra das Rosas Selvagens. Como nunca iam muito além de mãos humanas e vasos com água, as rosas da cidade enxergavam o local como um santuário místico. “Imagine só!”, diziam elas. “Ser livre é uma utopia!”.
Contudo, nem todos os humanos desrespeitavam as rainhas das flores. Apesar de estarem bem escondidas, um dia as rosas selvagens foram descobertas por olhos curiosos. Seguiu-se um silêncio inquietante: de um lado, as rosas pensavam estar encurraladas. Do outro, os humanos se paralisaram com tamanha fascinação. Rosas, de todas as cores, talentos e fragrâncias erguiam-se diante de seus olhos sem darem-se conta das quão encantadoras eram! Totalmente desprovidas de vaidade! Daí, em meio ao silêncio, um humano sussurrou: “Vejam esse tesouro escondido! Que bom que viemos por esse caminho, nossas fotos ficarão excelentes!”.
As rosas suspiraram exultantes de terem sido reconhecidas por súditos fiéis – seus primeiros súditos humanos! Ah, que bom era ter um reino tão diversificado! Sem mais ameaças de serem arrancadas de seus arbustos... E quanto aos espinhos, não mais seriam picotados para longe de suas rainhas!
Tempos de paz aproximavam-se, com cautela. Os espinhos tinham de reconhecer que uma revolução não nascia e era vencida da noite para o dia. Ao menos, por ora era suficiente.
Para cada rei que se vai, há outro a ser coroado no lugar. E rainhas deixam seu legado, ainda que esse demore séculos para erguer-se.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Inspirações musicais:
— Wild Roses, Of Monsters and Men: https://youtu.be/yy2-SGjhCbQ
— Daniel in the Den, Bastille: https://youtu.be/545mJ5_UY34
Hum... se tudo que a Diana escreve tem relação com a vida pessoal dela, qual vocês acham que foi a associação que ela fez com Rosas Selvagens?
Até o próximo :3