Until My Last Breath escrita por Lady


Capítulo 8
Sétimo




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Hades suspirou cansado quando seus servos lhe comunicaram que ainda não tinha sinal de onde a alma de Will Solace estava. Já haviam se passado sete dias desde que o rapaz havia falecido e se ele estivesse perdido no Campo dos Asfódelos, como Alecto suspeitava, a alma do filho de Apolo poderia estar por um triz de perder totalmente sua essência e acabar se tornando apenas mais uma alma penada pelo hades. Afrodite havia dito para que ele não se preocupasse, que ela daria um jeito de Zeus não interferir na ressureição do loiro e Hades acreditava na deusa.

Infelizmente tudo aquilo seria em vão se a alma do Solace permanecesse perdida. Além do mais, após uma semana morto, o corpo do rapaz já estaria em estado de putrefação, em condições deploráveis, fora o fato de que o deus suspeitava que o corpo já estaria enterrado. A cada dia, mais difícil as coisas ficavam.

Hades pelo menos agradecia a presença de Hazel para confortar o coração do filho. Mesmo ela sendo filha de seu aspecto romano, Hazel mantinha uma preocupação genuína para com Nico e, graças a isso, o filho vinha melhorando cada dia mais.

— Senhor? — Uma voz baixa ressoou pela sala. Hades despertou de seus pensamentos e olhou para o rosto fantasmagórico da empregada. — O senhor Apolo e a senhora Afrodite estão no aguardo. Posso chamá-los?

Hades se levantou de seu trono e andou até uma sala mais reservada, como um escritório.

— Traga-os para cá, Agathe.

O deus se ajeitou em sua cadeira e esperou que os outros dois entrassem no escritório o Agathe fechasse as portas. A conversa que teria era muito delicada e não poderia correr o risco de conversarem na sala do trono, onde Nico poderia facilmente ouvir o que falavam.

Os outros dois deuses já sabiam o que se passava no mundo inferior, sobre a alma fugitiva de Will e sobre as buscas incessantes de Alecto pela a alma do rapaz. E, mesmo a situação não tendo mudado de um dia para outro, Hades achou melhor explicar novamente a situação e dessa vez acrescentou suas dúvidas sobre o plano de ressuscitar o rapaz morto à uma semana.

— Não se preocupe a respeito do corpo dele, Hades. — Apolo disse, sua voz parecia calma.

Desde o primeiro dia da morte de seu filho, o deus vinha se acalmando e cultivando esperanças de que o plano daria certo.

— Eu sei que foi errada minha decisão, mas eu não contei a Naomi sobre a morte de Will. Ela está numa turnê pelo país e então a comunicação entre eles não era tão frequente. — Apolo deu de ombros. — Sobre o corpo, eu estou mantendo-o seguro sobre um forte encantamento, já retirei a bala e curei o ferimento do tiro. Dentro do feitiço, o corpo está reagindo como se estivesse morto a sete minutos. Um minuto por dia.

Hades levantou uma de suas grossas sobrancelhas negras, mas nada disse. Sabia que Apolo era o deus da medicina, então não achou necessário perguntar se tudo aquilo era seguro. Provavelmente fosse.

— É melhor trazer o corpo dele para cá, manteremos numa sala separada. Espero fazer o ritual o quanto antes. — Disse, por fim. Apolo assentiu e saiu do escritório para que pudesse agilizar o processo de remoção do corpo.

Ele então olhou para a única mulher no recinto. Afrodite sorria de canto, usava um vestido pouco acima dos joelhos e os cabelos longos caiam pelos ombros. Até mesmo para um deus, a imagem dela parecia sempre estar se modificando, os traços do rosto sempre mudando com uma sutileza que se ele não estivesse prestando atenção, diria que aquele rosto era o mesmo desde que entrara no escritório.

— E a respeito de Zeus? — Perguntou.

Afrodite deu de ombros.

— Ele se calou desde nossa conversa na sala dos tronos. Talvez tema que eu me levante contra ele, porque ele sabe que embora pareça fraca, sou uma das olimpianas mais influentes. Meu poder está presente na vida de todos, sejam mortais ou imortais... Então, mesmo que eu reviva Will Solace, Zeus nada fará.

Hades assentiu. Aos poucos o alívio tomou seu corpo e a sensação de que tudo daria certo invadia seu ser imortal. Só tinha um porém: Will ainda se encontrava perdido.

*

Nico estava nervoso. A ansiedade em tentar invocar o espírito de Will fazia seu estômago se contorcer dentro de si. Queria vomitar e chorar, mas manteve a calma. Nada poderia dar errado. Ele tinha que conseguir.

A princípio não queria que Hazel soubesse, mas, num deslize, comentou com a irmã essa possibilidade e assim que percebera o que havia feito, quis se estapear. Mas a reação da menina não foi a que Nico esperava. Ela sorriu e abraçou o irmão, falando entusiasmada que adoraria ajudá-lo se isso fosse lhe fazer bem.

Nico não sabia se conseguiria ter forças o suficiente para conseguir chamar uma alma. Ainda estava fraco e estava lutando para retomar o controle dos poderes. Seu caos emocional dificultava, mas Nico persistia. Sempre persistiria quando o assunto fosse Will.

— É só isso de que precisa? — Hazel perguntou, depositando ao chão alguns sacos de comidas e bebidas que Nico ofereceria pela alma.

— Sim. Obrigada, Hazel.

A menina deu de ombros e se sentou ao lado do irmão. Os dois estavam na parte mais afastada do jardim de Perséfone. Hazel ainda não se sentia confortável para sair perambulando pelo hades e a menina queria estar junto do irmão quando ele tentasse invocar a alma do ex-namorado.

— Você tem certeza que está pronto para isso? — Hazel perguntou, sua voz estava baixa e preocupada.

Nico entendia a preocupação da irmã. Seu coração descompassado e o estômago embrulhado faziam Nico querer largar tudo o que estava fazendo e correr para debaixo de suas cobertas e chorar de tristeza. Mas ele estava decido. Ele iria chamar por Will.

— Eu preciso fazer isso, Hazel. Preciso me despedir dele... Preciso conseguir ser capaz de deixar a alma dele descansar pra poder seguir em frente... Ou pelo menos tentar... — A dificuldade de falar e sua voz baixa denunciou a vontade que tinha de chorar.

Respirou fundo e se levantou, tirando a sujeira das calças. Pediu para que Hazel ficasse atrás de si enquanto Nico entoava em grego antigo frases tão familiares para si. Um buraco negro foi se formando no solo logo em frente ao menino e ele começou a perder as forças.

— Hazel, me passe a oferenda. — Sussurrou para a irmã.

Enquanto jogava a comida no buraco, uma lama preta, parecida com piche, se formou e uma névoa densa começou a rodopiar pelo buraco. Um corpo começou a se formar na névoa, mas não era nítido, ele parecia perdido. Hazel prendeu a respiração atrás de Nico.

— É ele?! — Perguntou afoita.

Nico tentou se concentrar mais um pouco, estava começando a ficar tonto, o corpo não estava completamente formado, mas Nico sabia que aquele era Will. O rapaz começou a ver pontos pretos em sua vista e o mundo começou a girar. Então a névoa se dissipou tão rápido como havia se formado e Nico desmaiou ao som do grito assustado de Hazel.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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