Vi uma luz acessa na cozinha, desci pisando suavemente quando escutei vozes conversando, a voz de Angelina e toda sua ternura e Katarina e sua voz arrastada.

Olhei para trás vi que John não atrás de mim quando fui parando de andar e encostei escutando a conversa de ambas, mesmo sabendo que aquilo era errado.

— Você me ajudará no que for preciso, seja na casa ou com a bebê de Zoey, quero você apenas fazendo suas obrigações não perambulando pela casa, terá um uniforme, para não usar essas roupas provocativas. – Angelina falava passando certo sermão em Katarina. – Isso é uma casa de família.

— Madrinha olha essa casa, aqueles carros, as roupas, o marido que essa garota tem. – Katarina falava admirada e bufando. – Temos a mesma idade e vidas tão diferentes, não acho que Zoey mereça tudo que tem. – A voz áspera de Katarina me arrepiava o corpo, será que ela me odiava? Ela nem me conhecia. – Algumas pessoas não merecem o que tem, e sua querida Zoey é uma delas.

— Zoey tem bom coração e agradeça a ela por você ter um emprego digno. – A voz de Angelina era revoltosa e me peguei sorrindo ao ouvir ela me defender. – Ela me dá muito mais valor do que você me deu sua vida toda. Indo embora e esquecendo toda sua família aqui, Zoey jamais abandonaria a família, pelo ao contrario ela luta pela dela e isso não deixa o dinheiro subir à cabeça, como você deixa. – Angelina bufou desgostosa. – Melhor se colocar no seu lugar Katarina e não fazer besteira.

Entrei na cozinha e vi o olhar de espanto de ambas, acho que estavam com medo de eu ter escutado toda conversa, o que de fato escutei. Forjei um sorriso pegando um copo de água e bebendo, elas me olhavam tentando ver se eu sabia de algo, mas respirei fundo e continuei a beber a água encarando ambas.

— Tudo bem com vocês? – Perguntei sorrindo, Angelina tentava mas tinha um semblante triste, já Katarina revirou brevemente os olhos afirmando com a cabeça.

— Vamos conversar Zoey. – A voz rouca de John me fez paralisar, Katarina o devorava com os olhos quando me virei o vendo ali com a sua calça de malha e sem camiseta. Peguei o copo de água, apenas afirmando com a cabeça dei um breve gole olhando John que se colocou a andar em direção as escadas e fui atrás dele, sentindo o olhar de Katarina em nós. Uma hora teria que perguntar a ela qual era o problema dela comigo, quando passei pela porta do quarto John a trancou e me virei o olhando e dando mais um breve gole na água. – Não pode sair assim Zoey, fugir de mim.

— Nunca quis fugir de você, você me assustou, nunca te vi daquele jeito e fiquei com medo, precisávamos esfriar a cabeça. – Abaixei a cabeça, logo senti seus dedos levantarem meu rosto para olhar para ele.

— Me perdoe se te assustei, mas estou enlouquecendo. – Ele disse com pesar. – Só de pensar aquele cara, fico assim. – Ele tinha a voz triste, o olhei com ternura. – Me diz que nunca mais terá nada com ele. – Nos encarávamos, engoli seco, apertando o copo fortemente e afirmei forjando um sorriso.

— Me casei com você não foi? – Sorri torto e ele fez o mesmo, John selou nossos lábios ternamente, respirei fundo me afastando brevemente. Para ele o beijo significava que estávamos bem, e eu queria ficar bem com ele. – Estou com um pouco de dor de cabeça, acho melhor me deitar. – Eu disse o vendo afirmar com a cabeça.

— Irei trabalhar em alguns relatórios e logo subo para ficar com você. – Ele disse gentilmente beijando minha testa, o vi sair e bebi o resto da água. Fui até a janela olhando para a rua, será mesmo que tinha uma remota chance de Caleb estar por aqui? Porque eu ainda me preocupava tanto sendo que estava bem e feliz com John? Fechei as cortinas e me deitei olhando para o teto e esperando o sono vir. Estava com pensamentos a mil, tinha festa para planejar, toda preocupação com Louise, não custava tentar dormir, depois de um certo tempo adormeci, era de madrugada quando senti John deitar ao meu lado. Acordei atordoada o sentindo me puxar para seu peito quente e me abraçando, relaxei ali e voltei a dormir.

Estava quase chegando a hora da minha festa, todos preparativos estavam a todo vapor, a decoração estava quase pronta, os convites enviados com sucesso, nossas fantasias estavam preparadas, até Louise teria a sua fantasia. Todo preparativo estava me deixando exausta, subi para o quarto e vi Angelina olhando admirada minha fantasia pendurada no closet, eu ria de ver seu olhar para a fantasia. Me joguei na cama e logo Katarina me trouxe Louise, apesar dela estar sendo gentil e simpática, Katarina não me passava a confiança ainda, o que me fazia suspeitar dela.

— Isso é exatamente o que menina? – Angelina falava olhando a fantasia, quando se virou eu brincava com Louise na cama, e esticava o pano da fantasia. – Rainha do que?

— Pode se dizer que sim, é Maria Antonieta, só que digamos, mais adaptada. – Eu ria e ela me encarou. – E Louise irá de Branca de Neve.

— Falta muito pano na sua fantasia. – Ela disse rindo e negando com a cabeça. – Mas concordo com Louise ser a princesinha da festa. – Ela disse babando em Louise. – Bom vou preparar o almoço de vocês.

Angelina saiu e com Louise no colo fui olhar minha fantasia, era um tipo de vestido curto no meio das coxas, com tutus para levantar a saia curta, com vários tons de azuis, com belo decote e um corselet por cima que marcava toda minha cintura. Respirei fundo e saí do quarto descendo de encontro com John que acabara de chegar, vindo ao nosso encontro e me beijando de um jeito que me deixava sem ar.

— Minhas princesas. – Ele disse sorrindo cordialmente para mim, com seu olhar doce e apertando a bochecha de Louise, Katarina veio pegar Louise a colocando no cadeirão para comer, enquanto John e eu se sentava cada um em uma extremidade da mesa. – Me diz, está animada para a festa hoje?

— Digamos que estou meio perturbada, não sei se ficarei bem o suficiente na minha fantasia, terá tanta gente que sinto até um certo frio na barriga, perdi o pique de festas. – Eu disse me servindo salada e o vendo sorrir com olhar brilhando em mim.

— Será a mulher mais linda desta festa meu amor. – Ele sorriu me vendo comer, bebi um gole de água sorrindo gentilmente. Katarina logo se materializou ali ao lado dele, a encarei e John franziu a testa tendo que odeia que interrompa nossos almoços. – Algum problema?

— O cabelereiro que chamou senhora chegou, mandei ele para o quarto vago. – Ela disse com extrema educação, limpei a boca sorrindo.

— Sirva o que ele quiser, diga que subirei daqui alguns minutos. – Assim ela fez, saindo dali em disparada. Quando terminei o almoço junto de John, o mesmo pegou Louise para se distrair, já que tiraria o resto do dia de folga. Eu fui subindo as escadas e logo vi Katarina já rodeando John e Louise, sempre usando a desculpa de ajudar com a menina, mas eu via a malicia em seu olhar e como devorara John, mas não a culpo por John ser tão irresistível.   

Quando cheguei no quarto, o cabelereiro e toda sua equipe estava a minha espera, sabia que passaria o resto do dia ali, entrei na banheira cheia de espuma com perfumados sais de banho, James era um cabelereiro gay o que permitiu John a gostar dele, sabendo que James trabalharia com suas mãos em mim, uma de suas assistentes me fez uma massagem extremamente relaxante e eu precisava disso, quando dei por mim John e Louise me olhava, o encarei e depois sorri. John estava um tanto paranoico, e precisava tratar isso o mais rápido possível. Ele usava a desculpa de me ver relaxando o relaxava para estar sempre por perto, mas a verdade era outra. Quando comecei a arrumar o cabelo e maquiagem ele saiu com Louise do quarto, mas Peyton chegou em seguida abismada com toda produção que John tinha armado para mim, ela olhou minha fantasia e sua boca de abriu e acabei rindo da sua reação.

— Ellie, Harper e eu vamos de as três mosqueteiras sexy. – Ela comentava sentando na poltrona ao lado fazer seu próprio cabelo. – Espero que não se importe, como a gente nem se falou mais, não pensei se fosse querer se juntar a nós. -  Neguei com a cabeça sorrido,  estava feliz que Peyton estava ali, aflita com Louise passar pelas portas antes da hora, não queria que ela a conhecesse ainda. Felizmente nada disso aconteceu, quando terminamos de se arrumar, o som do DJ já enchia a casa, assim como conversas paralelas, sabia que os convidados estavam chegando. Peyton disse que me esperaria lá embaixo saindo do quarto e me deixando ali com a ansiedade a mil. Logo Katarina trouxe Louise que já estava pronta, com sua roupa de branca de neve, seu laço no cabelo, eu estava babando nela. Quando John e Isaac se juntou a nós eu sorri o vendo de príncipe encantado, que era exatamente o que ele era, selamos os lábios ouvindo Isaac pigarrar, o mesmo estava de homem de ferro, fantasia escolhida por ele mesmo, sabia que após a festa o veria de homem de ferro por um tempo pela casa. Fomos em direção as escadas com um frio na barriga único, todo mundo ia ver minha felicidade, ia ver minha filha, todo mundo ia ver minha linda família.

— Queiram receber a aniversariante da noite e sua família, Sr e Sra Stewart e sua filha Louise Johnson Stewart e Isaas Johnson. – Quando desci Peyton estava próxima ao meu pai, com os olhos brilhando para Louise que olhava todos ansiosa, recebíamos aplausos e mais aplausos, quando chegamos no final da escada imediatamente Peyton pegou Louise dos meus braços e começou a beija-la, quando a encarei ela fez uma careta para mim.

— Ela é tão linda, tão perfeita, não conseguia imaginar ela menos que isso. – Peyton falava um tanto alto pela música que tocava. – Se parece tanto com ... – Ela fez um silencio e engoli seco. – Com você. – Ela disse percebendo a cara de poucos amigos que John fez. – Eu sorri e ela fez o mesmo entregando Louise ao meu pai. – Estou feliz por você. – Ela me abraçou ternamente, assim como todos vinham aos poucos me cumprimentar.

Todos estavam mimando Louise o que me permitia relaxar, tomei alguns shots de tequila com Ellie que dançava animada na minha frente, estávamos dançando animadas na pista, John e Hunter conversavam de forma entrosada no bar, quando o DJ começou a tocar uma música mais lenta, fiquei parada no meio da pista de dança com Ellie rindo ao ver os casais que se formavam ao som de You Are Mine de Spencer Combs.

— A aniversariante me dá a honra de uma música? – Uma voz rouca me chamou convidativa, sorri e quando me virei um homem vestido de fantasma da opera sorria cordialmente, um sorriso familiar, ele puxou minha mão e colocou nossos corpos, suas mãos fortes era familiar também, como apertava minha cintura, engoli seco, sentindo meu coração disparar, sentindo o hálito quente do mesmo no me ouvido. – Está linda Zoey, depois de tanto tempo.

— Caleb. – Sussurrei, senti seu hálito no meu pescoço, o que ele faria se eu saísse correndo naquele momento, ele me girou brevemente durante a música me puxando nos fazendo se encarar, ficamos em silencio, engoli seco e mordi os lábios o que fez ele sorrir torto. Ele estava diferente, mais musculoso, não percebi que era ele, mas deveria os olhos, como não notei? Iguais os de Louise e não percebi. – Deve ir embora.

— Fui convidado, recebi um convite. – Ele disse me encarando enquanto continuei a dançar para não chamar atenção de John que ria com Hunter. – Precisamos conversar. – Ele sussurrou ao meu ouvido me fazendo arrepiar, sentia medo, sentia saudades, queria aperta-lo, queria beijar ele naquele momento que sentia seu perfume invadir minhas narinas e eu estava gostando. – Nos jardins, dos fundos, após os parabéns, te espero lá.

Ele me soltou e se misturou no meio da multidão, me deixando ali parada fui surpreendida por John me puxando e sorrindo, tentei sorrir para disfarçar e ele não descobrir nada. Fomos se sentar junto de Louise e Isaac, queria que nunca tivesse a hora dos parabéns, mas cada vez se aproximava mais. Louise acabou dormindo e Katarina subiu com ela ficando no quarto trancada com ela, para me dar uma tranquilidade em saber que minha filha estará longe de Caleb.

Quando dei por mim todos cantavam parabéns, meu olhar estava perdido na multidão, vi Caleb parado no fundo da sala, nos encarando John me abraçava e beijava meu rosto ternamente e eu sorria no automático, quando acabou os parabéns e eu entreguei a fatia de bolo dividida entre Isaac e John, fui para cozinha falar com Angelina.

— Angie, preciso que distraia John para mim, por quinze minutos no máximo. – Ela me olhou e eu sorri nervosa. – Por favor Angie. – Ela sorriu confirmando, sai pela porta da cozinha indo em direção aos jardins, nervosa estava uma brisa fria, parei diante da piscina olhando o mar ao longe, um silencio ensurdecedor, quando Caleb parou do meu lado, olhando para a mesma direção que eu, parei de respirar engoli seco molhando meu lábio com a língua, se olhamos e ele tinha um riso distraído, o riso mais sensual do mundo. – O que quer comigo?

— Conversar? – Ele disse exibindo aquele riso cafajeste lindo. – Eu fiquei mal por sua causa, nunca me senti mal assim por causa de ninguém. – Ele falava baixo em tom provocativo, com seus olhos acinzentados em mim. – Eu te amei Zoey, mais do que qualquer coisa nesse mundo e você se casou com outro, foi embora e teve uma filha. – Ele fez uma pausa, minha respiração estava alta e ele percebeu como estar perto dele me incomodava, mordi tão forte meus lábios que pude sentir o gosto de sangue em minha boca. – Daria tudo para ser eu com você naquela escada, ao seu lado segurando aquela bebê. – Caleb estava próximo, sentia seu hálito quente com cheiro de menta com whisky, respirei fundo algumas vezes e prendi a respiração. – Apenas achei que o que tivemos fosse puro, forte e genuíno.

— E foi. – Sussurrei. – Mas acabou, eu te perdoei, você se desculpou. Temos que ser maduros, ambos erramos na forma que agimos, mas não posso simplesmente esquecer como tudo aconteceu. Você mentiu para mim e acabou com todo esse amor puro, forte e genuíno que tivemos. E agora nesse momento minha prioridade é minha família. – Pressionei os lábios, nos encarávamos, tentava me manter fria e distante, mas queria sair dali e chorar feito uma adolescente em um canto escuro, eu não conseguia entender tudo que sentia nesse momento, em como eu relutei para não sentir o que sentia por Caleb, mas não conseguia negar a mim mesma o quanto ele mexe comigo, o quanto eu queria poder beija-lo e dizer que amava ele, mas que não podíamos mais fazer isso. – O melhor é você ir embora, sumir da minha vida, é melhor para ambos. Estamos felizes, sou feliz com minha família. – Eu falava e meus olhos marejavam olhando o sorriso dele se abrir aos poucos. – Por favor vá embora e construa isso para você também, tenha isso que tenho com John com outra pessoa. – Meu coração se comprimia e Caleb passava seus dedos pelo meu rosto me fazendo fechar os olhos e suspirar ao sentir a lagrima rolar pelo rosto.

— Zoey. – Ele sussurrou me fazendo abrir os olhos e se olharmos, engoli seco o vendo próximo. -  Se não me quer aqui, eu até entendo. Mas quero que sejamos sinceros, que me olhe no fundo desses olhos e deixe seu coração falar com todas as letras que não me ama mais. – Ele segurou uma das minhas mãos contra seu peito e o silencio era matador entre nós dois, eu ia falar, mas nada saia da minha boca, então desviei o olhar e vi um riso terno no rosto de Caleb.

— Zoey? – A voz de John me fez tremer, me afastei de Caleb vendo John andar em nossa direção – O que faz aqui fora? Quem é ele? – John perguntou já sabendo da resposta, vendo Caleb tirar sua máscara, sua cara de pânico era eminente quando chegou me puxando pela cintura contra seu corpo, e fuzilando Caleb. Eles se matavam por olhares, eu queria me afundar no chão com esse show de futilidade masculina.

— Tudo bem, estou atrapalhando e já vou embora. – Caleb disse abrindo um riso irônico. – Eu queria saber uma coisa e já sei. – Ele respirou fundo e foi se afastando. – Apenas saiba britânico que ela nunca vai ser sua realmente, casamentos acabam todos os dias. – Caleb foi indo embora e meu coração queria se afundar aos poucos, John tinha uma respiração pesada, nos olhamos em silencio e ele segurou meu rosto com ambas as mãos.

— Ele não vai nos destruir, não vou deixar querida. – John falava tentando parecer terno, mas sua voz era triste, ele selou nossos lábios ternamente e nos olhamos sorrindo, eu tentei parecer relaxada, mas era perceptível o quanto ver e falar com Caleb tinha mexido comigo, John em algum ponto sabia disso.

Fomos entrando para dentro da casa, John passou um de seus braços na minha cintura, respirei fundo me misturando com as pessoas que ainda restavam ali, mas meu pensamento em Caleb me manteve distante, ele tinha voltado e com isso muita coisa aflorou, ou apenas acordou. Principalmente a verdade, meu amor por ele estava totalmente, completamente intacto e não saberia como disfarçar isso.