Tempo de Escolha escrita por Val Rodrigues


Capítulo 2
Capitulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Alguem ai???
**Olhinhos piscando ansiosa para ver se tem alguem lendo. kkkk**



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785744/chapter/2

Restaurarei o exausto e saciarei o enfraquecido". (Jeremias 31:25)

— Oi Mãe.  Cheguei. Lorena falou assim que cruzou a porta. _ Esta assistindo o que? Perguntou sentando-se ao lado dela no sofá. Os olhos de sua mãe voltaram-se para ela, opacos e sem vida.

— Um programa. Ela respondeu apenas e Lorena deixou escapar um suspiro. Os olhos inchados e avermelhados de sua mãe denunciavam o choro e seu coração doeu ao vê-la assim.

— Mãe, eu tenho novidades.  Disse tentando anima-la. _ Eu pedi transferência. Recomeço as aulas amanha. Parou observando a reação de sua mãe.

— Não vai voltar? E os seus estudos?  Ela perguntou franzindo o cenho.  _ Lorena, filha, eu... não é justo boicotar seu futuro. Aquela faculdade era o seu sonho.

— Eu vou continuar estudando, só que aqui. Não estou pronta para ir embora novamente. Falou e um sorriso triste surgiu nos lábios de sua mãe. Apesar da dor que lhe esmagava o coração, Rute reconhecia o esforço da filha.

 _ Eu também vou começar a trabalhar com sua tia a partir de amanha.

— Serio? Perguntou aliviada. Ela acenou em concordância. _ Mãe nós vamos ficar bem. Falou com a voz fraca e a mãe a abraçou.  

— Obrigada meu amor. Você é mesmo meu tesouro precioso. Sua mãe falou e ela sorriu com os olhos marejados.

.......................

— Ei, Rafael. Maycon chamou pela segunda vez e Rafael o olhou.

— O que foi?

— Vamos. Falou segurando a mochila nos ombros. Rafael olhou ao redor percebendo que quase todos já haviam saído da sala de aula. _ Onde esta a sua cabeça? Você anda muito distraído ultimamente. Maycon falou enquanto os dois caminhavam para a saída da Faculdade onde ambos cursavam Engenharia.

Rafael negou com a cabeça e continuou caminhando.

— Só estou com muita coisa na cabeça. Explicou.

— Eu percebi. O que esta havendo? Perguntou. Rafael ponderou se deveria se abrir com o amigo ou não por um momento. Após o reencontro acidental dos dois há meses, não soubera mais nada sobre ela.

— Nada. Vamos. Rafael virou-se para a saída atropelando alguém no processo. _ Desculpa. Pediu apressado.

— Não foi nada... ela começou a falar, mas parou ao notar em quem havia esbarrado.

 _ Lorena. Ele disse sem esconder a surpresa por vê-la ali. _ O que esta fazendo aqui?

— Oi Rafael. Ela disse do mesmo modo. _ Esta é minha faculdade agora.

— Serio? Perguntou e ela acenou. _ Eu não sabia que estava estudando aqui.

— Eu pedi transferência há algumas semanas. Falou e o silencio pairou sobre eles enquanto seus olhos permaneciam conectados.

— Oi. Sou o Maycon. Maycon falou percebendo o silencio estranho.

— Lorena. Disse apertando a mão dele. _ Bem, já vou indo. Tchau. Maycon acenou simpático e só então o cérebro de Rafael voltou a funcionar.

— Gostei dela. Ele falou e Rafael o olhou serio o fazendo erguer as mãos. _ O que? Você gosta dela? Perguntou com um ar de riso e Rafael deu as costas o fazendo gargalhar.

...................................

— Eu quero um café também, por favor. Pode cobrar os dois aqui. Rafael falou erguendo o cartão e Lorena o olhou apertando a carteira nas mãos.

— Não precisa fazer isso. Ela tentou protestar.

— Deixa comigo. É só um café. Falou a olhando. Desde que se esbarraram na Faculdade ele começou a procura-la pelo local assim que chegou no dia seguinte. Foi assim que a encontrou na lanchonete e usou o café para se aproximar. 

— Obrigada. Falou guardando a carteira na bolsa.

— De nada.  A propósito, como você esta? Como andam as coisas? Quis saber.

— Eu diria que estamos nos acostumando. Respondeu pegando o café. Ele acenou concordando.

— Escuta. Se não estiver muito ocupada, alguns amigos estão combinando de ir jogar boliche no sábado. Você gostaria de ir? Comigo. Ele pensou a ultima palavra.

— Eu não sei se é uma boa ideia Rafael. Não conheço seus amigos.

— Você conhece o Maycon. Ele falou tentando convencê-la.

— É. Mas eu não sei jogar boliche. Tentou outra vez. 

— Sem problema, eu te ensino. Ele retrucou. Ela olhou ao redor sem jeito.

— Eu vou ver se consigo. Obrigada por isso. Falou erguendo o café e saiu o deixando parado no meio da lanchonete novamente.

...........................

— Terra chamando. Lorena ergueu os olhos notando sua tia estalando os dedos a sua frente.

— O que foi Tia?

— Você esta bem? Parecia distante.

— Só estava pensando. Falou. _ Precisa de ajuda?

— Sim. Corte os tomates para a salada. Pediu lhe entregando uma faca e uma tigela com os tomates. Elas estavam na casa de sua tia para almoçar. Ela começou a tarefa em silencio. O sábado chegou rapidamente e com ele a duvida se deveria ir ou não._ No que tanto você pensa?

— Nada. Desconversou.

— Você mente muito mal, sabia? Mas tudo bem se não quer falar. Mali falou mexendo em uma das panelas no fogão.

— Quem não quer falar? Rute perguntou entrando na cozinha.

— Sua filha que não sai do mundo da lua.

— Não há nada para falar. Se defendeu.

— Você não sabe mentir Lorena, nunca soube. Sua mãe falou.

— Por que todo mundo esta me dizendo isso hoje? Falou cortando o tomate maior do que deveria.

— Por que é verdade, oras. Marli falou olhando para a irmã e ambas sorriram. Lorena também sorriu. Era bom ver um sorriso no rosto de sua mãe mesmo que fosse breve.

— Na verdade... Lorena começou pousando a faca no balcão. _ Alguns colegas da Faculdade me convidaram para jogar boliche hoje. Mas não sei se vou.

— E por que não? Sua mãe perguntou olhando-a preocupada. Suspeitando que sua indecisão tinha a ver com o fato de deixa-la sozinha uma ideia lhe ocorreu. _ Você deveria ir. Marli e eu vamos assistir alguns filmes mais tarde.

— Eu gosto de assistir filme. Argumentou não percebendo a troca de olhares entre as duas. 

— De terror? Sua expressão se alarmou. Ela simplesmente não conseguia assistir este gênero de filme. _ Foi o que pensei. Sua mãe falou e virou-se para tirar o frango assado do forno que encheu o ambiente. _ Há que horas vocês marcaram de sair?

— ahn... eu vou mandar uma mensagem e perguntar.

— Agora que já resolvemos isso, me deixa terminar esta salada que eu estou morrendo de fome. Sua tia falou praticamente a expulsando da cozinha.

.................................

 Com o coração aos saltos, Lorena viu Rafael estacionar o carro em frente a sua casa e desceu os degraus apressada.

— Oi. Ele disse saindo do carro.

— Oi. Ele abriu a porta de trás e dois rostos surgiram a encarando enquanto ela entrava no carro.

— Oi Lorena. Maycon falou virando o rosto no banco do carona.

— Oi Maycon.

— Lembra da Ana? Rafael perguntou voltando ao banco do motorista.

— Oi. Ana falou a olhando.

— Ola. Ela disse se sentindo analisada.

— E esta é a Samira. Namorada do Maycon.

— Oi. Samira disse e Lorena gostou dela de cara, seu sorriso parecia sincero, pensou enquanto a cumprimentava.

— Acho que podemos ir. Ana sugeriu e Rafael voltou sua atenção ao volante. Apesar de conhecê-los pouco, Lorena se surpreendeu ao se pegar sorrindo com facilidade enquanto a conversa fluía.

— Sabe há quanto tempo eu não saio de casa assim? Maycon perguntou enquanto aproveitavam lanches e batatas fritas. Mais alguns colegas deles haviam chegado formando uma mesa grande para acomodar a todos.

— Eu sei amor. Você vive entre a faculdade e o trabalho. Há tempos não saímos mais. Samira falou e Rafael sorriu para o amigo.

— Sami, você sabe que este ultimo semestre esta roubando todo o meu tempo e energia, não é?

— Sim. E é só por isso que espero ansiosamente que você se forme. Ela brincou e ele lhe deu um selinho.

Lorena virou o rosto se surpreendendo ao notar o olhar de Rafael a observando e um sorriso envergonhado quando viu que foi pego em flagrante surgiu em seu rosto.

— Viemos aqui para jogar boliche não foi? Ele falou se colocando de pé apressado.

— Como vamos dividir? Ana perguntou também se colocando de pé.

— Meninas contra meninos. Samira sugeriu e logo eles se dividiram. Mesmo não sabendo jogar, Lorena se divertiu tentando. Ao contrario dela, Samira era ótima jogadora e sempre somava a pontuação.

— Sua vez Lorena. Ana falou a encarando. Aparentemente o fato dela não marcar tantos pontos a estava incomodando.

— Melhor não. Joga você Samira. Pediu.

— Ei, sem trapacear. Lucas, um dos garotos que ela havia conhecido la, interviu. _ Não podemos trocar a vez nas rodadas.

— Eu não sabia. Ela disse e Samira confirmou com um aceno.

— Ele tem razão. É uma regra que criamos.

— Não fique nervosa. Você consegue. Rafael falou a olhando.

— Arrasa garota. Uma das garotas gritou e uma torcida organizada se instalou ali, gerando gritos contra e a favor.

Tensa, ela jogou a bola torcendo para que ela acertasse o alvo. O que não aconteceu, fazendo com que os garotos comemorassem sua vitoria.

— Desculpa. Pediu olhando a expressão triste das garotas enquanto ouviam a comemoração dos garotos ao redor.

— Tudo bem, mas você nos deve uma vitoria. A garota que agitou a torcida antes falou sorrindo. _ Queremos revanche. E todos concordaram em marcar outra data.

— Melhor você treinar antes do próximo encontro. Rafael falou baixo ao seu lado. O sorriso escancarado no rosto não escondia o quanto ele estava se divertindo com a situação. Ela estreitou os olhos para ele o encarando. _ Posso te ajudar com isso. Ele sugeriu escondendo um pouco o sorriso.

— Feito. Ela aceitou o desafio mudo em seu semblante. _ Mesmo horário no próximo sábado?

— Claro. Ele disse e só então ela se deu conta de que ia sair com ele novamente.

......................................

— Cheguei mãe. Falou vendo o brilho da televisão na sala. No sofá sua mãe cochilava. _ Mãe. Ela chamou se aproximando.

— Tudo bem, aqui esta bom. Murmurou sonolenta. _ Como foi?

— Bem. Não quer ir mesmo para a cama?

— Não. Ainda estou vendo o filme. Argumentou e Lorena calou-se sabendo que ela havia dormido muitos dias no sofá. _ Esta tarde. Vá dormir. Falou bocejando.

Lorena deu uma ultima olhada em sua mãe antes seguir para o quarto. 

.................

O som encheu seus ouvidos e Lorena abriu os olhos, confusa e levemente assustada, bocejou esfregando as pálpebras cansadas e saiu do quarto, ainda trôpega de sono.

A iluminação pela fresta da porta do quarto de seus pais chamou sua atenção e ela tocou a porta devagar. A cena adiante lhe partiu o coração. Sua mãe, agarrada a roupas do seu pai, chorava inconsolavelmente.

— Mãe... Murmurou a abraçando.

— Sinto...tanta... falta dele. Ela tentou falar aos soluços. Sem saber o que dizer e já tomada pelo choro, Lorena a apertou ainda mais. Incapaz de pronunciar qualquer palavra, as duas permaneceram ali por longos e pesados minutos.  

— O que esta fazendo? Perguntou quando sua mãe levantou e começou a dobrar as camisas formando uma pilha sobre a cama. _ Mae... insistiu segurando sua mao. _ São duas e quarenta da manha, deveríamos estar dormindo.

— Eu tive um sonho com seu pai. Ela começou a falar, a voz baixa e rouca pelo choro recente. _ Se eu não fizer isso agora, sinto que não terei forças para fazê-lo depois. Sua mãe explicou.

Em silencio, Lorena soltou sua mãe e alcançou outra camisa sobre a cama dobrando e colocando sobre a pilha. As duas fizeram isso ate que todas as coisas estivessem em caixas empilhadas no canto do quarto.

— O que vamos fazer com tudo isso?

— Doação. Há muita coisa aqui que seria um desperdício jogar fora. Sua mãe falou fechando ultima caixa. _ Eu estou exausta. Bocejou cansada física e mentalmente. _ Vou fazer um chá, quer uma xícara?

— Sim.  Vamos juntas. Lorena enlaçou o braço com o de sua mãe e ambas seguiram para a cozinha.

Quando finalmente o sol nasceu, pouco mais das seis da manha de Domingo, ambas dormiam, cada uma em um sofá da sala.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempo de Escolha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.