O nó na garganta se fez, minha respiração acelerou, respirei fundo tentando controlar minha imensa vontade sair correndo.

— Oi!

Foi tudo que eu consegui responder, enquanto lentamente virava meu rosto para olhar para ele.

— Você saiu de forma apressada ontem, como se estivesse fugindo e algo! Jake falou dando um sorriso com o canto dos lábios, ele deu alguns passos e sentou-se ao meu lado.

—Desculpe! Eu murmurei voltando a olhar para o mar – Eu tinha que ir para casa, estava ficando um pouco tarde! Respondi.

— Compreendo! Ele respondeu.

O olhei com o canto dos olhos e ele olhava para o mar também, o olhar dele se voltou para mim e eu voltei a olhar para o mar – E como você está? Quero dizer, como se sente? Sabe, por não lembrar de muita coisa.

— Perdido! Ele suspirou – A ultima lembrança que tenho eu era mais magro, mais baixo, não tinha tanta barba, era menos musculoso e ainda estava no ensino médio, ontem eu acordei e tenho 18 anos, tenho um emprego e dois metros e quinze de altura! Ele baixou a cabeça e a balançou negativamente – Eu estou totalmente perdido dentro da minha própria casa.

— Poderia ser pior! Falei olhando para ele.

As sobrancelhas dele se uniram e sua testa enrugou – Me de um exemplo desse pior!

— Poderia acordar com uma esposa e dois filhos!

Ele riu baixinho – Não seria ruim, mas eu acho que sou bem novo para ter uma esposa e dois filhos!

Eu engoli minha própria saliva e respirei fundo tentando controlar as drogas das lagrimas como esperado, eu sábia que falar com ele me deixaria assim, mas forcei um sorriso virando meu rosto para que ele não percebesse que eu começava a chorar – Eu tenho 16, e já tenho dois – O olhei com o canto do olhos novamente.

— Você mora sozinha naquela casa branca? Ele perguntou olhando para mim.

—Sim! Respondi concordando com a cabeça – Mas como sabe a cor da minha casa?

Jake levou uma das mãos a nuca e coçou a cabeça dando aquele sorriso lindo que tanto me derretia – Você não vai me achar um maníaco maluco, sair correndo e me denunciar ao chefe de policia que por acaso é seu pai?

Dessa vez foi eu quem ri – Eu prometo que tentarei não fazer isso!

— Eu fui na sua casa, três vezes! Eles respondeu – Fui ontem a noite, mas estava muito tarde e eu resolvi não bater, fui hoje cedo, mas estava muito cedo e eu resolvi não bater...

Eu gargalhei – E qual foi a terceira vez?

— Quando você saiu, eu vi seu carro e então eu....

—Você? O interrompi.

— Te segui! Ele respondeu – Corri em casa, peguei a moto e voei na estrada,

—Suas asas não quebraram? A propósito como sabe onde eu moro?

Jake riu – Meu pai, ele me disse! E você gosta de piadas?

— A convivência com uma pessoa que é ótima em piadas me fez amar!

—Entendi! Ele sorriu e voltou a olhar para o mar – E porque mora sozinha? Onde esta o pai do seu bebê, espera, você disse que são dois? Dois bebês?

Meu olhos se voltaram para o céu, a visão do céu sobre o mar do penhasco era perfeita, eu nunca havia imaginado o quanto era lindo o céu visto daquele lugar – Charlie quer que  eu more com ele, meu outro pai Afonso quer me levar para Nova Iorque, mas eu quero ficar aqui, e cuidar dos meus bebes e assumi as responsabilidades que são minhas e não deles.

— Sua e do pai! Ele falou olhando para mim – Ele sabe? E você tem dois pais?

— Ele não lembra! Respondi olhando nos olhos dele – Tenho dois pais sim, mas isso é uma longa história.

— Acho que entendi! Ele deu um sorriso tímido – Você é muito corajosa e forte, além de linda, nas ultimas horas tudo que tenho feito é tentando lembrar de você.

Meu coração acelerou em meu peito – Porque? Murmurei – E porque está me seguindo?

— Olha eu não sei! Sua voz saiu aflita – Desde o momento em que abri meus olhos e vi você eu...olha eu sei que posso te assustar com isso, mas eu também estou muito assustado, eu penso em você todo o tempo nessas ultimas vinte e quatro horas acordado.

—Jake eu...

— Eu não lembro de você, perguntei a Leah, ao meu pai, a Rachel que está em casa e eu não lembro quando ela retornou, todos me respondem a mesma coisa que somente você pode me responder o porquê disso.

Nossos olhares se fixaram um no outro, pensei em contar a verdade a ele, que ele era o pai dos bebês e que era meu marido, mas como ele reagiria? Ele já estava confuso e perdido demais com tantas brechas em sua vida, ele sofreria em saber que não lembra dos filhos, que não lembra da mulher que amor.

— Isso é muito recente Jake, você acordou a um dia trás, não se cobre tanto e dê uns dias a você para se recuperar melhor e assim sua memória pode voltar.

— E o que eu faço enquanto isso acontece? O que eu faço com essa necessidade de ver você?

— Isso vai te deixar mais tranquilo? Perguntei sem acreditar no que eu estava ouvindo, aquilo me dava esperanças de que ele poderia lembrar de nós três a qualquer momento.

—O que? Ele perguntou olhando em meus olhos novamente.

—Me ver?

— Sim! Ele sorriu – Estou a meia hora conversando com você e não quero que as horas passem.

Meu coração se aqueceu ao ouvir aquilo, ficamos em silêncio olhando um para um outro, mas um ruído vindo da floresta chamou nossa atenção, com certeza era Owen e os garotos ou a matilha de Sam, só não entendi porque eles estariam nos vigiando.

— Ouviu isso? Ele falou levantando.

—O que? Me fiz de desentendida, só então compreendi, Jake não lembrava dos lobos, se as memórias que tinha eram de mais de um ano ele ainda não era um lobo e não fazia a menor ideia da existência deles, por isso Edward havia saído daquela forma tão apressada com Carlisle da casa de Billy, com certeza Edward havia lido em sua mente que ele não lembrava que era um lobo.

— Tenho certeza que ouvi um ruído! Ele insistiu, eu lentamente apoiei as mãos no chão para me levantar, mas suas mãos quentes me seguraram enquanto ele me levantava cuidadosamente.

— Obrigada! Eu agradeci surpresa.

— Não precisa agradecer, só tem que evitar sentar no chão assim pode se machucar e machucar os bebês.

— Tem razão! Eu sorri – Eu acho melhor voltar para casa está ficando tarde.

— Está bem! Ele concordou – Se importa se eu levar você?

—Não vai me sequestrar? Não esqueça sou filha do chefe...

Ele riu alto – Ainda bem que me lembrou isso, não vou esquecer.

Rimos juntos e então caminhamos descendo o penhasco em direção ao estacionamento da praia, Jake me ajudou a passar pelas pedras alegando que eu poderia cair, cada gesto alimentava a esperança que seus instintos de lobo lembravam de mim e por isso ele estava fazendo tudo aquilo, o imprinting poderia fazê-lo recuperar suas lembranças, mas eu conversaria com Sam para saber o que ele achava sobre isso.

Jake pegou a moto sem dificuldade alguma como se carregasse uma pena e colocou na caminhonete – Isso me assusta! Ele riu timidamente e então abriu a porta da caminhonete para que eu entrasse e logo saímos da praia em direção a reserva.

Durante nossa volta conversamos mais um pouco, Jake me fez muitas perguntas e eu tentei responder a todas com o máximo de cuidado possível, e ao chegar na frente da nossa casa ele parou o carro e abriu a porta para eu me ajudando a sair.

— Está entregue! Ele sorriu enquanto pegava a moto na carroceria da caminhonete.

— Obrigada, boa noite Jake! Falei dando um sorriso, minha real vontade era abraça-lo, mas me contive.

— Boa noite Renesmee! Ele respondeu se aproximando um pouco mais e apertou o meu queixo.

—Nessie! Respondi – Pode me chamar de Nessie.

— Certo! Ele sorriu largamente colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha- Eu te acompanho até a porta.

Eu sorri – Tá! Então caminhamos por alguns metros um ao lado do outro subindo a varanda e paramos diante da porta – Boa noite Jake! Sussurrei enquanto abria a porta sem tirar meu olhar do dele.

—Boa noite Ness! Ele respondeu dando um sorriso tímido, então seu rosto se aproximou do meu e seus lábios tocaram minha bochecha – Durma bem! Ele sussurrou se afastando.

Eu abri a porta e entrei e assim que fechei encostei minhas costas na mesma desalizando até o chão e desabei em lagrimas.

Eu precisava ser forte, mesmo com a esperança que ele lembraria de mim a dor ainda era insuportável demais.

Eu precisava dele, precisava de Jacob ao meu lado.