—Você...você não sabe quem eu sou?

A pergunta saia cortando minha garganta, seu olhar se fixou em mim mas o som da cadeira de rodas de Billy nos interrompia.

— Jacob! O velho falou sorrindo enquanto passava pela porta, eu imediatamente dei espaço que ele passasse – Filho como é bom ver você acordado.

— O que aconteceu? Jake perguntou enquanto Billy o abraçava e podia perceber pelo tom de voz do velho que ele estava chorando, aproveitei o momento pai e filho e sai do quarto totalmente desolada.

Ele havia me esquecido.

Edward ainda estava na sala quando retornei, eu permaneci em silêncio e apenas me sentei no sofá, meu coração estava tão apertado em meu peito que sentia que ia morrer.

—Ele...

— Tudo está confuso Renesmee! Edward me interrompeu – Ele lembra de muitas coisas...

—Só não lembra de mim!

— Ele teve uma perda das memórias recentes, aproximadamente de dois anos para cá!

— Então ele não lembra dos lobos? Sam perguntou olhando para Edward.

— Não! Edward respondeu e seu olhar se voltou em direção ao pequeno corredor – Melhor irmos! Ele falou olhando para Carlisle que concordou, ao passar por mim o chefe dos Cullen e sua mão pousou em meu ombro em um gesto carinhoso.

—Fique bem!

—Obrigada por tudo, por trazer o Jake de volta.

— Mesmo com o coração despedaçado você está feliz? Edward falou encostado próximo a porta – Você é muito generosa.

— Jake e meus bebês são tudo que eu mais amo nesse mundo, eu só quero vê-los bem, não importa muito o que aconteça comigo.

Carlisle sorriu e seus braços gélidos se envolveram em volta do meu corpo em um abraço- Obrigado Carlisle! Eu murmurei.

O médico sorriu e então se afastou, Edward acenou com a cabeça e então ambos saíram, eu passei ambas as mãos no rosto enxugando as lagrimas que insistiam em sair e sentei no sofá e então o olhar de todos se direcionou na direção do quarto, Jake aparecia empurrando a cadeira de rodas do pai.

— Jake!

A voz de todos que estavam na sala saiu como em um coro, Rachel correu para abraçar o irmão, enquanto eu me mantinha sentada olhando toda aquela movimentação na pequena sala.

Ele olhou para mim.

Meu olhar percorreu pela sala enquanto todos olhavam para nós dois, Jake deu alguns passos e parou próximo o sofá onde eu estava sentada – Você ainda não se apresentou, Billy disse que é filha do Charlie!

—É...eu sou! Respondi com a voz falha.

— E somos amigos? Eu estou totalmente perdido, eu não estou entendendo nada.

Ele realmente parecia confuso, talvez não fosse uma boa ideia falar a verdade a ele, como Jake reagiria se soubesse que havia esquecido da própria mulher e dos filhos.

—Jake, cara realmente não lembra da Nessie? Embry perguntou dando um sorriso tímido – Nessie é...

—Sua amiga! Eu o interrompi – Uma...grande ...amiga! Afirmei controlando minha vontade de chorar.

Jake se aproximou e deu um sorriso – Espero lembrar disso.

—Eu também! Respondi levantando do sofá, o olhar dele se fixou em minha barriga, só então ele havia notado que eu estava gravida – Eu preciso ir!

—Espera eu...

Não esperei que ele terminasse de falar o que queria, dei as costas e sai de  forma apressada.

— Nessie!

Leah gritou logo atrás de mim, mas não olhei para trás, meus passos continuavam lentos enquanto eu olhava para o chão tentando me manter firme.

—Nessie, você está bem? Ela tocou me ombro me fazendo parar, girei meu corpo e então a olhei desabando em lagrimas.

—Ele...ele não lembra de nós Leah, ele não lembra de mim, não lembra dos filhos dele, Leah, eu não vou conseguir...

— Ele vai lembrar Nessie, isso pode ser temporário! Ela respondeu tentando me acalmar.

— Ah, Leah! Eu me engasguei em meu próprio choro.

— Que tal ir para casa, se quiser eu faço companhia a você! Ela sugeriu.

— Eu agradeço Leah, estou indo sim para casa, mas eu quero e preciso ficar sozinha, eu preciso decidir o que fazer da minha vida.

— Tudo bem! Ela falou colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha – Mas se precisar me liga, não importa a hora que seja.

Eu concordei com a cabeça e após nos despedimos eu segui para casa, olhei para o jardim e percebi que o gramado começava a ficar mais alto e então segui para a nossa varanda e abri a porta.

A sensação foi diferente quando eu entrei, a casa não estava tão organizada como na primeira vez em que eu havia entrado, as ultimas três semanas eu entrava apenas para dormir, passava a maior parte do tempo na casa de Billy, a casa estava um pouco suja e havia bastante louça suja na cozinha, percebi o quanto eu havia me descuidado.

Me deitei no sofá e abracei o travesseiro chorando, e se ele nunca recuperasse a memória o que eu faria sem ele? Como eu ia cuidar de dois bebês sozinha, eu só tinha 16 anos e estava tendo a fase mais difícil da minha vida, enquanto as outras garotas da minha idade tinham como preocupação os testes para lideres de torcida eu me preocupava com dois bebês que em breve nasceriam e uma casa para manter.

— Seja forte Nessie, seja forte! Repeti enquanto as lagrimas me venciam – Seja forte por eles, eles precisam de você!

Fechei meus olhos e me encolhi no sofá e esperei o sono e o cansaço me vencerem, eu precisava dormir, esquecer toda aquela dor que eu estava sentindo, precisava me acalmar e tomar novas decisões na minha vida, e horas depois finalmente eu consegui.

Acordei na manhã seguinte.

Minhas costas doíam, não havia sido uma boa ideia dormir no sofá, sentei no sofá e me despreguicei levantando e fui para a cozinha.

Após lavar as louças e dar um jeito em toda aquela zona eu fiz o mesmo na sala, terminando no quarto e no banheiro, coloquei as roupas sujas em um cesto, e após tomar um banho eu preparei meu almoço.

Enquanto comia sozinha naquela pequena cozinha eu imaginei como seria se ele estivesse comigo – Eu não vou chorar! Murmurei voltando a comer.

Mesmo sentindo a falta de Jake decidi não forçar a barra, vê-lo sabendo que ele me trataria como um conhecido qualquer faria eu me sentir muito pior do que já estava, todas as decisões que eu tomava eram para o bem dos meus bebês, se eu ficasse bem, durante o restante do dia eu arrumei algumas coisas em nosso quarto, assisti TV, e dei um cochilo por algumas horas, Charlie e Leah me ligaram preocupados, mas eu disse que estava bem.

O sol estava quase se pondo quando eu decidi sair a tarde, peguei o carro e dirigi até a praia e caminhei um pouco descalça sentindo a areia molhada da praia, e segui em direção ao penhasco, sentei no chão vestindo meu agasalho e observei o sol se pôr, fechei os olhos ouvindo o som das ondas batendo nas rochas, das arvores balançando e dos pássaros, por um instante me desliguei do mundo e da minha dor.

Mas uma voz me trouxe de volta a realidade.

—Renesmee.

Era a voz dele, do meu Jake, do homem que eu amava com todas as forças do meu coração.