Mais de um mês se passou desde que Jake havia acordado, nos encontrávamos quase todos os dias e nas ultimas semanas o senhor Marshal havia adoecido então Embry precisou que ele retornasse para assumir a oficina pois Jacobe era o único em quem o velho Marshal confiava.

Nós éramos amigos, e mesmo com a insistência de todos eu não tinha encontrado forças ainda para contar a verdade a ele.

As coisas começavam a ficar difíceis para mim.

Charlie ainda insistia para que eu voltasse para casa, sugeriu em usarmos o antigo quarto de Bela para os bebês, e Afonso havia me feito prometer que eu iria para Nova Iorque caso Jake não lembrasse de mim e dos bebês antes deles nascerem, ele e Charlie só ficaram mais tranquilos quando eu prometi isso.

Minha barriga começava a ficar pesada demais para o meu corpo, mesmo a casa sendo pequena cuidar dela sozinha exigia um pouco mais de gasto físico pelo peso dos bebês dentro de mim, meus pés ficavam inchados e me vestir ou calçar era um grande problema, mas eu não deixava transparecer que não conseguia mais morar sozinha, para todos os efeitos eu estava bem.

Afonso havia me matriculado em uma escola particular e eu podia assistir as aulas online sem precisar me deslocar todos os dias para a escola, então parte do meu tempo em casa eu me dedicada aos estudos e assim ocupava minha mente e não pensava tanto em Jacob, mas todas as noites eu sentia a falta dele ao meu lado.

Mas eu não tinha como pagar minhas próprias despesas, todas as economias que Jake havia deixado em nossa caixinha na cozinha já haviam acabado a mais de um mês, e a três dias eu não tinha nada na dispensa e nem na geladeira, no primeiro dia eu havia passado o dia na casa de Emily e Sam, e quando voltei para casa trouxe pequenas marmitas que Emily havia me dado, eu inventei que era apenas desejo meu para que ela não desconfiasse e foras essas marmitas que me alimentaram no dia seguinte, mas faziam exatas vinte e quatro horas que eu não comia.

Eu estava com fome, e não tinha coragem de pedir ao Charlie ou Afonso, me sentia uma péssima filha e isso me impedia de pedir a eles.

Sentei na mesa da cozinha com um pequeno caderno nas mãos e uma calculadora fazendo as contas de tudo que eu precisava pagar – Água, luz, telefone, Gás, compras para a casa, também tinha o médico mas eu poderia pedir a Billy para me consultar nos consultórios da reserva.

Lembrei que os bebês também não tinham muitas coisas ainda, então suspirei e deitei a cabeça sobre a mesa, além de estar com fome eu precisava pensar no que fazer.

Levantei da cadeira devagar e suspirei caminhando pela casa, olhando algo que tivesse valor o suficiente para uma semana no mínimo, meus olhos se fixaram no notebook – Desculpa pai! Murmurei e então peguei o notebook o colocando em uma bolsa e sai de casa entrando na caminhonete.

Afonso havia me dado um dos notebooks mais caros do mundo, como em Forks ninguém pagaria ao menos a metade do valor do objeto decidi tentar vende-lo em Seattle, lá eu conseguiria um valor mais digno.

Ao rodar pela cidade por aproximadamente meia hora eu finalmente havia conseguido achar uma loja de compra e venda de eletrônicos, fiquei alguns minutos apagando coisas pessoais do notebook e após terminar eu sai do carro entrando na loja, um rapaz me atendeu sorrindo.

— Bom dia senhorita, deseja comprar ou vender?

— Bom dia, quanto me pagam por ele? Perguntei mostrando o notebook para ele.

O semblante do rapaz mudou – Nossa! Ele murmurou – Sabe quantos desse existe no mundo?

— Não faço a menor ideia! Eu respondi – Mas sei que é um dos melhores.

— Vou chamar o chefe, só ele pode te dizer se podemos pagar por ele! O rapaz falou caminhando e direção a uma porta.

Concordei com a cabeça e caminhei pela loja, alguns minutos depois o rapaz me chamou de volta ao balcão, um homem jovem estava com ele – Essa é a moça! Ele falou para o homem assim que me aproximei.

—Bom dia! Ele sorriu gentilmente – Posso verificar o notebook? Peço perdão, mas é uma questão de segurança já que existem muitas falsificações, só preciso verificar um selo.

— Está bem! Eu respondi pegando o notebook em minha bolsa e o coloquei no balcão, o home pegou e olhou embaixo do mesmo e sorriu olhando para mim.

— É original! Ele falou surpreso – É a primeira vez que alguém tenta me vender algo do tipo, em seguida pegou um pedaço de papel escrevendo um valor e me entregou.

Peguei o pedaço de papel do balcão e olhei para ele – Só isso? Ele vale cinco vezes mais!

— Eu não posso pagar muito senhorita.

— Preciso do dobro disso! Reclamei.

Ambos olharam para mim – Certo! O homem respondeu – Vou pagar o dobro do que anotei.

Eu sorri aliviada, o valor daria para comer por alguns dias, mas ainda precisava de dinheiro para as contas da casa, o homem entrou com o notebook e em seguida retornou com um pequeno envelope e me entregou.

—Veja se está certo!

Peguei o envelope de sua mão e conferir, o valor estava correto, agradeci e então sai da loja entrando na caminhonete, como estava quase na hora do almoço e eu não havia comido nada parei um restaurante e almocei pegando a estrada de volta para Forks logo em seguida.

Era o final da tarde quando cheguei a Forks, o tempo começava a fechar mas decidi ir ao supermercado, comprei tudo que eu precisava para no mínimo uma semana, um dos funcionários do supermercado me ajudou a colocar as compras na caminhonete e em seguida me entregou um pedaço de papel com um numero de telefone, o que me fez rir o caminho todo de volta para casa, ele havia dado em cima de mim.

Na metade do caminho a chuva começou a cair, diminui a velocidade prestando atenção na estrada e ao estacionar o carro comecei a pegar as sacolas tentando correr para dentro de casa e não me molhar demais, acabei tomando um banho de chuva, eram muitas sacolas para eu carregar.

Quando finalmente consegui eu estava sentada na sala suja de lama e molhada, suspirei e fui para o quarto, tomei um banho, arrumei as compras e fiz algo para comer, estava cansada demais, meu corpo parecia ter aumentado dez quilos, após conferir o dinheiro que tinha o guardei na mesa de cabeceira e deitei me cobrindo com dois cobertores.

Estava muito frio.

Fiquei algumas horas lendo um livro para os bebês até adormecer.