Aquele com quem a Morte conversa escrita por Kemur


Capítulo 2
O Pecado do Ceifador


Notas iniciais do capítulo

Mais um capzinho dessa ficzinha hsuahsuahsauhsua
Espero que gostem.



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— Então você acha que sua vida é um inferno? – ele ri da minha cara.

— Viver tem sido uma punição pior do que queimar seja lá onde que for que os pecadores vão. – respondo.

— Eu realmente não esperava aqueles 120 minutos salvariam ambas as vidas.

— Quando se da alguns minutos para alguém, não é mais de uma hora. – reclamo.

— Mas você teve o que queria. – ele diz, enquanto tomava seu café.

— Transformaram ela num monstro.

— O mesmo ocorreu com você, não?

— Não me importo com o que acontece comigo! – soco a mesa e faço um pouco de café espirrar para fora da xícara. — Eu não queria ter sobrevivido pra ver ela se tornar isso.

— Que tal pularmos o sentimentalismo e continuarmos o assunto que interessa aqui? – ele reclama.

— Morre!

— Nem se eu quisesse. – ele responde com um sorriso irritante.

— Na manhã seguinte, eu fui me encontrar com Wolf em um local combinado para começarmos a investigação... – digo, enquanto limpo a mesa com uns guardanapos.

...

O sol do meio dia brilhava no centro do céu azulado e com poucas nuvens, era verão naquela época e por isso o calor estava insuportável, principalmente para mim que não posso tomar banho de sol, mas infelizmente, não é o sol que me impede de trabalhar. Então, lá estava eu. Escondido nas sombras de um beco do bairro.

— Está atrasado. – digo.

— Foi mal, bebi demais. – disse Wolf ao se aproximar do beco onde eu estava.

— Eh... O grande Wolf Magnus está de ressaca? – brinco com ele.

— Calado. – ele reclama.

— Enfim, de quem vamos atrás primeiro? – pergunto.

— Akutagawa. – Wolf responde. — Ele é um traficante de drogas feitas com substâncias mágicas. Seu “escritório” é nesse prédio.

— Qual vai ser o plano? – olho para Wolf com um sorriso no rosto.

— E preciso dizer?

Aquilo era o que mais esperava pra ouvir o dia inteiro. Wolf e eu não somos o tipo de agentes que lidam com casos que envolvam interrogatórios ou até mesmo furtividade, até porque tem gente mais qualificada do que nós para esse serviço. Furtividade só era usada em último caso, mas esse não era o caso.

Foi fácil identificar onde era o apartamento do nosso alvo. Um cara grande e gordo fazia a segurança do lugar e se tem algo que eu aprendi nessa vida é que se tem um cara grande fazendo a segurança de um apartamento barato, é porque ali é a casa de um bandido. Confesso que, tentamos persuadir o grandalhão para nos deixar passar, porém ele preferiu o método difícil e acabou sendo jogado contra o chão do apartamento, após levar dois chutes simultâneos no peito o que o fez ser jogado contra a porta que caiu junto com o grandalhão.

— Mãe, cheguei. – gritei ao entrar no apartamento.

— Que merda é essa? – nosso alvo encarou assustado.

— Eita. – Wolf entra atrás de mim. — Acho que acertamos o porta.

— Acabem com esse otários! – Akutagawa gritou e quatro caras armados começaram a atirar em nós.

— Inútil. – Wolf ergueu seu braço e conjurou um escudo arcano para nos proteger dos tiros. — Shiro, quer fazer as honras?

— Sim.

Como já mencionei antes, tenho sangue demoníaco correndo por minha veias e isso me faz ser uma espécie de “super-humano”, logo tenho a força de equivalente a dois “Homens Aranha”. Usando apenas um pé para pegar impulso, jogo meu corpo em direção aos atiradores e os ataco. O primeiro teve cabeça atravessada na parede, o segundo foi degolado por uma lâmina de gelo que surgia em meu braço direito e o terceiro... Ah, esse morreu bonito.

— Últimas palavras? – pergunto.

Assustado com a cena, ele apenas aponta a pistola e atira, pegando de raspão no meu rosto. Sem falar nada, eu o agarro pela boca e o congelo de dentro para fora, em seguida dou um empurrãozinho e derrubo, estilhaçando seu corpo no chão igual à um copo de vidro.

— Está bem? – Wolf pergunta.

— Não, eu levei um tiro. – respondo, enquanto limpo o sangue de meu rosto. — Mas agora, vamos ao prato principal.

— Quem são vocês, caras? – Akutagawa cai no chão assustado. — É melhor irem embora, antes que meu associados cheguem!

— Seu associados? Quer dizer, Kagutsuchi? – Wolf pergunta ao se aproximar do traficante.

— C-Como sabem sobre eles? – ele pergunta.

— Eles são bandidos, assim como você. – respondo.

— E nós caçamos esses bandidos. – Wolf completa. — O que sabe sobre eles?

— Não sei nada, eu juro!

— Abaixa as calças dele que eu vou buscar a furadeira. – digo.

— Pode deixar. – Wolf começa a abrir o cinto de Akutagawa.

— Fu... Furadeira?! Não! Eu conto! – Akutagawa lutava para não ter as calças tiradas. — Só o que eu sei é o acordo que nós temos. Eles me fornecem essas drogas novas e em troca eu empresto meus homens. O que eles fazem lá eu não faço a menor ideia.

— Lá aonde? – Wolf pergunta.

— É uma construção abandonada, lá era um antigo laboratório de empresa gringa. Como era o nome? – ele começa a pensar. — Ah, era Gorgon alguma coisa.

— Conglomerado Gorgon. – digo. — Aquele laboratório foi fechado esse ano, depois que a filha mais nova da antiga dona assumiu a presidência.

— Aquela que as filhas e outros empresários foram encontrados mortos por empalamento? – Wolf me encara confuso.

— Sim. – respondo. — Teve uma história de que aquilo foi um golpe da filha mais nova para herdar o conglomerado.

— Entendo. – Wolf encara Akutagawa. — Ei, ele foi bem útil. Não acha que ele merece um prémio?

— Pensei a mesma coisa. – digo. — Que tal darmos a ele uma viagem para um lugar onde ninguém mais incomodá-lo?

— Concordo. – Wolf sorri.

— Que viagem é essa de que estão falando? – Akutagawa pergunta assustado.

Naquele dia, foi relatado nos jornais que um corpo foi atirado de uma janela do décimo andar de um prédio. Nenhum suspeito foi visto entrando ou saindo do prédio, até porque magia de ocultação ta ai pra isso.

...

— Então foi você? – ele me encara curioso.

— Do que está falando?

— Eu me lembro desde dia, um homem morto por ter sido jogado de um prédio. – ele ri. — Não esperava que fosse coisa sua.

— Então estava em Ikebukuro naquele dia? Achei que ido apenas para me buscar. – brinco.

— Eu não tenho um lugar fixo. – ele diz, enquanto come uma torrada. — Fico vagando pelo país, buscando por aqueles que estão em seus últimos momentos, estando eles na minha lista ou não.

— Você não cansa de fazer horas extras não?

— O que posso dizer? Eu amo meu trabalho. – ele sorri ao me responder. — Nunca achei que um pecado tão bobo me faria andar na borda entre a vida e a morte, assim posso ver todo tipo de coisa, desde uma vítima de atropelamento até um garoto desesperado para salvar sua irmã.

— Ou você cala a sua boca, ou te mostro como morrer por assassinato é pior que o suicídio que você cometeu.  – meus olhos escarlates se ascendem.

— Shiro, meu caro. – seus escarlate brilham intensamente, até mais do que os meus. — Sou a personificação da morte, um Ceifador. Preso na borda por cometer o pior dos pecados, o de tirar a própria vida. Vivi por anos e vi todo tipo de pessoa, acha mesmo que de tudo o que eu presenciei, você será o primeiro a tentar acabar comigo?

Ele estava certo. Ceifadores nascem quando a alma de um suicida se encontra nas portas do pôs-vida, mas não é aceito para a reencarnação. Esse tipo de demônio que vaga pelo mundo guiando a alma dos mortos para a reencarnação, não tenho dúvidas de que ele já encontrou alguém que tentou o desafiar.

— Não vou me desculpar, mas não ouse falar da minha irmã novamente. – digo irritado.

— Não queria ter incomodado você. – ele pega a jarra de café e enche minha xícara. — Aceite isso como um pedido de desculpas.

— Sorte sua que eu não sou afetado pela cafeína. – digo, enquanto tomo um gole de café. — Deixe-me continuar a história.

...

Depois do nosso pequeno aquecimento, Wolf e eu fomos até o tal laboratório. Foi estranho, pois estava totalmente desprotegido, com exceção de uma ou outra câmera de segurança. Não parecia ser o lugar que vilões se escondem pra tramar seus atos maléficos ou bater uma pro coleguinha. Porém o que nós encontramos lá, foi estranho.

— Então... Que merda é essa? - pergunto.

— Não sei, eles parecem ter saído daquele jogo americano, qual o nome? Halo? – Wolf debocha das duas figuras a nossa frente.

— Ta mais pra um  live-action meia boca de Metroid. – zombo.

Havia dois homens em nossa frente. Ambos usavam uma armadura estranha que parecia muito ter saído de jogos ou filmes de ficção cientifica. Era como uma roupa de motocross misturada com aquelas roupas de mergulhador antigas. Eles tinham em suas mãos, uma lâmina alaranjada que saia da luva e um canhão digno de um personagem de Megaman.

— Não deviam nos subestimar. – disse um deles.

— Não estamos subestimando ninguém, só o seu senso de estética para usar isso dentro de casa. – digo.

— Acho que vamos ter de mostrar a eles do que são feitas essas armaduras. – disse o outro.

— Veja só, Shiro. Eles nos desafiaram. – Wolf sorri.

— Acho que vai valer a pena, afinal, os últimos nem tiveram tanta graça assim. – sorrio também. — Eu fico com o da esquerda, pois ele parece mais burro.

— Você deduziu isso sozinho ou só é tão óbvio, mas você ainda quis deixar claro?

— Cala a boca. – nos se separamos. — Vamos logo, não tenho o dia todo.

— Vai se arrepender de ter mexido coma gente. – ele diz.

— Você devia cessar o papo de capanga clichê e fazer o que foi pago para fazer.

 Acho que nesse ponto, já deve ter percebido que eu subestimo todos os meus inimigos apenas para ver se são ou não dignos de matar. Pois bem, estes quase se provaram dignos, mas como pode ver, ainda estou. Porém, sobrevivi por muito pouco.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?



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