Aquele com quem a Morte conversa escrita por Kemur


Capítulo 3
Herói


Notas iniciais do capítulo

Eita que ta acabando! Depois desse só mais dois!
Boa leitura!



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Acho que a última coisa que me lembro antes de acordar três salas depois de onde eu havia encontrado aqueles caras antes, foi ter levado um tiro daquele canhão que ele tinha em sua mão. Não sei do que aqueles tiros são feitos, mas causavam uma dor enorme até mesmo para mim.

— Aonde foi toda aquela confiança? – ele me pergunta, enquanto entra pelos buracos nas paredes da qual eu atravessei.

— Talvez com a puta que te pariu. – respondo ao me levantar. — Não fique se vangloriando, você ainda não viu nada.

 Avanço contra ele, já com meus olhos escarlates acessos. Ao me aproximar, ele tenta disparar com novamente com o canhão, mas eu desvio ao me abaixar, então aproveito a guarda baixa dele e desfiro um chute contra o capacete da armadura que normalmente seria forte o suficiente para arrancar o crânio de um humano comum, mas ele nem sequer derrubado foi.

— É só isso? – ele me provoca.

Irritado, eu desfiro o mais potente dos meus socos na região do estômago, o fazendo deslizar um pouco para trás. Em seguida, começo a fazer uma sequência de socos e chutes até que finalmente consegui jogá-lo de volta para o salão onde estávamos. Porém ele não perdia um oportunidade de tentar se mostrar superior, então ele se levantou com um sorriso irônico, enquanto limpava a poeira de sua armadura.

— Que merda de armadura é essa? – pergunto irritado.

— Não temos um nome ainda, mas basicamente, este é um protótipo de armadura feita para lidar com gente do seu tipo. – ele responde. — Ou para melhor entendimento, lidar com mestiços.

— Como sabe sobre isso?! – fico surpreso ao ouvir a resposta dele.

— Nós sabemos de muitas coisas. – ele avança.

Usando a lâmina alaranjada em seu  outro braço, ele desfere um golpe mirando minha cabeça, mas desvio ao me afastar para a direita, assim aproveito para desferir um chute nele que o desequilibrou e o derrubou no chão, mas ele se recupera rapidamente e se levanta.

— Não adianta, moleque. - ele diz. — Esse equipamento está apenas se adaptando à tudo que você faz.

— Ah é? Então se adapta isso! – avanço e miro meu punho direito em seu rosto, mas antes de acertá-lo, eu recuo o braço direito e o acerto com o esquerdo o pegando de surpresa. Em seguida, eu agarro sua perna e o jogo contra uma parede.

— Isso não vai me parar! – ele se levanta e vem correndo em minha direção.

— Mas vai atrasar. – digo.

— Shiro, agora! – Wolf grita e então eu salto o mais alto que consigo.

Um disparo do canhão do capanga que Wolf enfrentava passa por de baixo das minhas pernas e atinge o outro em cheio, destruindo o parte da armadura dele e o deixando inconsciente pelo impacto.

— Essa armadura foi feita para lidar com gente do meu tipo, mas não aguenta um tiro do próprio armamento. – zombo, enquanto pouso em cima de um container. — Que equipamento mais inútil.

— Eu vou acabar com vocês! – o armadurado restante corre em nossa direção.

— Olha lá, ele ficou puto. – brinco.

— Como proceder nesse caso? – Wolf pergunta com um sorriso malicioso no rosto.

— Como é que você diz mesmo? Bancar o herói?

— Bancar não. – Wolf avança contra o capanga. — Ser um herói!

O armadurado aponta sua lâmina contra o loiro, mas apenas para ser pego de surpresa pela “Magia de Troca”. Sempre que ele usa essa magia, Wolf troca de lugar com algo ou alguém, isso pode ser usado tanto de forma defensiva ou de forma ofensiva, que foi o caso aqui.

— O quê?! – pela cara de surpresa dele, Wolf não usou essa magia durante o combate deles.

— Surpresa! – disse, enquanto trocava de lugar com Wolf.

Como sou mais rápido que Wolf e provavelmente a armadura estava se adaptando ao estilo dele, eu consegui desviar do ataque com facilidade e então, tocar o peito de sua armadura para começar a congela-la e quebra-la com um soco.

 — Gostou? – pergunto ao agarrar o capanga pelo que seria a “gola” da armadura.

— Monstro... – ele nem precisou terminar de falar, pois uma estaca de gelo lhe perfurou a garganta de baixo para cima e saindo na nuca.

— Agora só falta um... Wolf, cuidado! – grito ao ver o outro capanga avançar com a lâmina alaranjada.

Wolf apenas virou de costas e se afastou, pois no exato momento em que a lâmina iria lhe cortar, ele usou sua magia de troca para ir até onde um container estava e a troca fez com que este caísse em cima do braço do capanga esmagando-o por completo e fazendo o mesmo gritar insanamente de dor.

— Que soldado menos preparado é esse? – digo.

— Me ajudem! Eu faço qualquer coisa! – ele berrava.

— Qualquer coisa? Então morre. – Wolf puxa uma faca e a encrava no pescoço dele.

— Eis o trabalho de um herói da justiça. – brinco.

— Essa é a justiça que gente como ele merece. – Wolf diz num tom sério. — Nosso trabalho não é muito diferente dos heróis que admiro, apenas sujamos um pouco mais as mãos do que eles.

— Que tipo de Batman você é? – pergunto.

...

— Herói? – o ceifador me encara. — Ele não parecia o tipo de pessoa que um herói normalmente parece ser.

— Wolf sempre admirou heróis de filmes e quadrinhos. – respondo. — Ele sonha em ser um herói que pode salvar milhões, mesmo que isso signifique matar centenas de milhões.

Esse era o único problema que eu enxergo em Wolf. Sua visão distorcida do que é ser um herói e esse desejo de salvar pessoas a custa da vida de outros são seus únicos pontos fracos. Não que eu discorde da parte de matar os “caras maus”, mas eu apenas faço o que faço porque sou pago. Se me pagarem pra matar inocentes, eu considero muito antes, mas mato sem nenhum arrependimento, pois ninguém que vem até minha lista é totalmente inocente.

— Dois anti-heróis tentando se tornarem o símbolo da paz, fascinante. – ele brinca.

— Não entenda errado. – digo. — Eu não vejo diferença entre heróis e vilões, ainda mais no meu trabalho, porém Wolf sim tem o potencial para se tornar um símbolo da paz ou qualquer outra coisa que ser um herói possa significar. Só que ele...

— Só que ele?

— Aqui vende whisky? Tem uns dez minutos que o café acabou e eu não quero mais beber isso.

— Infelizmente não, aqui é um cafeteria afinal. – ele sorri para mim.

— Que merda... – reclamo.

— Sua capacidade de mudar de assunto é fascinante. – ele diz.

— Você que tá mudando de assunto.

— Não, tenho certeza que é você.

— Quer resolver isso no soco?

— Você não aguentaria.

— Otimista você.

— Você que é pessimista. – como eu odeio esse cara.


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Notas finais do capítulo

E aí? Qual sua definição de herói?



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