Sobre Balanços, Blacks e Potters escrita por IrinaGras


Capítulo 2
2


Notas iniciais do capítulo

Eu modifiquei a linha do tempo um pouco para que Narcissa pudesse estar no sétimo ano junto dos Marotos. Essa história na verdade é um universo alternativo, então algumas coisas vão estar diferentes, mas nada que não será explicado.



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- Narcissa, você realmente precisa me falar como faz isso! - ouviu Monica Zabini dizer.

 

Sem deixar de anotar o que a Professora McGonagall explicava olhou para a menina em sua visão periférica e com curiosidade genuína perguntou.

 

- Fazer o que?

 

- Sair da cama as sete da manhã, escovar os dentes, se vestir e estar maravilhosa! Digo, você sequer usa maquiagem... - Paty Moliev concordava com a cabeça.

 

- Monica, deixe disso, você é muito bonita - respondeu não entendendo muito o ponto da conversa. Claro que conseguiu perceber a inveja da menina ao final da frase, mas Monica Zabini era muito bonita, se ela não exagerasse demais na maquiagem provavelmente ficaria mais bonita ainda.

Os Zabini, afinal de contas, eram conhecidos por sua beleza, e Monica fazia juz a isso, como seu irmão mais novo Giovanni, os dois tinham feições simétricas, olhos verdes, cabelos escuros e pele bronzeada, corpos aparentemente bonitos e proporcionais. Mas também, quando se tem tudo, as pessoas passam a desvalorizar o que tem e começam a querer mais e mais o que não tem. Essa era a conclusão que Narcissa chegara depois de dezessete anos de vida na sociedade extremista de Sangue-Puros.

 

- É verdade, mas você ainda vai ter que me contar seu segredo! - pôde sentir uma veia de irritação levemente se elevar, porém era mestre em disfarces e ficou grata quando McGonagall pediu silêncio.

 

Tinha que se preparar mentalmente, a próxima aula era dobradinha de Poções com os Grifinórios.

 

- x -

 

- A poção que vamos fazer hoje é uma poção bastante complexa, portanto vamos usar as duas aulas para o seu preparo, se não estão esquecidos pedi na última aula para que pesquisassem toda a parte teórica da Poção Veritaserum ou Poção da Verdade, - Slughorn continuou falando a mesma coisa, repetindo-se novamente, o que ele costumava fazer sempre, a parte importante era sempre ouvir o começo de seu discurso.

 

E o final.

 

- Essa poção será feita em duplas, quando chamar seus nomes ajeitem-se em suas mesas, essa dupla será a que você trabalhará nos projetos até o fim do semestre.

 

Podia-se ouvir todos os tipos de reações pela classe, nenhuma sendo muito positiva, era fato que Slughorn adorava colocar Sonserinos com Grifinórios, principalmente a última pessoa com quem você queria trabalhar.

 

- Longbottom e Moliev - pode jurar que escutou Paty rosnar - Snape e Lestrange - Sonserinos - Malfoy e Evans - nada inteligente Professor... Não mesmo - McDowall e Goyle, Moser e Crabbe - ela quase sentiu pena das meninas Grifinórias - Lupin e Black, Bellatrix - sentiu a irmã ficar tensa ao seu lado, rapidamente apertou sua mão num gesto encorajador, sem olhar em seus olhos - Carrell e Greengrass - faltavam apenas quatro pessoas, já havia duas duplas da mesma casa... Ou ela caia com Sirius -Zabini e Black, Sirius - maldito frio na barriga, ou... - Potter e Black, Narcissa.

 

Podia sentir os olhos de James, seriam eles olhos de ódio? Não sabia, estava de costas.

 

Pegando suas coisas se dirigiu ao fundo da sala, encontrando com Lucius no caminho.

 

Cinza com Azul, loiro com loiro.

 

- Se ele tentar alguma coisa, não hesite em chamar - não estava bancando o herói, nem fazendo seu papel como futuro noivo, Sonserinos eram cautelosos, não tinham amigos, mas dividiam uma coisa em comum, a gaiola de ouro. Maneirismos, nada mais.

 

- Obrigada - concordou com a cabeça e os dois partiram, ele para cabelos ruivos e ela para morenos.

 

- Namorado bancando o herói? Não esquenta Black, não vou tentar nada - como ele era babaca, ela realmente não fazia idéia do por que estava apaixonada. Pouco sabia que James mentalmente se dava um soco.

 

Deixou o material em cima da mesa e o encarou, realmente o encarou, sem expressão, até que ele desviou o olhar um tanto embaraçado.

 

Os próximos minutos seguiram-se em silêncio, os dois trabalhando, e ela provavelmente teria ficado mais nervosa se não estivesse tão entretida observando Lucius, com cautela.

 

Não havia como alguém reparar, ele era um mestre em disfarces, assim como ela, só que ela era melhor, para ela, nessa aula, Lucius Malfoy estava aberto como um livro, e o que ela encontrou foi um tanto interessante.

 

Ninguém repararia em como seus olhos ficavam segundos a mais na ruiva ao seu lado, ou como ele abusava de sua visão periférica para observá-la, movimento perigoso Malfoy... Em como ele trabalhava perto demais da garota, mais do que o necessário para um Sonserino de sangue tão puro como ele, um Malfoy. Em como ele fazia questão de fazer as tarefas mais “perigosas” antes que ela o fizesse, a garota provavelmente interpretava isso como sinal de arrogância, como se ele estivesse dizendo que ela era incompetente... Mal sabia ela. Narcissa quase riu.

 

Tinha que admitir, Lucius tinha bom gosto, a menina de longe era uma das mais bonitas da escola, tinha longos cabelos do mais puro ruivo, uma figura bonita, grandes olhos verdes e o rosto rodeado de sardas, o que para alguns seria considerado feio, tinha certeza que para Malfoy era a coisa mais charmosa do mundo, ela achava uma graça também.

 

Mas não era só isso, ela tinha um futuro incerto e em suas mãos, o fato de ser filha de Trouxas apenas adicionava mais para seduzir, inconscientemente, a pedra que era Lucius Malfoy.

 

Checou em sua irmã e Lupin, pelo menos ele era educado, os dois trabalhavam em silêncio, Bellatrix não tirava os olhos da faca enquanto cortava o ingrediente, Lupin a olhava meio incerto... Bella, Bella... Você está parecendo uma maníaca. Suspirou.

 

Olhou para James que sorria abobado para uma careta que Sirius estava fazendo do outro lado da classe, um sorriso aberto, expondo seus dentes do mais branco, nesse dia ela descobriu que quando James sorria, seus olhos sorriam junto.

 

Realmente, malditos Grifinórios.

 

- x -

 

-... Ouvi dizer que ela é frígida!

 

Shh! Assim ela te escuta boba!

 

- Como se a Annie ligasse pra isso!

 

Narcissa suspirou e continuou andando, não fazia idéia de quem eram, da Lufa-Lufa, segundo seus uniformes... Pareciam ser do sexto ano, quem sabe... Ela se sentia um tanto mal por não saber o nome de quase ninguém da escola, tudo bem, saber todos os nomes era uma tarefa um tanto impossível, nem os Professores sabiam todos os nomes, tirando o Professor Dumbledore, mas o homem já era estranho em si, apesar de que ao menos lembrar seus rostos seria bom... Enfim, ela nunca se deu ao trabalho.

 

Dando um suspiro quase inexistente virou à direita, tinha coisas mais importantes a fazer. Como procurar sua irmã... Onde em Avalon estava Bellatrix?!

Já fazia meia hora que a estava procurando.

 

Quando finalmente a encontrou, depois de mais dez minutos, perto do Lago Negro, pode sentir seu cenho começar a franzir e sua boca se mexer, quase um tique nervoso. Respirou e contou até cinco, não podia deixar isso acontecer.

 

Narcissa levava muito a sério suas expressões faciais, desde muito cedo aprendera que mostrar suas emoções só lhe traria problemas, principalmente em tempos como esses, com Lorde Voldemort mais forte do que nunca.

 

Tch... - o barulho foi tão silencioso que mesmo se você estivesse ao lado da menina não escutaria a onomatopéia de desgosto.

Lorde das Trevas, Grande Lorde Voldemort, o extremista mais hipócrita e imbecil da face da terra. O Adolf Hitler bruxo, sem tirar nem por, a única diferença sendo que o último já estava morto.

 

Ela mal podia ver a hora desse babaca morrer. Em nenhum lugar do mundo Narcissa se curvaria para alguém como ele. Porém não era burra, nem ingênua desse jeito, senão teria sido posta na Grifinória, como seu primo. Não, Narcissa sabia de seu futuro, ela se casaria com um seguidor de Voldemort, um casamento arranjado, provavelmente com Lucius Malfoy, mas não, ela se passaria por incompetente, sem a menor habilidade senão gastar o dinheiro do marido, fofocar e dar festas, a esposa perfeita para um Comensal da Morte exibir, porém sem tomar parte do grupo.

Quando perdessem a guerra, porque cedo ou tarde eles perderiam, porque era isso o que acontecia com todos aqueles que tinham poder demais e buscavam por mais sem ter responsabilidade até que esse mesmo poder os cegassem. Aconteceu com Morgana, com Salazar, com Grindenwald e aconteceria com Voldemort, se pedisse ela podia listar todos os monarcas e governantes Trouxas cujo destino fora o mesmo.

 

E, quando isso acontecesse, Narcissa continuaria vivendo, sendo mal olhada na sociedade, mas ao mesmo tempo parte dela, seria odiada, invejada, certo ponto rejeitada, o pior dirigido para si, para sua família, e seus filhos sofreriam e passariam a vida sofrendo para quem sabe seus netos poderem se libertar desse círculo.

 

E ela viveria como num teatro, seu rosto sempre coberto por máscaras, máscaras que construía meticulosamente desde que se conhecia como gente.

 

Mudando um pouco a linha de pensamento ela pensou em quando fora visitar uma galeria de arte Trouxa com sua irmã Andrômeda. Se cada pessoa tivesse um quadro, Narcissa imaginava que o dela seria o de uma menina sem rosto na escuridão rodeada de máscaras, no chão, em suas mãos, em seu colo.

 

Ela queria chorar e rir ao mesmo tempo, sua vida era uma grande tragicomédia.

 

Focando os olhos novamente avistou a irmã e lembrou a razão de ter vindo até aqui.

 

Bellatrix estava na beira do lago agachada e fazendo movimentos aleatórios com sua varinha, o que seria bonitinho se ela fosse uma aluna mais nova estudando para a aula de Feitiços, porém não tinha nada de muito charmoso no esquilo que entrava e saia da água se contorcendo.

 

- Bellatrix! - chamou a loira assim que se aproximou da morena - já falei pra você parar de torturar animais vivos, é um hábito horrível -repreendeu, seu tom de voz era neutro, mas o timbre irritado fora percebido por Bellatrix, principalmente pela irmã tê-la chamado pelo nome.

 

- Cissy, jantar? - perguntou soltando o esquilo, que desnorteadamente saiu correndo.

 

- Sim, vamos indo, procurei por você por quase uma hora.

 

Elas estavam perto do Grande Hall quando ela percebeu que sua irmã não a acompanhava mais, quando virou, pronta para repreendê-la mais uma vez parou. Sua irmã se escondia atrás de uma pilastra observando alguma coisa, parando atrás da irmã mais velha olhou com curiosidade o que ela via com tanto interesse, uma pena tomando conta de si, Bella tinha que parar com essa mania de stalker de qualquer jeito.

Ela observava um grupo de meninos, Grifinórios, os Marotos, um em particular, Narcissa sabia seu nome: Remus Lupin.

 

Já não bastava uma irmã, agora eles tinham duas em suas mãos, pensou olhando para James que passava um braço pelo pescoço de Remus e outro pelo de Sirius que bagunçava o cabelo do outro menino, um menino gordinho que andava sempre com eles, ele lhe lembrava um rato. Os quatro estavam rindo como se não houvesse problema no mundo.

 

Olhou para a irmã, seu coração apertando mais ainda, seu olhar era tão triste, Bella a lembrava um filhote de cão abandonado, já não bastava os problemas que ela tinha! Bellatrix era sua irmã mais velha, mas por causa de problemas em seu desenvolvimento ela só começou a atender Hogwarts quando tinha doze anos, desde pequena tivera problema com palavras então não era uma pessoa muito eloqüente, seu linguajar era simples e era uma menina de poucas palavras, mas isso não a fazia uma pessoa burra ou alienada, muito pelo contrário, Bella era de longe a pessoa mais sensível que ela conhecia, ela podia enganar quem ela quisesse com suas expressões, mas seus olhos eram como um grande livro aberto para Narcissa. Não agüentando mais ela pegou a mão da irmã, puxando-a para si e beijando sua bochecha, olhos verdes olhando dentro de azuis, compreendimento e aceitação.

 

As duas agora deixando a cena, pelos fundos... Elas eram apenas figurantes nessa história.


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Notas finais do capítulo

Comentários seriam imensamente apreciados.