Sobre Balanços, Blacks e Potters escrita por IrinaGras


Capítulo 1
1


Notas iniciais do capítulo

James/Cissy, se você não gosta shoo! Caso contrário não esqueça de comentar, agradecida.



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1.

 

Paty Moliev cochicha em seu ouvido, deve ser algo importante, mas não consegue concentrar-se nas palavras que deixam os lábios da menina em incessante mantra. Seus olhos e atenção estão focados em outro lugar, em outra conversa, em outra pessoa. Ela vê seu primo dizer alguma coisa fazendo-o rir e a garota Evans repreendê-lo, o que só faz com que suas risadas ecoem ainda mais alto enquanto a menina briga com seu primo.

 

- Malditos Grifinórios - escuta um murmúrio que ganha sua atenção e olha, sem se virar, com curiosidade Severus que observa a mesma cena, só que por razões diferentes da sua, óbvio, sua razão tem cabelos alaranjados e olhos verdes, como também um temperamento curto. Mas ele não sabe que ela sabe.

 

Torna novamente sua atenção para a outra mesa, tomando cuidado para ser discreta o bastante.

 

Seu cabelo preto por primeira vez parecia menos desarrumado, com apenas alguns fiapos rebeldes, seus olhos castanhos claros protegidos atrás de um novo aro retangular de óculos, tirando qualquer aparência infantil que ele possuía com os redondos, seus lábios formavam um sorriso enquanto assistia a briga entre seu primo e a garota Evans, sua gravata estava solta e os primeiros botões da camisa abertos, as mangas dobradas expondo um bronzeado dourado que não estivera ali antes. E por uma fração de segundos seus olhos se cruzam, fazendo com que ela parasse de olhar, sentindo uma pequena falta de ar e uma corrente levemente eletrizante assim que seus olhos se encontraram.

 

Por que estava tão encantada com ele? Ele podia ser bonito e tudo mais, mas havia centenas de meninos bonitos aqui em Hogwarts. Cissy olhou para uma cabeleira loira não muito longe de si. Lucius Malfoy. Seus cabelos eram do mais puro loiro, mas não mais do que os seus que chegavam a ser quase brancos. Amarrados por uma fita preta de cetim eles caiam sobre seu ombro direito, um corte que futuramente usaria pelo resto de sua vida. Seus olhos azuis observavam com mero interesse o que Vincent Crabbe dizia. Seu nariz aristocrático lhe dava um ar mais velho, e seus maneirismos impecáveis na mesa apenas confirmando. Sentindo que Lucius notara seu olhar o viu se virar e dar-lhe um pequeno sorriso, Narcissa apenas acenou de volta com a cabeça e tornou sua atenção para seu prato novamente.

 

Suas pobres batatas meio despedaçadas num canto do prato de tanto brincar com elas e seu frango intocado. Lindo prato.

Pedindo licença se levantou e deixou o Grande Hall, porém não desceu para a Sala Comunal da Sonserina, ainda não queria ter que falar com ninguém. Resolveu dar uma volta pelo castelo, mesmo sendo o primeiro mês que estava de volta esse ainda era seu último ano, queria guardar todos os detalhes possíveis. Pois no fundo sabia que demoraria a chegar o dia em que ela voltaria a pisar na mesma, e quando voltasse, sabia que não seria como uma simples aluna, livre e com todo um futuro na sua frente, até porque ela não era assim, seu futuro já estava resolvido bem antes de nascer e em uma gaiola de ouro foi onde a criaram, o único lugar onde podia fingir ser livre e ter um futuro incerto e em suas mãos era aqui, seu lar, Hogwarts.

 

Parou em frente à Floresta Proibida tomando cuidado para que Filch ou Hagrid não a vissem. E com a maior delicadeza entrou, sem o menor medo, como a maioria dos alunos teria, conhecia essa floresta muito bem, era como sua segunda casa, os animais e criaturas sabiam quem ela era. Aqui ela era apenas mais um com eles.

Alguma dúzia de árvores depois parou ao lado de um grande tronco e tirou se cachecol, seu manto, sua gravata e os dobrou deixando-os no chão. Apoiando suas pequenas mãos brancas no tronco rígido tirou suas sapatilhas pretas e sua meia calça da mesma cor, deixando-os ao lado da pequena pilha e sem pensar em nada em particular continuou andando. Sentiu que ainda faltava alguma coisa, parou e começou a dobrar as mangas da camisa até os cotovelos e a tirou de dentro da saia, bem melhor.

Andou por mais uns três minutos e chegou a uma clareira, olhando em volta procurando por alguma coisa, até avistar em cima de um dos troncos mais altos o que procurava, dando um pequeno sorriso tirou a varinha do bolso e apontou para o objeto.

 

Wingardium leviosa! - disse e o objeto veio descendo devagar, enfim chegando. Um balanço, seu balanço. O balanço que fizera em seu quarto ano e onde passara a maior parte do tempo, onde ninguém a podia encontrar e perturbá-la, onde ninguém podia tirar sua liberdade, onde ela podia pensar o que quiser e ser quem quiser, onde ela podia ser apenas Narcissa, sem o Black, sem o sangue, apenas Cissy.

 

Sentando no assento de madeira ela segurou a corda dos dois lados e com seu pé impulsionou, sentindo o vento frio da noite bater em seu rosto e suas pálpebras que protegiam seus olhos fechados levemente congelarem, uma sensação maravilhosa. 

 

- x -

 

Enquanto jantava James tinha certeza de que estava sendo observado, procurou pelo Hall inteiro até que finalmente seus olhos se cruzaram com os de Narcissa Black, que logo desviou o olhar.

 

Narcissa na verdade era um mistério para James, e ele gostava muito de mistérios, porque mistérios equivalem a novos desafios e não havia nada que James gostasse mais do que um novo desafio.

Mesmo pertencendo à casa que pertence, ele sabia que ela era diferente, diferente de todos ali.

Nunca a havia visto implicar com outras casas nem falar “sangue-ruim” todas as vezes que um nascido de Trouxa passava (sabia que como uma perfeita Sangue-Puro ela não gostava deles, mas isso não queria dizer que ela necessariamente precisava expressar isso verbalmente, ele sabia), era também a única Sonserina que não fazia cara de nojo todas as vezes que era designada para fazer patrulha com um nascido de Trouxa. Sem prestar muita atenção ele riu de alguma outra coisa que Sirius disse.

 

Nunca a havia visto também nos jogos de Quadribol, nem para assistir Malfoy, pensou no nome com desdém, não que ele ficasse procurando por ela, era só que Narcissa Black não era uma pessoa muito difícil de não se reparar. Com aquele cabelo quase branco com cachos grandes nas pontas e pele mais branca ainda com bochechas rosadas e grandes olhos azuis, mas não que ele reparasse nisso tudo, como por exemplo, em como seus cílios eram compridos e pretos e como ela era tão magrinha e pequena que ele pensava que ela estava a ponto de quebrar todas as vezes que alguém a tocasse com um pouco mais de força, não, ele não reparava nessas coisas, você acha!

 

Ficou um pouco surpreso quando a viu levantar de repente, a porta do salão ficando aberta o suficiente para ver que ela não ia em direção às masmorras. Onde ia ela então? Duh, provavelmente ao banheiro, isso... Mas o banheiro era do outro lado.

E assim ele ficou, sua curiosidade o comendo durante os próximos dez minutos até que não agüentou mais e levantou.

 

- Onde você vai Jamsie? - perguntou Sirius parando de atazanar Lily por uns segundos.

 

- Dar uma volta, encontro vocês no dormitório - e antes que alguém pudesse dizer alguma coisa ele deixou o Grande Hall. Mais quinze minutos para rondar o primeiro piso do castelo e mais cinco para encontrá-la, prestes a entrar na Floresta Negra.

 

Milhares de suposições passaram pela mente do garoto, como bom amigo essa seria a hora em que ele voltaria para o castelo e supostamente avisaria Sirius que sua priminha estava indo dar um passeio noturno na Floresta Negra. Porém a curiosidade sempre acabou com o melhor dele e minutos depois de vê-la entrar ele fez o mesmo.

 

Seguindo seus cabelos quase brancos e mantendo distância para não ser notado.

 

Depois da não tão desagradável cena de Narcissa despindo-se eles chegaram ao que deveria ser o destino, uma clareira em alguma parte da floresta.

 

Ela tirou a varinha do bolso e apontou-a para cima, ele imaginando que tipo de feitiçaria das trevas ela estava prestes a fazer.

 

Wingardium Leviosa! - escutou-a dizer e olhou indignado, mas o que...?

 

E um balanço desceu de um dos galhos da árvore e viu-a sentar no pedaço de madeira. James se sentiu meio mal, mas não deixou isso afetá-lo, muito.

 

No próximo segundo se viu hipnotizado pela garota no balanço, durante o tempo em que ficou ali, que ele não fez questão de saber se foram minutos ou horas, a menina não era mais Narcissa Black a Sonserina, era apenas uma garota cujo nome era Narcissa.

 

Quando a viu sorrir sua culpa voltou, se ela vinha tão longe e arriscava tanto assim era porque queria sua privacidade e James respeitava isso, às vezes, não muito, mas respeitava em parte.

 

Dando meia volta ele saiu da floresta, indo direto para o dormitório, conversando um pouco com seus colegas e logo depois pegando no sono, nessa noite sonhando com balanços, florestas e meninas de cabelos e peles brancas.


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