The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 7
The queen of forbidden pleasures.


Notas iniciais do capítulo

Só quero falar: leiam logo! Tô ansiosa pra saber o que acharam.



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The queen of forbidden pleasures.
A rainha dos prazeres proibidos.

 

Ele limpou o canto da boca com a língua enquanto saía para a rua e fechava a porta atrás de si. Suspirou, satisfeito, com o último vestígio do sangue dela. Não sentia um gosto tão bom há algum tempo. Àquela loja ele voltaria muito em breve.

Damon colocou os óculos escuros recém adquiridos, protegendo os olhos sensíveis à luz e foi andando pela rua movimentada. Tinha deixado o carro meio distante e dado primeiro uma volta, procurando a melhor loja para entrar. Enquanto caminhava observava distraído alguns pescoços que passavam, notando algumas veias bastante convidativas. Parecia que ele nunca tomava sangue o suficiente.

Um rosto passou por ele sem que prestasse muita atenção; seu cérebro precisou de uma fração de segundo para perceber que era uma expressão conhecida. Não podia ser quem ele estava pensando que fosse. Agindo sem pensar, ele esticou a mão e segurou o braço da mulher antes que ela se afastasse. Ela se virou para ele, assustada.

Parecia muito com ela, apesar de algumas diferenças. Mas... será?

— Eu conheço você. – ele disse confuso, sem acreditar nos seus próprios olhos. Tirou os óculos para examinar melhor. Ela, que o encarava sem entender, arregalou os olhos muito rapidamente, logo parecendo assustada.

— Desculpa, eu não conheço o senhor... – ela falou com pressa, olhando para os lados, evitando o olhar dele.

— Lauren? Lauren Brie? – ele insistiu, franzindo a testa e observando com atenção. O cabelo estava diferente, o nariz um pouco também, mas com certeza era ela. Por menos sentido que fizesse, ele não estava enganado.

— Não, esse não é meu nome... Eu, eu preciso ir... – ela saiu praticamente correndo na direção oposta, nervosa, como se tivesse medo de Damon.

Ele ficou parado observando o lugar onde ela estivera parada. Era Lauren Brie, ele tinha certeza disso, mesmo que tivesse visto-a pela última vez há mais de um século. O que ela estava fazendo em Mystic Falls?

Damon quase se esqueceu de andar como um humano enquanto ia até seu carro. Ligou a Ferrari preta e deu ré em alta velocidade, recebendo alguns xingamentos aos quais não deu nenhuma atenção.

Ele não se lembrava qual fora a última vez que desejara tanto que seu irmão estivesse em casa. Ele estacionou o carro de uma forma horrível e entrou pela porta com pressa. Respirou aliviado ao encontrar Stefan na cozinha.

Stefan se virou para o irmão sem muito interesse, mas algo na expressão de Damon chamou a atenção dele.

— O que houve?

— Você não vai adivinhar quem eu acabei de ver no centro de Mystic Falls. – aos poucos Damon conseguia obter o controle que ele sempre tinha sob si mesmo.

— Quem? – Stefan perguntou se apoiando no balcão de mármore, levemente curioso.

— O cabelo está loiro e ela certamente fez alguma coisa no nariz, mas eu tenho certeza, Stefan. Era ela, era Lauren Brie. – ele observou, durante os segundos de silêncio, a expressão de Stefan se transformar. Ela passou pelo choque, depois pela confusão e por último pela descrença.

— Não, Damon. Não faz sentido. O que Lauren estaria fazendo aqui? Não pode ser ela. – o mais novo dos Salvatore balançava a cabeça, como se ele estivesse tentando convencer a si mesmo.

— Era ela, Stefan. Se eu estiver enganado, me submeto a um mês dessa sua dieta de sangue ridícula, irmãozinho. Era Lauren em pessoa, e ela pareceu bem perturbada em me ver.

Stefan passou um tempo em silêncio, observando o chão. Ele tinha os olhos cerrados, perdido em seus pensamentos. Apesar de controlado por fora, interiormente Damon estava agitado.

— Supondo que Lauren Brie está mesmo em Mystic Falls, isso quer dizer que ela também estaria. Elas eram amigas inseparáveis há séculos, Damon. E ela não pode estar na cidade.

— Pode, Stefan! – ele tinha pensado em todos os detalhes no caminho até a casa. – Elena está de castigo, não é? Pense no motivo pelo qual ela está de castigo. – Stefan demorou apenas um segundo para raciocinar, e seus olhos se arregalaram com a compreensão.

— Eu preciso ver Elena.

Foi tudo que ele disse antes de passar apressado por Damon, o rosto preocupado. Damon compreendia; se eles estivessem certos – e estavam – Elena não estava segura.

Ele ouviu a porta batendo quando o irmão saiu e caminhou até a sala. Abriu uma garrafa nova de uísque e tomou mais de um terço dela de uma vez só, direto do gargalo. Subiu as escadas com a garrafa na mão, e virou na direção do quarto de Stefan. Ele entrou e caminhou direto até a escrivaninha do irmão, onde vários objetos estavam atirados.

Damon apoiou as mãos na mesa de madeira e deixou a cabeça cair, o rosto virado para baixo. Seus olhos se fixaram na foto que Stefan guardava, em cuja parte inferior estava gravado um ano: 1864.

Algo dentro de Damon estava agitado, algo que não se mexia há muito tempo, algo que supostamente estava morto. “Merda, Katherine.

 

Elena tinha os olhos desfocados, o rosto virado para a porta sem realmente ver alguma coisa. Ela tentava processar as informações que acabara de receber.

— Vocês... – ela falou com a voz falha, quase sumida, e teve que parar, respirar e recomeçar. – Vocês têm certeza disso? - ela voltou a encarar Stefan.

— Infelizmente, tudo se encaixa, Elena. Damon jura que a mulher que ele viu era Lauren.

Os dois estavam sentados na cama de Elena; Stefan havia entrado pela janela, já que ela não podia receber visitas. Ele segurara a mão dela para dar as notícias, e ela ainda não se afastara como das últimas vezes. Estava atordoada demais para perceber.

Elena olhou-o esperançosa.

— Talvez seja essa tal de Lauren mesmo, mas... mas ela pode estar aqui sozinha, sem Katherine! – ela murchou ao ver o olhar descrente de Stefan.

— Não creio, Elena. Elas eram amigas há séculos, apenas um motivo muito forte as separaria. E você está aqui de castigo porque sua tia a viu onde você não estava. É como somar dois mais dois. – ele suspirou ao ver a expressão preocupada de Elena, que logo desviou o olhar novamente, ainda surpresa com as revelações. – Eu sinto muito. – ele sussurrou depois de algum tempo de silêncio.

Elena olhou-o com os olhos cheios de lágrimas que não caíam e então se atirou nos braços dele, o abraçando com força. Stefan apoiou o queixo no topo da cabeça de Elena, beijando seus cabelos. Ele se sentiu um pouco egoísta por ficar feliz com aquela proximidade, mas fazia tanto tempo que ela estava evitando contato com ele que Stefan não pôde se segurar.

— Vai ficar tudo bem, eu prometo. Eu vou cuidar de você. – ele murmurava perto do ouvido dela, acariciando suas costas.

— Eu tenho medo por você... – Elena sussurrou de volta, a voz embargada, o rosto escondido no pescoço de Stefan. – Tenho medo por você, por Damon... – Stefan não pôde deixar de se sentir levemente irritado com o irmão. Ele queria que Elena se preocupasse só com ele. Mas aquilo durou um segundo, apenas. Ele segurou o rosto dela e fez com que ela o encarasse.

— Nós sabemos nos virar, quem precisa se cuidar é você. – ele secou uma lágrima dela com o polegar antes que ela rolasse pela bochecha de Elena. – Eu vou conseguir mais verbena para você e sua família. Todos devem carregar, e de preferência também ingerir. Dê um jeito de fazer chás, qualquer coisa. Assim, se alguém atacar vocês, ficará imediatamente fraco com a verbena no sangue. – ele sentiu Elena arrepiar discretamente e se apressou em concluir. – Só por precaução, nada disso vai acontecer.

Ela se afastou das mãos dele e secou as próprias lágrimas, respirando fundo. Ele a observou, se lembrando ao mesmo tempo de Katherine. Elas se pareciam fisicamente, e só. Nada no jeito de Elena podia ser comparado à vampira.

— Ah, antes que eu me esqueça. Isso é extremamente importante: ninguém deve ser convidado a entrar, Elena, muito menos Katherine. Uma vez convidada, isso só poderá ser desfeito com a morte dela. – ela concordou com a cabeça, prestando atenção.

— Não tem como você falar isso para Jenna e Jeremy? Você sabe... controlando a mente deles. Talvez fosse mais seguro. – ela falou um pouco hesitante. Stefan pensou brevemente.

— Até poderia, mas não garanto que funcione. Meus poderes vêm diminuindo desde que parei com o san... – Stefan ficou imediatamente constrangido; estivera prestes a dizer: “desde que parei com o sangue humano.” Ele pigarreou antes de continuar. – Eu posso tentar pedir ao Damon, seria mais garantido.

— Obrigada. – ela sussurrou de volta, desviando o olhar.

— Vai ficar tudo bem. – Stefan falou com convicção, em grande parte tentando convencer a si mesmo também. Tinha medo de como reagiria ao ver Katherine novamente.

 

O dia começava a escurecer e todos já haviam deixado a escola, inclusive o zelador. Os únicos que ainda estavam por lá eram Damon e Elena, que revisavam algumas coisas de última hora para a prova que ela teria na manhã seguinte. Damon estava ensinando-a corretamente? Isso Elena não sabia, mas o que quer que ele a ensinasse, ela estava aprendendo. Não se lembrava de alguma vez ter rido tanto durante suas aulas. E ainda por cima estava aprendendo alguns bons palavrões em francês.

Enquanto ela guardava suas coisas, se preparando para ir embora, os dois ouviram uma batida na porta. Damon ergueu a sobrancelha, pois a escola deveria estar vazia. Ele se levantou e foi até a porta, abrindo-a.

Elena estava observando-o, e no segundo seguinte ela o viu no chão, um homem atirado em cima dele, o segurando. Ela gritou sem que pudesse se controlar, levantando em um pulo. Só então que ela notou uma estaca de madeira que o homem carregava. Quando ele levantou o braço, se preparando para o golpe, Damon acordou da surpresa inicial. Com uma velocidade em que Elena não pôde acompanhar tudo que acontecia, ele se levantou e atirou o homem contra a parede. Ele bateu de costas e escorregou até ficar sentado, um filete de sangue escorrendo entre seus cabelos. Damon, que já estava de pé, caminhou até o homem enquanto ele tentava se levantar e pegou-o pelo colarinho da camisa, segurando seus rostos bem próximos.

— Quem te mandou aqui? – Damon perguntou com a voz firme, fria, fatal.

— Não posso falar. – ele respondeu com a voz grave mas de forma maquinal, sem emoção.

— Quem te mandou aqui? – Damon insistiu, batendo o homem contra a parede, sua cabeça fazendo um barulho alto ao entrar em contato com a superfície dura. Elena sufocou um gritinho. O homem se recusou a falar novamente. Damon mudou a pergunta. – O que mandaram você fazer aqui?

— Matar Damon Salvatore e a garota que está com ele. – ele respondeu devagar, levantando a mão que ainda segurava a estaca. Elena pensou em gritar para avisar Damon, mas ele estava bem atento. Ele atirou o homem na direção contrária, agora de encontro à parede oposta, e a estaca acabou escapando da mão dele, deslizando para perto de Elena, que se abaixou e a pegou.

Dessa vez o homem não tentou se levantar, apenas permaneceu atirado no chão, apoiado na parede e com alguns cortes no rosto. Damon se aproximou devagar, observando-o com um olhar mortal. Elena, que antes tinha notado um corte no braço dele, provavelmente de quando caíra no chão, se espantou ao ver que ele já tinha um aspecto rosado, como um corte dela ficaria depois de alguns dias.

Damon se agachou na frente do homem, o rosto na altura do dele. A mão de Damon agarrou o pescoço do outro, que começou a respirar com dificuldade. Damon deu um sorriso fingidamente cordial que deixou até Elena com medo, mas não parecer surtir nenhum efeito no homem.

— Sua última chance: quem mandou você aqui?

— Não vou lhe falar, eu vou lhe matar. – ele respondeu calmamente, como se falassem sobre o tempo. Damon continuou sorrindo daquela forma que o deixava particularmente ameaçador, e levantou o homem pelo pescoço, cuja respiração ficou ainda mais pesada.

— Então essas foram suas últimas palavras. - Damon o soltou, mas antes que ele pudesse sequer respirar direito, as presas de Damon se grudaram no pescoço dele, afiadas e mortais.

Um segundo depois, porém, ele se afastou cambaleando. Seus olhos ficaram confusos por uma fração de segundo e então ele enfiou a mão no peito do homem, os dedos em forma de garras. Elena quase se engasgou de medo, se agarrando na cadeira ao seu lado sem perceber. Enquanto o homem gritava, Damon tirou a mão coberta de sangue, e segurava alguma coisa que se parecia muito com um coraç... Elena teve que virar o rosto para não vomitar. A náusea a deixou tonta.

Damon, ainda cambaleante, se aproximou e se atirou na cadeira. Ele tinha sangue na mão, em boa parte do braço e nos lábios. Elena se afastou involuntariamente, assustada. Ele limpou a boca na camiseta e se virou para Elena, ignorando a expressão de medo dela.

— Ligue para Stefan. Agora. Mande ele vir aqui o mais rápido possível.

Ela confirmou com a cabeça e, com as mãos tremendo, pegou o celular no bolso, digitando rapidamente o número de Stefan.

— Stefan! – ela exclamou quando ele atendeu. – Preciso de você aqui no colégio, agora. O mais rápido possível!

— Elena, você está bem? – ele perguntou preocupado, podendo perceber do outro lado da linha a voz dela, que tremia levemente.

— Eu estou bem. Só vem, Stefan! – ela praticamente suplicou, e ele desligou sem nem responder.

Ela se atirou na outra cadeira e escondeu o rosto nas mãos.

— Você não precisava ter matado-o. – ela falou depois de um tempo, quando estava se sentindo mais calma. O ritmo dos seus batimentos cardíacos voltava ao normal.

— Você não ouviu? Alguém tinha controlado a mente dele. Ele não ia descansar até que tivesse nos matado. Me agradeça por estar viva. – Damon falou de forma meio ríspida, mas não foi isso que fez Elena erguer a sobrancelha. A voz dele parecia entrecortada, cansada.

— Você está bem? - ela perguntou preocupada.

— Ele tinha verbena no sangue. – “Aquela vadia”, ele completou nos próprios pensamentos.

Naquele instante Stefan apareceu correndo, parando surpreso ao observar a cena. Ele se aproximou rapidamente de Elena, ignorando o irmão.

— Elena, você está bem? – ele passou os braços ao redor dela, mas quem falou foi Damon.

— Desculpa interromper o momento lindo, pombinhos, mas estamos com um problema. Stefan, alguém controlou a mente desse cara pra matar a mim e a Elena. A pessoa sabia que nós dois estávamos aqui sozinhos, e ele tinha verbena no sangue. – Damon ergueu a sobrancelha, sugestivo, e Stefan olhou ao redor, os pensamentos conectados com os do irmão. – Exatamente. Ela pode aparecer aqui a qualquer momento.

Elena olhou de um Salvatore para o outro, novamente ficando assustada. Stefan passou um braço protetor ao redor da cintura dela de forma inconsciente.

— Eu vou levar Elena pra casa e depois volto para limpar a bagunça. Você consegue ir sozinho? – ele olhou para o irmão de uma forma que Elena não vira nenhuma vez antes. Ele parecia... preocupado.

— Consigo... Cuide dela. – ele indicou Elena com a cabeça, que sentiu seu rosto ficar quente de repente. Stefan confirmou e a puxou pela mão para fora da sala. Ela se deixou ser levada, mas ficou encarando Damon até perdê-lo de vista.

Assim que eles estavam longe o suficiente, Damon se levantou com certa dificuldade, se sentindo fraco, mas mesmo assim deu um chute na cadeira, que voou alguns metros. Se apoiou na mesa, suas presas pra fora sem que ele percebesse. Sua mão coberta de sangue estava fechada em punho.

Era assim que aquela vadia queria que fosse? E quem era ela para subestimá-lo daquela forma, mandando um humano para matá-lo?! Ele estava ansioso para que parasse de se esconder; ele ia mostrá-la que não se brinca mais com Damon Salvatore.

Ele saiu da sala sem olhar para o corpo atirado no chão, como se ele não estivesse ali, e parou quando estava prestes a alcançar o estacionamento da escola, a raiva borbulhando dentro dele. Fechou os olhos e apurou os ouvidos, prestando atenção nos sons da noite. Ele podia ouvir algum animal pequeno se mexendo nos jardins do colégio, uma buzina ao longe, os grilos cantando alto. E só isso, felizmente. Assim, fraco pela verbena, não era a melhor maneira de encontrá-la. Precisava de sangue.

Damon abriu a porta que o zelador deixara chaveada com a chave extra que ele lhe dera e depois chaveou o colégio. Ele deu uma olhada para o seu carro ali estacionado, mas mudou de idéia; poderia vir buscá-lo depois. Ele andou lentamente – para um vampiro – até uma pequena estrada que passava perto da escola. Esperou até ouvir um carro se aproximando e foi até o meio da rua, seu olhar ofuscado pelo farol.

O carro foi freado bruscamente, o som alto perturbando o silêncio da noite. Uma mulher abriu a janela para gritar com ele, mas então percebeu o sangue na camisa e nos braços de Damon. Ela fez uma expressão de espanto e desceu do carro, deixando a porta aberta.

Damon se arrastou até ela como se estivesse com dificuldades para andar, fingindo uma careta de dor.

— Você está bem? – ela perguntou assim que estava mais próxima. Ele se escorou nos ombros dela, que passou a mão na cintura dele para segurá-lo. – O que aconteceu? Você consegue caminhar até o carro? Vou lhe levar ao hospital!

— Não estou, mas vou ficar. – ele olhou-a com um sorriso que fez os olhos da mulher se arregalarem de medo. Antes que ela pudesse reagir de alguma outra forma, porém, Damon puxou-a pela cintura e cravou as presas no pescoço dela, acertando uma veia com a precisão de um profissional.

O grito dela foi cortante de início, mas foi perdendo a força à medida que Damon sugava a vida de dentro dela. Depois de alguns minutos, ele a arrastou para o bosque às margens da estrada e a enterrou sem muito cuidado. Então tirou o carro do meio da estrada e o deixou alguns quilômetros adiante, para, em seguida, ir buscar o seu. Antes de dar partida na Ferrari, ele se olhou no espelho retrovisor e deu um sorriso de canto, ajeitando o cabelo.  Havia até esquecido de como era sugar um humano até a última gota de sangue, drená-lo até que ele não tivesse mais forças para resistir. O Poder vibrava dentro do seu corpo e ele podia sentir ainda o gosto do sangue nas suas presas, o cheiro do sangue.

Ele deu ré e ligou o rádio do carro em um volume bem alto, dirigindo em alta velocidade para casa.

Parece que Katherine havia trazido certas coisas de volta à Mystic Falls.

 

Assim que se assegurou que Elena estava sã e salva em seu quarto, Stefan foi até a escola limpar a bagunça. Não viu o irmão por lá, tampouco o carro dele, então concluiu que estava bem. Depois de se livrar do cadáver e de todas as evidências, Stefan voltou para casa. Sua cabeça parecia pesar mais naquele dia, e os pensamentos voavam pela sua mente, agitados, preocupados, ansiosos.

Por isso, só quando colocou a mão na maçaneta da porta de entrada de casa foi que prestou atenção no som que vinha do andar superior. Era um som alto, agitado. Ele franziu a testa e entrou, subindo as escadas na direção do barulho, que vinha do quarto do irmão. Ele dobrou a esquerda no pequeno corredor e deu de cara com a porta aberta, não acreditando no que seus olhos viam.

Damon estava sentado, sem camisa, aos pés da cama. Uma garota usando uma calcinha e mais nada dançava na frente dele, ao som da música. Stefan não precisaria ter visto o sangue escorrendo do pescoço e do ombro dela, já que o cheiro forte contaminava o quarto. Ele teve de se esforçar para manter as presas no lugar.

— O que está acontecendo aqui, Damon? – Stefan elevou a voz para ser ouvido.

— Oh... – Damon olhou surpreso para Stefan, como se não tivesse escutado a sua aproximação. Podia muito bem ser uma atuação; ele era bom o suficiente nisso. O mais velho dos Salvatore pegou a garota pela mão e fez com que se virasse para Stefan, com um sorriso corrompido. – Stacy, querida, cumprimente meu irmãozinho, Stefan.

— Oi, Stefan! – ela deu um sorriso doce para ele, acenando com uma mão.

— Sinta-se à vontade. – Damon fez um sinal para a garota, com um sorriso de canto, e ela inclinou o pescoço para Stefan, ainda sorrindo.

— Damon, você realmente acha que é o momento apropriado para isso? – Stefan o olhava com repreensão, ignorando Stacy. Damon revirou os olhos.

— Só porque Katherine está de volta, isso não quer dizer que nossas rotinas devam mudar, Stefan. E quanto mais sangue e mais Poder nós tivermos, melhor para nós quando encontrarmos essa vadia, não concorda?

— Ainda não acho que seja o melhor momento. – Stefan insistiu. Damon o lançou um olhar de tédio e se levantou, passando pela garota e parando na frente do irmão.

— Fodam-se você e sua mania de sempre achar um motivo pra sofrer, irmãozinho. – Damon deu um sorrisinho irônico e então bateu a porta do quarto na cara de Stefan, se virando em seguida para Stacy, os olhos brilhando de malícia. – Onde nós paramos, querida?

 

A casa estava silenciosa. Stefan estava sentado em uma poltrona, lendo um livro antigo que achara na biblioteca. Damon estava atirado no sofá, olhando televisão num volume baixo.

Era fim de tarde em Mystic Falls. O sol se punha e lançava sombras alaranjadas na direção da casa, mas as cortinas estavam bem fechadas, deixando tudo bastante escuro. Podia muito bem ser noite lá fora.

O celular de Damon tocou alto no bolso da jaqueta de couro dele, e ele o pegou sem pressa. Quando viu o nome escrito na tela, porém, abriu um sorriso malicioso e olhou de canto para o irmão, que parecia ignorá-lo. Ele apertou para atender a ligação.

— Elena, Elena... Você demorou. – Stefan levantou a cabeça imediatamente, os olhos fixos no irmão.

— Damon, Stefan está com você? – ela perguntou do outro lado da linha, como se ele não tivesse falado nada. A voz de Elena vacilava um pouco, parecia ansiosa.

— Não, querida, pode parar de fingir. Ele não vai descobrir. – Damon lançou um sorriso provocador para Stefan, que largou o livro de lado, revirando os olhos.

— Sério, Damon, eu preciso saber se Stefan está aí. – ela parecia realmente nervosa, e Damon franziu a testa. Stefan olhava preocupado.

— Sim, ele está. Está ouvindo, por sinal. O que foi que... – a pergunta dele foi interrompida por um ruído do outro lado da linha, um gemido de Elena e depois uma pequena confusão. Stefan já estava de pé, encarando o celular, aflito. – Elena?

— Ora, ora. Meus irmãos favoritos.

Os olhos de Damon e de Stefan se encontraram, agora arregalados de choque. A voz que saíra do celular não poderia pertencer a quem eles achavam que pertencia. Eles ficaram em silêncio por um tempo que pareceu longo demais.

— Não estão com saudades de mim? Vou ficar triste, e vocês sabem o que acontece quando eu fico triste. – a voz que começara maliciosa se tornou de repente meiga, quase infantil, chorosa.

— Katherine... – o nome saiu dos lábios de Damon sem que ele quisesse, aquela voz fazendo com que seu estômago parecesse sair do lugar.

— Isso mesmo. Eu sei que estão com saudades de mim, sim. Vamos nos encontrar, relembrar os velhos tempos. Ao leste da cidade, perto do rio. – a voz dela subitamente se transformou novamente, agora ameaçadora. – Venham sozinhos e não banquem os engraçadinhos. Ou vão ficar sem esse brinquedinho de vocês. Não é mesmo, Elena? – os dois ouviram sons abafados, como se a boca de Elena estivesse tapada, seguidos de risadas de Katherine, antes de o celular ser desligado.

Stefan praticamente voou até a porta de casa. Damon continuou sentado, os olhos fixos no celular, sem enxergá-lo. A voz de Katherine ainda ecoava nos ouvidos dele, e imagens tomavam conta de sua mente, piscando tão rápido quanto flashes. Os dois no quarto dele, em algum momento do século XIX, parecendo fazer parte de outra vida; ele ainda era frágil, humano. Katherine estava sentada em cima de Damon, os lábios passeando pelo pescoço dele. Uma fisgada de dor fez ele se contrair um pouco, mas logo ele sentiu um torpor percorrendo seu corpo enquanto Katherine sugava o seu sangue. Depois de um tempo ela se afastou e o olhou, os lábios sujos com o sangue dele. Ele a puxou para um beijo; um beijo forte, rápido, cheio de desejo. Um beijo com o gosto do seu próprio sangue.

— Damon! Damon! – Stefan gritava, chamando-o. A voz parecia vir de tão longe, e ele estava tão bem lá, com Katherine. – Damon, nós precisamos salvar Elena!

Elena... aquele nome foi ecoando na mente dele, e pareceu clareá-la. Katherine ficara todo aquele tempo livre, vagando por aí, sem procurá-lo, enquanto ele fazia de tudo para vê-la novamente. Ela voltara para Mystic Falls e controlara a mente de um mero humano para ir matá-lo. E agora ela estava com Elena.

A raiva que ele estivera sentindo nos últimos dias voltou com força total. Toda aquela raiva contida que ele estivera ruminando... Agora ele tinha uma direção para ela.

Damon se levantou e guardou o celular no bolso. Se apressou e passou por Stefan, que o segurou pelo braço.

— Você vai ficar bem? – Damon olhou para o irmão, que parecia genuinamente preocupado e apenas puxou o braço para soltá-lo do aperto, se afastando sem demonstrar qualquer coisa.

Os dois correram o mais rápido que conseguiram até o local que Katherine mencionara. Agora o sol estava praticamente escondido, o dia dando lugar lentamente à noite. Os grilos já cantavam, os animais no bosque já davam sinais de vida. Fora isso, nada se mexia ou fazia qualquer som. Quando saíram do meio das árvores e chegaram à margem do rio, lá estavam elas. Olhando-as daquela distância, podia-se dizer que eram irmãs gêmeas.

Elena estava sentada contra o tronco de uma árvore, os pulsos amarrados atrás do próprio corpo. Katherine estava de pé ao lado dela, os olhos fixos nos dois Salvatore, um sorriso no canto dos lábios, aquele sorriso tão misterioso e tão ameaçador quanto eles se lembravam. Damon e Stefan pararam, encarando-a, processando o fato de que era verdade; Katherine estava mesmo de volta à Mystic Falls, depois de mais um século. Katherine estava ali, na frente deles, como cada um havia tantas vezes, e de tantas formas, fantasiado. Finalmente, ali estava ela.

— Stefan, Damon... – ela olhou de um para o outro enquanto dizia seus nomes, o tom de prazer, a expressão de quem estava se divertindo, os olhos brilhando perigosamente. Qualquer um que chegasse perto conseguia sentir o poder que emanava dela. – Vocês não mudaram nada.

A risada fria e sem emoção de Katherine ecoou entre as árvores enquanto o sol finalmente se punha atrás dela.   


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Notas finais do capítulo

E aí?! Eu sei que não tem cenas Delena, mas eu queria mostrar principalmente os sentimentos do Damon, a confusão de sentimentos, em relação a Katherine. Li, reli, mudei, acrescentei, apaguei... Queria que ficasse ótimo, porque né, the bitch is back!