The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 6
Baby, I'm a man and I was born to hate.


Notas iniciais do capítulo

Ai, eu queria pedir mil desculpas pela demora!
Eu fiquei duas semanas fora agora em julho, na Argentina, e tinha programado pra colocar no ar o capítulo antes de viajar. Só que dois dias antes da viagem, quando ele tava quase todo escrito, meu computador queimou! Por sorte eu não perdi nada, mas acabou que não consegui atualizar a fic.
Mas aqui tá o capítulo 5, finalmente, espero que gostem! Prometo que o 6 vem logo pra compensar. E troquei a capa também, espero que tenham gostado. Beijos, seus lindos!



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Baby, I'm a man and I was born to hate.
Garota, eu sou um homem e eu nasci para odiar.

 

Ele parou exatamente em cima dela, o nariz torcido. Foi só então que ela percebeu que seus cortes sangravam muito. Seu cabelo grudava na cabeça, tanto pela chuva quanto pelo sangue.

— O que você está fazendo aqui? – ela perguntou com a voz quase sumindo. Seu corpo doía.

Damon não respondeu. Ele estava ocupado demais tentando não respirar, tentando evitar o cheiro do sangue de Elena. Ele se ajoelhou e se concentrou em analisar os machucados dela. Os cortes estavam bem abertos, mas não pareciam muito fundos; o sangramento da cabeça, porém, parecia mais sério.

Damon olhou ao redor; ninguém estava à vista. Então ele segurou-a nos braços e a levou para o meio do bosque que ficava na beira da estrada. Lá a chuva caía com menos intensidade, e ele se ajoelhou com ela apoiada nas próprias pernas.

Elena tinha os olhos pesados e não enxergava nitidamente. Mal conseguiu focalizar a imagem de Damon enquanto ele rasgava o próprio pulso com suas presas afiadas e letais. Ela tentou se afastar do gosto amargo quando Damon grudou o ferimento na boca dela, mas ele não deixou-a virar o rosto.  Depois de alguns segundos, tonta, confusa, Elena se viu bebendo o sangue de Damon.

Não durou muito tempo. Ele logo afastou o pulso e olhou-a sério.

— Elena, preciso que você me responda. Tem alguém na sua casa?

Ela olhou-o, piscando devagar. Sentia-se sonolenta.

— Não... Eu não sei... – ela respondeu rouca, pouco antes de apagar.

Damon levantou-se com ela nos braços novamente e correu na direção da casa de Elena. Poderia ter levado-a para um hospital ao invés de ter dado a ela o seu próprio sangue, mas o cheiro estava deixando-o maluco. Nem parecia que ele se alimentara mais do que o suficiente há menos de uma hora.

Ele parou em frente à porta e procurou as chaves no bolso de Elena, mas não achou nada. Não queria arrombar a porta, pois teriam problemas por isso depois, e acabou contornando a casa. Com um impulso, conseguiu alcançar a janela do quarto de Elena, mas não sem dificuldades, pois a segurava inconsciente em um dos braços. Por sorte, já havia sido convidado a entrar.

Damon colocou-a deitada na cama e fechou a janela, impedindo o vento frio de entrar. Ele observou-a brevemente; os cortes ainda estavam abertos, mas pelo menos não sangravam mais. O cheiro, porém, estava impregnado nela.

Ele deu meio volta e desceu as escadas, deixando-a sozinha. Visualizou um bar do lado oposto da sala de estar, e, depois de cruzá-la, abriu uma das portas de vidro, pegou um uísque e se serviu. Álcool sempre fazia as veias pararem de queimar de necessidade, pelo menos um pouco. Caminhou lentamente pela sala com o copo na mão, distraindo-se com os porta-retratos.

A maioria deles eram de Jeremy e Elena, mostrando a mudança deles com o passar dos anos. Damon podia vê-la como uma criança sentada num balanço de madeira, como uma pré-adolescente com algumas espinhas na testa e um sorriso forçado, ou como a mulher que era agora, sorrindo feliz ao lado de Bonnie.

Um porta-retrato em cima da lareira, porém, chamou a atenção de Damon. Ele se aproximou e pôde observar um casal jovem, segurando a mão de duas crianças. A mulher era bonita, e tinha olhos tão marcantes que pareciam até encará-lo da foto. Os quatro Gilbert sorriam juntos, alguns anos atrás, sem saber do futuro que os esperava.

Um gemido bem baixo o trouxe de volta ao presente. Um humano não teria ouvido o som, mas ele pôde escutá-lo claramente. Largou o copo e subiu as escadas até o quarto de Elena; encontrou-a de pé, em frente ao espelho.

Elena examinava o próprio corpo. Depois de alguns segundos o olhar dela encontrou o de Damon no espelho. Os dois se encararam, os dois indecifráveis.

— Por quê? – ela perguntou simplesmente, em voz baixa. Ele levantou a sobrancelha como se não tivesse entendido. – Por que você me deu o seu sangue? – ela repetiu sem desviar os olhos do dele no reflexo.

— Se eu te deixasse ali e algo acontecesse a você, eu teria de agüentar o Stefan depois. – Damon deu de ombros, se apoiando no batente da porta. Elena cerrou os olhos, ainda não convencida com a resposta.

— Mas você poderia ter me levado a algum lugar. Por que me deu seu sangue? – ela repetiu mais uma vez, finalmente se virando para ele. Damon apenas a olhou por longos segundos, sem dar nenhum tipo de resposta. – Por quê? – ela insistiu.

— Se você continuar com as perguntas, eu vou me arrepender de ter te ajudado, Elena. Apenas um “obrigado” já me basta.  – ele respondeu um tanto frio.

Ela o encarou e depois suspirou, balançando a cabeça.

— Eu vou tomar banho, me livrar de todo esse sangue seco. Não destrua minha casa. – ela deu um sorriso fraco e foi até o banheiro.

Damon ficou parado onde estava, apenas ouvindo. Ele podia distinguir o som da roupa sendo tirada, do leve gemido que Elena deu, provavelmente por causa dos machucados, da água sendo ligada, da cortina do chuveiro sendo fechada... Ele acordou dos devaneios depois de um bom tempo, ao ouvir a campainha soando lá embaixo.

Damon desceu rapidamente e espiou pelo olho mágico da porta. Ele abriu um sorriso malicioso, passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os, e então abriu a porta com uma expressão fingidamente surpresa.

— Ora, ora... Stefan?

A expressão de seu irmão também era de surpresa, mas, definitivamente, não era fingida.

— O que você está fazendo aqui? – ele perguntou quase rosnando, observando Damon de cima a baixo. – O que você fez com Elena?

— Nada de ruim. Ela está tomando banho. – ele fez um gesto para cima com o dedo, sorrindo de forma corrompida, e Stefan se concentrou. Ele podia ouvir o barulho da água lá em cima.

O olhar de Stefan brilhou, os ciúmes subindo pelas suas veias. Ele avançou para dentro da casa e pegou Damon sem que ele estivesse preparado; não estava acostumado com a nova força e velocidade do seu irmão, desde que ele começara a se alimentar de sangue humano. Segurando o mais velho pela camisa, Stefan o empurrou contra a parede e falou baixo, ameaçador.

— Eu mandei você ficar longe de Elena. – recuperado do susto, Damon conseguiu alcançar o pescoço de Stefan e o apertou lentamente, sentindo os dedos do irmão afrouxarem um pouco na sua roupa.

— E desde quando você acredita que manda em mim? Que eu escuto algo que você fala, irmãozinho? – Damon pronunciou o apelido de forma irônica.

— Não toque um dedo sequer nela, você entendeu? – Stefan repetiu, ignorando o que Damon falara. Damon ergueu a sobrancelha de forma sarcástica e apertou mais os dedos no pescoço de Stefan. Ainda era mais forte do que ele, e viu o irmão fraquejar um pouco.

— Se você fosse um pouco menos idiota, saberia que isso só me atrai. – Damon sorriu de canto, seu sorriso típico, sua assinatura, e Stefan apenas o encarou com os olhos cerrados, com raiva demais para falar.

— O que está acontecendo aqui? – Elena perguntou enquanto parava ao pé da escada. Nenhum deles havia percebido que ela se aproximava.

Stefan soltou o irmão imediatamente. Ele se virou para Elena, qualquer irritação se transformando em pura culpa e autopiedade. Damon fez uma careta de nojo.

— Elena... Eu vim conversar com você, você precisa deixar eu me explicar. – ele estava quase suplicante. Ela olhou-o atordoada, sem nenhum tipo de reação. Só então que Stefan pareceu perceber os cortes visíveis nos braços de Elena. Ele virou imediatamente o olhar raivoso para Damon, mas Elena explicou, chamando a atenção dele.

— Eu bati o carro e me machuquei. Damon me encontrou e me deu o sangue dele. Estou bem agora. – Stefan se aproximou dela com a intenção de abraçá-la, mas ela recuou um passo.

— Elena... – ele voltou a suplicar. – Por favor, eu preciso conversar com você.

Ela olhou-o por longos segundos, considerando. Depois suspirou e confirmou com a cabeça, virando-se para Damon.

— Você pode nos deixar a sós? - ele olhou-a e deu de ombros, já caminhando na direção da porta. Ela tentou chamá-lo antes que ele saísse. – Obrigada, Damon.

Ele apenas fez um sinal com a mão por cima do ombro, sem se virar, como se dissesse “deixa pra lá” e fechou a porta ao sair.

 

Ele estava atirado no sofá quando Stefan entrou em casa. A garrafa de uísque estava apoiada no tapete e o copo estava equilibrado sobre o peito de Damon. Ele tinha um fone do seu novo iPhone no ouvido, e ia passando as músicas sem muita paciência. Não é preciso dizer como o adquirira.

Stefan simplesmente passou por ele e pegou a garrafa, se afastando com ela. Damon olhou-o com a sobrancelha erguida, mas ficou em silêncio, saboreando a infelicidade do irmão. Desde que parara com o sangue humano novamente, Stefan estava bebendo em grandes quantidades, para enganar a sede insuportável. Tudo era pior por ele ter ficado tanto tempo negando a sua natureza. Damon se divertia.

Além disso, Stefan e Elena haviam conversado aquele dia na casa dela, há uma semana. Ela ouvira tudo e agora falava e saía com ele como antes, mas mal o deixava tocá-la. Sequer segurar sua mão ele podia. Ela vivia uma luta interna: de um lado, tudo que ela acreditava e tudo que ela era contra, e do outro os sentimentos por Stefan. Apesar de amá-lo, ela não o perdoara ainda.

E, assim, Damon se enchia de felicidade ao ver a falta dela nas faces do irmão. Ele se martirizava mais do que no passado, e Damon achara que isso fosse impossível.

Stefan sumiu na direção da cozinha e seu irmão consultou o relógio. Apesar de estar se divertindo, tinha coisas melhores a fazer. Desligou a música, virou o resto do uísque e caminhou até a garagem onde sua Ferrari o esperava.

 

Elena caminhava apressada pelos corredores da escola; estava atrasada. No ano passado, com a morte de seus pais, Elena perdera muitas aulas e quase não passara em francês. Nesse ano as coisas estavam piorando devido a todo o conteúdo que ela não aprendera direito. O seu professor, então, sugerira aulas particulares. Ela decidira fazê-las, ainda mais que o homem que as daria tinha se disponibilizado a ensiná-la sem cobrar nada.

Mas na primeira aula ela conseguira estar atrasada. Parou alguns minutos depois do horário na frente da sala combinada e bateu na porta. Uma voz com sotaque francês mandou-a entrar, e assim ela o fez.

Seu cérebro precisou de apenas meio segundo para reconhecê-lo, mesmo ele estando de costas. O queixo dela quase foi parar no chão enquanto ele se virava.

Bonsoir... – Damon deu um sorriso malicioso para ela, se apoiando na mesa do professor.

— O q-quê? – Elena gaguejou, ainda não acreditando nos seus olhos.

— Sou seu professor particular de francês, Monsieur Salvatore. – ele claramente estava se divertindo muito com a situação. Elena ainda estava atordoada.

— Desde quando você fala francês? – ela perguntou sem conseguir pensar em nada melhor.

— Estando vivo há mais de um século e meio, eu tenho bastante tempo de sobra, Elena. – ele deu de ombros e então se sentou na cadeira, fazendo sinal com a mão para ela se sentar também.

— Eu não vou fazer isso. – ela permaneceu de pé, a confusão lentamente se tornando irritação.

— Eu só pedi para você se sentar. – ele falou com falsa inocência.

— Eu não vou ter aulas com você. Vou pedir outro professor.

— Deixa de ser dramática, Elena. – ele revirou os olhos, apoiando os pés em cima da mesa.

— O que você quer comigo? – ela se atirou na cadeira, irritada.

— Mystic Falls tem estado muito tediosa nos últimos tempos, então eu resolvi me ocupar um pouco.

— Se você quisesse se ocupar, iria morder umas garotas por aí, Damon. – Elena o encarou com os olhos cerrados.

— Também. – ele deu de ombros, ainda claramente se divertindo.

— Eu não vou fazer isso. – ela repetiu novamente, os braços cruzados.

— O seu professor me indicou para lhe ajudar. Se você não colaborar, vou ter uma conversinha com ele... Ele não irá gostar nenhum pouquinho disso. – Damon piscava os olhos com inocência.

Elena passou os dedos pelos cabelos, bufando. Ela apoiou a cabeça nas mãos e encarou o chão.

— Como se eu já não tivesse problemas suficientes... – ela fez uma breve pausa e depois voltou a falar, mais consigo mesma do que com Damon. – Não sei o que fazer em relação a Stefan, estou ferrada em muitas matérias e ainda estou de castigo, só porque falaram para Jenna que me viram andando por aí à noite, quando eu estava na casa da Bonnie!

Quando ela olhou para cima, seus olhos estavam brilhando com lágrimas. Damon se mexeu incomodado; se tinha algo que ele não suportava era uma mulher chorando.

Uma batida na porta o salvou de ter que falar alguma coisa. Elena enxugou os olhos enquanto ele anunciava a quem quer que fosse que podia entrar.

Monsieur Gérard, o professor de francês de Elena entrou e deu um sorriso largo aos dois.

— Vejo que já se conheceram! Tudo bem por aqui, Monsieur Salvatore?

— Sim... Na verdade, foi uma coincidência. Imagine só, Gérard, Elena é namorada do meu irmão mais novo! – ele virou-se para Elena e deu um sorriso cordial, fingido. Elena sentiu vontade de rir, apesar de estar irritada com ele.

Oui, oui! Parece que as aulas serão muito agradáveis então, não é mesmo, Gilbert? – ele sorriu para Elena, que devolveu um sorriso amarelo. – Bem, estou indo para casa. Amanhã conversamos mais sobre isso, Salvatore.

Ele acenou com a cabeça e saiu fechando a porta.

Elena se virou para Damon com uma cara de tédio.

— Você não pretende levar a sério essas aulas, pretende? Porque eu realmente preciso melhorar em francês, e se você não colaborar vou ter que procurar outro professor.

Damon levantou as mãos, como se estivesse se rendendo.

— Eu vou lhe ensinar tudo que eu sei, Mademoiselle. – Elena olhou-o com censura, mas depois de alguns segundos suspirou e balançou a cabeça.

— Eu espero realmente que seja verdade, Damon.

Ele sorriu e começou a mexer em algumas folhas na gaveta. Elena ficou observando-o, quebrando o silêncio depois de algum tempo.

— O que mais eu não sei sobre você, Salvatore?

Damon levantou os olhos para ela e sorriu – um sorriso diferente. Só mais tarde, pensando nisso, foi que ela concluiu que a diferença era a sinceridade presente nele.

— Você não sabe muitas coisas sobre mim, Gilbert.

 

Elena estava sentada em sua cama, o diário aberto no colo. Com a caneta ela batucava a música que saía da televisão... Vinha de um comercial no qual Elena não prestava atenção. A voz de sua tia a acordou.

— Elena, a janta!

Ela largou o diário e a caneta e desligou a TV. Calçou as pantufas de coelhinho que estavam ao pé da cama e se arrastou escada abaixo. Jeremy estava sentado na mesa, digitando algo no celular, e Jenna trazia uma travessa de sopa da cozinha.

Elena se sentou e serviu suco a todos. Sua tia puxava algum assunto com Jeremy e ela ouvia sem realmente prestar atenção. Sua cabeça só se virou quando ela ouviu o seu nome.

— O que você fez hoje à tarde? – perguntava Jenna, pousando um pouco sua colher.

— Eu tive minha primeira aula particular de francês – Elena disfarçou um sorriso de canto levando um pouco de sopa à boca – e depois vim direto para casa. Por quê?

— Não foi a nenhum outro lugar? – sua tia insistiu.

— Não. – respondeu prontamente, a sobrancelha erguida.

— Não gosto que minta para mim, Elena.

— Eu sei. E eu não estou mentindo, Jenna. – Elena respondeu séria, pousando a colher e encarando a tia.

— Eu lhe vi perto do Mystic Grill.

— Eu não estive em nenhum momento perto do Mystic Grill.

— Você não está melhorando a sua própria situação, Elena. Você sabe que está de castigo por ter saído escondida à noite e deveria voltar da escola para casa. Pelo menos admita que não cumpriu o combinado.

— Eu admitiria, se tivesse realmente estado lá. Eu não estive, pergunte para o Jeremy! – Elena disse indignada; não gostava que duvidassem de sua palavra.

— Não me meta nisso. – ele resmungou sem tirar os olhos da própria sopa.

— Elena, por favor... Eu não quero ter de aumentar o seu castigo. – Jenna falava bem séria, já esquecida da sopa.

— Não tem motivos para aumentar. Eu não fiz nada! – Elena olhava incrédula para a tia.

— Não é nada demais, Elena, que você tenha dado uma volta. Só quero que você admita.

— Meus pais me ensinaram a não mentir, Jenna.

Elena largou a colher com força e se levantou da mesa, deixando mais da metade de sua sopa no prato.

— Perdi a fome. – ela resmungou antes de subir as escadas batendo os pés.

Elena abriu a porta do quarto com força e a fechou com um baque, bufando. Quando se virou na direção de sua cama, teve de sufocar um grito.

— Porra! – ela soltou o palavrão em alto e bom tom antes que pudesse se segurar, com a mão no peito.

Bonsoir, Elena. – ele falou com a voz divertida, um dos ursinhos de pelúcia dela voando de uma mão para a outra em uma velocidade surpreendente. – Você sempre me pareceu meiga demais para falar esse tipo de coisa. – ele deu um sorriso malicioso.

Damon estava deitado na cama de Elena, o diário dela aberto ao seu lado.

— O que você está fazendo aqui? – ela se forçou a diminuir o tom de voz para sua tia não ouvi-la, mas não deixou de soar incrédula. Os olhos dela se focaram no diário e depois se cerraram, raivosos, na direção de Damon. – Você leu meu diário?

— Claro que não, Elena. Eu pareço o tipo de cara que faria isso? – ele piscou inocentemente e observou-a de cima a baixo. – Belas pantufas, por sinal.

— O que você está fazendo na minha casa, na minha cama?! – ela exclamou um pouco mais alto do que gostaria e se controlou. – Mexendo nas minhas coisas?!

— Estou entediado. – ele deu de ombros como se fosse simples assim.

Elena pegou um dos ursinhos que estava ao seu alcance e atirou nele. Damon pegou-o antes que atingisse o seu rosto.

— Você não é uma anfitriã muito boa, Elena. – ele disse de forma repreensiva, balançando a cabeça.

— Isso porque eu não lhe convidei! – ela disse irritada, pegando seu diário e guardando-o na gaveta.

— Não hoje, mas não esqueça que o convite para um vampiro é eterno. – Elena revirou os olhos para ele e foi até a porta, trancando-a.

— Se tia Jenna lhe ver aqui, eu vou ficar um ano de castigo, Damon!

— Ah, eu ouvi a conversa de vocês lá embaixo. Ou você anda muito travessa, ou sua tia anda vendo coisas. – ele largou o ursinho e pegou o controle da televisão.

— Depois que você foi embora eu vim direto para casa! – Elena exclamou, ficando irritada com o assunto anterior novamente.

Damon deu de ombros e ligou a televisão. Ao mesmo tempo, o iPhone de Elena tocou em cima da cama; era o toque especial que ela tinha escolhido para Stefan.

Elena se atirou na direção do celular, prevendo o que Damon faria. Ele foi bem mais rápido, obviamente. Elena, porém, quando deu por si, havia derrubado-o e estava deitada por cima dele. Seus olhos encontravam-se a pouquíssimos centímetros de distância.

Ela sentiu o hálito gelado que saia da boca ligeiramente aberta de Damon tocar os seus próprios lábios, e todo seu corpo estremeceu consideravelmente; era impossível que ele não notasse.

Os dois se olharam por um tempo que pareceu longo demais, enquanto o celular tocava ao fundo. A cada segundo que passava, Damon tinha mais consciência do corpo dela tocando o seu. O seu tato de vampiro, milhões de vezes mais sensível que o de Elena, o permitia sentir até os finos pêlos arrepiados dos braços dela.

Damon sentia seu corpo reagindo por puro instinto, se aproximando cada vez mais de Elena, a respiração dela cada vez mais quente contra sua face gelada. Ela não reagia, só conseguia pensar que os olhos dele pareciam mais indecifráveis de perto. Elena não conseguia nem imaginar o que se passava por trás deles. Os seus próprios olhos começaram a se fechar...

— Alô? – Damon falou ao atender ao telefone, acabando com aproximação contínua dos dois, cortando a espécie de transe em que se encontravam, mas sem desgrudar os olhos dos de Elena.

— Damon? Diabos, por que você está com o celular de Elena? Se ela estiver com você, passe para ela agora! – começou a esbravejar Stefan, tão alto que ela podia ouvir da pequena distância em que se encontrava.

Damon esticou o iPhone a Elena, que o encarava ainda sem reações, e saiu rapidamente debaixo dela. O clima do quarto ainda era tenso quando ele acenou a cabeça para se despedir, agora sem a olhar, e fechou a janela ao passar.


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Notas finais do capítulo

Já disse que amo os reviews lindos de vocês?!