Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: Barns Courtney - Glitter & Gold



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777152/chapter/9

Jughead Jones

Senti um líquido espesso escorrer pelos meus dedos comprimidos entre si, constatando que era o sangue de Nick quando ele levou sua mão ao pequeno corte na boca. Imediatamente, ele fechou a mão direita que viajou com força até a lateral do meu rosto me jogando ao chão devido ao impacto.

Uma dor latente preencheu minha cabeça se localizando em seguida apenas no local atingido. Senti mãos geladas me erguendo com força e toquei a região dolorida ao redor do olho, fechando-o. Ao me colocar de pé cambaleei para o lado e Sweet Pea firmou seu braço abaixo do meu me dando um suporte para me equilibrar. Senti o olho atingido começar a inchar e ao tocá-lo a região voltou a latejar mais intensamente.

— Qual é o problema de vocês?! – meu pai gritou se colocando entre nós, mesmo que ambos já estivéssemos sendo segurados pelos outros.

Mesmo que Sweet Pea me desse apoio por debaixo do braço esquerdo eu percebia meus sentidos atordoados à medida que lutava para me manter em pé. Busquei a imagem de Nick ainda indefinida pela visão borrada. Ele apenas se encostava na sinuca comprimindo os lábios com um ar sério ao ouvir o meu pai.

Toni se colocou ao meu lado analisando meu rosto e me entregando um embrulho improvisado com gelos do bar, o qual encostei de leve no rosto, o deixando ali.

— Eu esperava mais maturidade de vocês dois! – ele apontou o dedo indicador próximo ao rosto de Nick e depois se virou para mim, baixei as feições zangado – O que é que você estava pensando Jughead?

Queria dizer o quanto não queria estar ali recebendo orientações de um idiota egocêntrico. Ou o quanto era injusto ter perdido meu posto por ter tentado salvar meu pai de uma gangue rival. Mas isso tudo parecia discurso para adolescentes imaturos com ego ferido. Quando permaneci calado Nick se pronunciou.

— Eu sinto muito Sr. Jones, eu o provoquei, não vai acontecer mais – meu pai se virou para ele ainda ríspido. Sua tensão se esvaia pelos nós dos seus dedos e eu imaginei que como um verdadeiro Jones ele também agia impulsivamente quando era mais novo.

Nick se colocou à minha frente tentando claramente conter um sorriso ao reparar meu olho. Eu o fitei com a cabeça baixa desejando tê-lo machucado muito mais do que um simples corte no lábio inferior. Ele tombou a cabeça para trás e ergueu o braço para um aperto de mãos, o qual retribui sem manifestar qualquer indicio de bons amigos.

— E para provar, nós vamos até lá dar as boas novas à novata – Sweet Pea me soltou e o observei de lado, ele fuzilava Nick com o olhar tanto quanto eu – Afinal, você é o único que sabe onde ela mora, não é mesmo?

Me ergui, visualizando meu pai ao distante por cima do ombro de Nick e voltei meu olhar a ele. Os outros membros da gangue permaneciam de braços cruzados, outros cochichavam, mas todos nos encaravam. O maldito filho do FP é um babaca, pensei comigo mesmo. Pendi o braço que segurava o pacote com gelo suspirando, não havia nada que eu pudesse fazer e talvez eu nem devesse pensar em fazer nada.

— Sim... – assenti derrotado.

◙ ○ ◙ ○ ◙

(música)

Pilotei até o lado Norte o mais devagar possível, repassando em minha mente o que havia acontecido momentos antes. Ao se aproximar à casa dos Cooper sacudi a cabeça em negativa tentando desvencilhar sua imagem doce à gangue do Sul, não era da minha conta o que ela faria e eu deveria entender isso. Ao passo que a região ao redor do olho parava de latejar eu me convencia de não me colocar em seus assuntos e tentar me afastar dela.

Talvez esse fosse o momento para me distanciar de problemas, gastar meu tempo em algo útil e me mandar dessa cidade medíocre na busca de um novo sentido de vida.

Assim que parei a moto e a desliguei os outros fizeram o mesmo. Toni prontamente desceu da garupa de Sweet Pea correndo até mim para verificar meu rosto, o segurando com as duas mãos geladas.

— Você está bem? – questionou com uma expressão dolorosa, o que apenas assenti com a cabeça.

Na verdade, o que realmente havia sido ferido não se curaria tão fácil. Me afasto do seu toque com um passo para trás colocando as mãos nos bolsos laterais da jaqueta e observo o ar sombrio da rua deserta. Pelos céus como eu queria ter ficado no trailer.

— Então é aqui Jones? – Nick soou carrancudo retirando o capacete, claramente irritado pela baixa velocidade em que me seguia.

Apenas apontei a entrada da casa com a cabeça sem dizer nada. Ele tomou a frente, seguido por Tall Boy e os outros. Toni, Sweet Pea e Fangs permaneceram logo atrás e se movimentaram apenas ao meu primeiro passo, como se esperassem um comando meu para acompanhar-me.

— Você não precisa ir até lá se não quiser – Sweet Pea disse rouco e o meu olhar o atingiu com fúria.

— Era isso o que você queria para ela? – parei de andar.

— Eu não tomo decisões, e você sabe disso! – Sweet Pea sussurrou evitando chamar a atenção dos outros que já subiam devagar as escadas do assoalho.

— Por favor, agora não! – Toni também sussurrou olhando para trás – Depois vocês resolvem isso como quiserem.

Passei por Sweet Pea esbarrando em seu ombro, Toni me acompanhou e logo estávamos atrás de Nick em frente à entrada da casa. Tall Boy pigarreou batendo à porta e um Déjà vu veio à minha mente, me fazendo recordar do dia em que ele me entregava a jaqueta.

A porta finalmente se abriu e eu percebi o quão Elizabeth havia se aterrorizado com a imagem de Tall Boy, tentei conter um sorriso com seus olhos sobressaltados. Ela permaneceu estática ao batente da porta atenta ao homem carrancudo em sua frente. Quando ele finalmente se afastou, Nick avançou um passo e os outros também se aproximaram, ela analisou cada rosto parando por alguns segundos em Toni que a tranquilizara com uma expressão doce, unindo as duas mãos próximas ao queixo, como se estivesse orgulhosa.

Bufei e Elizabeth percebeu minha presença ali, provavelmente sem identificar meu rosto devido a luz fraca. Me aproximei tímido, meu rosto agora estampava o quanto eu era fracassando em defender sua honra, ou mesmo a minha. Ela esperou calma que eu erguesse a cabeça e se assustou ao me reconhecer.

No mesmo instante procurou confusa por respostas sobre o que estávamos fazendo ali, enquanto o silêncio direcionava seu olhar ao manto de couro nas mãos de Nick. Nossa última jaqueta feminina possuía uma estampa diferente. Ao invés de duas cobras, apenas uma aparecia como se estivesse prestes a dar o bote.

Nick levou a jaqueta até as mãos pequenas e pálidas em sua frente. Ela a tomou nas mãos apreciando o emblema verde.

— Seja bem-vinda aos Serpentes do Sul, loirinha – ele sorria de braços cruzados enquanto a assistia vestir a jaqueta.

Seu rosto se iluminou ao terminar de encaixar a jaqueta ao corpo. Era como se a nossa última peça fosse feita exatamente para Elizabeth Cooper. Senti meu corpo se aquecer quando ela sorriu e me fitou soslaio.

— Betty? – Archie apareceu na porta atrás dela e em seguida se pos ao seu lado vendo a jaqueta em seu corpo – O que está acontecendo aqui?

Dei mais um passo à frente temendo que Archie fosse tão tolo quanto eu em tentar brigar com Nick, mesmo tendo homens dispostos a entrar em uma briga para defende-lo.

— Devolva essa jaqueta, já decidimos que você não precisa fazer isso! – ele colocou a mão na gola da jaqueta a puxando para baixo devagar, sendo interrompido pela mão de Nick. Instantaneamente Archie encarou a mão em seu braço e voltou sua atenção ao dono dela.

— Ei! – Nick tombou a cabeça debochado – Acho que não nos conhecemos ainda.

Verônica e Kevin pararam na porta se espantando ao nos perceber. Archie puxou o braço tocado por Nick em repúdio, cerrando os dentes e baixando o cenho.

— Acho que apresentações não serão necessárias... – ele se voltou para Elizabeth que permanecia estática ao acompanhar a situação – Vocês podem levar isso embora, ela não vai entrar para a gangue!  

— Arch, isso n... - ela prontamente tentou se pronunciar.

— Acredito que você não responda por ela – Nick deu mais um passo em direção ao ruivo com a mandíbula retesada – Ou já trocou de namorada? – ele piscou para Verônica que ainda estava na porta.

Archie se preparou para o golpear com um soco, quando segurei com força seu braço o encarando. Ele se voltou para mim furioso se surpreendendo ao me reconhecer e notar meu olho roxo. Fiz questão de que me encarasse e percebesse a situação.

— Agora não Archie! – sussurrei com ênfase levando seu olhar para as figuras ao fundo.

Quando ele finalmente relaxou o braço eu me afastei novamente. A tensão tomou conta do ambiente e Tall Boy quebrou o silêncio em voz baixa.

— Bom, nós costumamos comemorar cada novo integrante da gangue, mas é uma comemoração particular... – ele pigarreou – De qualquer forma, você pode ir na garupa de um de nós.  A não ser que saiba pilotar – sorriu gentil, agregando uma imagem assustadora ao seu semblante carrancudo.

Todos voltaram sua atenção para Elizabeth que estava visivelmente desconfortável, comprimindo as mãos e passeando seus olhos naqueles que estavam à porta de sua casa. Por fim, ela encarou Archie e comprimiu os lábios.

— Tudo bem, eu vou com Jughead – endireitei minha postura surpreso e ela completou me olhando de relance – Podem me dar um minuto? Por favor? – seu olhar parou em Nick que assentiu lhe dando as costas. Ela já tinha entendido quem estava no comando ali.

Depois de descer as escadas da fachada Nick me encarou ríspido, subindo em sua moto e ordenando antes de colocar seu capacete.  

— Não suma com a sua namoradinha, Jones.

— Eles não estão juntos. – Toni afirmou, querendo se certificar ao erguer uma sobrancelha para mim.

— Não, não estamos. – vi Elizabeth descer os degraus devagar, parando ao pé dela ao encarar a moto.

— Ótimo! – Nick arrancou sua moto sorrindo e os outros fizeram o mesmo logo atrás.

Subi na moto oferecendo o capacete para Elizabeth, mas ela continuou estática em minha frente observando a moto enquanto eu esperava que pegasse o objeto em minha mão. Por fim, ela fez um gesto negativo com a cabeça e o pegou.

— O que foi?

— Você pode por favor ir devagar? – ela quase suplicou colocando o capacete.

Forcei uma risada debochada, mesmo com compaixão pelo seu medo. Ela subiu na garupa envolvendo meu tronco com os braços e comprimindo meu quadril com suas coxas, meu corpo reagiu de imediato como se uma corrente elétrica o atravessasse naquele instante, mas a sensação não era ruim. 

— Acho melhor se acostumar Elizabeth... – acelerei a moto ressoando seu ronco grave sem soltar a embreagem – Essa é sua vida agora.

Assim que arranquei ela apertou ainda mais seus braços ao meu redor. Por pura covardia ou propriamente egoísmo me permiti abusar da velocidade máxima da moto fazendo com que ela se pressionasse cada vez mais contra mim.

Ao parar no pátio de trailers próximo às outras motos, ela desceu rapidamente tentando se equilibrar nas pernas trêmulas. Suas feições estavam enegrecidas e senti que se ela não fosse tão franzina poderia me matar ali mesmo com as próprias mãos. 

— Você é um grande imbecil! – gritou indignada me empurrando o capacete contra meu peito e disparando até onde os outros estavam em passos pesados.

Não pude conter o sorriso enquanto a observava, por mais que eu planejasse me afastar de Elizabeth Cooper e seus problemas, ela parecia ser como um imã e talvez eu fosse seu polo oposto por estar inevitavelmente atraído por ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, agora que estou de férias dos estudos pretendo postar com mais frequência e quem sabe terminar a história! Fiquem atentos e me digam sobre o que estão achando.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Monarquia Serpente - Bughead" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.