Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 36
Irritação e morangos.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Voltei!
Esse capítulo era pra ter saído ontem, então me desculpem pelo atraso!
BOA LEITURA ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777149/chapter/36

Minha noite com Ethan no resort ia ficar marcada para sempre em minhas memórias e no meu coração. Foi a mais mágica, especial e intensa noite da minha vida. Mas nossa tarde do dia seguinte também foi maravilhosa assim como todas as noites que se seguiram após aquela.

   Não dormimos mais separados depois daquela noite, mesmo aqui, quando voltamos para casa, meu quarto tinha apenas as roupas que eu não havia colocado no armário dele ainda, nada mais. Sorri me lembrando de como minha vida mudou nos últimos meses por causa dessa família que eu já considerava um pouco minha, e nas últimas semanas por causa de Ethan e do seu carinho.

  Eu poderia chamar de amor, por que eu me sentia assim, eu o amava, inteira e completamente, mas não tinha tido ainda coragem para dizer isso a ele, mas Ethan também nunca disse a mim como se sentia, me amar? Eu não sabia se esse era o caso. E mesmo que fosse, mesmo que ele se sentisse como eu, eu queria o ouvir dizer, com todas as letras e olhando fundo nos meus olhos. Não aceitaria menos que isso.

  - Mamãe! – Charlotte gritou me tirando dos meus pensamentos e quase me fazendo derrubar o copo que eu secava há mais de quinze minutos.

  - Já vou! – gritei de volta depois de colocar o copo no armário e guardar o pano de prato. Segui para a sala sorrindo.

  Quando nos voltamos do resort há algumas semanas atrás, eu achei que eles parariam de me chamar de mãe. Eu com certeza não queria que isso acontecesse, já havia me acostumado em ser a “mamãe” e simplesmente amava quando me chamavam assim. Mas para minha surpresa, Charlotte não pareceu nem tentar parar de me chamar assim, e Seth até tentou, mas sempre se confunde e na maioria das vezes eu ainda sou “mamãe”.

  - Mãe, manda a Charlotte parar de gritar – Seth reclamou assim que cheguei à sala, sentado no sofá levantando os olhos da revistinha que lia.

  - Mamãe cadê o sapato da minha Barbie? – Charlotte perguntou ignorando totalmente o irmão.

  - Lottie, não grita, você vai acordar a Molly e se você não sabe, mocinha, eu não tenho nem ideia, deve ter caído no seu quarto, vá guardar seus brinquedos que aposto que você vai achar.

  - Mas eu não quero guardar – ela choramingou e eu sorri indo ver Molly que dormia em seu cercadinho depois de desistir de tentar sair.

  - Mas precisa e eu não estou pedindo, estou mandando, vai logo – aponto para a escada e ela faz um bico enorme antes de começar a se arrastar escada a cima com a boneca loira nas mãos como se o mundo tivesse acabado. Ouço a risadinha de Seth e o olho. – Aproveite e vá você também.

  - Quê!?

  - Vai arrumar seu quarto Seth, está uma bagunça.

  - Por quê? O que eu fiz?

  - Não fez nada e eu estou mandando. Vai arrumar aquela bagunça, aposto que você vai encontrar a revistinha que perdeu.

  - Não é revistinha, o nome é mangá, e foi a tia Bri que me deu.

  - Então vá arrumar seus mangás.

  - Mas eu...

  - Agora – o corto. Ele faz cara feia, mas não discute, fica de pé e passa por mim sem dizer mais nada mostrando toda a sua indignação com o silêncio.

  Sorrio me sentando no sofá e vendo-o subir as escadas. Muitos meses atrás eu nunca conseguiria isso de Seth, mandá-lo fazer alguma coisa e ele me obedecer com apenas uma palavra? Eu não faria nem se quisesse, mas agora gosto de ver que mesmo que não queira ele vai e faz, mesmo que não aceite ele não me responde. Só se cala e obedece. Isso por si só já é uma grande coisa, porém o que me deixa mais feliz é saber que agora ele com certeza é um pouco mais do garotinho de onze anos que devia ser.

  Sem tantas caras feias, sem respostas mal educadas e brincadeiras maldosas, com mais sorrisos e abraços, ele estava no caminho para ser só um garotinho de onze anos bagunceiro e cheio de vida como deveria ter sido durante toda a sua vida e não teve oportunidade. Meu garotinho.

  Sentei-me no sofá e peguei o livro que tinha deixado na parte mais alata da estante e retomei a leitura, era um romance, como os muitos que eu já havia lido, mas dessa vez eu não suspirava pelo personagem principal, afinal, eu tinha meu próprio príncipe encantado na vida real, Ethan era como esses protagonistas de romance que eu lia sempre, mas em carne, osso e muita gostosura só pra mim e eu, às vezes, não conseguia acreditar nisso.

  Eu agora tinha meu próprio protagonista de romance e estava, finalmente vivendo minha história de amor como as dos livros que lia. E pensar que a entrevista de emprego para a qual eu cheguei atrasada, molhada e despreparada daria nisso. Que o homem lindo e sério que eu praticamente atropelei e manchei de batom terminaria por seu meu namorado, meu príncipe e por que não, o homem da minha vida.

  - Estou entrando! – anunciou uma voz conhecida. Levantei os olhos do livro e Brianna estava entrando na sala.

  Sorri e fiquei de pé para recebê-la, mas no instante seguinte minha visão ficou escura por uns segundos, não consegui manter o equilíbrio e teria caído se não tivesse sentido as mãos carinhosas da minha cunhada me segurarem. Pisquei voltando a mim enquanto ela me ajudava a sentar outra vez no sofá. Brianna me olhava com reprovação e tinha certeza que ela havia dito alguma coisa, mas não tinham nem mesmo conseguido ouvi-la.

  - Você está bem? – finalmente consegui ouvir sua voz preocupada. Ela ajeitou os óculos vermelhos para continuar a me olhar feio.

  - Estou, Brianna, pode ficar calma.

  - Calma? – ela pergunta parecendo querer me bater. – Eu entro e você está de pé, pálida e quase caindo. Como você quer que eu fique calma?

  - Ficando – digo sorrindo, balanço a cabeça levemente de um lado para o outro só para ter certeza, mas estou completamente bem já. – Eu estou bem, juro. Eu só fiquei tonta por que fiquei de pé rápido demais. Foi só isso.

  - Tem certeza? – Brianna me olha desconfiada e faço que sim.

  - Tenho, Bri. Pode se acalmar e desculpa por preocupá-la, já deve ter alguns minutos que estou aqui com a cabeça baixa lendo.

  - Tem certeza mesmo? – ela insistiu e eu ri.

  - Tenho. E como você entrou aqui pra começo de conversa?

  - Sua governanta sorridente e feliz abriu o portão pra mim quando estava saindo.

  - Ruth saiu? Nossa que bom saber que ela nem se deu ao trabalho de me avisar dessa vez.

  - Um amor de pessoa – Brianna ironiza já mais calma e concordo.

  - Sempre. Mas a que devo a honra da sua visita?

  - Você me assustou tanto que esqueci que estava com raiva – ela resmunga e acho graça.

  - Raiva? – pergunto e é esse momento que Molly escolhe para acordar e se sentar dentro de cercadinho, eu e Brianna a olhamos.

  - Sim, raiva! Antes era só preocupação, ai virou desconfiança. Agora é raiva!

  - E quem é o alvo de toda essa raiva, posso saber? – pergunto me levantando do sofá agora sem mais problemas e indo até Molly que ficou de pé no cercadinho e começou a exigir atenção. Guardo o livro antes de ir até ela.

  - Josh!

  - E o que o pobre fez? – questiono segurando o riso e pego Molly. Se Brianna me visse rindo agora eu estava morta. Mas a verdade era que é difícil imaginar Josh, com seu sorriso bobo ao olhá-la, fazendo alguma coisa para irritar ou magoar Brianna.

  Volto para o sofá e minha cunhada brinca com Molly antes de me olhar, mas como a bebê em meu colo ultimamente não está mais tão interessada em ficar no colo o tempo todo, coloco-a de pé no tapete e seguro suas mãozinhas, ela adora a brincadeira de se equilibrar.

  - A coisa toda começou no inicio da semana. Eu o chamei pra sair no fim de semana por que sei que ele tem folga amanhã e ele disse um não tão rápido que fiquei surpresa, ai perguntei por que e ele disse que tinha trocado a escala e ia trabalhar nesse sábado. Ai eu perguntei por que ele não tinha me avisado e ele me beijou e desconversou e ficou por isso mesmo.

  - Mas e se ele só estiver trabalhando mais pra ajudar a mãe dele? – perguntei e Brianna suspirou. Nós havíamos descoberto há alguns meses que Edith, a mãe de Josh e Julie, tinha um problema de coração e estava à espera de um transplante, ainda não era uma urgência, mas ela precisava dessa operação.

  - Eu também achei que fosse isso e ele estivesse com receio de me contar, se fosse o caso, tudo bem, mas a questão é que ele está mentindo.

  - Como? – quis saber olhando Molly começar a dar a volta na mesa de centro apoiada na mesma. Quando ela começasse a andar eu estava ferrada.

  - Isso mesmo que você ouviu. Eu fui ao café falar com a Joyce, a garota que trabalha com ele e eu tenho quase certeza que tem uma quedinha por ele, e ela me confirmou que nesse sábado, ou seja, amanhã, Josh não vai trabalhar. Então consequentemente ele está mentindo pra mim. E o que era preocupação e desconfiança virou raiva. O que ele vai fazer que não pode me falar ou me convidar? E pior, por que ele mentiu pra mim?

  O olhar triste e os olhos azuis marejados por trás das lentes dos óculos me pegaram de surpresa. Dado o histórico de Brianna com gente idiota usando-a e mentindo para ela não me surpreende ela estar tão irritada e abala com essa confusão toda com Josh. Mas algo me diz, mesmo com tudo isso que ela me contou, que ele seria incapaz de machucá-la de qualquer forma que seja. Mesmo por que se ele fizer eu vou matá-lo então ele não tem muita escolha.

  - Hei, olha pra mim – chamo-a quando ela desvia os olhos. – Josh deve ter uma boa razão pra isso tudo, Ok? Se não foi pela mãe alguma coisa realmente importante está acontecendo por que Josh não faria algo pra machucar você. E sabe por que eu sei disso?

  - Por quê? - ela funga tirando os óculos para limpar as lágrimas que não escorreram.

  - Por que eu mato ele antes disso – digo simplesmente e ela gargalha atraindo a atenção de Molly pra nós. A bebê parece se divertir ao tentar terminar de dar a volta na mesa para nos alcançar outra vez.

  - Eu amo ter uma cunhada sabia? – ela sorri depois de recolocar os óculos e me abraçar. – Obrigada por isso, sério, eu estava precisando.

  - Mas é sério, Brianna, espere e se até amanhã ele não falar nada aí você pergunta, não vai se machucar por isso. Ninguém, nem mesmo Josh, merece que você se machuque por ele.

  - Você é maravilhosa, sabia, não é? – ela pergunta divertida me dando outro abraço. O problema de ser mãe é que você tem sempre sua atenção dividida, e a minha nesse momento está em Brianna, mas também em Molly querendo andar e podendo se machucar apoiada na mesa de centro.

  - Obrigada. Mas só estou dizendo o que eu penso. Você é incrível demais para deixar qualquer um apagar seu brilho.

  - Se você não parar de dizer essas coisas bonitas eu vou chorar! – Brianna reclama e é a minha vez de rir. Ela olha em volta depois me encara outra vez. – Seth e Lottie estão na natação?

  - Não, deviam, mas não estão, a escola foi fechada para limpeza. Eles estão lá em cima arrumando seus quartos.

  - Sério? – ela pergunta divertida e faço que sim. – Seth limpando alguma coisa? Quem iria imaginar.

  - Milagres acontecem – sorrio vendo Molly desistir de ficar de pé, se sentar e logo em seguida começar a engatinhar em direção a estante que agora está vazia para livrar os objetos caros da sala de suas mãozinhas ágeis. Volto minha atenção para Brianna. – E o seu está para vir, por que toda essa história com Josh com certeza tem uma explicação. Então não se preocupe com isso. Agora que tal olhar sua sobrinha enquanto eu faço um lanche pra gente.

  - Eu topo desde que você não vá desmaiar na cozinha sem que eu possa vê-la.

  - Haha, muito engraçada, eu estou bem, já disse. Fiquem aí que já volto.

  - Sim, senhora – ela bate continência quando levanto do sofá e eu reviro os olhos seguindo para a cozinha.

  Estou separando os ingredientes para as panquecas quando sorrio pensando em Brianna. Eu ouvi por alto de Susan que Josh e Holly, a amiga de Brianna, estão aprontando alguma pra ela. É uma surpresa, disso eu não tenho duvidas, mas por que, de que e para que, eu não tenho nem ideia. E vê-la tão irritada só me deixou com vontade de rir, mesmo por que ainda que eu não soubesse de nada, sei que Josh, com todo o carinho com o qual olha para Brianna seria incapaz de magoá-la.

  Mas também não deixa de ser verdade que fugi para a cozinha para evitar que minha cunhada me interrogasse pela milésima vez sobre minha viagem com Ethan, nossa primeira vez, meus sentimentos e o fato das crianças agora me chamarem de mãe.

  - Tia Bri!

  - Tia!

  Ouço os gritos animados de Seth e Lottie vindos da sala e com uma espiada rápida vejo que Brianna foi levada por eles e envolvida em uma conversa empolgada e sei que pelo menos por algum tempo não vai pensar em Josh e eu seu sumiço. Ainda estou batendo as panquecas quando imagino a calda de chocolate escorrendo pela massa doce, a visão quase me faz salivar, mas não é só isso, eu preciso de morangos em cima por que se não vai servir.

  - Brianna! – chamo da cozinha e ela parece alguns segundos depois com Molly nos braços.

  - Oi.

  - Você não quer me fazer o imenso favor de ir comprar alguns morangos?

  - Morangos? Pra quê?

  - Para as panquecas com chocolate que eu estou fazendo. Por favor? – peço sonhando com a combinação.

  - Precisa mesmo?

  - Sim, Brianna! Vá ao mercado e leve seus sobrinhos com você que tal? Por que eu preciso desses morangos.

  - Ok, já entendi, eu vou e levo-os, mas a Molly fica – olha para a bebê em seu colo.

  - Tudo bem, ponha-a no cercadinho que já vou lá vê-la, mas vai, por favor.

  - bom, calma, os morangos não vão fugir – ela diz divertida e vai em direção à sala. – Quem quer sair com a tia Brianna? – chama as crianças e ouço seus gritos de animação.

  - Mãe e eu a Lottie vamos sair com a tia Brianna, a gente pode? – Seth chega correndo à cozinha seguido por Charlotte e viro-me para encará-los. Vejo Brianna nos olhar da sala depois de colocar Molly em seu cercadinho.

  - Pode? – Charlotte insiste e sorrio.

  - Pode sim, se comportem e obedeçam.

  - bom! – eles concordam e voltam correndo por onde vieram e eu me concentro outra vez em minha massa por que quero mesmo comer essas panquecas.

  - Brianna, você aqui? Está saindo? Vai aonde? – ouço a voz de Ethan e sorrio.

  - Atrás de morangos para a sua mulher, vamos crianças? – minha cunhada responde antes de eu ouvir a porta da frente fechar.

  Poucos segundos depois Ethan surge na cozinha com Molly no colo. Ele ainda está de paletó e gravata e sorri pra mim antes de se aproximar e me dar um beijo.

  - fazendo o que aqui? – pergunto quando nos separamos e ele ri.

  - Até onde eu sei, eu moro aqui – ele responde e fico vermelha. - Eu adoro quando me faz perguntas como essas, me lembra nosso começo. Você se lembra? – Ethan pergunta sorrindo e sorrio também, beijamo-nos outra vez até Molly reclamar de toda essa proximidade e nos separarmos.

  - Claro, até por que eu continuo igual. Mas você não me respondeu, por que chegou mais cedo?

  - Hoje é sexta-feira e eu estou com saudades da minha família então me dei folga.

  - Sua mãe ficaria orgulhosa – digo divertida voltando as minhas panelas.

  - Sim, definitivamente ela ficaria. E você, o que faz aí?

  - Panquecas com calda de chocolate. Está servido?

  - Com certeza – Ethan responde sorrindo e o que mais eu posso pedir, além disso? Desses momentos com ele e as crianças?

  Só espero que ainda possamos viver muitos momentos como esse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E foi isso! Espero que estejam gostando.
Próximo capítulo tem surpresa pra Brianna! Até lá!
Beijocas, Lelly ♥