— A gente está atrasado! – Seth reclamou pelo que pareceu a milésima vez desde que saímos de casa.

  - Não, Seth, nós não estamos atrasados, dá pra se acalmar? – pedi virando para olhá-lo que estava sentado no banco de trás do carro, Seth fechou a cara e eu sorri. As meninas estavam com ele e Ethan dirigia sentado ao meu lado.

  Nós estávamos indo até o local do campeonato de caratê para o qual Seth estava treinando. Quase tinha me esquecido disso depois de toda a confusão de ontem e toda a história que Ethan me contou.

  A verdade é que eu ainda estava tentando absorver toda a informação e processar tudo. Ainda me matava um pouco pensar em tudo o que o meu garotinho tinha passado, toda a história com a mãe e depois a madrasta horrível. Não era a toa que ele não confiava em ninguém, afinal como se faz isso quando não se teve alguém que gostasse de você ficasse na sua vida tempo suficiente?

  Agora eu só quero dar todo amor e carinho do mundo para esse garotinho encrenqueiro e tentar ajudá-lo de algum jeito, nem que seja só lhe dando sorrisos ou o abraçando quando ele precisar.

  - Chegamos – Ethan anuncia depois de estacionar o carro.

  Estamos em um frente a um prédio grande, tem muita gente entrando e saindo, há barraquinhas com comidas e lembrancinhas e quando finalmente saio do carro Seth já está de pé do lado de fora em seu kimono olhando tudo ao redor parecendo encantado. Pego Molly e deixo Charlotte e a bolsa da bebê para Ethan.

  Estamos os cinco seguindo lado a lado quando Charlotte puxa a barra da minha blusa chamando minha atenção.

  - Livy por que a vovó não veio com a gente?

  - Por que ela estava organizando uma festa com umas amigas e não pôde vir.

  - Ah... E a tia Bri, por que não veio ver o Seth?

  - Por que a sua tia ia sair hoje.

  - Com quem? – a pequena fofoqueira pergunta e sorrio.

  - Com o Josh, o irmão da Julie.

  - Então era hoje o grande encontro? – Ethan pergunta divertido e reviro os olhos ainda sorrindo.

  Brianna tinha me ligado ontem à noite em pânico pedindo ajuda para o que vestir hoje, sobre o que deviam falar e se ela devia levar uma muda de roupas. Seu pânico era tanto e que comecei a rir e atrai atenção de Ethan, agora se ela sonhar que o irmão sabe do seu pequeno momento ela vai me matar, mas não consegui não falar, principalmente por que Ethan sabia que Brianna gostava de Josh há tanto tempo.

  - Era, eles vão a uma feira de livros que está na cidade.

  - Está aí um programa que é acara da Brianna.

  - Pelo que eu ouvi, o Josh também gosta desses programas.

  - Então eles vão dar muito certo – o moreno ri e tenho que acompanhá-lo.

  - Pai a tia Brianna vai namorar o irmão da Julie? – Seth pergunta curioso e Ethan parece ponderar.

  - Se os dois quiserem, talvez. Por quê?

  - Nada, ele parece ser legal e trabalha num lugar que vende bolos muito gostosos, a Olivia levou a gente lá.

  - Olivia? – Ethan me olha curioso e sorrio inocente.

  - O quê? Eu só estava curiosa sobre o tal Josh Taylor. Por acaso é pecado?

  - Não, mas é no mínimo intromissão.

  - Igual ela faz com a gente sempre? – pergunto. - Por que se for, eu não me importo nenhum pouco.

  Ethan sorri e se inclina para me beijar. Assim que nossos lábios se tocam é possível ouvir as reclamações de Seth e Charlotte, eu e Ethan nos separamos sorrindo. Era sempre assim com algum deles por perto.

  - Vocês já beijaram? A gente tem que entrar! Eu tenho que achar o meu instrutor! – Seth choramingou e eu suspirei.

  - Certo, certo, já vamos – garanti.

  - Olivia – Ethan me chamou enquanto caminhávamos. Ele tateou os bolsos e me encarou. – Você viu meu celular?

  - Não, por quê?

  - Por que... Droga! Não está comigo – ele reclamou. – Eu devo ter deixado dentro do carro. Eu vou lá buscar, só um minuto, me esperem aqui – pediu, me deu um selinho e voltou por onde havíamos vindo.

  - Pai! – Seth reclamou, mas não teve nem chance, Ethan já estava muito longe. – A gente vai mesmo se atrasar – o garotinho choramingou e dessa vez eu ri. Ainda tínhamos algum tempo por que havíamos saído cedo, mas caso contrário estaríamos mesmo atrasados.

  - Infelizmente não podemos deixar seu pai pra trás, Seth. Então apenas se acalme – pedi trocando Molly de braço quando a bebê começou a ficar pesada.

  - Eu não acredito! Eu não credito que ele fez isso comigo outra vez! Eu vou matá-lo! – uma loira exclamou parecendo muito furiosa não muito longe de nós. Um garoto talvez da idade de Seth, como olhos e cabelos escuros que também estava de quimono tentava acalmá-la.

  - Mamãe, por favor! Você enfartar por causa do papai não vai resolver – o garoto pediu e a loira revirou seus olhos verdes.

  - Talvez se eu tiver um ataque ou quem sabe atacá-lo com outro abajur ele pare de pegar a droga do meu celular. Pra que ele tem o dele afinal de contas!? Tinha que ser o Bonitão! É tudo culpa dele!

  - Mãe... – o garoto pediu quando viu que eu e as crianças os olhávamos. – Nós já estamos passando vergonha aqui.

  - Como se eu ligasse – a loira disse simplesmente e eu tive que segurar o riso. Nessa hora ela olhou em minha direção e bem, não adiantava mais desviar o olhar.

  - Dia ruim? – perguntei sem conseguir ficar calada e ela sorriu se aproximando.

  - Péssimo. Meu marido sequestrou meu celular, pela milésima vez, só pra deixar claro, então ficamos eu e esse garotinho aqui, incomunicáveis – ela suspirou a apontando para o filho.

  - Quer o meu emprestado? – perguntei ajeitando Molly outra vez enquanto Charlotte, Seth e o filho da loira nos olhavam curiosos.

  - Você faria isso? Eu preciso xingar o meu marido – ela disse sorrindo e não soube dizer se ela estava falando a verdade ou não. Eu assenti.

  - Seth, pega meu celular na bolsa da Molly e... Cadê a bolsa?

  - Tava como papai e ele levou – o garotinho informou o óbvio e eu suspirei olhando para a loira.

  - Desculpa, aparentemente levaram o meu também – disse e ela sorriu.

  - Esses maridos. O seu também te estressa? Por que o meu eu quero matar dia sim, dia não.

  - Eu não, não sou casada – informei e ela olhou para minhas mãos, provavelmente a procura de uma aliança que não estava lá.

  - Sério? Eu jurava que era, quer dizer você está com três crianças... Que podem muito bem não serem filhos dela, né Elisa? – ela resmungou consigo mesma. – Desculpa.

  Eu acabei rindo.

  - Tudo bem. Eles são um pouco meus sim. Eu sou a babá. Mas faço as vezes de mãe quando precisa – digo e ela sorri.

  - Se é você quem cuida e educa é a mãe sim. Isso se você quiser, claro.

  - Acho que quero. Só esse começo que está sendo meio confuso. Muita coisa no ar e às vezes não sei o que fazer – digo olhando Molly em meu colo que me dá um sorriso.

  - Ela é linda – a loira sorri para Molly. – Todos eles são e acredite, de começos confusos eu entendo. Quando conheci meu marido foi uma confusão atrás da outra. Tinha nossos filhos no meio também e mais um monte de coisas. Você é muito forte por não ter sequestrado nenhum ainda.

  - Já cogitei a ideia, mas o pai deles é rico, ia nos encontrar fácil.

  - Meu Bonitão também, é um saco né? Ser mulher de homem rico? Compras, empregados, eu acho super cansativo – ela faz piada e sorrio.

  - Realmente muito difícil.

  - Obrigada por isso, eu estava mesmo precisando me acalmar – ela me encara com seus olhos verdes. – E já que somos quase amigas de infância já, melhor nos apresentarmos. Eu sou Elisa e esse é o meu filho mais novo, Noah. Meu marido ainda não chegou e meus outros filhos estão com ele.

  - Eu sou Olivia, esses são Seth, Charlotte e Molly – aponto cada um dos meus pequenos. – E o pai deles foi buscar um celular no carro, mas deve ter se perdido no caminho – digo olhando em volta. Cadê o Ethan?

  - A gente já se conhece – Noah diz olhando para Seth. – Do treino. Estamos na mesma classe.  Inclusive acho que vi nosso instrutor quando passamos pela entrada.

  - Eu falei que a gente tava atrasado! – Seth reclamou. – Onde ele tava, Noah?

  - Perto da barraca de churros – Noah responde e eles trocam um olhar. Um segundo é o que eles gastam para olhar apara mim e Elisa e antes de abrirem a boca já sei o que vão pedir.

  - A gente pode ir atrás dele? – pedem ao mesmo tempo. – Temos que chegar antes. Foi o Bob, nosso instrutor, quem disse – Seth tenta mais uma vez e Noah por sua vez tem um sorriso divertido no rosto.

  - Mãe? Por favor? – ele pede e Elisa revira os olhos.

  - Nem pensar, sozinhos? E se eu perder meu bebê o que faço?

  - Mãe! – Noah exclama corando e Seth segura o riso.

  - “Mãe” nada. Já estou sem saber onde está o seu pai e seus irmãos. Não vou perder você também. Pode tirar o cavalinho da chuva.

  - Mãe... – Noah choraminga e dessa vez sou eu a rir.

  - Livy. Essa moça é sua amiga? – Charlotte finalmente pergunta e já estava preocupada da pequena fofoqueira não ter dito nada.

  - É sim, nos conhecemos agora e já somos amigas. Ela é mãe de um amigo do Seth. Por quê?

  - Por que ela tem cabelo loiro, igual eu e é muito bonita.

  - Você é mais bonita, Charlotte. Muito mais – Elisa diz a ela e vejo minha garotinha sorrir se sentindo muito importante. – Você sabia que nenhum dos meus filhos quis ter o cabelo loiro igual ao meu?

  - É mesmo? – Charlotte pergunta interessada e até os meninos que tinham começado uma conversa param para observá-las.

  - É sim, eu tenho três e todos eles têm o cabelo preto igual ao pai deles.

  - Ah... Lá na minha casa todo mundo tem o cabelo preto também. Só eu que tenho cabelo loiro.

  - Então isso quer dizer que nós somos muito especiais, não é? – Elisa pergunta e Lottie faz que sim balançando as marias-chiquinhas. Ela volta a me encarar e sorri. – Saudades de quando os meus eram pequenos assim.

  - Olivia! Ah... Achei vocês – Ethan chamou se aproximando. Seus olhos azuis brilhantes me encarando o sorriso que tanto amo no rosto, como uma pessoa pode mexer com outra desse jeito?

  - Você por acaso vai babar? – Elisa sussurrou pra mim e eu a encarei sem acreditar pra logo em seguida começar a rir.

  - Tudo bem? – Ethan perguntou quando nos alcançou.

  - Eu estou ótima, e você, por que demorou tanto? – perguntei me recuperando.

  - A porcaria do celular foi parar debaixo do banco. Foi uma eternidade pra achar. E essa é uma amiga sua, Olivia? – ele perguntou olhando para Elisa.

  - Mais ou menos. Conhecemos-nos agora a pouco. Ethan, essa é a Elisa e o filho dela, Noah. Pessoal esse é o Ethan, meu chefe e pai dessas crianças encantadoras. Inclusive o Noah e o Seth são colegas de treino.

  - Que surpresa boa. Olivia, nós não estávamos atrasados?

  - Na verdade não, você e seu filho que são muito desesperados. E pode pegar meu celular na bolsa de Molly? Elisa precisa dele pra ligar para o marido dela.

  - Já tinha até esquecido que estava com raiva do Bonitão, obrigada por me lembrar.

 Eu sorri enquanto Ethan lhe entregava o celular.

  - Onde você está? – foi como Elisa cumprimentou o marido. – Eu? Eu e Noah estamos aqui no local da luta. Não quero saber, Anthony! Já era pra você e os gêmeos estarem aqui. E é bom você trazer meu celular! Você está aonde? Eu? Eu estou perto da barraca de tiro ao alvo. Vendo-me? Onde? – ela deu uma volta de 360º graus e parou de costas pra mim. – Estou vendo vocês. Tchau.

  Um homem moreno e alto extremamente parecido com Noah surgiu em meu campo de visão seguido por um casal de gêmeos com lindos olhos verdes como os de Elisa. Mas eu me assustei um pouco. Ela tinha filhos tão grandes? Quando o moreno se aproximou Elisa cumprimentou-o com um selinho.

  - Por que demorou tanto?

  - Oi pra você também, Raio de Sol – ele sorriu divertido e só então pareceu nos notar. – Seus amigos?

  - Essa é minha nova amiga, que já é quase uma velha amiga de tanto tempo que estamos aqui, Olivia, o namorado dela, Ethan e os filhos deles, Molly, Charlotte e Seth. – É como a loira divertida resume e nem mesmo hesita antes de nos apresentar assim, Ethan não fala nada e eu também não, por que gosto de pensar que é mesmo assim. - Seth inclusive é colega de treino de Noah.  Pessoal, esses são Anthony, meu marido, e Anna Laura e Andrew meus filhos mais velhos.

  - Tia Elisa, por que eles são tão parecidos? – Charlotte perguntou e todos nos viramos para olhá-la. Desde quando era “Tia Elisa”? Elisa sorriu, não parecia nenhum pouco incomodada.

  - Por que eles são gêmeos, Charlotte, isso quer dizer que eles ficaram juntos na minha barriga enquanto estavam crescendo.

  - Que legal! – seus olinhos brilharam olhando o casal a sua frente e Anna Laura sorriu para Lottie.

  - Você é muito fofa, sabia? Lembra-me muito o Ben, o cunhadinho do Drew – a menina provocou o irmão que corou.

  - Ah cala a boca, Analu! Eu a Angie somos só amigos!

  - Aham tá — a agora debochou. – Deixa só o tio Con saber disso.

  - Analu, deixa seu irmão, por favor, acho que agora já estamos atrasados, vamos? – Elisa chama e todo mundo assente, mesmo que Andrew ainda lance olhares ameaçadores para a irmã que sorri divertida.

  - Mãe, a gente tem que ir – Noah anuncia quando entramos indicando a porta por onde os garotos e garotas de kimono estão entrando. – Vem Seth!

  - Tô indo, Livy – ele avisa seguindo com o amigo e acho graça, Ethan está ao meu lado e sou eu quem ele avisa. Ethan só sorri nos observando, ele anda fazendo muito isso ultimamente.

  - Vamos sentar todos juntos, que tal? – Elisa oferece e concordamos. O difícil, com o lugar lotado foi achar lugares para todos perto uns dos outros. Mas felizmente achamos.

  - Livy, tô com fome – Charlotte reclama assim que nos sentamos.

  - Eu também, mãe – Andrew diz. Elisa e Anna Laura reviram os olhos quase ao mesmo tempo, o gesto me faz sorrir.

  - Tudo bem – Elisa suspira. – Quer ir comigo buscar alguma coisa, Olivia? Deixe que os homens de negócio arrumem um assunto e cuidem das crianças.

  - Por mim está ótimo. Ethan, aqui – lhe entrego Molly e ele sorri.

  - E Lottie?

  - Eu tomo conta dela, isso provavelmente ainda vai demorar – Anna Laura se oferece depois de olhar em volta, de fato parece que ainda vai demorar. – Charlotte, posso fazer tranças no seu cabelo?

  - Pode! – a pequena se anima e vai até ela.

  - Obrigada, Anna Laura – digo e a garota faz careta diante do nome completo. - E se comporte, Lottie.

  - Tá bom – a garotinha diz solene. Andrew pega os fones de ouvido e antes mesmo de eu e Elisa nos afastarmos por completo posso ouvir Ethan e Anthony começar a falar de negócios.

  - Como eles podem falar de negócios num lugar assim? – pergunto e Elisa sorri.

  - Se o Ethan for como meu Bonitão então qualquer lugar é lugar pra falar de negócios.

  - Por que você o chama assim? – pergunto curiosa e ela sorri ainda mais.

  - Todo mundo que nos conheceu depois das confusões pergunta. É só um apelido que dei a Anthony há muito tempo quando nos conhecemos e ele me atropelou com aquele carro chique dele.

  - Espera – pedi. – Seu marido te atropelou? – pergunto sem acreditar e Elisa está rindo demais para falar alguma coisa.

  - Todo mundo pra quem eu falo isso parece meio chocado com informação.

  - Por que ela é meio chocante – garanto e ela dá de ombros.

  - O Anthony diz que não me atropelou e eu que sim. Ele não vai ceder, nem eu, então só nos resta discutirmos sobre isso até ficarmos velhos.

  - Tem muito tempo que vocês são casados?

  - Treze anos. Mas a gente se casou recentemente outra vez. Tem uns três meses que fizemos uma cerimônia de renovação de votos.

  - Nossa que lindo.

  - A cerimônia sim, o motivo nem tanto.

  - Como assim? – perguntei enquanto desviávamos das pessoas a nossa volta.

  - Eu sofri um acidente há uns cinco meses, perdi a memória, foi só por pouco mais de um dia, mas isso causou a maior confusão. Então o Bonitão meio que me pediu em casamento outra vez e decidimos renovar nossos votos.

  - Nossa. Apesar de tudo ainda acho lindo o gesto. E vocês já se casaram duas vezes.

  - Três – ela sorri. – Meus casamentos no civil e no religioso foram em dias diferentes.

  - Ok, agora estou com inveja. Não sei nem se vou casar uma vez – reclamei e Elisa riu.

  - E Ethan? Não pretende casar com ele?

  - Bem, eu não sei nem se somos namorados e acho que ainda não tinha pensado nisso. Eu nunca tive nenhum namorado, essa coisa toda é nova e ao mesmo tempo uma grande confusão por que ele me contratou pra ser a babá.

  - E eu fui contratada pra ser a barriga de aluguel – a loira diz simplesmente e a encaro em choque.

  - É o que!? – pergunto sem acreditar e Elisa sorri divertida.

  - É isso mesmo que você ouviu. Anthony me contratou pra gerar os gêmeos. Mas no meio disso tudo eu me apaixonei por ele e pelos bebês e no fim estava com tanto medo de perder algum deles que me doía quase fisicamente, mas depois de muita confusão, discussão, chuva e calda de caramelo a gente conseguiu se acertar - ela sorri nostálgica. - Não foi fácil, mas não me arrependo de nada, faria tudo de novo se fosse preciso. Então se Ethan e as crianças é o que quer, lute por eles. Eu demorei um pouco para começar a lutar, o Bonitão também, mas talvez vocês dois sejam mais espertos.

  - Obrigada por isso, Elisa. Obrigada mesmo.

  - Mas eu não fiz nada. Só contei um pouquinho da minha história que é longa e realmente cheia de confusão. Se eu consegui, você consegue, Olivia, só precisa ter coragem.

  Aperto a loira num abraço que ela provavelmente não estava esperando, mas que retribui com muito carinho. Ela não tem ideia do que suas palavras fizeram por mim. Principalmente as últimas. É fácil imaginar minha mãe ou tia Sarah me mandando ter coragem também.

  - Certo! Nós ainda temos crianças famintas pra alimentar, vamos? – chamo-a quando nos separamos e ela assente.

  - Vamos, antes que meu monstrinho comilão desfaleça de fome em algum lugar – Elisa sorri de uma piada que só ela entende e nós seguimos em meio à multidão.

  Tenho a impressão que acabei de ganhar uma grande amiga.