Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 20
Ciúmes? É isso mesmo?


Notas iniciais do capítulo

Olá! Demorei, mas voltei, eu sempre volto!
Espero que gostem do capítulo, BOA LEITURA!! :D



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  Ethan       

   

  Eu já estava para arrancar os cabelos em frustração.

  Como é possível uma pessoa se infiltrar dentro de você a ponto de você não seguir pensar mais em nada que não seja ela? Nas últimas semanas parecia que a única coisa que eu tinha na cabeça era a Olivia. Seu perfume, seu sorriso, seu jeito espontâneo e, sobretudo, seu beijo.

  Nós não tínhamos tocado no assunto do beijo desde que voltamos da casa dos pais da morena, não que eu não quisesse, eu na verdade preferiria conversar e garantir que nada daquilo tinha sido uma brincadeira, como poderia? O problema era que Olivia fazia de tudo, tudo mesmo para evitar o assunto e aparentemente me evitar também. Ela praticamente se recusava a ficar sozinha comigo em algum lugar e isso era frustrante.

  Ela correspondeu ao beijo com a mesma intensidade que eu e ainda assim quando nos separamos, a única coisa que pude ver em seu olhar foi tristeza, medo. Olivia era intensa, disso eu sabia, ela não gostava de nada pela metade e era por isso que me doía a sua reação, por que ou ela me odiava ou gostava de mim tanto quanto eu dela. E se, a segunda fosse a opção correta, sua reação não fazia sentido.

  Eu não há tinha seguido até o topo da cachoeira com segundas intenções, não mesmo, mas vê-la ali, sorrindo, usando só a parte de cima do biquíni e short não resisti, dei um passo, dois e ela foi recuando, mas mesmo que sua boca dissesse que ela não queria, seu corpo e seus olhos falavam o posto. Olivia quis aquele beijo tanto quanto eu e por isso que não entendo sua reação. E agora chegamos ao ponto dela fugir de mim, como a coisa evoluiu assim?

  Respirei fundo me lembrando do nosso fim de semana na casa da tia de Olivia. Achei que talvez por ter chegado sem ser convidado eles não me receberiam ou até achariam ruim eu ter ido com meus três filhos, mas ao contrario, o que recebi foi carinho, acolhimento e diversão. Os primos de Olivia são umas figuras e sinto que ganhei três bons amigos. Foi fácil me relacionar com eles, com todos eles e já ganhei vários convites para voltar lá.

  Bati a cabeça no tampo de madeira da mesa em meu escritório onde estava a mais de meia hora lendo e relendo o mesmo parágrafo de um relatório sem ter nem ideia do que falava nele.

  Se o problema de Olivia for medo, eu posso garantir a ela que tudo isso me apavora também. Afinal, a última vez em que me apaixonei fiquei sem meu amor, se for sobre perder pessoas importantes eu conheço na pele o sentimento. Se for sobre receio de tentar uma coisa nova e quebrar a cara, eu sei muito bem o que é isso, minha ex-mulher fez exatamente isso comigo. Eu vou falar com ela, quer ela queira, quer não. Nós vamos resolver isso, para o bem ou para o mal.

  - Eu não preciso ser anunciada – ouvi a voz de Brianna antes mesmo dela invadir minha sala sem cerimônias. Minha irmã sorriu ao me ver e fiquei de pé para abraçá-la. – Onde você arrumou aquela loira de farmácia?

  - Oi pra você também, Brianna – ironizei soltando-a. – E para de falar mal dos outros, por favor.

  - Eu não fiz nada - ela sorri inocente e reviro os olhos.

  - Por que veio?

  - Por que eu preciso comprar algumas coisas pra festa do Seth que a Livy pediu e como vai ser muita coisa pra carregar vou precisar de ajuda, no caso a sua ajuda.

  - Eu trabalhando.

  - Então se dê folga, a festa é amanhã Ethan. Se eu não aparecer com as coisas dessa lista para a Livy hoje, ela me mata. Sua namorada é assustadora – ela diz divertida e nego com um suspiro.

  - Ela não é minha namorada, Bri.

  - Claro que não, mas vai ser quando vocês resolverem essa briguinha ridícula de vocês – minha irmã disse simplesmente e é claro que ela sabia de tudo, essas duas conversando deve ser um perigo.

  - Brianna, por favor... – peço, é inútil eu sei, mas tenho que pelo menos tentar.

  - Sr. Price, Srta. Price, licença - Jennifer pede entrando e Brianna a avalia de cima a baixo sem nenhuma discrição. – Aqui estão os documentos financeiros que me pediu – ela me estende um maço de folhas que pego para dar uma olhada. Jennifer ainda está parada ao meu lado me olhando com um sorriso afetado. – Se precisar de mais alguma coisa, um café? – a loira oferece e vejo Brianna revirar os olhos atrás dela. Tenho que segurar o riso.

  - Não, Jennifer, eu estou bem. Você quer alguma coisa, Brianna?

  - Srta. Price? Vai querer algo?

  - Que você mantenha uma distancia profissional do meu irmão por que a namorada dele é ciumenta e louca. E eu posso providenciar um halibi – ela sorri, Jennifer fica branca como papel e arregala os olhos e eu engasgo com minha saliva.

  - Brianna! Pelo amor de Deus!

  - Desculpe senhor, senhoria, isso não vai mais acontecer, eu não vou... Eu... – minha secretária perde a habilidade de falar e praticamente foge da sala com medo da minha irmã.

  - Precisava disso? Agora ela acha que namoro e que você é uma terrorista – comento e ela ri.

  - Que bom que não ligo pra opinião dos outros e você a Olivia é só esperar pra ver, agora vamos, por favor, se ela sonhar que ainda não fui comprar essas coisas, eu muito ferrada. Por favor? – ela cantarolou piscando os olhos azuis por trás das armações vermelhas e eu revirei os olhos antes de ir guardar meus papeis para segui-la.

  Eu nunca pensei que organizar uma festa de aniversário infantil era tão difícil, mamãe quando organizava tudo, fazia parecer tão fácil, dessa vez ela disse que tínhamos nos virar, no caso Olivia estava se desdobrando para conseguir arrumar tudo, por que eu não tinha nem ideia do que estava acontecendo.

  Acompanhar Brianna nas compras não era fácil, na verdade acompanhar qualquer uma das garotas Price’s nas compras era complicado. Minha função era carregar as sacolas, pagar e ocasionalmente dar minha opinião, não que ela importasse muito de qualquer forma. Minha irmã ia a minha frente listando tudo o que precisava e eu simplesmente a segui por que não tinha outra opção. Eu já era um guarda volume ambulante e as coisas que Brianna precisavam pareciam não ter fim.

  Nós andamos pelo que me pareceu uma eternidade e um pouco mais, só que quando olhei o relógio marcando 17h00m fiquei surpreso, a gente tinha ido rápido apesar dos meus protestos. Fomos para o carro e a segunda luta da nossa tarde foi guardar tudo no porta-malas. Mas demos um jeito.

  Para uma sexta-feira à tarde o transito estava mais pesado que o normal. Arrastamo-nos pela pista e quando eu finalmente achei que andaríamos, o sinal fechou e eu suspirei, Brianna ao meu lado estava se divertindo com a minha frustração enquanto cantava junto com o rádio uma musica pop que eu não conhecia.

  - Hei, Ethan, aquela ali não é a Livy, não? – Brianna perguntou de repente parando de cantar. Ela apontou para a calçada do outro lado da rua e me virei para encarar e lá estava ela, Olivia empurrava o carrinho de Molly e estava sozinha. Bem, quase.  – Ai, meu Deus! Quem será aquele bonitão com ela? Você conhece?

  - Não – digo não gostando nada do desenrolar da cena. Eles riam juntos e se tocavam de forma íntima, Olivia se apoiava em seu acompanhante enquanto se recuperava de uma crise de risos.

  - Será que é um amigo? Namorado eu sei que ela não tem, é um ficante então? – Brianna já tinha praticamente subido em meu colo para poder ver mais de perto.

  - Eu... Eu não quero saber – praticamente rosnei. Eu estava odiando a cena, odiando minha reação e odiando sentir isso de novo. Eu não queria dar nome ao sentimento, mas eu sabia muito bem o que era.

  Olivia estava só conversando com um cara na rua, nada de mais, Molly até estava com ela, mas ainda assim eu estava odiando o que estava vendo, por que do jeito que eles conversavam era fácil deduzir que já se conheciam há muito tempo, eram íntimos. Ele disse mais alguma coisa e ela riu tão alto que pude ouvir o som da sua risada, aquilo me fez apertar o volante com mais força que devia, os nós dos meus dedos ficaram brancos com a pressão. Olivia deu um tapa no braço do sujeito que estava rindo também e minha vontade era de ir lá e interromper a cena, mas não podia, não era nem da minha conta o que estava acontecendo, mas mesmo assim eu não podia deixar de me importar.

  Eu só me lembrei do sinal quando ouvi a buzina do carro atrás de mim. Arranquei dali tentando me acalmar.

  - Você podia ter ido lá, sabia? – Brianna pergunta depois de uns minutos.

  - Não, não podia. Não tem nada a ver comigo – digo apertando o volante com mais força. Se aquele for algum pretendente a namorado dela melhor mesmo eu nem conversar com ela, sobre o que significou aquele beijo, por que claramente pra ela, não foi nada.

  - Você sabe que quebrar o volante não ajuda em nada, certo? O máximo que vai conseguir é perder o controle do carro e matar nós dois.

  - Brianna, por favor, agora não.

  - E quando eu vou poder dizer que acho isso tudo ridículo? Que se você morrendo de ciúmes dela por que não conversa com ela de uma vez? A Livy está confusa e eu sei que você também por que sua ex era uma vaca. Mas alguém tem que tomar uma atitude!

  - Amo você – digo a ela quando estacionamos em frente a minha casa. Brianna me olha tão chocada que é engraçado.

  - O que você quer? Meus órgãos eu só vou doar quando morrer, já avisei – ela faz piada saindo do carro, mas está sorrindo.

  - Que engraçadinha ela.

  - Eu sei – minha irmã me sopra um beijo e seguimos os dois para o porta-malas, guardar tudo isso vai ser um trabalho enorme.

  Depois de várias idas e voltas, Brianna derrubar uma sacola todinha de compras no chão e eu perder um pacote de pratos descartáveis pelo caminho finalmente guardamos tudo e estamos os dois mortos no sofá.

  - Só saio daqui depois de jantar – minha irmã anuncia fechando os olhos deitada no sofá.

  - Como se eu não soubesse disso – ironizo.

  Depois algum tempo enquanto acompanhávamos o filme que passava na televisão, Olivia apareceu com meus filhos na porta. Seth e Lottie meio vestidos, meio enrolados em toalhas e em roupa de banho. Hoje era dia de natação. Não demorou até eles começarem a falar todos ao mesmo tempo, e quando notam Brianna no sofá o alvoroço ficou ainda maior. Olivia observa a cena, e às vezes quando pego-a me encarando ela logo desvia o olhar corada.

  Eu queria falar com ela, mas depois de hoje não sei nem se posso, quem era aquele a final? É só isso que faço durante o jantar, fico pensando e repensando no que vi na rua, pode não ser nada também, mas se esse fosse o caso por que tanta intimidade? Lottie tagarela, Seth conversa, mas Olivia está quieta, para os seus padrões uma conversa baixa com Brianna é preocupante.

  Depois do jantar minha irmã se despede, nos garante que vai vir logo cedo ajudar e pega seu táxi sem nem me dar espaço para me oferecer para levá-la. Ela ainda teve a coragem de reclamar comigo.

  - Eu não preciso de carona, preciso que você e Olivia se acertem. Gaste seu precioso tempo com ela.

  Depois disso ela me soprou um beijo e foi embora sem nem olhar pra trás. Quando voltei para dentro depois de acompanhá-la até o táxi, todos tinham subido. Encontrei Olivia no quarto de Charlotte, sentada na cama de costas para a porta, ela estava acariciando os cabelos da minha pequena e cantava uma canção de ninar suave. Lottie já tinha dormido, mas Olivia ficou ali mais um pouco velando o sono dela. Quando finalmente ficou de pé a morena sufocou um grito quando me viu.

  - O que você fazendo aqui? – ela sussurrou passando direto por mim e saindo do quarto.

  - Vim ver minha garotinha, ou não posso mais? – pergunto só para vê-la corada e atrapalhada e é bem isso mesmo que acontece. Olivia cora e me olha como se não soubesse o que dizer.

  - Ah, claro ela é sua filha, então... Eu... Já vou dormir, boa noite!

  - Olivia! – chamo-a, mas ela é mais rápida e se tranca em seu quarto antes que eu a alcance. – Droga, Olivia, você vai ter que conversar comigo uma hora ou outra.

  Arrasto-me até meu quarto e só tomo um banho rápido antes de cair na cama e apagar. Mas não sem antes fantasiar sobre Olivia e o desconhecido, qual será a relação deles?

  Quando acordo na manhã seguinte tenho quase certeza que vou ser o primeiro, mas quando chego à cozinha Olivia já está lá com Molly em sua cadeirinha em cima da mesa. E Charlotte comendo bolo com uma vontade que quem a visse poderia jurar a menina estava passando fome.

  Aos poucos o pessoal foi chegando, mamãe e Brianna vieram ajudar a organizar e montar tudo. Seth acordou e em meio a tanta coisa não consigo nem mesmo um instante a sós com Olivia, e isso é irritante mesmo que eu saiba que talvez ela mesma tenha um pesinho aí para evitar nossos encontros. Essas garotas Price sempre conseguem o que querem, principalmente de mim, mesmo que seja distância.

  Lá pelas 14h00m já está tudo organizado e Olivia está no modo pânico. Tendo que ajudar todos eles a se arrumarem. Eu teria me oferecido para ajudar, mas mamãe e Brianna fizeram isso primeiro. Quando os primeiros convidados começaram a chegar lá pelas 15h30m já estavam todos devidamente limpos e vestidos e só posso pensar que todas elas são bruxas, ou ninjas.

  Há risos, crianças correndo pra lá e pra cá na sala, meio perto demais da mesa do bolo, mas acho que sobrevivemos até mais tarde quando formos cantar os parabéns. Brianna está ajudando a receber os convidados enquanto mamãe e Olivia se revezam no trabalho de ajudar a servir a todos. Vejo minha irmã perto da porta ajeitando os óculos, seu rosto fica pálido de repente e vejo que por puro reflexo ela parece prestes a fechar a porta na cara do cara e da garotinha que acabaram de chegar. Mas felizmente não é isso que acontece, ela só tropeça tentando sair da frente deles e lhes dá passagem.

  O que acabou de acontecer aqui? Estou prestes a ir até a minha irmã perguntar, mas vejo pelo canto do olho Olivia indo até a cozinha, minha mãe está com Molly no colo agora então sei que ela vai estar sozinha lá e dessa vez, ela vai me ouvir.

  Quando chego à cozinha, lá está ela, o vestido azul rodado deixa suas pernas a mostra e amo isso, as cores vibrantes que usa, mostram toda sua alegria, sua energia. Olivia é luz e riso. Eu fico parado olhando-a, quando ela finalmente se vira dá um gritinho e deixa os dois copos descartáveis que tinha na mão caírem. O refrigerante se espalha pelo chão, mas ninguém está ligando muito pra isso não.

  - Ethan – ela sussurra meu nome de uma forma que me faz querer simplesmente tomá-la nos braços e beijá-la outra vez. – O-o qu-que vo-você está fa-fazendo a-aqui? – ela gagueja e até isso acho fofo nela. Eu já havia notado que sempre que Olivia fica muito nervosa ela atropela as palavras e acaba gaguejando.

  - Vim conversar com você, e dessa vez, você não vai fugir – digo dando dois passos em sua direção, antes de perder a coragem e até estar com as mãos apoiadas, uma de cada lado dela, na bancada da pia na qual Livy está encostada.

  Estamos tão perto que um simples movimento é o suficiente para colar nossos corpos e nossas bocas. Eu quero beijá-la, desesperadamente, mas isso só vai acontecer quando conversarmos e se Olivia quiser.

  Vai ser sempre se ela quiser.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, e o que será que vai dar da conversa desses dois?
Quero opiniões!!
Beijocas e até, Lelly ♥



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