A Variável Não Planejada escrita por Miss Oakenshield


Capítulo 6
Capítulo 5




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A noite tinha chegado. Depois do banimento os clareanos não conversaram muito, era a maneira de eles sentirem o luto.

Gally estava riscando o nome de Ben na parede, Katherine estava junto dele com uma tocha para que ele pudesse ver o que estava fazendo. Katherine não disse nem uma palavra por horas, depois de ter saído à procura de Chuck, passou o resto da tarde ao lado dele deitados na rede.

“Será que ele tinha mesmo algo para nos dizer?” pensava ela “Mas como tudo isso pode ser culpa do Thomas? O que eu tenho a ver com isso? Não sou nenhuma heroína sou só uma garota qualquer que foi jogada no meio de um monte de garotos. Será que realmente ele se lembrou de algo do nosso passado ou estava só delirando? Quem é garota a quem ele chamou de desgraçada?”

— Ei, Katherine!

Ela foi tirada de seus pensamentos com o grito de Gally, ela percebeu que enquanto estava distraída pensando e sua mão com a tocha foi abaixando e tinha quase tocado a grama. Ela desencostou da parede e voltou à postura inicial.

— Desculpe.

Era a primeira palavra que saia da sua boca havia horas, somente um sussurro.

— No que estava pensando? – perguntou enquanto continuava seu trabalho

Ela não queria conversar naquele momento, somente negou com a cabeça.

— Tudo bem se não quiser falar agora, qualquer coisa pode me chamar quando quiser pra conversar.

— Uhum

Enquanto Gally terminava de riscar o nome na parede, Katherine se encostou novamente na mesma e ficou olhando pra ele. Observou os detalhes de seu rosto, gostava das sardas que tinha nas bochechas e nariz, gostava do sorriso dele, apesar de ter um ou dois dentes tortos, e adorava as sobrancelhas engraçadas dele.

Ela gostava muito do garoto, já até chegou a se perguntar se o amava, mas tinha medo de que talvez ele só gostasse dela por ser a única garota dali.

— O que está olhando? – perguntou ele com um pequeno sorriso e doces olhos

— Nada. – ela também deu um pequeno sorriso

— Sei. – disse ele desconfiado

Assim que ele terminou os dois foram andando lado a lado até onde iriam dormir.

— Gal... – ela sussurrou no meio do caminho

— Hum...

— Pode dizer para todos não me chamarem de Katherine? Eu não quero mais ouvir essa palavra...

Ele olhou para ela que estava com os olhos marejados, ele entrelaçou uma de suas mãos com a dela, a fez se virar para ele. Com sua outra mão acariciou o cabelo e a bochecha dela.

— Pode deixar Kit Kat.

Ele lhe deu um beijo na testa e a puxou para um abraço de lado continuando a andar. Depois de Katherine ter se despedido de Gally ela foi falar com Alby.

— Ei, Alby.

— Ei, Kathy.

— Como você está?

Ela sentou-se de frente pra ele, colocou uma de suas mãos no braço dele.

— Estou péssimo.

— É acho que todos estão.

— Minho me contou que num ponto do labirinto eles se separaram...depois quase no fim do dia ele achou um verdugo morto.

— Morto?! Tem certeza?

— É o que ele acha. Ele disse que mexeu um pouco nele e nada aconteceu, talvez depois de ter picado o Ben ele tenha morrido.

— Isso não está muito convincente pra mim.

— Nem pra mim, por isso que vou amanhã com Minho até onde está o verdugo.

— O que?! – ela gritou, mas imediatamente baixou o tom de voz para não chamar a atenção dos outros – Vocês ficaram loucos?!

— Nós temos que saber o que aconteceu. Antes essas coisas só apareciam à noite, agora Ben foi picado à luz do dia. Nós temos uma chance de poder ver uma daquelas coisas de perto já morta.

— Ou não. Já pensou na possibilidade de estar vivo?

— Nós temos que tentar Kathy, as coisas estão mudando não está percebendo? Temos que sair daqui.

— Tudo bem, eu concordo com você. Mas amanhã eu vou com vocês dois.

— O que?! Não! Está fora de cogitação, você fica aqui.

— Alby, você sabe que eu não vou mudar de ideia.

— Você nem é uma corredora, não conhece o labirinto.

— Você também não.

— Mas eu sou o líder.

— Mesmo sendo o líder você não sabe nada do labirinto, e só pra sua informação você acha mesmo que eu nunca entrei naquela sala dos mapas? Eu sei mais do labirinto do que você imagina.

— Ameaçou o Minho pra ele te ensinar tudo não foi?

— Não foi uma ameaça, eu até pedi com jeitinho.

— Sei. – disse rindo descrente

— Eu sei o suficiente pra ajudar vocês, e não importa o que você diga eu vou do mesmo jeito.

— Se entrar no labirinto sem permissão vai ficar dias no amansador.

— E você acha que eu tô ligando?

Alby riu de verdade dessa vez, aquela garota era impossível, mesmo numa situação daquelas ela conseguia deixar as coisas melhores.

— Eles precisam mais de você do que de mim aqui. – disse ele

— Eles vão ficar bem com Newt no comando, você vai precisar mais de mim do que eles.

Ela acariciava a mão dele, Alby a encarava pensativo. Sabia que nada do que dissesse a faria mudar de ideia, mas também sabia que os garotos não poderiam perdê-la, na verdade ele quem faria de tudo para mantê-la a salvo.

— Tudo bem, esteja pronta bem cedo.

— Ok.

Katherine deixou Alby com seus pensamentos e foi deixar tudo preparado para o outro dia, foi até mesmo a sala dos mapas para ter o labirinto bem fresco na memória.

 

 

 

No dia seguinte, Katherine foi a primeira a acordar, na verdade nem tinha dormido direito, acordava a cada 1 hora. Colocou os sapatos, pegou sua bolsa com suprimentos e foi esperar os garotos na sala dos mapas. Depois de alguns minutos Alby chegou sendo seguido por Minho e Newt.

— O que está fazendo aqui? – perguntou Newt

— Eu vou com eles.

— O que?!

— Nem adianta Newt, eu vou e ponto final. – ela disse batendo o pé e cruzando os braços

Os garotos se entreolharam, Minho levantou as mãos como se dissesse “Me deixa fora disso”, Newt olhou para Alby esperando que ele dissesse algo, mas ele só balançou a cabeça como que dizendo “Eu tentei, ela é sua irmã, sabe como ela é.”

— Tá bom, mas se você voltar com um arranhão que for pode esquecer essa sua rebeldia, vai ter que seguir MINHAS regras à risca.

— Tá bom, tá bom. Você diz isso só porque é o mais velho.

— Eu digo isso porque me importo com você.

Assim, depois de revisarem o caminho até o verdugo supostamente morto, e Kathy e Alby pegarem uma lança cada um, todos estavam prontos para ir.

Enquanto tudo isso acontecia Thomas estava tendo um sonho bem diferente. Várias cenas com um brilho azul, ele via uma garota de cabelos lisos e negros lhe dizendo que tudo iria mudar, via uma mulher com cabelos brancos dizendo que C.R.U.E.L. era bom. Também viu cenas dele e a garota em uma mesa de cirurgia, pessoas desesperadas numa água azul. E o que mais lhe chamou a atenção foi a aparição de Katherine. Ela estava desesperada e dizia:

“Thomas você tem que entender tudo o que estou fazendo é para o bem daqueles adolescentes. Eles não merecem ir pra aquele lugar!”

“Mas é tudo para um bem maior, eles vão nos ajudar a encontrar a cura.”

“Só vamos matar todos eles como ratinhos de laboratório! Vá em frente conte tudo à Paige, mas eu vou continuar salvando quantos eu puder.”

Antes que o ele do sonho pudesse dizer alguma coisa ele acordou, sobressaltado olhou em volta na clareira com olhos arregalados e percebeu que perto das portas estavam Minho, Alby, Newt e Katherine? O que raios ela e Alby iriam fazer no labirinto? Eles não eram corredores.

Antes de entrarem no labirinto Alby deu as últimas instruções a Newt e Katherine foi se despedir de seu irmão.

— Toma cuidado viu? – ele disse no ouvido dela enquanto se abraçavam

— Pode deixar.

— Você tem que voltar, ouviu?

— Eu prometo.

Katherine disse as últimas palavras olhando no fundo dos olhos dele, deu um beijo na bochecha dele e disse seu último recado.

— Diga ao Gally que ele não precisa sentir minha falta que logo estarei de volta.

— Pode deixar eu aviso seu namorado.

— Cala a boca Newt.

Com isso os três saíram correndo para o labirinto deixando Newt e os outros clareanos para trás.

 

 

 

— Tá, mas por que o Alby e a Katherine entrariam no labirinto? Porque eles não são corredores.

Enquanto Newt e Zart estavam tentando cortar um tronco de uma árvore, Chuck estava entalhando algo num pequeno pedaço de madeira e Thomas ao invés de estar ajudando estava sentado em uma árvore enorme caída.

— As coisas são diferentes agora. O Alby foi tentar seguir o rastro do Ben antes do sol se por. – disse Newt – Vai ajudar ou não? – disse apontando o facão em direção ao tronco

— Tá então ele vai até o lugar onde o Ben foi picado, mas a Katherine só entrou uma vez lá e eu pensei que ela nunca mais o faria...

— Tá olha, primeiro para de falar Katherine, ela não quer ser chamada assim nunca mais, então é melhor se acostumar a falar Kathy. Segundo, ela sempre disse que só voltaria pra lá se fosse algo muito importante o que é o caso agora, e o Alby sabe o que está fazendo, tá? Ele e ela sabem mais do que nós.

— O que isso quer dizer?

— Eu já comentei isso com você todo mês a caixa manda uma pessoa nova, mas alguém teve que vir primeiro né? Alguém teve que passar um mês inteiro na clareira sozinho... E foi o Alby. Não deve ter sido fácil, daí no segundo mês ela veio, mas somente ela, sem suprimentos. Quando ele abriu a caixa ela estava toda ensanguentada, parecia que tinha levado uma surra. Ela ficou desacordada por uma semana e o Alby teve que dar um jeito dos suprimentos durarem por um mês todo pra ele e pra ela. Então quando mais garotos vieram ele viu a verdade e descobriu que a coisa mais importante que temos é um ao outro. Porque nós estamos juntos nessa.

Newt voltou a golpear o tronco, Thomas pensou por alguns instantes e decidiu levantar e começar a ajudar.

— Muito bom novato. – elogiou Newt

 

 

 

Grandes nuvens negras escureceram o céu da clareira não demorou muito para que a chuva começasse a cair. Thomas já estava começando a ficar preocupado com aqueles que foram para o labirinto. De acordo com seus cálculos eles já deviam ter voltado.

— Eles já deviam ter voltado. – comentou ele olhando para as portas ao longe – O que acontece se não conseguirem?

— Eles vão conseguir. – disse Newt tentando se mostrar despreocupado

— Tá, mas e se não conseguirem?

— Eles vão conseguir. – falou com mais firmeza

“Ela prometeu que iria conseguir voltar.” Newt pensava consigo mesmo.

Gally também estava inquieto, se estivesse acordado quando a garota tomou aquela decisão teria feito de tudo para não deixa-la ir. Se bem que mesmo assim ele tinha dúvidas se teria conseguido convencê-la.

“Por que eu tinha que gostar dessa garota tão teimosa?”

Quando a chuva passou todos os clareanos foram esperar pela volta deles diante das portas. As portas fizeram seus primeiros ruídos.

— Gente, não podemos mandar ninguém atrás deles?

— É contra as regras. – interrompeu Gally – Ou eles voltam pra cá ou não voltam.

— A gente não pode arriscar perder mais alguém. – explicou Newt

Então, viram alguém correndo em direção a eles. Era Minho, mas ele vinha sozinho. Assim que colocou os pés na clareira caiu de joelhos ofegante. Os garotos ficaram inquietos em volta dele esperando por explicações.

— O que aconteceu lá? Onde estão Kathy e Alby? – perguntou Newt ansioso

— O q-que? – falava ofegante – Eles... não voltaram?

— Como assim não voltaram?! – disse Gally furioso

— Nos separamos fugindo do verdugo... pensei que já tinham voltado.

Naquele momento, o vento estranho veio do labirinto, sinalizando que as portas iriam começar a fechar.

Todos ficaram apavorados sem saber o que fazer, até que Thomas viu algo.

— Lá!

Um resmungo de esforço e dor foi ouvido ao longe, Katherine vinha tentando carregar Alby nas costas.

— Tem alguma coisa errada. – disse Newt

Os garotos começaram a gritar incentivando Kathy a continuar, ela desistiu de tentar levar Alby nas costas, o colocou no chão e começou a puxá-lo pelos pés.

— Kathy você tem que deixar ele! – gritou Gally

“Não posso.” Pensava ela “Não posso deixar mais um morrer por minha causa.”

— Não vão conseguir. – disse Newt pesaroso

Katherine arrastava Alby com todas as suas forças. Faltava muito pouco para as portas se fecharem, ela não iria conseguir. No último minuto Thomas avançou labirinto adentro.

— Thomas não!!! – gritou Chuck

Thomas se espremeu o mais rápido que pode entre as portas conseguindo atravessá-las, ficando preso no labirinto.

— Muito bem Tommy. Você acabou de se matar.


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