Porém Guilherme não atendia, o que tornava tudo ainda mais difícil e frustrante para ela. Optando ir para escola, pois talvez ele já estivesse por lá e poderiam conversar melhor do que pelo celular.

O que a pegou de surpresa porque os seus amigos disseram que ele tinha avisado que não iria ir naquele dia, e ele nem tinha atendido sua ligação anterior, ou respondido sua mensagem que ela mandou de manhã cedo, dizendo que iria conversar com Clarice.

NA CASA DE CLARICE

Clarice já tinha se arrumado para ir à escola, mas ainda permanecia sentada no sofá pensando em tudo o que ouviu de Fernanda. Às lágrimas não existiam mais. A vontade de chorar agora era inexistente. O fato dela ter fingido que a ajudou com Guilherme é isso que mais a irritou.

Isso tudo era doloroso demais.

Confiava cegamente em Fernanda. E percebeu tarde demais que ela era apenas um jogo divertido que Fernanda gostava de sacanear e brincar.

Não poderia evitá-la tanto quanto gostaria, pois ambas eram da mesma sala. Porém conversando com a sua mãe, decidiram que seria melhor Clarice trocar para o turno da tarde. Algo que Clarice sempre quis desde o início, mas por Fernanda amar o turno da manhã e não queria se separar da amiga, decidiu ficar no turno da manhã junto com ela.

Naquele momento se sentia patética.

Como sua mãe só iria resolver a transferência na parte da tarde, decidiu ir para escola.

Quando finalmente chegou, se deparou com Fernanda no portão da escola, decidindo simplesmente a ignorar e seguindo em direção a sala de aula.

Aulas que pareciam uma eternidade.

Mas como conseguiu prestar a atenção na disciplina dada pelos professores, conseguiu verdadeiramente ignorar a existência de Fernanda. Ainda mais que a mesma não se sentou no mesmo lugar que ficava perto dela. Um pequeno senso de decência que sentia que ela ainda poderia ter.

E quando percebeu, viu que na hora de ir embora ela estava sozinha, e não foi junto com o Guilherme, algo que ela considerou que iria ver em primeira mão naquele dia. Mas não aconteceu.

Assim que viu sua mãe, todos esses pensamentos foram para longe. Ambas indo em direção a coordenação para a troca de turno que iria fazer.

Uma mudança que parecia radical, mas não era.

Não fazia mais sentido estar em uma sala com alguém que a fazia mal. Ainda mais em um turno que só escolheu por conta da mesma.

Finalmente faria algo que não seria pela influência de Fernanda, e o sentimento de que ela era patética desaparecia gradativamente.

Como uma linda flor que foi machucada, ela iria florescer novamente.

A mais bela flor seria feliz.

Agora não sendo mais dependente de terceiros. O que ajudou, pois ela permitiu se abrir para as outras pessoas.

E a lembrança do que ocorreu com Fernanda não a machucava mais. Algo que poderia ter feito com que ela se afastasse ainda mais das pessoas, com a ajuda de sua mãe que conversava bastante com ela, fez com que isso se tornasse um aprendizado para a sua vida e não como um trauma.

Não sentia mais raiva ou rancor de Fernanda, na verdade, raramente se lembrava dela, já que sua mudança influenciou em sua rotina. Nas novas amizades que fez e percebia a diferença nítida entre suas amizades atual e seu relacionamento com Fernanda. No fundo percebeu que não sabia nada de Fernanda, o que era totalmente o oposto com os seus amigos de agora.

A sinceridade entre eles era nítida e mútua.

E seu relacionamento com o seu namorado atual David era totalmente diferente, e o principal de tudo era que ambos eram amigos, o que tornava o relacionamento saudável e duradouro. Um ajudando ao outro nos estudos e principalmente, nos sonhos que iriam a partir do próximo ano que já estariam formados a seguir.

Finalmente Clarice estava no terceiro ano do ensino médio. E quanta coisa aconteceu no primeiro ano do seu ensino médio. Tantas coisas aconteceram, se sentindo grata por ter conseguido passar por tudo aquilo.

 Grata por sua mãe não ter a deixado a afundar na tristeza e raiva.

Um grande aprendizado para sua vida.

A vida adulta que logo iria conquistar e chegar.