Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 24
Ajudando o próximo


Notas iniciais do capítulo

O site estava em manutenção essa semana. Ainda bem que voltou antes do domingo. Mais um capítulo para vocês. Boa leitura!



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Geralmente, Anne e Briana iam para o restaurante logo após o término das aulas. Aquele era mais um dia em que essa rotina se repetiria. As irmãs caminhavam lado a lado pelas ruas tranquilas de Vila Baunilha e nada parecia fora do habitual. Briana seguia cantarolando alguma coisa, enquanto Anne apenas seguia quieta, preocupada com as lições que não tinha entendido muito bem - para alguém interessada em ser médica, estudos eram uma preocupação importante. A paz delas foi quebrada quando viram uma garota gritando por um nome.

—Pistache! Pistache, cadê você? - ela chamava. Parecia bem preocupada. Devia ter por volta de seus dezoito anos. Era uma jovem moça de cabelos castanhos, nem muito bonita e nem muito feia.

—Oi, moça. Aconteceu alguma coisa? - perguntou Briana, já que o tom de voz da moça era mesmo de preocupação. Anne apenas acompanhou a irmã.

—Ai, é o meu gatinho, o Pistache. Ele sumiu.

—Nossa! Que pena - lamentou Briana - Podemos te ajudar a procurar.

—A gente tá com pressa, Briana - lembrou Anne.

—Mas é o gatinho dela, Anne! - retrucou Briana.

—Não precisam se atrasar por minha causa - disse a moça - Ele não deve ter ido muito longe.

—Onde foi o último lugar que você viu o Pistache? - perguntou Briana.

—Ele estava em casa mesmo - respondeu a garota - Eu chamei ele para dar comida no horário de sempre, mas não consegui encontrar de jeito nenhum. Só estou preocupada porque ele nunca foge nesse horário.

—Gatos sempre saem por aí - disse Anne - Logo, logo, ele volta.

—Mas ele pode estar perdido por aí - falou Briana - Vai, vamos ajudar.

—Você sabe que a mamãe vai me matar se eu chegar atrasada, né? Ainda mais agora na hora do almoço que o restaurante está lotado - falou Anne.

—Então vai na frente. Eu ajudo ela - rebateu Briana.

—Mas ela vai me matar duas vezes se eu te deixar andando sozinha por aí - falou a irmã.

—Gente, não precisam se atrasar por minha causa. Já falei - disse a moça.

—Mas é para ajudar alguém. A mamãe vai entender - disse Briana - Vai, Anne.

Anne suspirou.

—Ai, também não quero deixar de ajudar - falou ela - Tá legal. Vamos ajudar.

—Obrigada - disse a moça, agradecida.

Briana olhou um pouco à frente e viu um posto policial. Isso deu uma ideia à garota.

—Ali. Vamos pedir ajuda para os policiais - disse ela.

—Ai, Briana. A polícia tem mais o que fazer do que ajudar a procurar um gato - disse Anne.

—A polícia? - perguntou a moça, meio desacreditada - Ai, é que…

—O que foi? - estranhou Anne.

—Nada - disse ela - Vamos lá, vai.

E as três foram até o posto policial. Só havia dois oficiais ali. Um deles era um homem de bigode que parecia ser o delegado. O outro era um jovem guarda que não devia ter mais do que dezenove anos. Ambos estavam dormindo.

—Boa tarde - falou Briana, animada.

Nenhuma resposta.

—Acho que eles não ouviram - disse Anne.

Briana inspirou fundo e gritou

—BOA TARDE! - gritou ela.

Os dois despertaram bem assustados.

—O quê?! Aconteceu alguma coisa?! - gritou o delegado, espantado.

—Às ordens, senhor delegado. Pode falar! - disse o mais jovem.

Não demorou muito para os dois verem as meninas ali.

—Ah, senhorita Roberta - disse o delegado - Em que posso ajudá-la?

—Bem, eu..

Briana fala logo o problema.

—Estamos atrás do Pistache, o gatinho dela - disse a menina.

—Acho que nunca te vi por aqui. Quem é você, mocinha? - perguntou o delegado.

—Ela é a filha mais nova dos donos do restaurante que abriu esse mês - disse o guarda - Já te vi por lá. E vi a irmã mais velha também. Ah, sim. Como vão?

—Tudo bem? - cumprimentou Anne.

—Ah, sim. Você costuma pedir a marmita lá, né? - disse o delegado - E no que podemos ajudar?

—Já falamos. O gatinho dela sumiu - disse Briana.

—Entendi - disse o delegado - Soldado Caxias. 

—Sim, senhor! Soldado Carlos Caxias se apresentando! - disse o soldado de prontidão.

—Faça o boletim de ocorrência - disse ele.

—É pra já! - disse ele, ligando o computador.

—Precisa de tudo isso? É só procurar o gatinho - disse Briana.

O delegado riu.

—Não é uma gracinha? - disse ele - Escuta, querida. O trabalho da polícia é sério. Precisamos registrar tudo.

—Mas quanto mais tempo perdemos aqui, mais longe o Pistache pode ir, não? - reparou Briana.

—Não vai demorar nada - disse o delegado - Não é, soldado?

—Calma aí, delegado. Já estou terminando de digitar a data - disse ele.

Anne reparou como o soldado digitava apertando uma tecla por vez com o indicador.

“Ai, que aflição”, pensou ela. “Não quer que eu sente aí e digite, não? Vai ser mais rápido.”

Mas ela só pensou isso e não falou nada. Dez minutos depois, o soldado terminou de digitar, com algumas informações que tinha da Roberta.

—Ótimo. Agora podemos ir atrás do...do...como é mesmo o nome do gato? - perguntou o delegado.

—É Pistache - disse Roberta.

—Isso. Pistache. Vamos atrás dele - disse ele - Está pronto, soldado?

—Sim, senhor! - disse o soldado, animado.

—Pelo menos eles estão empolgados - disse Anne.

—Parece que sim. Afinal, finalmente alguma coisa tirou eles do tédio - disse Roberta, falando baixinho com Anne.

—Tédio? - estranhou Anne.

—Não acontece nada nessa cidade - respondeu Roberta - Esses dois quase nunca têm trabalho. 

Por um lado isso era a confirmação de que Vila Baunilha era mesmo uma cidade tranquila, por outro, devia ser bem chato não ter nada para fazer. Ao olhar para aqueles dois, Anne percebia que eles tinham mesmo boa vontade e disposição, mas uma cidade tão sossegada como aquela realmente não devia aproveitar o potencial deles.

—Além disso...não, nada - disse Roberta.

—Pode falar - disse Anne.

—Eles são uns amores de pessoas, mas...nem sempre eles vão tão bem no que fazem.

—Muito bem. Estamos prontos! - disse o soldado, chegando com um tipo de rede presa em um cabo, do tipo que se usa para caçar borboletas.

—O que é isso? - perguntou Briana.

—É uma ferramenta de trabalho - disse o delegado - Não sabemos onde vamos encontrar o gato. Pode ser necessário pegá-lo com uma rede.

—Talvez seja melhor pegar pés de pato e roupa de mergulho, senhor - disse o soldado.

—Tem razão! Nunca se sabe se poderemos encontrar o gato na água - falou o delegado - Muito bem pensado.

—Na água? Meu pai amado! - disse Roberta, aumentando mais sua preocupação.

—Talvez não na água - disse o soldado - Mas talvez seja melhor levarmos também algum tranquilizante. Ele também pode estar na boca de algum animal selvagem!

—Ai, pobre Pistache - disse Roberta.

—Não assuste a pobre moça, soldado - disse o delegado - Vamos pensar positivo.

—Isso. É o que sempre digo - disse Briana.

—Se o gatinho foi pego por um animal selvagem talvez ele já tenha sido comido e não vamos ter o horror de vê-lo na boca de um deles - completou o delegado.

Roberta estava quase chorando.

“Esses dois…”, pensou Anne. “Graças a Deus essa cidade é tranquila”

—Chega de conversa! - gritou o delegado - Está na hora de começarmos a operação Pistache!

—Sim, senhor, senhor! - disse o soldado, com animação.

No que será que isso vai dar?


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Notas finais do capítulo

Como será que a dupla de policiais da cidade trabalha? Veremos no próximo capítulo. Até lá! :)



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