I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 10
Green


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 08/07/2021



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Green - Capítulo X

Tom Riddle ficou impressionado ao descobrir que Batilda Bagshot não morava em uma mansão, afinal, a senhora havia ganho muito dinheiro com a venda de seus livros. 

Era uma casa simples, mas ainda assim bem grande para uma senhora que morava sozinha. Possuía cinco quartos no total, sendo um dela e os outros quatro para visitas (dos quais um deles já havia se tornado oficial de Ilka).

O local era belo e acolhedor, não fugia do padrão das outras casas ali de Godric’s Hollow. Tom escolheu ficar com um quarto que ficasse próximo ao de Ilka, pois ela era sua anfitriã, não Batilda, por mais que a senhora lhe chamasse atenção. A velha Bagshot era, na maior parte do tempo, muito calada e parecia temer sua sobrinha.

A presença da filha de Gellert Grindelwald se tornava ainda mais marcante naquela casa do que em Hogwarts, talvez porque ali ela poderia ser quem realmente era, sem seus teatrinhos de boa moça que geralmente usava na escola.

Já fazia algumas semanas que as férias haviam começado, e a atividade dos dois não era muito variada, se resumindo em frequentar a biblioteca na maior parte do tempo. Naquele momento, Ilka e Tom se encontravam na sala, tomando o chá da tarde. A mesa era farta, cheia de bolos e biscoitos.

— Acho que já tivemos tempo o suficiente para descansarmos. Quais eram os assuntos que você queria tratar durante as férias mesmo? – perguntou a loira, enquanto beliscava uma fatia de bolo de milho.

— Uma parte da família de minha mãe ainda está viva: meu tio. Descobri que ele mora em Little Hangleton, pensei em passar por lá e tentar conversar com ele, entender um pouco mais sobre minha história – Tom lhe respondeu, pacientemente.

— Ótimo, sei onde Little Hangleton é. Existe um cemitério famoso lá por perto, foi onde enterraram minha mãe.

— Pensei que sua mãe fosse húngara, por que não a enterraram por lá? – questionou Riddle, sem ao menos se perguntar a causa da morte da mãe da garota.

— Ela estava aqui, na Inglaterra, junto a meu pai quando morreu. Eu cursava o meu segundo ano em Durmstrang, foi tudo muito esquisito e repentino. Minha mãe nunca deixava o castelo de Nurmengard, afinal, lá era a base de meu pai. Um dia eu recebi a notícia de que ela havia deixado o castelo e no outro, a notícia de que ela estava morta. Meu pai preferiu enterrá-la por aqui, não podia ficar indo e vindo o tempo todo. O cemitério de Little Hangleton era próximo e possuía alguns nomes bruxos famosos.

— Sinto muito.

— Vou buscar um casaco, já está pronto para ir? – Ilka mudou de assunto, surpreendendo o colega.

— Claro – respondeu ele e a garota correu escada acima.

Riddle não se impressionou ao notá-la voltando de seu quarto com o clássico casaco vermelho, afinal, era sua marca. Ela sorriu para ele e não lhe deu tempo para pensar, segurando a sua mão com um movimento rápido.

O moreno sentiu uma fisgada no umbigo e tudo pareceu perder o foco e se contorcer ao seu redor. 

Tom soube imediatamente o que estava acontecendo, o próprio Dumbledore já havia se deslocado com ele daquela maneira, só que por algum motivo o garoto não esperava algo assim de Ilka.

Sentiu-se tonto quando finalmente chegaram ao seu destino.

 O ambiente parecia mais escuro do que devia. Ainda não era noite, não fazia sentido o céu possuir aquela cor. Estavam na entrada de um cemitério, provavelmente o qual a Grindelwald havia mencionado. Sepulturas cobertas por heras e alguns anjos de pedra compunham a decoração do lugar, lhe dando arrepios.

Notou, ao fim da rua, uma enorme e mal cuidada casa. Se as luzes não estivessem acesas, Tom poderia pensar que o casarão estava abandonado. Encarou Ilka com insegurança, mas a loira parecia determinada e tomou a frente, indo em direção àquela construção. Preferindo não ficar sozinho, Riddle segue a garota.

— Não sabia que podia aparatar – comentou ele, na intenção de amenizar o clima pesado que todo aquele ambiente trazia.

— Tecnicamente eu não posso, mas o presente de aniversário que meu pai me deu foi de bastante ajuda – resumiu.

Ilka deu uma analisada em Tom antes de bater na porta, ela não entendia o porquê de ele aparentar estar tão nervoso. 

Respirou fundo, pensando no que poderia surgir ali e finalmente bateu na porta.

Uma, duas, três batidas. Esperaram alguns minutos e nada. Resolveu bater novamente. Uma, duas e três batidas. Nada mais uma vez. Já frustrada, resolveu tentar uma terceira e última vez, mas antes que seu punho pudesse alcançar a madeira, a porta foi aberta repentinamente.

Um senhor atendeu a porta. Parecia já de idade, seus cabelos eram castanhos e compridos, tapando parcialmente o seu rosto. Possuía em seu rosto uma expressão de poucos amigos e roupas muito gastas. Seria facilmente confundido com um morador de rua e Ilka nunca diria que um homem daqueles moraria em uma casa tão grande.

— Quem é você e o que quer? – perguntou, rudemente, o homem para Ilka, nem percebendo a figura masculina presente logo atrás dela.

— Você é Morfino Gaunt, certo? Gostaria de conversar contigo – Riddle se pronunciou, antes que a loira pudesse responder.

Morfino desviou o seu olhar de Ilka para Tom e seu rosto foi tomado por uma expressão de fúria imediatamente. Ele sacou sua varinha e empurrou Ilka da frente, começando a gritar feitiços logo em seguida, tentando acertar o garoto de alguma maneira, desesperado e raivoso. 

Sem muito tempo para pensar, Ilka sacou sua própria varinha e rapidamente desarmou o velho Gaunt.

— Devolva minha varinha, garota! Já não basta o que esse infeliz fez com minha irmã, ainda tem a ousadia de aparecer em minha porta. Trouxa imundo! – cuspiu o homem.

— O que ele fez com sua irmã? – ponderou Ilka – Perdão senhor, acho que o está confundindo. Este é Tom Riddle, seu sobrinho – tentou explicar, e o homem pareceu finalmente possuir algum tipo de interesse no garoto.

— Por que eu acreditaria em ti, pirralha? – resmungou Morfino mais uma vez.

Ilka estava prestes a dar uma resposta bem mal-educada ao senhor, mas Tom interviu, começando a falar algo em uma língua que a loira desconhecia. Na verdade, pareciam alguns sussurros por parte dele, qualquer que fosse a língua que Riddle estava falando, era bastante soprosa e baixa. Grindelwald poderia facilmente dizer que ele estava imitando uma cobra.

Não entendeu o que estava acontecendo, mas deduziu pelo olhar arregalado de Morfino Gaunt que estava funcionando. Riddle disse mais algumas coisas ao seu tio, antes que ele finalmente abrisse passagem e chamasse os dois para entrar.

A casa era ainda mais descuidada por dentro do que era por fora. Sentaram-se juntos em um sofá empoeirado no centro da sala, enquanto Morfino tomou posse de uma poltrona de frente a eles. 

A lareira estava ligada e provavelmente era dali de onde vinha a iluminação que viram do lado de fora.

Morfino Gaunt contou muitas coisas sobre a história de Tom. 

Disse que os Riddle moravam no topo da colina, em uma mansão, e que eram uma família trouxa muito rica. Merope, sua irmã mais nova, desde muito cedo possuía uma fixação pelo filho único da família. Morfino achava que Tom Riddle havia se casado com Merope Gaunt por estar sob o efeito de uma poção do amor, pois ele nunca havia demonstrado um interesse verdadeiro na mulher.

A relação de Merope com Tom era nem um pouco saudável e Morfino tentava de todas as maneiras intervir. Um dia ele havia azarado Tom, com a intenção de proteger sua irmã, e isso chamou a atenção do ministério. Por ter agredido um trouxa com magia, Morfino acabou preso em Azkaban, por três anos. Assim que voltou para casa, descobriu que sua irmã estava morta, e não sabia do nascimento de seu sobrinho.

Quando o velho Gaunt terminou de contar a história, principalmente de o quanto Tom Riddle pai era agressivo e abusivo com a jovem Merope Gaunt, Ilka soube que Tom - o seu Tom - iria até a casa dos Riddle em busca de vingança. 

Ele desejava aquilo, e ela viu que aquele seria o primeiro passo para Tom finalmente se tornar a figura que ele havia criado: Lord Voldemort.

Morfino deixou-os sozinhos na sala por alguns minutos, parecia levemente abalado por reviver a história e precisava de um tempo sozinho. Ilka viu ali uma oportunidade e não deixaria escapar.

— Tome – disse ela, entregando a Tom a varinha do homem que havia desarmado mais cedo – Use-a para os seus objetivos, vingue-se de sua família. Vou dar um jeito de modificar a memória de Morfino, para que ele pense que foi ele.

— Como vai fazer isso?

— Não sei ainda, só pega a varinha e vai! – Tom pegou a varinha das mãos de Ilka e correu para fora da casa.

Assim que Morfino Gaunt voltou à sala, estranhou encontrar somente a garota loira em pé, beirando a lareira. Ela parecia distraída e ele perguntou mentalmente onde o menino Riddle estaria. 

Acabou optando por não guardar seus pensamentos para si.

— Para onde o garoto foi? – perguntou o velho Gaunt.

Ilka apenas se virou para encará-lo e Morfino notou que a menina possuía a varinha em mãos. A jovem bruxa apontou a varinha para o senhor e mentalizou o feitiço. Estupefaça, pensou ela e um jato de luz vermelha projetou-se de sua varinha, atingindo o Gaunt no peito e o arremessando para o outro lado da sala.

Morfino caiu, desacordado, e Ilka se aproximou, pensando como faria para mudar suas memórias. Seu primeiro passo foi apagar a lembrança de que ela e Tom estiveram ali, com um simples Obliviate. Depois, utilizou um Legilimens para ver do que o Gaunt se lembrava e foi, cuidadosamente, com alguns feitiços mais complexos, alterando algumas memórias.

Orgulhou-se quando percebeu que ao fim, Morfino Gaunt achava que tinha invadido a casa dos Riddle durante a noite e matado a família inteira, e a cereja do bolo: orgulhava-se de seu feito.

Satisfeita, correu as mãos por seu longo casaco, arrumando os amassados imaginários que havia ali, e guardou a varinha. Moveu-se até a mansão dos Riddle, onde não precisou procurar muito por Tom. Toda a família estava reunida na sala de jantar, Tom estava de pé, admirando sua obra de arte, onde os corpos de três pessoas que Ilka desconhecia se encontravam no chão.

Um casal de idosos e um homem bonito, que parecia uma versão mais velha do Tom que conhecia. Os três certamente mortos. Preocupou-se com Tom, não sabia o que se passava na cabeça do garoto naquele momento, por isso aproximou-se com cautela, pousando a mão em seu ombro para chamar-lhe atenção.

— Como você está se sentindo? Está tudo bem? – perguntou ela, preocupada.

Ilka não se importava com o fator da morte, considerava algo banal. Não a temia, muito menos possuía vontade de controlá-la. Apenas aceitava a morte como ela era, e até mesmo a admirava, achava a morte algo bonito. Mas nem sempre as pessoas se sentiam confortáveis com ela, muito menos de alguém da família. Afinal, mesmo que não tivesse muito contato, continuava sendo família.

— Limpo. Eu me sinto limpo – respondeu o último Riddle, ainda sem encarar Ilka.

— E o que se sentir limpo significa?

— Significa que eu não tenho mais um lado trouxa da família, eu acabei com ele. Estou limpo.

— E como foi?

— Verde. Foi tudo muito verde.

— Ok, tudo bem, agora me dê a varinha – pediu, e Tom lhe devolveu a varinha de Morfino.

O casal caminhou em silêncio de volta até a casa de Gaunt. Tom se impressionou ao encontrar seu tio ainda desacordado no chão. Ilka se abaixou e encaixou a varinha na mão do adormecido Morfino, sacando sua própria varinha em seguida, apontando para ele.

Finite Encatatem — sussurrou e uma luz vermelha se projetou de sua varinha, em direção ao Gaunt.

Morfino gemeu e resmungou, ainda se recuperando do feitiço, e Ilka não esperou para puxar o Riddle para fora da casa.

— O ministério não vai demorar muito para chegar, afinal, maldições imperdoáveis foram usadas por você, então é melhor irmos – resumiu, e não deu a Tom tempo para uma resposta.

A garota agarrou sua mão e ele sentiu aquele mesmo incômodo de antes: a fisgada no umbigo e o desfoque ao seu redor.  Sentiu-se tonto e levemente enjoado, mas não falou nada, pois estava feliz com seus feitos e ainda mais contente por notar que já estavam novamente na porta da casa de Batilda Bagshot.

— Bem, acho que é isso. Você é finalmente o Lord que tanto queria ser – disse Ilka, passando as mãos pelos cabelos em uma clara demonstração de nervosismo.

Tom se pegou pensando que não se lembrava de ter visto a garota sem graça muitas vezes antes. 

Ela era sempre tão orgulhosa e cheia de si. Confiante. Era estranho vê-la demonstrar sua timidez logo agora. Talvez apenas estivesse agindo daquela maneira pois não conhecia esse lado de Tom, essa versão que tinha a audácia para realizar seus feitos. 

A maioria das pessoas que Ilka conhecia ficava somente no imaginário, ninguém dava o primeiro passo. Ninguém se arriscava o suficiente. 

Mas não Tom.

Ilka seguiu, em direção a porta, pronta para voltar para dentro da casa da tia quando Tom a impediu, segurando o seu braço. A loira o encarou, sem entender sua atitude, mas o jovem Riddle apenas a puxou para mais perto, envolvendo o corpo da menina com seus braços.

— Obrigado, aquilo era algo que eu desejava fazer há tempos. Não me imagino tendo conseguido sem você, Ilka.

Nunca admitiria em voz alta, mas a menina Grindelwald estava orgulhosa. 

E havia gostado muito do abraço do moreno.

 


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