I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 11
Horcrux


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 08/07/2021



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Horcrux - Capítulo XI

— Preciso falar contigo, Ilka.

— Você passou as férias inteiras comigo e espera retornarmos a Hogwarts para dizer que precisa falar comigo, Tom? – Ilka questionou, com a sobrancelha arqueada.

A plataforma 9 ¾ estava bastante agitada naquele primeiro de setembro. Seria a primeira vez que a menina Grindelwald retornaria a Hogwarts por meio do Expresso, pois da última ela havia usado aparatação. Diversos alunos se despediam de seus pais e empurravam seus malões para dentro do trem, mas Ilka não estava com a menor pressa para entrar.

— Conversei bastante com sua tia nesses últimos dias, e passei bastante tempo na biblioteca, o que me ajudou a ter algumas ideias no mínimo interessantes – respondeu o moreno.

— Pare de fazer tanto drama, eu já estou curiosa, não preciso que você me atice mais. Posso ao menos saber do que se trata?

— Eu confio em você, por isso quero conversar contigo. E se meus planos derem certo, seria uma péssima ideia contar a ti em um lugar tão movimentado.

— Está com medo de ser ouvido, entendo.

Ilka estava preparada para falar mais alguma coisa a Tom, mas todos seus pensamentos foram interrompidos quando um vulto se jogou em cima de si.

Após se recuperar do susto, a jovem Sonserina teve tempo para analisar quem era. Macmillan estava sorridente, e mais bonita do que ela se lembrava. O vestido preto que usava lhe alcançava os joelhos e era de um tecido grosso e de corte bonito, com uma gola em V bastante discreta, para lhe cobrir os braços usava uma espécie de sobretudo cinza, e nos pés um belo par de scarpins vermelhos.

Emma lhe sorria de modo que os seus olhos castanhos pareciam brilhar e seus cabelos ruivos não lhe alcançavam mais os quadris, batendo logo acima dos ombros com um corte reto e volumoso, com uma franja reta que lhe cobria as sobrancelhas. 

Ilka não pôde deixar de pensar o quanto a sua colega de quarto estava moderna e elegante, quase parecia outra pessoa.

As duas haviam trocado algumas cartas durante as férias, e estavam bem mais próximas que antes, Emma inclusive havia conhecido um rapaz durante sua viagem e estava bem mais confiante de si mesma.

— Eu senti tanto a sua falta! Trouxe presentes de Paris para você – exclamou Emma, ainda abraçando a sua amiga.

Assim que se separaram e Ilka teve a oportunidade de respirar, a Macmillan percebeu que a Bagshot não estava sozinha.

— Bom dia, Tom. Como vai? – cumprimentou-o.

Riddle pareceu surpreso, talvez não esperasse tal atitude vinda da ruiva, afinal ela sempre se mostrava bastante tímida e envergonhada quando se tratava dele.

— Bom dia, Emma. Estou ótimo, como foram suas férias? – ele perguntou educadamente.

— Simplesmente perfeitas. Ilka, não tive tempo de comentar pois aconteceu nos meus últimos dias na França, mas tenho novidades!

— Jura? Quais seriam? – a loira perguntou, arrastando seu malão em direção ao trem, enquanto Emma a acompanhava.

— Estou noiva! – anunciou, mostrando à Grindelwald o seu mais novo anel de noivado.

A estrutura do anel era bem fina e delicada, provavelmente de ouro devido a cor, mas chamava atenção pela enorme pedra. Ilka não deixou de pensar que a família do rapaz provavelmente é bastante rica para pagar por um anel daqueles.

— Meus parabéns, Emma! Como você disse que era o nome do rapaz mesmo? Terry?

— Thierry! É francês, mas a família inteira fala inglês, eles moraram no Reino Unido durante muito tempo.

As duas continuaram, enquanto se acomodavam no trem, conversando animadamente e Emma contou a Ilka que seus pais estavam planejando o casamento para o fim de seu sétimo ano, assim que se formasse.

 Tomaram posse de um compartimento somente para as duas, onde a Macmillan pôde finalmente abrir o seu malão e entregar um delicado embrulho vermelho para a Bagshot.

Dentro do pacote havia um suéter preto, com um detalhe simples em vermelho na gola, uma barra de chocolate e uma pequena caixa cor-de-rosa que Ilka entendeu como sendo um perfume. A loira abriu a caixinha e cheirou o frasco com cuidado. O perfume possuía uma fragrância doce e de bastante bom gosto.

— Muito obrigada, Emma! Eu adorei os presentes, como não viajei não te comprei nada, mas eu fiz algo pensando em você nessas férias.

Dito isso, Ilka abriu a sua própria mala e tirou de lá um cachecol. Podia-se ver que ele era feito a mão e de um profundo tom de azul. A loira lembrava-se do dia em que vira Emma com um vestido daquele mesmo tom e podia afirmar com certeza: azul era definitivamente a cor da Macmillan.

Emma agradeceu e continuou tagarelando sobre como foram suas férias. Thierry Lestrange era o caçula dos Lestrange, sendo apenas dois anos mais velho que Emma. Os Lestrange eram uma família antiga de puro sangue, e Ilka tinha a impressão já ter ouvido falar sobre eles antes, algo que ela não sabia se considerava bom ou ruim.

O trem não demorou muito para chegar em seu destino. Quando parou na estação de Hogsmeade os alunos já estavam todos devidamente vestidos com seus uniformes. Ilka e Emma compartilharam uma carruagem de trestrálios com outros três alunos da Corvinal, percorrendo o percurso até o castelo em silêncio.

O processo de seleção parecia entediante, na opinião de Ilka. A garota agradecia aos céus por não ter tido de passar por aquilo. Assim que toda a cerimônia acabou, os alunos foram liberados para voltarem a seus dormitórios. Os veteranos seguiram na frente, e os calouros foram guiados pelos monitores. 

Antes que pudesse se levantar, Tom a segurou pelo pulso, impedindo-a de seguir com os veteranos.

— Espere, eu ainda preciso falar com você – ele sussurrou.

O monitor chefe seguiu na frente, guiando os novos alunos da Sonserina e Riddle ficou para trás, vigiando se nenhuma criança ia desviar do caminho, enquanto Ilka caminhava ao seu lado.

— Lendo o livro de sua tia, Hogwarts uma História, percebi que havia uma menção a uma espécie de herança que Salazar Slytherin havia deixado aqui no castelo. Uma espécie de sala, ou como ela mesma menciona no livro, uma câmara – explicou Tom.

— Hogwarts tem uma câmara que foi deixada de herança pelo fundador de Sonserina? Não vejo onde quer chegar.

— Eu também não via o ponto daquilo: porque Salazar construiria uma câmara e a esconderia no castelo? Por isso conversei com Batilda nos últimos dias de férias. Ele escondeu algo lá, algo que somente o verdadeiro herdeiro de Sonserina conseguirá controlar.

— Soa arriscado. Já descobriu onde é a câmara?

— Não exatamente, porém eu tenho as minhas suspeitas. Temo que a entrada seja em algum banheiro, e a lenda diz que a câmara pode ser acessada através de um alçapão oculto e uma série de túneis mágicos, o que provavelmente atrapalharia o encanamento, que foi reformado no ano passado.

— Então seria em um banheiro que tivesse algum tipo de defeito no encanamento? Afinal, a câmara estaria ali, impedindo a reforma do encanamento – deduziu Ilka, tentando entender a linha de raciocínio do Riddle.

— Exatamen...

— Banheiro feminino do segundo andar – Ilka o interrompeu, antes que Tom pudesse sequer terminar a palavra – O banheiro não é muito frequentado, as garotas dizem que lá tem uma pia defeituosa. Já fui lá por curiosidade, a pia tem enfeites de serpente e a única pessoa que já vi habitando aquele banheiro foi uma garota da Corvinal. Acho que ela se esconde lá para chorar.

Tom comentou mais alguma coisa depois da revelação da menina Grindelwald, mas ela não prestou muita atenção no quê, tinha focado sua visão em outro detalhe no garoto.

 O moreno mexia em algo em seu dedo: um anel. 

Ilka não se lembrava de Riddle usando aquele anel antes. Era simples, dourado e com uma pequena pedra escura em formato de cubo.

— Não me lembro de você comprar um anel nas férias – comentou ela como quem não queria nada.

— Eu não comprei – respondeu.

— Onde o conseguiu então?

— Digamos que foi uma herança de família – revelou o garoto e Ilka tenta esconder sua expressão de surpresa.

Ele obviamente não pegaria algo dos Riddle, pois queria apagar a existência daquela família trouxa, então só poderia ter pego o anel de Morfino Gaunt e esse momento havia passado despercebido por ela.

— Estudando alguns livros das prateleiras mais escondidas da biblioteca de Batilda Bagshot também encontrei alguns tópicos interessantes – Riddle se pronunciou, seu tom de voz estava alguns tons mais baixo e ele parecia bastante sério.

— Por exemplo?

— Horcrux, já ouviu falar? É um feitiço de arte das trevas.

Magia mui maligna? Lembro de ter visto essa palavra nesse livro, mas minha memória falha quanto ao seu conteúdo. Provavelmente não achei que o feitiço fosse vir a ser útil para mim – disse Ilka.

Tom e a menina se encontravam já nas masmorras, o monitor chefe havia acabado de guiar as crianças primeiranistas para o salão comunal e os dois veteranos haviam ficado para trás, sozinhos para que pudessem continuar sua conversa em sigilo.

— Sim, já vi esse livro aqui em Hogwarts, mas tenho a impressão que assim que comecei a me interessar pelo seu conteúdo Dumbledore deu um jeito de escondê-lo de mim – revelou o garoto.

— O que o feitiço faz?

— Divide a alma do bruxo, escondendo uma parte dela em um objeto mágico.

— Ok, mas por que você iria querer dividir sua alma?

— Nunca poderei ser morto definitivamente se ainda houver um pedaço de meu interior escondido em algum lugar, entende? É quase como tornar-se imortal.

— Dividir sua alma pode ser perigoso, Tom. Te torna menos humano, menos você. A magia das trevas pode mexer inclusive com o seu físico, eu não uso tanto e já é perceptível algumas mudanças em mim, imagine então o que algo desse nível pode te transformar. Sem mencionar que eu não vejo razão para querer tornar-se imortal. Não devemos temer a morte, devemos acolhê-la, afinal, é a única certeza que temos na vida – Ilka repreendeu e Tom bufou, frustrado.

— Eu não quero morrer Ilka, eu quero transformar o mundo e colocar os bruxos no topo, mostrar a todos como somos superiores e não devemos nos esconder. Exterminar essa raça miserável que são os trouxas, e quero viver o máximo que puder para ter certeza que as coisas vão continuar do jeito que eu sempre quis.

— E você espera conseguir viver esse tanto por causa de uma Horcrux? Não deve demorar muito até alguém descobri-la.

— Sete é o número da perfeição.

— Dividir a alma uma vez já me parecia suficientemente ruim, não quero nem imaginar o que pode acontecer a alguém que a divide sete vezes. Isso é possível?

— Eu não sei.

— E vai arriscar mesmo assim?

— Pensei em tirar minhas dúvidas com alguém antes – revelou o jovem sonserino.

— Eu obviamente não sou esse alguém. Alvo Dumbledore é sem dúvidas o funcionário mais competente dessa escola, e eu duvido muito que ele vá te ajudar.

— Eu não sou burro a ponto de pedir ajuda para Dumbledore, Grindelwald – repreendeu – Eu sei de uma pessoa que nunca duvidaria de meu caráter e ajudaria nos estudos de um aluno dedicado, que leu sobre esse feitiço durante as férias, sem segundas intenções em mente – comentou ele, cínico.

— E quem seria esse ser tão prestativo?

— Nosso queridíssimo professor de poções, Horácio Slughorn – revelou, com um sorriso no rosto.

Ilka riu, com gosto. Não gostava de Slughorn desde o incidente com o caldeirão de Emma em seu quinto ano, mas a garota admirava a maneira como Tom manipulava o professor.

— Boa sorte conversando com o professor então, Riddle. Você vai precisar para não levantar suspeitas. Boa noite – se despediu, abandonando-o sozinho no corredor com seus próprios pensamentos, enquanto ela caminhava graciosamente até a passagem para o salão comunal.

 


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