Powerless Against You escrita por Shiroyuki


Capítulo 6
Capítulo 6. Medo




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Capítulo 6

Medo

 

Deitado no sofá da sala do dormitório, Kirishima segurava seu celular diante do rosto, no alto, olhando as fotos postadas pelos amigos naquele final de semana. Alguns deles haviam aproveitado o tempo livre para voltar para casa, então sua timeline estava repleta de fotos de almoços em família, parentes reunidos e animaizinhos de estimação com saudade. Além dele próprio, Bakugou também havia ficado para trás, e estava jogando alguma coisa na televisão da sala comum, xingando o personagem do jogo como se não fosse ele próprio a controlá-lo. Uraraka também estava no dormitório, no seu quarto, e ele jurava ter visto Fumikage passando pelo corredor um tempo atrás.

Fora esses poucos remanescentes, Kirishima sabia muito bem que Todoroki e Midoriya haviam ficado para trás também. E estava ciente de que os dois haviam saído juntos, mais cedo naquele dia. E se as fotos sutis, de uma mesa em um Café bonitinho que ficava no centro da cidade, postadas por Midoriya poucas horas antes podiam dar alguma pista, eles deviam estar indo muito bem na tarefa de ter um primeiro encontro.

Apesar de não ter feito nada muito relevante, Kirishima se sentia pessoalmente muito orgulhoso de ter participado disso, e incentivado Midoriya a seguir em frente. Já estava planejando em como faria para pegar no pé dos dois por terem se tornado um casal sem que ninguém percebesse, e também em como faria para segurar Bakugou e não permitir que ele soltasse nenhum comentário ácido demais que fizesse com que qualquer um deles se magoasse de verdade. Era uma missão árdua, mas Kirishima tinha confiança de que conseguiria manter o perfeito equilíbrio entre deixar os dois jovens constrangidos, como era dever de um mentor dos assuntos românticos como ele, sem ofendê-los realmente.

A porta da frente se abriu, e Kirishima ergueu a cabeça do sofá, curioso. Só podiam ser os dois, chegando há essa hora. Ele já abriu um sorriso, pronto para verificar se eles estavam de mãos dadas, rostos corados, ou qualquer outro sinal de que o relacionamento deles havia enfim avançado.

O seu sorriso murchou na hora, ao ver Todoroki passar por ele como um furacão, sem nem olhar para os lados, sozinho, na direção do elevador que levava aos quartos. Midoriya ficou para trás, olhando para ele com os olhos ligeiramente chocados, tudo nele gritando que ele não fazia ideia do que deveria fazer. Ele também não notou a atenção de Kirishima, voltada para a cena que se desenrolava ali, e muito menos na presença de Bakugou, inteiramente focado no seu jogo e alheio a todo resto.

Midoriya pareceu tomar uma decisão, mordendo o lábio e erguendo o rosto de uma vez. Se havia algum resquício de lágrimas querendo sair, ele disfarçou muito bem. A determinação que Kirishima viu em seu rosto era exatamente igual a todas as vezes que ele testemunhou Midoriya em batalha, quando ele se concentrava para usar o seu incontrolável poder, e salvar o dia de quem quer que precisasse ser salvo na ocasião.

Quando Midoriya enfim seguiu pelo mesmo caminho em que Todoroki sumiu, Kirishima voltou a deitar para trás do no sofá. Seria se meter demais nos assuntos alheios se ele perguntasse o que havia acontecido para Midoriya depois? Porque ele estava muito curioso. E ele meio que já estava envolvido no assunto, não é mesmo?

Só restava esperar que, seja o que tivesse acontecido naquele curto espaço de tempo, eles conseguissem resolver logo e ficar bem de novo.

— Que merda foi essa?

Para a surpresa de Kirishima, Bakugou havia notado a movimentação na entrada, e presenciado a mesma cena que ele, mas se encontrava muito mais perdido, sem a menor ideia do que acontecia entre os dois colegas, obviamente.

— Nada que alguém com a sensibilidade de um bloco de tijolo maciço como você possa entender, cara.

Bakugou o fuzilou com o olhar, e mesmo estando um pouco mais abaixo da sua linha de visão por estar sentado no chão a frente do sofá onde Kirishima estava, ainda soava ameaçador. Kirishima já havia deixado de achar esse tipo de atitude assustadora há meses, e apenas riu, dando tapinhas tranquilizadores na cabeça do outro.

— Quando você crescer, vai entender o mundo dos adultos…

— Vai se ferrar.

 

—_______________________________________

 

Todoroki permaneceu em silêncio durante toda a viagem de volta, e no caminho da estação para a escola. Assim que chegaram próximo a Yuuei, soltou a mão de Midoriya, e ele sentiu falta do calor confortável com o qual havia se acostumado durante todo o decorrer daquele dia imediatamente.

Izuku queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, que pudesse fazer aquela expressão pesada sumir do rosto de Todoroki de vez, mas só conseguiu assistir em silêncio enquanto ele andava a passos urgentes para dentro dos dormitórios, e escapava do seu alcance. Midoriya não sabia o que fazer. Queria chorar. Queria ir até Endeavor e fazê-lo pagar por cada um dos traumas que ele havia imposto ao seu filho, e pela forma como ele ainda impactava tanto a vida dele mesmo estando distante. Mas ele sabia que nenhuma das opções era válida. Chorar não resolveria nada. E Endeavor ainda era mais forte do que ele, então, por enquanto, não havia nada que Midoriya poderia fazer contra ele.

E Todoroki estava sozinho. Precisava dele. Midoriya engoliu todos aqueles sentimentos ruins que o atacavam, e seguiu atrás dele, porque agora não era hora de pensar sobre si próprio. Precisava estar ali para Todoroki e oferecer o que quer que ele precisasse naquele momento.

Seguiu pelo elevador, parando no segundo andar, apesar de não ter certeza de que ele estaria ali. Seu palpite estava correto, porém. Encontrou-o parado no meio do corredor que levava ao seu quarto, de cabeça baixa, esperando por ele. Não ergueu o rosto nem quando Izuku se aproximou, apesar de ser impossível não tê-lo notado. Estavam só os dois ali.

— Todoroki-kun… – Izuku mordeu o lábio, sem saber exatamente o que dizer a seguir. Perguntar se ele estava bem parecia leviano, quando era tão óbvio que não estava. Ergueu a mão, pensando se seria apropriado tocá-lo, mas ele recuou, afastando-se do seu alcance enquanto virava de frente para ele. Izuku tentou não levar isso para o lado pessoal, mas não podia negar, doeu um pouco ser rejeitado daquela forma tão sutil.

— Desculpe, Midoriya, eu… não quis deixar você para trás. Eu só… – Shouto soltou o ar devagar, pesadamente. Explicar como se sentia, com palavras, nunca foi uma tarefa fácil, e provavelmente nunca seria, para ele. Ele não era adequado para nada que envolvesse sentimentos, aparentemente.

— Está tudo bem. – Midoriya replicou, a voz comedida. Dessa vez, não tentou se aproximar nem tocar nele. – Você quer entrar para conversar? – ele apontou para o próprio quarto, diante do qual estavam. Todoroki hesitou notavelmente, negando com um fraco balançar de cabeça.

— Desculpe Midoriya. Acho que se eu entrar, vai ficar mais difícil…

— Do que você está falando?

— Nós não deveríamos… não devemos… Eu não devo. Acho… que eu cometi um erro. Me desc..

— Pare de pedir desculpas, por favor. – Midoriya baixou a cabeça. Sua voz quase não saía. Ele entendeu, sem precisar de muito, o que acontecia ali.

— Você ouviu o que aquelas garotas falaram. Vai ser sempre assim. O meu pai… ele… se ele souber… Eu não consigo imaginar o que ele seria capaz de fazer. Eu não posso arrastar você para isso, Midoriya.

Todoroki queria falar mais, mas as palavras não saíam. Ele simplesmente gostava demais de Midoriya para permitir que seu pai fizesse com ele o mesmo que fez na sua vida durante todos aqueles anos. Porque todas as vezes que Todoroki gostava de algo, isso era arrancado dos seus braços antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, e ele não aguentaria ver isso acontecer com Midoriya. Seu pai não o alcançaria, não se ele se mantivesse afastado.

— Eu não tenho medo do seu pai.

Sem erguer os olhos do chão, Todoroki podia sentir com exatidão o peso das palavras e o olhar determinado de Midoriya. Já havia visto esse mesmo olhar no rosto dele por tantas vezes que dificilmente isso sairia da sua memória. Sabia que ele era sincero no que dizia, que enfrentaria tudo de cabeça erguida, não importando qual fosse a ameaça. Era uma das características que adorava nele, afinal.

— Mas eu tenho. – ele respondeu, a voz mal passando de um sussurro, mas sabia que Midoriya havia escutado. – E eu não posso arriscar… – perder você. Ele queria dizer, mas se pronunciasse em voz alta, tinha medo do que isso representaria. Havia pensado muito, no caminho até ali. Seu pai era poderoso. Influente. O bastante para que isso estivesse constantemente assombrando-o, não importava para onde ele fosse ou o que fizesse. Mesmo agora, que já não morava com sua família, e podia sentir aos poucos as amarras que o prendiam a ele se soltando, ele sabia que a influência de Endeavor na sua vida não sumiria em um piscar de olhos, apenas porque ele estava longe. Ele podia conseguir lidar sozinho com Endeavor em algumas ocasiões, provocá-lo até o limite quando possível, mas havia muito a perder agora. Quando as pessoas o viam, elas enxergavam Endeavor, e isso não mudaria tão cedo. Não enquanto Todoroki não fosse capaz de tornar-se alguém visível por si só, pelo seu próprio mérito e seu próprio nome.

Todoroki Enji podia acabar com a vida de Midoriya, se quisesse. Podia fazê-lo em um piscar de olhos, se julgasse que a presença dele fosse uma ameaça aos seus planos. Não literalmente, claro – Endeavor, finalmente o herói número 1, jamais ousaria agredir um civil, ou um aspirante a herói, e correr o risco de isso ir a público. Mas ele tinha muitos outros meios para exercer sua influência. Todoroki não havia pensado nisso até aquele momento, estava tão feliz com tudo o que o rodeava que as consequências do que faziam não haviam passado pela sua cabeça. Midoriya era apenas um estudante com o sonho de tornar-se um herói. E Endeavor tinha todos os recursos para inviabilizar isso, se colocasse os olhos nele e o elegesse como um alvo.

Todoroki jamais permitiria que isso acontecesse com Midoriya.

— Eu entendo, Todoroki. – A voz suave de Midoriya soou com um alento em seus ouvidos, mas logo depois, a culpa varreu qualquer sensação boa que tivesse atingido-o. Ele não merecia a gentileza de Midoriya, não depois de tudo. – Não precisa falar nada, eu entendo.

Não era o que Todoroki esperava ouvir, e doeu mais do que ele imaginaria. Talvez ele preferisse que Midoriya brigasse com ele, passasse a desprezá-lo. Se ele fosse capaz de ignorá-lo, isso seria muito mais fácil. Se ele o odiasse, Todoroki aprenderia a conviver com esse fato. Mas compreensão e paciência não eram coisas que Todoroki estava acostumado a receber, e ele ainda não sabia como lidar com isso.

— Você não entende. – a voz saiu dolorida da sua garganta, e ele sabia que a expressão pesada de Midoriya havia acabado de se aprofundar ainda mais. Não era sua intenção, mas se era necessário para manter Midoriya afastado, ao menos até que ele pudesse ser forte o bastante para protegê-lo, então, que fosse assim. – Eu não posso fazer mais isso.

Midoriya se aproximou, a mão se erguendo quase em súplica, tentando de alguma forma trazer um conforto que Todoroki sabia que não merecia. Ele balançou a cabeça em negação, desvencilhando-se do toque acolhedor de Midoriya, e de qualquer possibilidade de voltar atrás da decisão que havia acabado de tomar.

Apenas um vislumbre das cicatrizes que adornavam a pele do outro foram o bastante para fazer Shouto recordar do motivo pelo qual não podia mais continuar a deixar Midoriya entrar em seu mundo daquela forma. Porque era assim que todos que ousavam fazer isso acabavam. Quebrados, com cicatrizes incuráveis. Era isso o que ele causava nas pessoas. Foi assim com sua mãe, e não seria diferente com Midoriya. Ele não permitiria que fosse assim.

— Está bem. – a voz suave de Izuku voltou a soar antes que Shouto conseguisse formular algo para dizer. Qualquer argumento que fosse suficiente para convencer Midoriya e principalmente a ele próprio de que o melhor rumo a tomar era esquecer completamente que os últimos dias sequer existiram. Nada coerente surgia em sua mente. — Está tudo bem, Todoroki-kun.

Midoriya sorria, e Todoroki conseguia enxergar com dolorosa clareza o quando o sorriso dele doía. Desviou o olhar para o chão. Era melhor não ver. Se olhasse, e percebesse as lágrimas que rapidamente se acumulavam na borda dos olhos verdes do outro (ele sempre chorava tão facilmente!), corria o risco de mudar de ideia. E ele não podia se deixar levar. Não entraria em lutas que não tinha certeza de obter a vitória, não importando o que isso custasse, e naquele momento, ele não tinha armas, forças nem meios para lutar. Seu poder não era o bastante para proteger Midoriya de seu pai.

Não que Midoriya fosse alguém que precisasse de proteção, isso já havia ficado bem claro com todo o decorrer daquele primeiro ano letivo, mas a luta que Shouto temia não dependia somente de força física ou do nível de habilidades. Era… interno. Pessoal. Era um poder que Endeavor possuía sobre ele, somente, e que nada tinha a ver com as chamas que ambos possuíam, nem com a individualidade herdada por sua mãe. Shouto não sabia explicar, mas o peso disso ainda apertava seu coração, pairava como uma sombra negra sobre seus pensamentos a qualquer hora do dia, e invadia seus sonhos durante as noites.

Ele não queria que Midoriya presenciasse isso. Ele emanava tanta luz própria, um Sol brilhante e espontâneo que atraía Shouto sem esforço na sua direção. Cobrí-lo com essa sombra não era justo. E ele faria o possível para evitar que isso acontecesse – nem que para isso, precisasse se privar da companhia daquele que se tornara seu principal motivo para levantar todas as manhãs. Esperaria pelo momento em que fosse forte o suficiente para erguer-se e estar ao lado dele sem precisar temer nada nem ninguém. E até lá… até lá só podia esperar que Midoriya entendesse. Mesmo que ele não tivesse explicado nada, na verdade.

Mas Midoriya tinha que entender que não era para sempre. Que não era definitivo. Que não era um “não podemos” e sim um “eu não posso agora”. Será que ele havia entendido? O coração de Todoroki batia tão descompassadamente que ele mal podia ouvir os próprios pensamentos. Ele era horrível nisso. Não sabia transmitir essas batidas loucas no seu peito e esses pensamentos incoerentes em palavras. Não podia retribuir o cuidado e atenção que Midoriya dispensava a ele, simplesmente por que nunca aprendera como fazer isso.

Ele ainda não era o suficiente.

O toque suave de mãos calejadas nas costas da sua mão o fizeram erguer os olhos mesmo contra a vontade. Midoriya ainda sorria, claro que sorria. Ele havia aprendido isso com All Might, certo? Sorrir sempre. Até o fim

Não era o fim. Todoroki forçava o pensamento, e tentava fazê-lo sair, mas não conseguia. Ele também não tinha certeza. Faria sentido fazer uma promessa se não fosse capaz de cumprí-la? A insegurança esmagava a pequena chama otimista que teimava em soar com a voz de  Midoriya na sua mente.

— Desculpe, Midoriya.

Era a única coisa que ele era capaz de dizer sem desmoronar.

Qual havia sido a última vez que chorara? Ele havia chorado durante a luta no festival esportivo? Não importava o quanto forçasse a memória, não conseguia lembrar. Faria sentido chorar em uma situação daquelas, não? Mas ele tinha quase certeza de que não chorava desde que era muito pequeno. Talvez, desde a cicatriz em seu olho. Sua memória não ajudava naquele momento.

Agora, seus olhos ardiam, secos. Talvez ele tivesse perdido a capacidade de chorar, afinal.

— Está tudo bem. – Izuku repetiu. Os olhos dele estavam úmidos, como Shouto sabia que estariam. Tudo o que faltava em Todoroki, Midoriya tinha de sobra, inclusive lágrimas. Mas ele não chegou a chorar, não dessa vez. — Quando você estiver pronto, eu também vou estar, está bem assim?

Todoroki estava tentando, ele podia ver isso. Era algo que apenas Todoroki podia fazer por si, e Izuku não sabia como ajudar, por mais que quisesse mais do que tudo apenas estender a mão e resolver todos os problemas que houvessem, de uma só vez. Lá no fundo, ele tinha consciência de que forçar um caminho em meio a tanta coisa que ele ainda desconhecia podia ser ainda pior, mas era tão difícil simplesmente não saber o que poderia ser feito.

Todoroki respondeu à indagação de Izuku com um pequeno aceno de cabeça, sem nem ao menos erguer os olhos outra vez. Izuku se aproximou, ainda segurando a mão de Todoroki, de leve. Não estava pronto para soltá-la, ainda. Será que Izuku ainda tinha permissão para um primeiro beijo? Um último beijo, na verdade. Como em uma despedida parecia ser a definição errada, mas como em um até breve. Um espero por você.

Não nos lábios. Isso não seria justo, nem com si próprio nem com ele. Midoriya o beijou no canto da boca, naquele mesmo lugar onde havia dado a ele um quase primeiro beijo acidental, e se contentou com isso. Todoroki pareceu surpreso, mas não se moveu e não respondeu. Izuku se afastou e soltou a mão dele, e dessa vez, não teve forças para permanecer firme e fitá-lo nos olhos outra vez. Acenou brevemente (e a mão que antes estava sobre a de Todoroki ainda conservava aquele mesmo calor familiar que fazia sua pele formigar), o sorriso que ele se esforçava para manter desmanchando-se a medida que ia um passo para trás de cada vez, até encostar na porta do seu quarto.

— Obrigado por hoje, Todoroki-kun. – Ele reuniu coragem para dizer. Por sorte, sua voz não engasgou. – Foi um dia maravilhoso.

Não esperou por resposta, ainda que soubesse que dificilmente alguma viria, e fechou a porta atrás de si logo depois de entrar, em um único movimento. Todoroki não era bom com palavras, mas isso não o magoava. Na verdade, o que doía mais era saber que não havia nada que pudesse fazer para ajudar Todoroki dessa vez.

Izuku tinha um longo histórico de se meter onde não era chamado, abrir um caminho à força e ajudar as pessoas, quer elas quisessem ou não, isso era bem verdade, e não havia como se defender disso, mas agora era diferente. Ele conhecia Todoroki, e ele sabia. Apesar de não ter uma relação nada próxima com o próprio pai por causa da distância, e de ter uma mãe tão maravilhosa quanto a sua, Izuku sabia até certo ponto o quanto a vida de Todoroki havia sido influenciada pela forma como seus pais o trataram, e sabia que isso não se resolveria de uma hora para outra, com algumas palavras berradas em um estádio no meio de uma luta, muito menos com uma declaração adolescente desajeitada ou um primeiro encontro inexperiente.

E não havia nada que ele pudesse dizer ou fazer para ajudar. Não dessa vez. Como ele poderia arriscar, quando nem sabia ao certo o quê havia de errado? Izuku não pressionaria. Não iria forçar Todoroki a nada que não fosse totalmente confortável para ele. Não havia nada a ser feito, não estava a seu alcance. Todoroki precisava de tempo para pensar, e Izuku daria isso a ele. Não tinha intenção de forçar nada. Ficaria de longe, ofereceria todo o tempo do mundo, e continuaria ali, esperando por ele.

Às vezes, e ele aprendeu isso do jeito mais difícil, o trabalho de um herói se resumia em apenas sentar e observar, simples assim.






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