1. A IMORTALIDADE

    “FALO SÉRIO, ARO FICOU REALMENTE COM MEDO DE VOCÊ”

    O tempo é a coisa mais preciosa que existe. Mas, não posso evitar gastá-lo com conversas bobas durante a noite.

    Edward continuava insistindo com isso. Era a coisa mais boba que já havia ouvido.

    Mesmo sabendo que o que ele havia dito era verdade; eu simplesmente não conseguia acreditar que pela primeira vez, eu havia conquistado algo bom.

    Geralmente eu era o imã dos problemas que se arrastavam para mim quando era humana; eu nunca me acostumei com o fato de que agora me encaixava em algum lugar, e que agora podia resolver meus problemas sozinha. Nem havia me acostumado, com o poder que eu tinha.

    “Não.” discordei “Foram os lobos que assustaram eles.”

    Eu poderia corar se ainda tivesse o meu corpo vulnerável.

     Antes eu achava que Edward exagerava na minha proteção, mas, depois de minha transformação percebi que ele estava certo.

    Agora, a única coisa que faltava, era começarmos a discutir só por causa de quem fez o que.

    Ele já havia dito isso á todos na casa de Esme.

    Após a despedida de todos, eu e Edward fomos para casa, eu testei minha nova capacidade de mostrar a ele meus pensamentos, e nós, como sempre, mostramos o nosso amor um pelo outro.

    Logo depois, a discussão de quem havia feito os Volturi recuarem começou.

    Eram cerca de seis da manhã. O sol já começara a nascer, e iluminava maravilhosamente o rosto de meu marido.

    “Bella.” ele interrompeu meu protesto “Eu li a mente deles.” ele frisou a palavra.

    “Deles?” perguntei.

    Ele deu um enorme sorriso.

    “Todos estavam com medo de você. É verdade.” ele acrescentou ao ver minha cara de brava.

    “Certo...”

    Não que eu duvidasse de minha capacidade, eu só achava errado darem todos os créditos para mim.

    “Nessie já vai acordar... Escolha uma roupa que você goste para ela vestir, aparentemente, alguém não consegue ficar sem as tias por muito tempo.” ele riu.

    Eu sempre gostei de ver toda a família reunida... Renesmee brincando com Emmett, Alice e Rose a arrumando, Esme dando brinquedos para ela se distrair...  Era incrível toda a atenção que era dirigida á ela.

    Era a pessoa que mais trazia alegria a nós.

    “Mamãe?” uma voz sonolenta logo penetrou meus ouvidos, era uma das vozes pela qual eu andaria em brasa e faria mais alguns absurdos somente para ouvi-la...

    Levantei-me da cama e corri até o quarto dela.

   O sol iluminava toda a casa pela janela... O efeito que essa claridade causava ao lugar... Era maravilhoso...

    Eu nunca havia pensado em como a visão de uma vampira podia mudar até mesmo meu humor pela manhã...

    Estava irradiando alegria! O sol e o brilho das coisas me faziam alegre... As diversas cores... Tudo.

    “Bom dia, meu anjo.”

    Nessie estava sentada na cama e esfregava os olhinhos resmungando.

    Eu andei até sua cama e acariciei seus cabelos.

    Ela deu um sorriso fraco, e esticou os braços em minha direção, eu a peguei no colo e a abracei forte.

    “Bom dia mamãe...” disse.

    Esfregando os olhos novamente, ela abriu um de cada vez, e os arregalou ao me olhar.

    Quase imediatamente, ela tocou meu rosto.

    Lindo... Mamãe, você brilha!

    Eu ri e a levei até o seu banheiro.

    Eu escovei seus dentes e penteei seus cachos.

    Por mais incrível que pareça, eu podia ver cada mínima onda que seus cabelos produziam...

    Ela era completamente perfeita! A mistura de ser vampira e humana a fizera completamente perfeita.

   “Bem... Você quer ir para a casa de sua avó, não é?” perguntei enquanto a arrumava.

    Ela balançou a cabeça afirmativamente.

   “Muito bem...” disse “Vamos escolher algo para você vestir...”

    Fomos até o enorme closet que Alice havia construído para ela, então, com ela já vestida, olhamos o seu reflexo no espelho de seu quarto.

    Ela estava encantadora...

    Seus cabelos iam até sua cintura, e ela vestia uma saia preta com uma meia calça da mesma cor, botas e uma blusa que era xadrez nas cores preto e branco.

    “Está linda...” eu a admirei.

    Ela corou, e voltou o seu olhar para um objeto que brilhava no canto de seu quarto.

    Era o colar que Aro me dera.

    Renesmee foi até onde ele estava, e o pegou nas mãos.

    Eu podia perceber que seus olhos brilhavam de admiração, e ao mesmo tempo desapontamento.

    “Por que não o colocou?” indagou em um tom chateado.

    Eu me sentei na cadeira de seu quarto, e a coloquei em meu colo.

    “Eu achei que você fosse gostar de brincar com ele.“ respondi.

    Ela sorriu mostrando todos os dentes.

    “Ele me lembra você” disse “Ele brilha, e é lindo! Que nem você!”

    “Obrigada querida...”

    Ela ergueu os olhos – meus olhos – para mim, com uma expressão de curiosidade.

    Sua expressão que antes era alegre, agora estava desapontada.

    “Mamãe?”

    “Sim?”

    Renesmee me olhou intensamente, como se quisesse me obrigar a dizer algo.

    “Você não gosta de Aro.” afirmou.

    Eu olhei bem para ela, e respondi a verdade.

    “Aro queria nos machucar, querida...”

    Ela me interrompeu.

    “Não é isso. Eu senti que não havia amizade entre vocês.”

    Com esta nota enigmática, ela saiu do cômodo, me deixando sozinha, pasma.

    “Ela só quer saber por que desprezou um presente dessa maneira.”

    Edward agora estava do meu lado, e mexia em meu cabelo.

    “Ela é inteligente demais. Disse que sentiu algo. Você sabia disso, não sabia?” acusei.

    “Renesmee sentiu a maldade do ambiente...” explicou “Ela viu que ele não era de confiança, e queria que você fosse protegida da presença dele... Ela te amou desde as primeiras semanas de vida. Só quer te proteger.”

      Eu ignorei completamente o ocorrido, e antes que eu o percebesse, estávamos correndo a maior velocidade.

    A floresta era um dos lugares em que eu mais me sentia bem... Era uma sensação boa que percorria meu corpo...

    Talvez fosse a lembrança de que eu sempre corria ali.

    Correr e ser bonita... Ser rápida, não ser mais desajeitada... Minha vida era perfeita! Bem, não era exatamente uma vida... É como uma existência...

     De repente, eu fui parando com a corrida, passos leves e suaves haviam se juntado a nós.

    “Bom dia, Bella!”

    Uma Alice completamente sorridente invadiu meu campo de visão e me abraçou.

    Era ótimo vê-la de novo.

    Eu havia ficado transtornada com o tempo que ela nos deixou sozinhos.

    Era praticamente um alivio ouvir sua voz de novo...

    “Bom dia, Alice!”

    Ficamos abraçadas por um tempo até perceber que havíamos ficado para trás.

    Ela olhou para o local onde Edward e Renesmee há pouco desapareceram, e sugeriu que voltássemos a correr.

    “Bella...” ela disse “Eu perdi um mês da vida da minha família... Você pode me contar o que aconteceu? Ninguém me quis dizer absolutamente nada... Eu magoei a todos, não foi?”   

    Eu quase chorei quando ela perguntou isso. A dor era evidente em sua voz.

    “Nada.” Eu respondi com frieza. “Nada aconteceu... Você e Jasper deixaram Esme depressiva. Carlisle não ria nunca. Edward só voltou a tocar cerca de duas semanas depois que vocês partiram. Renesmee... Pobrezinha... Quando ela entendeu o que havia acontecido ela chorou pela primeira vez na vida! Emmett não fazia mais brincadeira alguma, e Rose... Nunca a vi tão triste...”

    Alice pulou para cima de mim e me abraçou com muita força.

    Eu sabia que ela estava chorando, mas a culpa de tudo ter acontecido não era dela. Era minha.

    “Desculpe Bella!” soluçou “Mas você sabe que eu fiz o que era preciso! Não tinha outro jeito...”

    “Calma Alice...” eu a interrompi “Nós já superamos isso... Desde que você não faça isso de novo, vai ficar tudo bem...”

    Parte de minha mente se preocupava com ela, a outra parte pensava em como seria se ela e Jasper nos deixassem para sempre... Seria horrível. Não haveria mais alegria naquela casa.

    “Nessie! Não faça isso! Ai!”

    Renesmee estava sentada na cadeirinha de bebê e Jake tentava dar um pouco de couve para ela. Bem, o vegetal nem chamava a sua atenção. Ela preferia morder a mão de Jacob.

     “Renesmee... Você está machucando ele!” eu a repreendi.

     Ela ficou quieta e abraçou Jake como um pedido de desculpas.

    “Tudo bem baixinha... Eu já vi que você não vai comer isso de jeito nenhum...” ele disse abraçando a ela também.

    Eles correram para o quintal, e começaram a brincar de pega-pega.

    Eu suspirei com a cena.

    Será que um dia ao invés de estarem brincando eles estariam cuidando de seus filhos?

    Era bem provável que isso acontecesse.

    Iria ser bem estranho... Ver minha filha com alguém que eu realmente já tinha amado uma vez.