O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 8
Capítulo 8




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Pyrrha estava meio escondida esperando ser chamada, na verdade ainda nem havia começado, ela podia ver os últimos retoques no cenário serem feitos, o palco tinha um chão de vidro onde desenhos de engrenagens eram projetados dando um efeito de movimento, a mesa ficava a esquerda e logo do lado um grande sofá em forma de L.

— Nervosa? — Uma voz delicada soou do seu lado.

— Um pouco.

— Não é seu ambiente natural, não é? — Ela lhe sorriu amistosamente.

— Não… — respondeu um tanto tímida para a garota ômega bem mais baixa que ela.

— Tem um truque que eu sempre uso quando estou com frio na barriga antes de entrar no palco. — Ela parou e Pyrrha notou seu olhar meio distante e o sorriso saudosista no rosto. — Sabe quando você é criança e está brincando e seu quarto? Suas bonecas são a sua planeia, uma escova de cabelo vira microfone e tudo não passa de diversão? Nada de trabalho ou coisas chatas de adultos? — Ela se virou e seus olhos azuis estavam brilhando. — Eu penso nisso e sempre funciona.

Pyrrha sorriu para ela:

— Muito obrigada. 

 

~**~

 

Na frente do palco, as luzes foram acesas e as câmeras apontadas, a música de abertura tocou e os holofotes ficaram no centro onde um homem beta vestindo uma camisa de gola alta verde e paletó por cima estava.

— Boooa noite, estimada plateia, os aqui presentes e os que nos acompanham de casa. — Ozpin saudou todos de forma animada e uma nova saraivada de gritos e palmas foram ouvidos. — Como podem ter notado, estamos com um cenário um pouco diferente esta noite. Um cenário maior! E isso porque nosso programa de hoje será especial! É o nosso programa de número 400! 

O auditório explodiu em gritos. Depois que barulho diminui, Ozpin continuou:

— Há sete anos e seis meses, o primeiro Oz Night Show ia ao ar! E veja onde nós chegamos! Vários artistas consagrados passam por este palco, outros que estavam com começo de carreira, atletas, modelos, diretores e todo o tipo de pessoas interessante. E hoje não será diferente, com convidados que eu selecionei a dedo para nossa diversão de hoje!

Ozpin fez uma pausa dramática e ajeitou seu icônico óculos redondo minúsculo em seu rosto.

— Eu quero uma enorme salva de palmas para nossa primeira convidada da noite, a recordista mundial e medalha de ouro nas olimpíadas do ano passado no triatlo; Pyrrha Nikos! 

Pyrrha entrou com uma salva de palmas e gritos do auditório e acenou indo até o apresentador em pé no meio do palco.

— Olá. — Ela sorriu sem jeito.

— Primeiro quero dizer que é uma honra recebê-la aqui. Quer dizer, sua história de superação ganhou o mundo e de repente, estávamos todos ali torcendo por você em um esporte que não é tão popular.

— Eu que fiquei muito feliz pelo convite, nunca achei que estaria aqui com o senhor hoje.

Ozpin riu:

— Me chame de Oz, e se você estiver feliz, nos estaremos feliz! Vamos ter tempo para conversar sobre o que todos querem saber, mas por hora, que tal recebemos nossa segunda convidada da noite?

A plateia urrou animada.

— É com imenso prazer que eu recebo novamente em meu programa, a princesa popstar, Weiss Schnee!

Weiss entrou saudando a plateia que gritou seu nome.

— Bem-vinda de volta. — Ozpin a cumprimentou.

— O prazer é meu.

— Tenho certeza que o prazer nosso será maior assim que você cantar algo para nós ouvimos. 

— Pois então, vou fazer isso agora! 

Ozpin se retirou com Pyrrha para que Weiss pudesse ter o palco para si e cantar uma de suas músicas que encantou todos no auditório.

 

~**~

 

— Voltando do intervalo, aqueles comerciais não são ótimos? Tomará que seja, porque é graças a eles que eu recebo o meu salário. — Ozpin disse já bebericando sua tradicional caneca de café, ele estava atrás de sua mesa e Weiss e Pyrrha sentadas no sofá. — Vamos conversar agora com essas duas valentes e vencedoras garotas. Pyrrha? Todos querem saber um pouco mais de você, sua história ganhou o mundo, durante uma prova um fanático invadiu a pista na hora da prova de ciclismo causando um acidente envolvendo várias atletas, e você foi a mais prejudicada que acabou quebrando a perna e isso ameaçou seriamente suas chances de sequer participar dos jogos olímpicos do ano passado. Como foi esse processo de superação do acidente, da lesão até você chegar na medalha de ouro?

— Ah, Oz, a primeira sensação foi de não acreditar no que estava acontecendo, faltava apenas cinco meses até os jogos olímpicos e se recuperar de uma lesão com aquelas era algo muito difícil nesse tempo…

Weiss ficou atenta a história da beta Pyrrha enquanto Oz fazia comentários pertinentes, quando a atleta parecia ter chegado ao fim, o apresentador resolveu chamar seus outros participantes.

— Isso foi inspirador, Pyrrha, mas temos mais convidados inspiradores para essa noite. — Oz começou. — Quero chamar ao palco nossos dois outros convidados da noite, Neon Katt e Yang Xiao-Long! 

Ainda bem que a plateia fez uma enorme barulho porque se não, as pessoas teriam reparado em sua expressão de horror ao ouvir aquele nome.

— Oooooolá, pessoal! — Neon correu para o meio do palco gritando e saltitando, ela arrastava uma Yang bem sem graça atrás dela.

— Isso ai, quero uma salva de palmas para o fenômeno das paradas de sucesso, Neon e para a campeã de MMA dos meio-médio, Yang! 

Weiss suprimiu sua vontade de gritar, que enrascada ela tinha se metido. No momento seguinte, Neon foi levada a cantar uma de suas músicas genéticas cheias de batida eletrônica e efeitos, Weiss teria de passar cinco minutos a vendo pular de um lado para o outro e balançar a bunda ao som de “Não Perca o Ritmo”  música mais chiclete do momento.

Ela viu Yang se aproximar para sentar no sofá ao lado de Pyrrha, de repente Weiss percebeu que se a alfa lutadora se sentasse ali o único local que sobraria para a Neon seria ao seu lado. Não! Definitivamente ela não ia se sentar ao lado daquela ômega abusada e colorida.

— Yang, senta aqui! — Ela sorriu de um jeito quase nervoso, a alfa piscou parecendo não acreditar na oferta dela.

— Sentar… do seu lado?

— Sim, senta logo.

— Oi, como você está? — Yang perguntou suavemente e sorrindo, mas pelo jeito que ela estava girando o microfone em suas mãos, ficava evidente que a loira estava nervosa.

— Estaria melhor se ela não estivesse aqui. — Weiss respondeu fazendo uma leve careta para a Neon que ainda estava balançando sua bunda para as câmeras.

— Você não gosta dela? — Pyrrha perguntou. — Aliás, prazer em te conhecer, Yang.

— O prazer é todo meu, você é incrível. — A alfa respondeu abrindo um sorriso bem radiante, Weiss entendeu naquele momento porque Neptune dizia que ela tinha o sorriso mais lindo. — Mas então, você não gosta dela? A gente tava no mesmo camarim e a Neon foi bem legal, até me convidou para uma festa.

— Ela só deveria está dando em cima de você, ela dá em cima de qualquer alfa que vê pela frente. — A ômega respondeu presunçosa. — Mas respondendo a sua pergunta, não, nós não nos damos bem, por isso eu preciso que você fique aqui do meu lado, para pôr o máximo de distância possível entre mim e ela.

— Ah, entendi. — Yang não disfarçou muito bem seu desapontamento e Weiss ficou se perguntando o porque.

 

~**~

 

Quando Oz chamou o intervalo comercial, Neon veio se juntar a eles.

— Weiss, que bom te ver de novo! — Ela disse com sua voz de soprana, ela olhou em volta e fez uma expressão caricata de tristeza. — Eu quero sentar ao lado da Yang, abram espaço ai! 

Weiss estava prestes a dizer que aquilo era inconveniente, mas Pyrrha se levantou e se afastou mais para ponta e quando Yang fez o mesmo movimento, ela se viu afastando também, agora Neon se sentou na outra ponta de modo que a alfa ficou entre ela e Weiss.

No tempo antes do intervalo terminar, Neon parecia determinada a bombardear Yang com maior número possível de comentários inconvenientes sobre o cabelo dela, sobre os músculos dela, argh! Como Weiss não suportava aquela ômega.

— Voltamos agora com o nosso programa especial de número 400! — Oz falou já de volta a seu lugar atrás da mesa. — Yang? Você tem uma trajetória no esporte igualmente fantástica, segundo o que me disseram, você foi a campeã mundial mais jovem da história de uma arte marcial chamada sanshou, estou certo?

— Sim, eu tinha 19 anos!

— Mas você só entrou no MMA com 24, por que?

— Bem…

Weiss nunca esteve tão próxima de Yang assim, ela pode ver como o lábio inferior da loira tremeu em um claro momento de hesitação e um lampejo de dor passou por seus olhos, ela conhecia aquele sentimento, de quando uma lembrança ruim emergia repentinamente em sua mente.

— Quando eu tinha 22 anos o meu pai morreu devido a um câncer bem agressivo e durante esses dois anos eu tivesse lutando para me recuperar, e… alguém me apresentou ao MMA e de repente eu tinha um motivo para voltar a lutar e acho que meu pai estaria orgulhoso agora.

Weiss sentiu uma forte empatia por ela, de onde tinha vindo esse sentimento de querer consolar aquela alfa? Ela nem fazia ideia.

— Aaaah, com certeza ele estaria mega orgulhoso de você! — Neon falou e jogou os braços ao redor de Yang lhe dando um abraço desajeitado e mais uma vez a alfa ficou constrangida pelas ações inconvenientes da cantora.

Mas, pelo menos, serviu para dissipar um pouco do clima pesado que havia se formado.

— Sabe o que seria uma boa pedida agora? Uma música, Weiss, poderia nos dar a honra? — Oz perguntou.

— Claro. — O público aplaudiu e Weiss se dirigiu ao centro do palco novamente a equipe de produção havia organizado as coisas, dois banquinhos e dois microfones armados em tripés. — Eu gostaria de convidar um amigo, que cantará uma música inédita comigo esta noite para vocês. — A ômega disse. — Ele é uma jovem promessa e tenho certeza que irão adorá-lo, conheçam Jaune Arc! 

Jaune entrou todo tímido com um violão nas costas, ele se sentou no banquinho na frente de Weiss e posicionou o microfone alinhado a sua boca.

— Pronto? Eu estou aqui com você. — Weiss disse para tranquilizá-lo e ele assentiu.

Ele começou a tocar o violão e a música encheu o local com uma suave melodia, Weiss começou a cantar com sua voz angelical:

Quem me chamou

Quem vai querer voltar pro ninho

E redescobrir seu lugar

Pra retornar

 

E enfrentar o dia a dia

Reaprender a sonhar

Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim

Continua sempre que você responde sim à sua imaginação

 

Jaune entrou cantando:

 

A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não

Você verá que a emoção começa agora

Agora é brincar de viver

E não esquecer, ninguém é o centro do universo

Assim é maior o prazer

 

Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim

Continua sempre que você responde sim à sua imaginação

 

Os dois cantaram juntos:

 

A arte de sorrir

Cada vez que o mundo diz não

E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho

Como sou feliz, eu quero ver feliz

Quem andar comigo vem,

Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim

Continua sempre que você responde sim à sua imaginação

A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não.

 

— Que música linda! — Ozpin chamou assim que a apresentação terminou. — Vamos nos recuperar desta obra de arte durante nosso intervalo comercial. Voltamos em um instante. 

Jaune e Weiss voltaram, ele se sentou ao lado de Pyrrha em uma cadeira que foi colocada ali para ele e Weiss voltou para o lado de Yang. 

— Você… quer dizer, essa nova música é realmente bem bonita. — Yang disse se atrapalhando um pouco com as palavras. 

— Quem disse que é nova? — Weiss perguntou levantando uma sobrancelha de forma divertida. 

— Eh… Bem… não é nova não? 

Weiss riu um pouco. 

— Eu só estou brincando com você. 

— Ah! — Yang riu também. 

— Voltando do nosso intervalo. — Ozpin chamou. — Essa semana vários acontecimentos encheram as páginas de nossos jornais, mas o assunto que deu o que falar foi o lançamento da candidatura do empresário multimilionário Jacques Schnee a corrida presidencial… e a pergunta que não quer calar, Weiss? O que tem a dizer sobre a candidatura de seu pai?

Por um instante foi como se o tempo tivesse parado e todos olharam para Weiss segurando a respiração. A ômega parecia tranquila quando levou o microfone perto da boca e falou com suavidade quatro simples palavras:

— Eu não voto nele.

Yang sentiu um pequeno sorriso se formando no canto de sua boca e percebeu que estava olhando com certa admiração para Weiss.

— Eu também não voto nele. — Yang falou rapidamente atraindo os olhos da ômega do seu lado.

— Por que? — Ozpin perguntou se voltando para a alfa.

— Por que? Ele é um reacionário que quer proibir o casamento homodinâmico! Isso é um absurdo!

— Falando nisso, sua sexualidade deu o que falar algum tempo atrás quando se assumiu pandinâmica, não foi mesmo? Você sempre soube, como foi esse processo todo? Foi muito difícil se assumir visto sua carreira na luta, um ambiente notoriamente alfista, você já chegou a sofre preconceito?

— Você tem razão, Oz, é um ambiente bem alfista, mas isso aí tem de mudar, já tem muitos betas competindo e agora há ômegas também e tem de ser isso mesmo, tem que mostrar que todos podem independente da dinâmica que tenham. — Yang disse. — Com relação a isso, bem, não, eu não sabia, mas, de qualquer forma, acho importante pela representatividade sabe, para que tenha alfas por aí percebam que não precisam reprimir sua sexualidade como eu fiz por muito tempo, que isso não os tornam menos alfas.

Todos estavam prestando atenção nas palavras de Yang, até Weiss se pegou interessada nas palavras dela.

— Se eu já sofri preconceito por causa disso? Com certeza, o tempo todo, teve até algumas… marcas aí, que tiraram meu patrocínio. — Yang cutucou. — O que eu tenho a dizer? Azar o deles! — Ela riu e vez um muque com o braço esquerdo, seus músculos desenvolvidos sobressaltando através da camisa de manga curta que ela estava usando.

A plateia se manifestou soltando gritos de incentivo.

— Yang! Assim você vai me deixar com calor! — Neon exclamou toda animada.

— Isso não é uma surpresa, eu sou uma alfa muito quente! — brincou Yang. — Não me chamam de dragão dourado atoa. 

— Nyah! — Neon se agarrou ao braço dela e passou as mãos pelos músculos firmes. — Como você é forte! 

— Isso realmente foi uma coisa. — Ozpin falou. — Quanto você consegue levantar, Yang?

— Aah, 120! 

— Isso é mais do que o dobro do meu peso! Uau! Me levante! — Neon se ofereceu se jogando nos braços de Yang, a alfa ficou de pé trazendo a ômega em seus braços facilmente.

A plateia fez uma grande festa, já Weiss, fechou sua expressão, será que Neptune estava bem com aquilo? Bem, ela certamente não estava, quis acreditar que era por causa de sua inimizade com Neon que aquilo a incomodava tanto.

 

~**~

 

— Então, se divertiu? — Neptune perguntou, ele estava no camarim sentado no sofá com as pernas cruzadas quando Weiss e Yang chegaram. 

Jaune e Pyrrha havia começado uma conversa e depois desapareceram. Por isso, Weiss teve de fazer o trajeto de volta com Yang a acompanhando. 

— Qualé dessa cara? — A alfa puxou um sorriso zombeiro. — Tá  todo ciumento agora? 

— Eu? Não! Ainda mais se tratando daquela vadia! 

Conhecendo o amigo como ela conhecia, Weiss tinha certeza que era mentira, parecia que Yang não percebeu isso, a alfa foi se sentar ao lado dele. 

— Hey, também não precisa xingar as pessoas. — Ela passou um braço ao redor dos ombros dele o puxando para perto e beijou sua bochecha. — Promete que não vai ficar chamando as pessoas assim? Especialmente ômegas. 

Weiss se sentou na cadeira de frente do espelho do camarim, ela tinha certeza que ele não ia mudar. 

— Mas ela estava dando em cima de você de forma descarada. — Ele disse, Neptune estava assistindo tudo no meio da equipe de produção. 

— Eu tô com você! — Yang disse aquilo como se resolvesse a questão. 

— Vai me desculpar, Yang. — Weiss disse. — Mas você não a conhece como nós a conhecemos, vai por mim, ela não é a pessoa mais confiável do mundo. 

O rosto de Yang fechou. 

— Bem, isso não importa, quando um não quer, dois não fazem. 

— Mas ela é um ômega. — Neptune deixou escapar o real motivo de sua insegurança. 

— O que isso tem a ver? 

— É só que… Olha, eu já fui trocado por ômegas antes, e não foi só uma vez que aconteceu. 

— Está insinuando que eu vou te trocar por um cio? É isso? — Agora Yang estava realmente irritada, seu cheiro ficando um pouco mais forte e azedo. — Se você não é capaz de confiar em mim, então não sei porque aceitou esse namoro. 

Os dois agora estavam namorando, oficialmente, apesar de seu novo status de relacionamento ser de apenas alguns dias. 

Neptune pareceu ponderar pelas palavras dela, Weiss ficou se perguntando se Yang era realmente diferente dos outros alfas que o amigo já saiu, ele afirmava que sim, mas Weiss não colocava sua mão no fogo. Até onde ela sabia, Yang poderia está mentindo ou mesmo que fosse sincera, ainda estava suscetível a fazer alguma canalhice.

— Você tem razão, me desculpe. 

— Melhor assim, vamos ficar de boas. — Yang deu um selinho em seus lábios,  no começo, ela estava bem hesitante em demonstrar qualquer afeto na frente de Weiss, mas depois ficou mais confortável na presença dela ao passar cada vez mais tempo com ela e Neptune, claro, seus sentimentos pela ômega não haviam mudado em nada, porém, aprendeu gerenciar suas emoções em torno dela e não se sentir culpada ao está com Neptune, eles dois eram amigos, ou Yang aceitava isso, ou teria de se afastar do rapaz beta, coisa que ela não queria fazer.

— Sim, vamos ficar bem. — Ele se aninhou mais nela. — Hey, Weiss, não deveria ter dito aquilo sobre seu pai, com certeza vai da polêmica. 

Weiss revirou os olhos.

— Mas ela não disse nada demais. — Yang falou.

— Você também não deveria ter dado corda.

— Ah, fala sério. — Ela tirou o braço ao redor dele se afastando um pouco. — Vai me desculpar, Weiss, mais caras como seu pai tem de ser combatidos sim, porque se depender deles, nós estaríamos vivendo como as pessoas de um século atrás.

— Não levo nenhum pouco a mal, você está coberta de razão. — Weiss disse. — Papai é um retrógrado, alfista, homofóbico inremediável. Por isso eu o odeio! Essa candidatura dele é preocupante, não só por isso, porque existem outros políticos como ele, mas também me pergunto quais seriam seus reais interesses.

 — Como assim, Weiss? — perguntou Yang.

— Ele nunca se interessou por política, jamais teve um discurso revolucionários ou qualquer coisa do tipo, a mentalidade do pai sempre foi de ganhar dinheiro e poder. — A ômega colocou uma mão no queixo pensativa.

— Talvez seja isso, ele pode está procurando poder.

— Você pode ter razão nisso… quer dizer, pode ter razão mais uma vez. — Weiss riu suavemente. — Já está quase virando uma ocorrência comum, não é?

— Hehehe, eu não sei sobre isso. — Yang riu meio sem jeito.

— Que isso, para a Weiss tá de elogiando é para você agradecer. — brincou Neptune.

— Mas não foi um elogio.

— Vindo dela, dizer que você tem razão é um elogio sim, oh ômegazinha exigente ela é.

— Ei! — Weiss pegou a primeira coisa que sua mão tocou em cima da mesa do camarim, era um pente leve, e atirou na direção do rapaz beta que acabou rindo quando o objeto bateu inofensivo em seu peito. — Você fica falando essas coisas e as pessoas pensam que eu sou um tipo de megera! 

— E não é? — Neptune jogou o pente de volta rindo.

— Muito engraçado você.

— Sou mesmo, então, eu já estou pronto para ir, e você? — perguntou Neptune para a namorada.

— Eu só queria trocar de camisa, essa aqui além de tá meio apertada ainda está com o cheiro da Neon. 

— É uma boa ideia. — concordou Neptune. — Eu não queria dizer nada, mas tava me incomodando o cheiro dela em você.

Yang riu.

— Imagino. — Ela começou a puxar a camisa acima da cabeça e imediatamente os olhos de Weiss foram atraídos para o corpo da alfa.

Claro que ela já havia visto Yang com poucas roupas antes, na luta na arena Vytal e naquela foto que Neptune lhe mostrou, mas foram situações onde Weiss não teve tempo ou vontade de dar muita atenção. Agora ela podia considerar Yang quase uma amiga como Saga era, então Weiss estava bem mais confortável ao redor da alfa.

Ela não se importou em observar melhor a alfa. O que mais se destacava eram as tatuagens que a loira tinha nos braços, os desenhos coloridos cobriam quase seus braços inteiros, na verdade, não foi a primeira vez que Weiss teve curiosidade sobre as figuras na pele dela, sempre que via algo aparecendo por baixo do tecido, agora sem a camisa  ela pode ver um dragão amarelo que se enroscava no braço esquerdo dela e no direito havia algum tipo de leão segurando uma esfera tatuado perto de seu ombro e no antebraço algumas rosas.

— Yang?

A alfa havia já estava preste a colocar uma nova camisa quando se virou para atender ao chamado de Weiss.

— Tem algum significado nessas suas tatuagens ou você fez apenas por que gosta?

Ela olhou para os próprios braços como se até estivesse esquecido que os desenhos estavam ali.

— Ah, não, não, todas elas têm um significado sim! 

— É mesmo? Você não me contou isso. — disse Neptune. — O que essa aqui significa? — Ele perguntou apontando para seu braço direito.

— Esse é um animal mitológico oriental chamado foo dog, ele é um guardião, eles eram colocados na frente dos templos, casas e palácios como protetores. — explicou a alfa.

— E as rosas? — perguntou Weiss curiosa com o desenho do antebraço da loira.

— É minha família, a rosa branca é minha mãezinha Summer, ela não é minha mãe biológica, mas me criou e eu a considero muito. A rosa vermelha é minha irmãzinha Ruby, ela é a pessoa mais preciosa do mundo para mim. 

Ela falou de forma tão doce e carinhosa, Weiss não pode deixar de sorrir.

— E esse dragão? É você? — Neptune apontou para seu braço esquerdo.

— Ah, essa tattoo tem uma história engraçada, acontece que… — De repente Yang parou e olhou para Weiss parecendo subitamente nervosa. — É, esse dragão sou eu, agora vamos logo, preciso arrumar algumas coisas, vou ir passar um tempo na casa do meu tio.

Weiss franziu o cenho para aquilo enquanto a alfa colocava a camiseta rapidamente. 

— Qualé, Yang, conta aí! Começou termina, a gente ficou curioso. — insistiu Neptune.

— Não, é uma história completamente idiota! Deixa isso pra lá!

— Conta para a gente, Yang. — Weiss falou séria para disfarçar sua desconfiança, agora ela queria saber mais do que nunca.

Yang umedeceu os lábios e se mexeu nervosa.

— Aaah, bem… eu meio que estava em uma festa, e tava todo mundo bêbado e chapado e… — A loira engoliu a seco. — Tinha um cara, ele falou que era tatuador e todo mundo decidiu fazer tatuagens de marinheiro…. — Ela se atrapalhou e olhou para Neptune claramente desconfortável.

— Tipo o que? Como assim tatuagem de marinheiro? — Weiss insistiu tendo o péssimo pressentimento.

— Uma âncora? — Neptune disse e Yang confirmou com um balaço de cabeça. — Isso não parece tão ruim, brega, mas não tão ruim, não sei porque você reagiu desta forma.

— Bem, é que tinha uma frase também.

— Oh. — Neptune levantou a sobrancelha já sentindo o mesmo mal pressentimento de Weiss.

— Qual era a frase? — A ômega já tinha uma ideia, mas queria ouvir da boca da alfa.

— Era uma coisa totalmente estúpida.

— Qual era a frase? — insistiu Weiss.

Yang sentiu a vergonha a invadir.

— Era… estava escrito “Tudo que preciso para ser feliz, é um copo cheio e um buraco apertado”.

Um silêncio estranho e desconfortável caiu sobre eles e de repente Neptune riu alto.

— Que coisa, em? Se for beber, não se tatue! — Ele brincou na tentativa que quebrar o clima.

 — Foi uma tremenda burrice, eu me arrependi depois. Aquela Yang daquela época era bem babaca e não achava nada demais naquilo, mas hoje eu vejo o quanto é errado e por isso tenho vergonha. — confessou Yang. — Era horrível está perto da minha mãe e da minha irmã sabendo que tinha aquilo no meu braço, mesmo quando aquela coisa não estava a vista. — A alfa parecia realmente se sentir culpada por suas ações passadas. — É uma coisa horrível de se dizer e não condiz em nada com meu eu de agora, por isso queria fazer ela sumir.

Weiss estava realmente desgostosa, um amargo da decepção em sua boca, em sua mente, já processada todas aquelas frases clichês sobre como todos os alfas no fundo eram iguais, mas a forma como Yang estava falando, passou uma sinceridade estranha para ela, de algum modo, Weiss quis acreditar que ela havia mudado e era alguém diferente daquele Yang que tatuou aquela barbaridade em seu próprio braço.

— Então eu cobri com o dragão, é isso, é essa a história.

— Bem melhor que uma âncora com frases idiotas, agora vamos? — falou Neptune.

— Sim, e Weiss? — Yang chamou. — Desculpe que tenha de ouvir isso.

— Tudo bem, fico feliz que você tenha se arrependido.

— Vai quer uma carona? — ofereceu Neptune.

— Não, já chamei o Klein.

Weiss foi para casa naquela noite silenciosa e pensativa, deixando seu motorista Klein mais desconfiado do que nunca.

 

~**~

 

— Hey, baby, não precisa ficar assim. — Neptune falou, ele dirigia seu carro com Yang no banco do carona. 

— Não queria que Weiss ouvisse isso. 

— Ela já ouviu coisa pior, acredite em mim. 

Aquilo era para ser reconfortante? Que bosta então, porque Yang só sentiu o sangue subir para seus ouvidos em pensar em alguém falando algo daquele nível para Weiss. 

— Não importa! Não quero que ela me veja como uma babaca! 

— Qual é a questão? — Neptune perguntou levantando uma sobrancelha. — Por que se importa tanto com o que Weiss pensa de você?

— Porque… — Yang se cortou ao perceber que quase ia confessar a Neptune seus sentimentos platônicos pela ômega de cabelo branco. — Eu só não quero que ninguém pensei que eu sou babaca. Faria o mesmo por qualquer pessoa no lugar dela. — A alfa mentiu. 

— Deveria para de se preocupar tanto com o que os outros pensam de você. — Neptune se concentrou em dirigir, mas algo estava cutucando me sua mente, uma pulga de desconfiança e talvez até ciúmes. 

— Devia mesmo… — Yang murmurou encostando sua cabeça no vidro. 



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Notas finais do capítulo

a musica que Jaune e Weiss cantam se chama "Brincar de viver" e é da Maria Bethânia.



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