O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Enfim o capítulo 3 e como eu havia prometido, um capítulo focado em Blake!

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➤ Pub é um tipo de bar bem característico da Grã-Bretanha

➤ Ale é um tipo de cerveja de alta fermentação que as diferem das cervejas que geralmente tomamos aqui no Brasil que são de baixa fermentação na sua produção.

➤ Landlord é como se chama o dono de um pub

➤ Custom é um tipo de moto bem iconica, como as Harleys Davidson, baixas, guidão bem aberto, frente proeminente e com um ruido bem grave, mas pode ser qualquer moto desse estilo que foi customizada. (Penso em Yang como uma entusiasta de motocicletas)



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Capítulo 3

Apesar de haver controvérsias, Blake não se via como alguém particularmente ambiciosa e sim como alguém que tinha objetivos e sonhos na vida e que estava mais do que disposta a lutar por eles. Nada diferente de tantas outras pessoas no mundo.

A diferença é que agora, com 28 anos, ela já havia deixando as ilusões juvenis para trás e sabia a realidade do mercado, as dificuldades e surras que levou durante sua carreira não a deixaram pessimista, mas sim realista. Pelo menos, Blake pensava desta forma.

Ela trabalhava como repórter no grupo corporativo SLM-Comunicaçães , que contava com um total de três revistas mensais, um jornal de grande porte, dois portais de notícias on-line e um canal de TV. Quando Blake foi contratada, ela pegou um cargo que ela realmente desprezava, na época, a SLM havia aberto seu segundo portal, a Boop, voltada praticamente para o entretenimento, entenda com isso, que era um tabloide midiático sensacionalista feito para alienar as grandes massas sem compromisso com verdade ou responsabilidade social.

Blake o desprezava com todas suas forças, mas sendo uma recém-formada cheia de grandes aspirações no jornalismo, ela disse a si mesma que seria algo provisório e que os primeiros passos tinham de ser humildes. Com vergonha demais das coisas que ela mesma escrevia, Blake se disfarçou com o pseudônimo de “Cat”.

Para a surpresa de muitos, a Boop fez um enorme sucesso e se tornou um dos meios mais rentáveis da SLM – Comunicações. Quanto a Blake? As matérias da Cat se tornaram as mais acessadas do portal e ela ganhou uma fama que não queria para si: A de colunista venenosa.

Era humilhante para ela admitir, mas parecia que Blake havia se acostumado com aquela situação. Escrever vestida com o alter ego “Cat” simplesmente ficou natural, quando Blake parou de se incomodar com o que ela escrevia era verdade ou não?

— Você está bem? Parece um tanto dispersa… — Emerald comentou a seu lado. — Isso tem algo haver com aquela mensagem que você recebeu?

— Não, absolutamente não. — Blake respondeu imperturbável, seus olhos cor de âmbar se fixaram na porta metálica do elevador.

Emerald semicerrou os olhos para ela, pensou em tentar descobrir mais, porém, era inútil, Blake era reservada demais, e quando estava disposta e ficar com a boca fechada, não havia jeito de a fazê-la falar.

As portas do elevador abriram para os lados, dando para uma sala de um setor bem mais tranquilo do que Blake trabalhava, Emerald caminhou a frente, seu salto alto clicando no chão de mármore, ela usava um terninho verde que lhe caia bem e combinava com sua pele escura.

Elas chegaram na frente de uma grande porta de madeira nobre, como secretária pessoal de Cinder, Emerald não teve problemas em abri-la sem bater, ela entrou e Blake a seguiu logo atrás.

— Garanto que não há com o que se preocupar, sei que isso dará certo. — Cinder dizia ao telefone, ela se virou na cadeira giratória de sua mesa para ver as duas mulheres recém-chegadas. —  Não, não, eu não estou baseando isso em mera intuição, e mesmo que fosse, caro senhor, por acaso alguma vez minha intuição se mostrou falha? — Ela fez um gesto de mão dispensando Emerald que abaixou a cabeça obediente e saiu da sala.

— Essa foi uma situação completamente diferente, não me venha fazer uso de falsa simetria comigo, sabemos muito bem que não adiantará, ah, ótimo, então vamos levar isso para a próxima reunião do conselho! Passar bem! — Ela desligou o telefone irritada. — Desculpe por isso, Watt tira minha paciência, ele faz isso de propósito.

Blake nada disse, ela observou as sobrancelhas bem-feitas de sua chefe se franzindo, mas tirando isso, era tudo muito impecável, tanto ela como tudo na sala. A mesa de vidro com pernas vermelhas, os móveis de madeira escura, a lareira embutida na parede oposta, as janelas que ficavam perto de uma pequena área de estar, com um sofá de cor branca e uma mesa onde alguns comes e bebes eram vistos, tudo era elegante e perfeitamente organizado.

O completo oposto ao setor caótico onde Blake trabalhava.

— Por favor, venha comigo. — Cinder falou se levantando voltando a exibir uma expressão impassível no rosto, ela tinha o cabelo escuro muito sedoso, com um corte elegante, ela usava uma roupa social, saia e meia-calça preta, uma camisa vermelha de cetim e um salto alta completava o look executiva.

Blake se sentou no sofá e Cinder se sentou a seu lado pegando uma garrafa que estava na mesa, despejou o líquido transparente em metade de um pequeno copo, com um gesto, ela ofereceu a Blake que recusou com um balanço de cabeça.

— Você é muito séria, Blake. — Cinder comentou com um leve sorriso no rosto, mas ela se manteve imperturbável. — Você sabe que eu gosto de você, gosto do seu trabalho… — Ela bebericou o copo olhando para ela de canto.

— Obrigada, senhora…

— Já disse que não precisa me chamar de senhora. — Cinder interrompeu se virando completamente para ela. — Você sabe por que gosto tanto de você? — perguntou levando uma sobrancelha e mantendo um sorriso simpático.

Blake avaliou suas opções de resposta, mas acabou não se decidindo por nenhuma, ela realmente não queria arruinar suas chances.

— Sabe… vejo muito de mim em você… — Cinder disse balançando o líquido dentro de seu copo. — Somos duas mulheres betas, seguras de si e que lutam para conseguirmos  o que mais queremos, não é? — Ela lhe sorriu.

Blake estava se irritando com aquela enrolação, então percebeu que Cinder queria que ela que fosse direta.

— Sim, falando nisso, pensou naquilo que conversamos da última vez? — Blake disse sabendo bem que estava correndo um risco controlado, ela já havia falando com sua chefe antes, então se sentia mais segura em pressioná-la um pouco. — Sobre minha ida da Boop para a Grimório.

Cinder levantou uma sobrancelha para ela e Blake ficou tensa, ela deixou o copo sobre a mesa e se virou para ela:

— Eu lhe disse que esse é um salto grande e uma transferência de funções assim é algo… complexo.

Blake foi paciente e aguardou em silêncio ela continuar:

— Mas… pensei bem em seu caso, você já fez trabalhos incríveis e vejo um potencial enorme em você, por isso… estarei te dando uma chance.

— Ah, obrigada, eu…

— Não comemore ainda. — Cinder a cortou fazendo o sorriso de Blake sumir em um segundo. — Entenda uma coisa… — Ela se levantou e começou a andar em sua frente. — Eu sei que não é isso que você quer fazer da sua vida, porém, seu trabalho na Boop nos rende um retorno financeiro precioso e não temos ninguém a altura de substituir você… ou a Cat, como preferir.

— Não me diga que estou presa a isso para sempre? — Blake mal pôde disfarçar a angústia em sua voz.

— Oh, não, claro que não. — Cinder fez um gesto vago com as mãos. — Mas não será fácil.

— Nunca pensei que seria. — Blake disse. — Sobre essa chance… do que se trata?

— Direto ao ponto. — Cinder levantou uma sobrancelha aprovativa. — No final deste mês, acontecerá a festa beneficente anual da Schnee Company, e minhas fontes ficaram sabendo que Jacques Schnee fará um anúncio muito importante deste evento.

— Temos ideia do que seja?

— O que tudo indica é que ele promoverá sua filha alfa, Winter, ao cargo de diretora-executiva. — Cinder se virou e olhou inquisitivamente. — Quero que você vá cobrir o evento.

Blake franzindo o cenho:

— Talvez Weiss esteja lá.

— E daí? Ela não sabe que você é a Cat. — Cinder falou.

— Eu… eu entendo…

Cinder percebeu a mudança no humor de sua funcionária, ela voltou a se sentar no sofá ao lado de Blake.

— Eu estou te dando carta branca, essa é uma grande oportunidade, você estará no lugar certo, aproveite e faça algo surpreendente e você estará mais perto de seu sonho. — Blake subiu seu olhar para ela. — Pense em tudo que você teve de abrir mão para está aqui? Faça valer a pena!

Cinder se levantou e Blake ouviu parcialmente ela lhe dispensando, ela caminhou até a porta sentindo um gosto amargo na boca e uma imagem persistente em sua mente lhe atormentando. Ela passou pela porta e se dirigiu ao elevador, teve de recusar Emerald que se ofereceu para acompanhá-la. Blake puxou seu aparelho telefônico, a mensagem de Yang ainda piscava na tela, a porta do elevador fechou e ela começou a digitar uma resposta.

Pense em tudo que você teve de abrir mão para está aqui”

Aquilo tinha tido um efeito bem diferente do que Cinder esperaria, Blake podia sentir um monte de decisões que ela tomou no passado lhe pesando nos ombros… Não! Ela tinha que se lembrar de seus objetivos, não podia se arrepender daquela forma, não a ponto de prejudicá-la.

Ela enviou a mensagem.

 

~**~

 

Blake fechou a porta do táxi atrás de si, ela caminhou atravessando a rua, já era noite, havia pessoas nas calçadas, rindo e conversando, a maioria tinha copos de cerveja nas mãos. Era uma cena comum, nos fins de semana, todos queria tirar o estresse do trabalho em algum bar local… era isso que ela estava indo fazendo. Se bem que era bem possível que sua visita ao pub que ela estava se dirigindo não fosse muito “relaxante”.

Ela desviou de algumas pessoas que estavam na entrada estreita do estabelecimento, do lado de fora só se via suas paredes de tijolos pintados de preto e a madeira escurecida que formava a porta e janelas, no vidro havia um corvo vermelho desenhado e logo em baixo o nome do bar: The Crow's Eye.

Do lado de dentro, o lugar ainda mantinha o clima envelhecido do exterior, móveis de madeira escura com o estilo do começo do século, o assoalho de mogno chegava a brilhar com as luzes amarelas das lâmpadas de estilo “Thomas Edison”. Havia um grande balcão com torneiras de onde saiam os mais variados tipos de bebidas, estas, vinham de dezenas de barris de madeira envelhecida que tomavam por completo a parede de trás.

Em uma mesa no canto, Blake reconheceu a cabeleira loira que ela estava procurando.

— Esse lugar tá ocupado? — Ela disse provocativa chegando na cadeira na frente de Yang.

A alfa apenas ergueu seus olhos púrpura para ela e com um bochecho disse:

— Estava guardando para caso um ômega solteiro entrasse aqui, mas… Você serve.

Blake bufou, ela sabia que era apenas uma brincadeira, mas mesmo assim, não gostava quando Yang usava seu humor ácido para cima dela. A alfa era dada a qualquer tipo de brincadeira, ela era uma piadista nata, mas também tinha um lado mais perverso que era guardado apenas para algumas situações e para um grupo restrito de pessoas… Blake era uma dessas pessoas.

— Betas, sempre sendo a segunda opção, já deveria está acostumada. — Blake disse satirizando sua própria situação.

Yang estava acostumada com o sarcasmo dela, o que não significava que a loira gostava disso.

Blake se sentou na cadeira na frente de Yang, logo reparou em seu prato, a alfa estava comendo algum tipo de carne vermelha assada com um molho escuro e espesso, havia legumes e cogumelos de acompanhamento, ela bebia algum tipo de ale avermelhado. Yang sempre teve um paladar para sabores fortes e intensos.

— Você não tem o direito de falar sobre isso, até onde eu sei, é você que coloca tudo que não tem a ver com sua carreira em segundo lugar! — Yang disse agora visivelmente chateada. — Por que escreveu aquilo? Você sabe que não é verdade.

— Mas eu não afirmei nada, só estava especulando. — argumentou Blake na defensiva.

Yang revirou os olhos, ela levou um bom bocado de comida a boca em seu garfo.

— Nós duas sabemos que o que você faz não tá certo, Blake!

— Eu só estou fazendo o meu trabalho! — Se defendeu um pouco mais alto do que gostaria.

— O seu trabalho é infernizar a vida da Weiss?

Blake soltou um risos quase cínico.

— Por isso que você tá brava? Por causa da Weiss? Protege uma pessoa que, literalmente, até ontem, nem sabia da sua existência!

Yang empurrou o prato para longe de si rosnando baixo, Blake não se intimidou, nem mesmo quando o cheiro alfa chegou a seu nariz. Betas eram menos afetados pelos feromônios, mas isso não significava que não haveria algum efeito, as pessoas se afastaram instintivamente de alfas irritados e Blake percebeu as pessoas evitando o local onde elas duas estavam, se ela não conhecesse tanto Yang, provavelmente, ela também teria se afastado.

— Algum problema, Foguete? — Um homem alfa alto e pálido apareceu, certamente que sentiu o cheiro azedo que vinha de Yang.

— Não, tio, não precisa se preocupar comigo, sei me cuidar.

Qrow, o tio de Yang, a avaliou com seus olhos pequenos e vermelhos, seu cabelo escuro já aparecia vários fios cinzas lhe deixando com um grisalho suave, os botões de cima de sua camisa estavam abertos deixando uma parte de seu peito aparecendo.

— Eh, desculpe, ainda é duro para o seu velho tio, aceitar que suas pequenas sobrinhas cresceram e são adultas. — Ele disse com uma voz rouca, mas divertida.

— Já acabei. — Yang lhe ofereceu o prato que ainda não estava vazio.

— Certo… — Ele recolheu o prato sem questionar. — E você, gatinha, o que vai querer? — O homem alfa perguntou se voltando para Blake.

— Vocês agora estão servindo comida decente aqui? — Ela perguntou ignorando a cara emburrada de Yang.

— Sim, tudo graças a meu novo sócio. — Qrow disse limpando a garganta e deixando um sorriso orgulhoso se espalhar em seu rosto.

— Novo sócio? — Foi a vez de Yang falar. — Está falando do Ren?

— Dele mesmo, o garoto é muito talentoso com as panelas, agora estou atraindo as pessoas não só com bebida boa, mas com comida boa também.

— Tá parecendo que o The Crow’s Eye vai virar um pub gourmetizado. — Yang zombou do tio recuperando um pouco de seu humor que Blake havia arruinado.

— A modernidade chega para todos, até mesmo para um caipira como eu. — Qrow riu da própria piada. — Esse lugar só precisava de um cozinheiro novo para recuperar o seu antigo prestígio, mas claro que não posso atribuir todo o sucesso apenas a isso… esse charmoso e irresistível landlord também tem atraído publico, ainda mais de ômegas fogosos. — Qrow passou a mão pelo próprio cabelo todo cheio de si.

Yang e Blake acabaram rindo dele, o alfa mais velho tinha feito um trabalho incrível para desfazer o clima tenso.

— Me traz outra ruiva gostosa igual a essa, oh, landlord irresistível! — Yang zombou dele empurrando seu copo vazio para tio.

— Você vai ficar bem para dirigir depois? — Qrow perguntou sorrindo e pegando o copo.

— Relaxa, não é como se eu ficasse bêbada fácil.

— Sei, sei… puxou seu tio maneiro aqui. — Ele riu. — Então, vai pedir algo, ou não? Por que eu também cobro para apreciar o ambiente.

— Você não pode fazer isso! — Blake falou.

— Claro que eu posso, se os museus fazer, por que eu não posso fazer?

Blake ficou sem resposta, ela apenas balançou a cabeça sorrindo e fez seu pedido:

— Salmão grelhado e uma taça de vinho branco.  

— Certo, sai em cinco minutos, qualquer coisa, é só chamar. — Qrow disse olhando diretamente para a sobrinha e ele só saiu quando Yang assentiu para ele.

— Desculpe por aquilo, eu não queria te prejudicar… — Blake disse solidária depois que estavam a sós.

— Mas prejudicou, agora a Weiss não deve querer me ver nem pintada de ouro! — ralhou Yang parecendo aflita.

— Então… — Blake levantou uma sobrancelha divertida. — O que aconteceu mesmo? Você contou alguma de suas piadas ruins? Ou deu em cima dela..?

— Hey! Por que todo mundo pensa que eu fiz isso? — Interrompeu Yang indignada. — Posso ter um pouco mais de crédito? Eu não fiz piadas e não dei em cima dela!

— Quem mais… ah, Ruby! — Blake respondeu a própria pergunta. — Por acaso, tenho uma coisa para ela.

Blake tirou algo de sua bolsa e colocou em cima da mesa, Yang se inclinou para ver o que era:

— Um livro?

— Sim, diga que é uma recomendação minha, muito bom, ele ainda está em pré-lançamento.

— “A Inesperada Aventura do Senhor Mosca” — Yang leu o título levantando uma sobrancelha. — Não tem nada indecente nesse livro, não é?

Ela riu, Blake ficou tentada em fazer um comentário sarcástico pelo fato de Yang ainda ser tão super protetora com a própria irmã, mesmo depois que Ruby era adulta e já tinha provado que podia se cuidar sozinha.

— Claro que não, eu sei que Ruby não gosta de romances, se estou recomendando esse livro para ela é porque ela gostará.

— Hum… certo… — Yang murmurou desconfiada e guardou o livro das suas coisas.

— Diz para ela que estou com saudade…

— Então apareça para visitar, se não tiver muito ocupada escrevendo sobre a vida dos outros.

Blake franzindo o cenho:

— Você só está brava porque foi com Weiss, se tivesse sido com outra pessoa você nem ligaria.

Yang levantou seus olhos para ela e a encarou por um instante.

— Tá! Não dizendo que você está certa, mas…

— Mas eu estou certa. — Blake disse arrogante e ganhou um olhar injuriado de Yang.

— Tá! Como se já não bastasse eu me encontrar pela primeira vez com ela depois de uma luta! — Yang disse irritada. — A minha cara deveria está mais inchada que uma bola de vôlei e nem vou falar do cheiro de suor que por si só, já foi super constrangedor, aí eu tinha de abrir o meu bocão e cantar aquela droga de música, ela deve tá achando que eu sou uma otária agora, e para completar. — Alfa apontou um dedo acusador para ela. — Você escreve essa merda, ela não vai quer nem passar perto de mim! O-bri-ga-da, Blake!

— Espera só um instante, você cantou uma música para ela? Uma música dela? — Blake começou a rir, ela foi obrigada a colocar suas mãos sobre a boca para abafar o som.

— Eu achei que ela ia ficar impressionada! — Yang argumentou sentindo suas bochechas queimarem.

— Mas que droga, Yang! — Ela ainda estava lutando contra o riso. — Qual música você cantou?

— Dona da minha Vida… — respondeu constrangida.

Blake riu ainda mais alto:

— Droga, Yang! Não me admira que ela tenha ficado brava com você!

— Eu não entendo, ela disse que aquela música não era para alfas. — Yang disse aflita. — Acho que ofendi ela.

— Ah… Yang…

Qrow voltou com seu pedido e logo reparou no abatimento da sobrinha:

— Ei, você tá legal?

— Sim, tio, só problemas com ômegas, você entende.

— Ah, sim, sabem como dizem, lidar com ômegas é como tentar ensinar um esquilo a voar.

— Eu nunca ouvi isso. — Blake disse olhando estranha para ele.

— Você não entende, você é beta. — Qrow deu de ombros e saiu para atender um homem que gritava no balcão.

— Weiss é muito engajada na luta pelos direitos dos ômegas. — Blake disse pegando seu prato com salmão e a taça de vinho.

— Eu sei… a última coisa que eu queria era parecer um alfa idiota. — falou Yang tristemente trazendo para perto de si seu novo copo de ale vermelho.

— Pelo que eu sei dela… provavelmente ela deve ter achado que você estava debochando. — especulou provando de seu peixe.

— Eu… ah, não, você deve ter razão, eu não pensei direito.

— Que novidade… — disse sarcástica.

Yang ficou cabisbaixa olhando a pequena espuma de sua cerveja desaparecendo no copo alto.

— Tudo bem, não é como se fosse uma grande coisa. — Ela disse bebendo e dando de ombros.

Blake revirou os olhos:

— Ok, vamos fingir que você não tem uma paixonite pela Weiss desde a adolescência.

Yang engasgou com sua bebida, ela começou a tossir e bater com o punho em seu peito, depois de dois segundos, ela recuperou o fôlego e se voltou indignada para sua amiga beta.

— Isso não é verdade! — ralhou irritada e Blake riu dela.

— Certo, certo, vou fingir que acredito para o bem de seu orgulho alfa ferido.

— Você poderia deixar o seu sarcasmo de lado? Que merda! — Yang disse visivelmente chateada. — Você está ficando insuportável! E é tudo culpa dessa mulher.

Blake mordeu o lábio suprimindo outra resposta cáustica, ela estava ciente que às vezes exagerava e isso era especialmente irritante para Yang. Elas duas tinham uma amizade bem antiga, desde a época da escola e a alfa loira sempre odiou o lado sarcástico dela e Blake tinha consciência que ela estava falando coisas maldosas com mais frequência do que antes, mas ela culpava a Cat, não Cinder como Yang insinuou.

— Me desculpe. — Ela ainda pensou em contestar a acusação de Yang, mas sabia que brigariam, então Blake preferiu migrar a conversa para outro assunto. — E quanto a Neptune? Como estão indo?

— Bem nós… Você não vai por isso naquele seu maldito blog, vai? — Yang perguntou desconfiada.

Blake teve de revirar os olhos pela enésima vez naquela noite.

— Primeiro, é site, não blog, segundo, não é meu, é da SLM, terceiro… claro que não! Neptune hoje é uma subcelebridade sem importância.

Yang apenas levantou uma sobrancelha para ela, mas pareceu aceitar a explicação e sua expressão ficou bem mais relaxada.

— A gente tá se curtindo.

— Você me disse a mesma coisa duas semanas atrás. — Blake falou terminando de comer e colocando os talheres sobre o prato. — Nada mal, acho que virei aqui mais vezes. — Pegou a sua taça que estava pela metade e se colocou a beber esperando que Yang voltasse com a palavra.

— Não sei o que você estava esperando, não temos nada sério.

— E nem vai ficar? — perguntou Blake e Yang deu de ombros. — Qual o problema? Você não quer nada sério com ele?

— O Neptune é legal, eu gosto dele, mas como amigo.

— Mas vocês estão ficando.

— E qual o problema? Eu gosto de ficar com meus amigos, já fiquei até com você! — Yang disse presunçosa e terminando sua cerveja.

— Aquilo foi completamente diferente. — Blake deixou sua taça, agora vazia, de lado.

— Tá, então. — Yang se levantou puxando sua carteira.

— Seu tio não é o dono desse lugar? Ele te cobra? — Blake disse sorrindo.

— Ele diz que parentalidade não é isenção fiscal. — Yang falou sorrindo torto.

— Ainda mais para parente que pode pagar! — Qrow disse aparecendo na frente de sua mesa. — Já vai? Ainda vamos fazer a brincadeira da caixa misteriosa.

Yang riu do tio.

— Quero capotar na cama cedo hoje, para está inteirona pra voltar a rotina de treino amanhã, tenho de honrar meu cinturão, não é?

— É assim que se fala, Foguete! — Qrow abraçou a sobrinha. — Manda um abraço para a chata da sua mãe e para a Summer e a Ruby, diga que assim que possível, aparecerei para jantar com vocês.

— Tá certo, aqui por tudo. — Yang disse tirando algum dinheiro da carteira.

— Vamos dividir, eu posso pagar pelo que eu consumi. — Blake falou se levantando rapidamente e puxando sua bolsa.

— Deixa, já disse que pago por nos. — Yang foi incisiva.

Blake franziu o cenho, mas não tinha jeito, Yang pagou tudo. Em um passado não muito distante, havia uma estranha regra social implícita que dizia que se havia um alfa na mesa ele que deveria pagar por todos, nos dias atuais, a maioria das pessoas achava tal coisa ridícula e ultrapassada, mas por experiência própria, Blake sabia que a maioria dos alfas se sentiam compelidos a puxarem a responsabilidade para si. Tentar contestar tais atitudes só acabavam resultando no famoso orgulho alfa ferido.

Ela seguiu Yang até a saia em silêncio, as pessoas se afastavam naturalmente para ela passar.

— Quer uma carona? — Yang ofereceu, Blake olhou meio torto para a moto da amiga alfa.

— Acho que vou pegar um táxi.

— Ah, para com isso, muitos desses taxistas nem confiáveis são, eu vou devagar! — Yang argumentou montando em sua custom amarela, ela colocou o capacete aberto sobre a cabeça. — E se você quisesse um táxi mesmo, teria chamado um lá dentro, deixa de bancar a gatinha manhosa e sobe aqui logo. — disse dando uma piscadela e esticando os braços no guidão.

— Tá. — Blake revirou os olhos e se sentou atrás de Yang. — O que aconteceu com a sua outra moto, a preta?

— Deixei em casa! — respondeu ligando o motor que fez um barulho alto e grave. — Comprei esse nenenzinho a pouco tempo, quero aproveitar ela um pouco. — Yang disse sorrindo com a cabeça virada para Blake.

— Você e suas obsessões! Lutas, motos… Weiss. — Blake provocou com um sorriso debochado e o rosto de Yang se azedou imediatamente.

A loira praticamente jogou o capacete extra nas mãos de Blake e ralhou irritada:

— Para com isso!

Ela se virou e começou a manobrar a moto para a rua, Blake encaixou o capacete em sua cabeça e abraçou Yang se preparar para a arrancada que certamente viria logo.

— Eu não sou obcecada por ela… — Yang murmurou baixo e antes que sua amiga beta tivesse qualquer chance de responder, ela disparou pela rua com o motor rugindo pela noite.

 

~**~

 

A luz de led iluminou a rua escura, o único barulho que se ouvia era o ronco potente do motor da motocicleta de Yang, o veículo parou na frente do portão de ferro do prédio que Blake morava, ela desmontou enquanto a loira tirou seu capacete.

— Entregue, sã e salva, como uma boa donzela deve ser. — Yang brincou.

— E você é o cavaleiro montando em cavalo de metal com rodas? — Blake disse e a alfa riu alto.

— Bem isso, mas você não faz exatamente o estilo princesa.

— Sim, deixo essa função para sua outra crush! — Blake riu quando Yang piscou sem entender por um instante, depois a alfas fechou sua expressão fazendo uma cara irritada.

— Odeio você! — Ela disse colocando seu capacete.

— Não esquece o meu presente para Ruby! — Ela disse alto quando Yang ligou a motocicleta fazendo um grande barulho.

— Certo! — A resposta veio abafada, mas a beta pode ouvir, ela viu Yang se afastar rapidamente com o motor zumbindo alto em uma velocidade muito maior do que ela estava usando quando Blake estava na garupa.

Blake suspirou e entrou no prédio, era uma construção antiga, apenas quatro andares, ela subiu pelas escadas chegando no terceiro andar onde seu apartamento alugado ficava, ela abriu a porta e imediatamente o cheiro de pizza invadiu seu nariz, uma rápida verificada e ela identificou de onde vinha.

— Bem-vinda de volta, Blake! — Velvet a cumprimentou com um pedaço de pizza na mão e o notebook em seu colo, ela estava sentada no sofá da sala com as pernas cruzadas sobre a mesinha de centro.

— Fugindo da dieta? — Ela perguntou sorrindo e se aproximando de sua colega.

— Achei que merecia isso depois da semana que tive, e você? Tava em um encontro?

— Tava com a Yang. — Blake respondeu tirando seu casaco e jogando em qualquer canto, ela caiu no sofá ao lado de Velvet.

— Eu ouvi, aquela moto dela faz muito barulho, vocês estão saindo de novo? — Ela perguntou com cuidado.

— Dispenso! — Afirmou fazendo uma careta, ela pegou uma fatia de pizza da caixa que estava na mesa. — Tenho novidades ótimas, Cinder me escalou para cobrir o evento beneficente anual da Schnee Company, parece que algo importante será anunciado e… quero que você vá comigo.

— Uou! Sério? Isso é incrível! — Velvet se animou e até deixou sua pizza de lado. — Obrigada por esse voto de confiança.

— Que isso, não escolheria nenhuma outra fotógrafa nesse mundo que não fosse você. — Blake a abraçou com um braço e Velvet sorriu e retribuiu.

 

~**~

 

Yang soltou um suspiro alto quando enfim caiu de costas em sua cama, encarando o teto de seu quarto, ela murmurou:

— Eu não sou obcecada por ela…


 


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Notas finais do capítulo

Como podem notar, adicionei imagens com o cast de personagens, se voltarem as capítulos 1 e 2, verão que também adicionei lá imagens dos personagens mais importantes do capitulo.

Deixe sua opinião do que está achando desta fic, duvidas podem me mandar mensagens a vontade!

Abraços e até a próxima! ♥



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