Digimon Invocação escrita por Kevin


Capítulo 9
Episódio 08: Gabumon


Notas iniciais do capítulo

Atrasei um dia... Ontem foi tenso!
Mas, está aqui o episódio! ^^



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— Já odiei este mundo! -

 

Um resmungo ocorreu atrás de um beco do museu. Pareceu espreitar em volta antes de avançar, mas acabou permanecendo oculto atrás de algumas caçambas de lixo, parecendo procurar se situar.

Havia mais poluição no ar do que no Mundo Digital, isso atrapalhava seu olfato apurado. O farejar demoraria até que pudesse distinguir aquela onda de cheiros fétidos dos de suas presas. Ainda que não percebesse que o problema era as caçambas de lixo.

A penumbra da noite não lhe seria um problema, suas habilidades para se guiar pelo escuro eram das melhores graças a seus olhos treinados, mas a pouca claridade que vinha daqueles postes de lâmpadas incandescentes faziam suas vistas arderem.

Sua percepção auditiva era a única coisa que parecia não ser afetada naquele momento, mas era a coisa que mais lhe intrigava. “O Mundo Material possuí uma poluição sonora de enlouquecer” foi a informação que teve antes de partir, por isso não queria arriscar.

 

— 8 horas até começar a sentir a redução dos meus poderes. Preciso apressar-me em caçá-los! -

 

 

Digimon Invocação - Rituais
Arco 01: Pactos
Episódio 08: Gabumon

 

 

A casa de Benjamin havia silenciado-se. Após um estressante dia, o grupo poderia não querer admitir que estava cansado já que a mente ainda estava alerta querendo trabalhar devido a sensação de perigo, mas o corpo cobrava o preço de toda a carga emocional e física que não estavam acostumados.

José que havia se proposto a pesquisar mais sobre as coincidências de seus jogos de RPG, para quem sabe, achar algo que lhes fosse útil, acabou adormecendo no chão, junto ao material. Ele não durou mais de dez minutos após a casa ficar em silêncio. O garoto havia encarado o time de futsal, organizado a sala de aula por três vezes para a rodada do RPG, corrido de Impmon por vários quilômetros e passado horas pesquisando sobre o que estava acontecendo em suas revistas. Nenhuma dessas eram suas atividades rotineiras e com isso estava sempre tenso e preocupado, especialmente na parte da noite, temendo que atacassem a casa onde estava refugiado.

Cecilia por sua vez era a responsável, junto a Penmon, de vigiar Impmon, que estava amarrado. A menina até aguentou a primeira hora conversando com Penmon, mas aos poucos acabou cochilando. Penmon permitiu que ela o fizesse, por sentir-se culpado por ter causado tantos problemas a sua mestra. A menina havia acordado cedo e procurado por Benjamin por bastante tempo, após um grande susto com a aparição de Impmon e Penmon, ainda teve um surto com a tatuagem e todo o conflito com Penmon para entender o que estava acontecendo. Após ter rodado parte da cidade em busca de Benjamin, novamente, acabou descobrindo, da pior forma possível, que Penmon estava drenando suas energias o que a fez quase desmaiar de exaustão. Ainda assim a menina teve que fazer uma incursão ao lixão de madrugada para capturar Impmon o que aumentou seu desgaste. Não havia dúvidas que no primeiro momento relaxando pegaria no sono.

Penmon, por sua vez, era um dos poucos alerta. Após perceber que sua mestra adormecera, decidira que só a despertaria caso fosse extremamente necessário e concentrou-se em Impmon. Admitia que precisava de um descanso. Havia lutado duas vezes naquele dia, uma quando surgiu naquele mundo e outra no lixão quando levara uma tremenda surra e quase fora destruído, pouco se fizesse uma conta básica, mas muito se pensado que foram suas duas primeiras batalhas reais. A ave azulada precisava descansar, mas estava motivado em fazer algo direito para mostrar a Aururamon que não era um digimon criança e sim um digimon em treinamento assim como ele.

Mas, seu trabalho estava até facilitado. Impmon estava amarrado e aceitando sua condição de prisioneiro com muita facilidade. Inclinou-se para ficar deitado, fechando os olhos dando a impressão de que adormecera. O grupo duvidou, mas o demônio roxo realmente aproveitou-se da proteção dos humanos invocadores e digimons invocados para descansar. Desde que chegara ao Mundo Material não havia parado, caçando os humanos que tinham visto sua chegada ou lutando contra os digimons que vieram a sua caça, chegou a exaustão e estava debilitado. Fazia-se de forte para não demonstrar fraquezas, mas sem ter acesso a todo os seus poderes, como quando chegara, sentia que a única coisa a fazer era dormir para preservar ao menos sua mente afiada.

Aururamon havia sugerido a seu mestre que ambos deveriam descansar. Desde que fora invocado estava em atividade constante, teorizando, explicado sobre seu mundo, rastreando, combatendo os Evilmons, aprisionando Impmon. Ao final ele estranhava que ainda sentia-se bem, pois ele sabia que na invocação o servo digimon ligado ao mestre humano drenava energia. Já deveria ter consumido muita energia de seu mestre. A planta desmaterializou-se para descansar e permitir que Benjamin descansasse.

 

— Eu confesso que estou surpreso que esteja acordado. - Comentou Daniel a meia voz.

 

Daniel trabalhava de forma rápida e silenciosa no computador que havia na sala, ele continuava a pesquisa como se sua vida dependesse disso. De fato, dependia. Tendo vivido a tensão da chegada de Impmon, sido perseguido por ele e forçado a esgueirar-se pelos esgotos para sobreviver. Perdeu a noção do tempo com a apreensão de esperar nas ruas por ajuda. Trabalhado em pesquisas por outras horas afinco, o rapaz do grande nariz também indicava sinais de cansaço. Mas, não parecia disposto a parar o que estava fazendo, parecia duas vezes mais produtivo do que quando conversando com os demais.

 

— Cochilei pelas primeiras duas horas, mas acabei despertando a pouco. - Disse Benjamin olhando a porta de seu quarto. Despertou devido um barulho que acreditava ter vindo dele, mas a casa voltou ao silêncio e imaginou ter sido sonho. - Não estou tão cansado assim. -

 

Benjamin havia acordado cedo para realizar a pesquisa do trabalho escolar no museu. Viveu a tensão da chegada de Impmon e após acompanhar Cecilia até em casa foi para escola onde ajudou a José com o time de futsal e a arrumar a sala de aula para o jogo. Fugiu de Impmon por duas vezes, tendo tomado a decisão de enfrentá-lo em uma delas. Invocou Aururamon, passando a rastrear Cecilia e Penmon pela cidade, realizando um combate contra os Evilmon em meio ao lixão. A noite, após uma longa caminhada e muita discussão, voltou ao lixão para rastrear e combater Impmon novamente. O moreno interiorano deveria estar exausto, mas não apresentava tantos sinais de cansado quanto os demais.

 

— Ahn? - Daniel repassou mentalmente tudo o que Benjamin havia feito durante o dia, tentando analisar se aquilo era apenas orgulho ou se havia entendido algo dos relatos errado ou da fala daquele momento. - Deveria descansar. Gostemos ou não, precisamos que você e Cecilia em condições de ... -

 

Penmon levantou-se de repente interrompendo Daniel. Suas penas arrepiavam-se enquanto o digimon assumia uma posição de combate voltando-se para a porta do quarto de Benjamin. Olhava como canto de olho para Impmon, mas ele permanecia imóvel. O perigo que sentia não era do prisioneiro.

O interiorano levantou-se do sofá em que estava deitado apenas para ver a porta do quarto se abrir e um vulto surgir, ficando no batente da porta observando-os.

Daniel no computador paralisou diante a cena, Penmon apenas olhou para Impmon oculto atrás do sofá despertando devido ao barulho da porta, tentando entender o que acontecia, e para sua mestra que ainda estava adormecida. Ele precisava acordá-la ou não poderia lutar pois poderia acabar fazendo-a entrar em coma devido ao desgaste de energia. Benjamin ia libertar Aururamon, mas percebeu que mais perto da criatura que invadira estava o desacordado Jose, ele era prioridade.

 

A voz da criatura indicava ser uma fêmea. Uma espécie de lobo bípede, com um pequeno chifre na cabeça e uma pele branca e manchas azuladas que mais parecia um manto. De estatura baixa, quase gordinha, ela parecia séria e compenetrada. Farejou o ar e encarou o sofá, ignorando a todos os outros no local.

 

— Fogo Azul! - Disse a criatura digimon recém-chegada.

 

Os pulmões pareceram se encher após uma respirada profunda da criatura. Benjamin e Penmon pareceram acordar de seus pensamentos decidindo o que fariam. Saltaram para seus alvos prioritários no mesmo instante, José e Cecília, respectivamente.

Chamas azuis saíram da boca da criatura lobo como se fosse um lança-chamas e foram por toda a sala, mas apenas serviram para espalhar e jogar todos pelo chão. Não chegou a acertar nada nem ninguém. Daniel correu para a cozinha. Penmon que havia se jogado em cima de Cecilia conseguia chegar na menina protegendo-a e fazendo-a acordar.

A menina despertou assustada, gritando e não entendendo o que acontecia. Desnorteada, já achava que tudo não havia passado de um pesadelo e não conseguia se encontrar no que acontecia na sala.

Benjamin não chegou a José em seu salto. Mas, viu que o jogador de rpg despertou em meio aos gritos de Cecilia e logo começou a tentar se proteger. O interiorano faria sua segunda ação.

 

— Aururamon! -

 

O brilho de materialização do digimon planta surgiu rápido.

 

— Saudações mes... Era venenosa! - O digimon planta ao chegar tentou se apresentar de forma cortes, mas acelerou contra o digimon que estava de costas para ele e havia chegado ao local onde estava Impmon.

 

A criatura saltou rapidamente e com um giro de corpo usou as garras da pata esquerda jogando vinhas disparadas por Aururamon para o lado e pousou atrás do sofá. Aururamon arregalou os olhos por alguns instantes parecendo tentar acreditar no que vira despertando apenas diante o grito.

 

— Onde está o digimon Soldado do Pesadelo? - Gritou a digimon.

 

— Vou te mostrar o pesadelo! - Penmon ciente de que sua mestra estava acordada, mas que não seria de grande utilidade naquele momento, avançou contra o inimigo. - Super Ta... - Ele tentou, mas sentiu seu corpo ser envolvido por algo e ficar imóvel. Ao olhar para baixo percebeu serem vinhas e rapidamente olhou na direção de Aururamon identificando que o digimon o prendia. - O que? -

 

— O que está fazendo Aururamon? - Benjamin não compreendeu a atitude do digimon.

 

— Desculpe-nos atacá-la, Gabumon dos Lobos Solitários. - Disse Aururamon fazendo uma pequena reverencia ainda prendendo Penmon. - Estávamos apenas defendendo nossos Mestres humanos, mostre a marca Mestre Benjamin. - Aururamon olhou para Cecilia que parecia ter começado a se recuperar do baque de ser acordada por chamas azuladas. - Faça o mesmo menina Invocadora Cecilia. -

 

A digimon lobo pareceu confusa por alguns instantes e abaixou a guarda, especialmente ao ver a marca na mão sendo mostrada pelo humano moreno logo depois pela humana branca.

 

— Por que as coisas só ficam complicadas? - A digimon identificada como Gabumon pareceu não ficar satisfeita com aquilo. - Fizeram contrato com um soldado do pesadelo? -

 

Daniel que estava na cozinha escondendo-se, tentava controlar sua respiração ofegante para não chamar a atenção enquanto repetia para si mesmo que não estava fugindo, mas sim saindo do caminho para o combate ser possível. Em dado momento percebeu que Impmon havia rastejado para a cozinha, também, e estava tentando, em vão, esconder-se, uma vez que não conseguia se libertar, ou sair da casa. Quando os dois se encararam a criatura roxa parecia murmurar para ele “Morrer!”.

 

A reação de Daniel foi começar a tremer. No entanto, foi quando acabou percebendo que Aururamon se apresentava cortes e ligeiro para criatura. Ao que parecia, um mal entendido havia acontecido e agora as coisas pareciam ter se acalmado. Encarou Impmon e deu uma risada debochada naquele momento. Ele não morreria e o demônio roxo não o enganaria.

 

— Acho que este é outro mal entendido. - Disse o rapaz narigudo voltando a sala ao ouvir o questionamento sobre o contrato com o tal soldado do pesadelo.

 

Daniel apenas apontou para um canto da cozinha. O demônio roxo havia se arrastado em meio à confusão, para tentar fugir, mas com as portas trancadas, o máximo que pode foi sair do campo de visão e torcer para que a digimon recém-chegada fosse eliminada antes que chegasse a ele. Daniel já percebia que aquela digimon, de alguma forma, tinha muita experiência a oferecer a eles e que ela seria a solução para lidarem com Impmon por definitivo.

A digimon caminhou até a cozinha e viu Impmon amarrado tremendo de medo. Ela pareceu ficar incrédula e olhou para o grupo de humanos e digimon que estava presente. Quatro humanos e dois digimons. Observou-os com atenção para se certificar da sua análise preliminar, mas parecia que realmente haviam apenas dois invocadores.

 

Vá ao mundo Material caçar digimons fugitivos” eles disseram. “Será fácil!”. “Se algum humano te ver, não vão conseguir provar que você existe e vão achar que estão loucos se for por pouco tempo!” Estou com problemas aqui! Eu deveria seguir o protocolo, mas ninguém falou nada sobre humanos invocadores. Como é que se elimina um candidato a Lord Demônio e humanos normais com os invocadores presentes?

 

A digimon foi até Impmon pegando a corda e começando a arrastá-lo de volta para a sala. Foi até o quarto pelo qual passou e pareceu forçar algo que eles não conseguiam ver, mas Benjamin desconfiava que ela estava a desentortar a grade da janela de seu quarto que certamente havia sido entortada para que pudesse passar. Quanto ao vidro, no entanto, não poderia fazer nada. Fez tudo em silêncio e lentamente, na tentativa de ganhar tempo para refletir.

Enquanto isso Penmon olhava admirado para a digimon, era como se estivesse diante de uma super-heroína e não sabia o que dizer. Já os humanos pareciam verificar uns aos outros quanto a suas condições e reorganizar a sala. Apenas Aururamon voltava a vigiar Impmon que parecia extremamente temeroso com a presença da Gabumon.

 

— Aururamon, pode nos contar quem é este digimon e o que é Soldado do Pesadelo ou mesmo Lobo Solitário? - Perguntou Benjamin sentando-se.

 

— Sim, Mestre! - Disse Aururamon. - No entanto, acredito que com a presença da Gabumon teremos respostas para a maioria das perguntas que não estávamos tendo. -

 

Daniel naquele momento olhou para a digimon que aproximou-se do grupo.

 

— Como eu havia dito antes, os digimons são organizados em várias tribos, ou clãs. Tribo da Água. Espíritos da Natureza e muitos outros. Impmon pertence aos Soldados do Pesadelo e como já havia sido mencionado, é um clã que normalmente tende a tentar conquistar o Mundo Digital. - Aururamon parou um instante. - Eu não havia dito este nome para vocês para não criar uma situação de alarde, o nome realmente chama a atenção. E como eu disse, quando fui invocado não havia nenhuma prova ou suspeita de que algo estivesse acontecendo para indicar que os Soldados do Pesadelo estivessem novamente em movimento, estamos num período de paz. - Aururamon olha para Gabumon. - Outro clã é o dos Lobos Solitários que são digimons especiais que vagam pelo mundo observando e mantendo a ordem. -

 

— Então você é uma policial digimon? - Questionou José que viu os digimons não compreenderem o termo. - Uma espécie de força de elite que luta pela justiça. -

 

A digimon lobo nada disse. Parecia refletir sobre aquela situação e encarava constantemente os dois invocadores, como quem tentasse lê-los. Mas, precisou se ater a fala do rapaz amedrontado que a chamava de policial. Seu conhecimento do mundo humano era vasto e aquele erro de entendimento não podia ocorrer.

 

— Seria algo próximo disso, mas não com o conceito de polícia que os habitantes do Mundo Material possuem. - Disse Gabumon ao perceber que todos te olhavam. - Nós só interferimos no que afeta a ordem do Mundo Digital, os policiais de vocês supostamente em qualquer coisa que afete qualquer coisa ou ser de vocês e aplicam a justiça, ou levam-no até alguém que possa aplicar. Nós não temos esta questão de justiça ou aplicação da mesma, só fazemos o que é para manutenção da ordem. Isso porque justiça pode ser muito relativa, então só mantemos a ordem. -

 

Uma explicação quase filosófica. Este conceito de ordem é ilógico e completamente utópico. Alguém vai confundir ordem e justiça em algum momento. Daniel piscou algumas vezes diante do dito e foi até o computador onde estava seu caderninho de anotações e anotou aquilo.

 

— Por que vocês são especiais? - Questionou Cecilia. - Tipo, no que o seu clã é diferente do de Penmon ou Aururamon para serem vocês os que garantem a ordem? -

 

— Eles são poderosos, habilidosos, tem alto conhecimento e estão preparados para qualquer coisa. Sabem tudo sobre o mundo digital. - Disse Penmon empolgado. - São heróis! -

 

Aururamon revirou os olhos naquele instante enquanto Gabumon apenas deu um sorriso sem graça, talvez o primeiro que tenha dado desde que chegara.

 

— Eu poderia ensinar para vocês tudo o que precisam, já que claramente são invocadores novatos, mas vai levar mais tempo do que disponho. - Comentou Gabumon suspirando e claramente preparando os músculos.

 

— Então... Estamos diante de uma digimon das forças especiais do mundo digital. - Disse Daniel por instinto. Algo o fez questionar aquilo, o que? Ele não sabia. - Por que? - Ele encarou a digimon. - Você chegou e nos ameaçou por achar que estávamos com Impmon, se acalmou por um instante, mas acho que nada mudou, não é? O que está fora de ordem no Mundo Digital para que você venha até aqui? -

 

A digimon observou Daniel. Ele havia sido direto. Ninguém havia se apresentado a ela ou mesmo feito alguma formalidade ou rodeios. O grupo parecia interessado em entender o que estava acontecendo e estavam prontos. Ela reconhecia de onde era Aururamon e de onde era Penmon. Mas, ela não se incomodava com aquilo, preferia que fosse assim.

 

— Eu sou Gabumon dos Lobos Solitários. Estávamos investigando o desaparecimento, sem explicações aparentes, de digimons por todo Mundo Digital quando recebemos relatos de uma movimentação anormal acontecendo na área do clã dos Soldados do Pesadelo. Acreditamos que havia uma possível ligação entre os dois incidentes e um grupo foi destacado para conferir o que estava ocorrendo na área dos Soldados do Pesadelo. - Gabumon parou por alguns instantes. - Acreditávamos ser o início das guerras, mas era, na verdade, uma guerra civil pelo pelo controle dos Soldados do Pesadelo. -

 

Os humanos se olharam e logo depois fitaram Impmon que sorriu triunfante.

 

— Não sei detalhes. - Disse Gabumon. - Uma competição estranha foi criada entre os sucessores para assumirem interinamente o clã. Mas, por algum motivo, os sucessores ganharam adeptos e ajudantes por toda a aldeia... -

 

— Eu falei! Eu falei! - Disse Impmon não se contendo mais. - Está aí minha prova! -

 

Aliviado e empolgado o digimon demônio não parava de falar, mas foi obrigado ao receber um olhar gélido de Gabumon.

 

— Na prática, o conflito interno de um clã não é algo que os Lobos Solitários se envolvam. Mas, o conflito gerado pela competição extrapolou os limites dos territórios deles e ainda colocou o segredo em risco ao fazer com que demônios como Impmon viessem para o Mundo Material. - Gabumon parecia aborrecida. - Enquanto o restante do meu grupo está avaliando as consequências desta competição nos territórios próximos, fui enviada para identificar quais digimons passaram pelos portais, capturá-los ou eliminá-los caso resistissem, bem como apagar qualquer vestígio de suas aparições neste mundo. -

 

E foi tão rápido, que eles não tinham certeza de em que momento Gabumon parou de falar e conseguiu agarrar pelo pescoço a José. Para todos os humanos era como se aquilo fosse uma filmagem e tivessem cortando a movimentação dela, ela parada falando a uma certa distância de José e logo depois, ela já estava segurando o pescoço do garoto. Até mesmo os três digimons estavam surpresos, por muito pouco não conseguiram acompanhar a movimentação da digimon.

 

Cecilia Daniel gritaram se afastando o máximo que podiam, as três criaturas ficam estáticas certas de que não poderiam fazer nada diante a decisão da digimon recém-chegada. O único que agiu foi Benjamin que pareceu não pensar duas vezes em Jogar-se contra a digimon com toda a força que seu corpo oferecia.

 

— Pa-parem… - Penmon aterrorizado com a cena tentou dizer algo. - São... invocadores, são especiais... também! -

 

Gabumon sentiu o impacto soltando Jose e caindo no chão atordoada com o ocorrido. Benjamin já havia saído de cima dela e afastava-se ajudando José que tossia tentando conseguir ar. A digimon ficou olhando Benjamin e o grupo se aproveitou para afastar para um canto enquanto Benjamin estava pronto para confrontar, novamente o digimon a sua frente.

 

— Eu sei! - Disse Impmon. - Ele é abusado! -

 

Impmon estava atrás de todos, mas em um piscar de olhos Gabumon passou pelo grupo e chutou com força o digimon roxo amarrado fazendo ficar encolhido no chão gemendo baixo.

 

O grupo ficou de olhos arregalados, até mesmo Benjamin agora ficara sem conseguir reagir. Ela havia desaparecido diante os olhos de todos e aparecido atrás deles, atacando Impmon. Passou por eles como se nem estivessem ali.

 

A velocidade dela não tem como enfrentar. Isso é culpa minha. Devia ter explicado tudo desde o início, mas meu mestre queria informações para salvar os amigos. Aururamon sentiu-se culpado da situação e olhou para Benjamin que preparava-se para uma nova rodada do embate.

 

— Vamos tentar de outra forma. - A voz de Gabumon parecia tão inconformada com a situação que por um instante Aururamon entrou em uma posição de combate por instinto.

 

O mestre de Aururamon saltou contra mim para defender o humano não invocador. Eu posso compreender que ele queira defender aos humanos, supostamente eles não é invocador a muito tempo. Mas, este é o problema, como ele conseguiu se jogar contra mim e me derrubar com sucesso? Ele ainda por cima levantou-se primeiro. Gabumon questionava-se como Benjamin pode derrubaá-la. Ele não deveria poder fazer aquilo. Ela precisava de tempo para pensar.

 

— Eu vou matar você! - Disse a Digimon Lobo apontando para Impmon. - De fato, preciso dar um jeito nesses dois. - Gabumon meneou com a cabeça apontando para José e Daniel.

 

— Ao invés de atacar diretamente está nos ameaçando. - Daniel pareceu incrédulo e aind amais temeroso. - Como isso pode ser diferente? -

 

— A diferença é que darei o direito de saberem porque os dois vão morrer, porque Impmon vai morrer e porque os dois invocadores não devem interferir, caso contrário mato os dois também. -

 

— Mas… Mas… - Penmon incrédulo com o que ouviu. - São especiais! - Disse ele entrando na frente de sua Mestra finalmente saindo de seu estupor, mas claramente ele tremia. - Não pode matar invocadores. -

 

— Na verdade, poder pode! - Disse Aururamon fazendo os humanos ficarem chocados. - Mas, eles não sabem o que está acontecendo e nem as regras. Por favor Gabumon do Lobos solitários, peço que seja razoável. Não cobre deles uma regra que não conhecem. Permita-os entender e assim eles também serão razoáveis. -

 

— Não vou ser razoável quanto a matar pessoas! - Disse Cecilia manifestando-se pela primeira vez. - Não vejo como matar duas pessoas que nem queriam ter se metido nisso pode ser manutenção da ordem. -

 

Gabumon deu uma risada e fez sinal para se acalmarem. Ela andou para longe deles e sentou-se afastada. Mas, viu que nenhum deles relaxou. Observou-os por alguns instantes como se esperasse alguma ação deles.

 

— Se não quiserem conversar posso tomar minhas decisões sozinha. - Gabumon disse com certo desdem.

 

Daniel percebeu que teriam algum tempo, foi até a mesa onde estava o computador e pegou seu caderno de anotações. O grupo olhou incrédulo aquilo, mas ele ignorou. Sentou-se o mais afastado possível de Gabumon e preparou-se para anotar. Sabia que suas chances de se manter vivo precisavam ser criadas e já havia ficado claro que diferente de Impmon, a digimon a sua frente muito mais poderosa que eles e não cairia em armações.

 

— Bom se não começam vou começar. Por que veio para o Mundo Material? Eu identifiquei até agora 5 portais que partiram da área dos Soldados do Pesadelo. Tinha identificado mais dois que eu não sabia a origem, mas já sei que são Penmon e Aururamon. -

 

Os adolescentes ficaram se olhando sem saber o que responder e olharam para Impmon que parecia não querer colaborar. Ele os ignorava bem, mas ao passar os olhos por Daniel viu-o murmurar a palavra Desculpa.

 

Demorei, mas entendi. Aquele morrer que fez na cozinha momentos atrás não era só para você, ou para mim como uma ameaça. Era um aviso para todos nessa casa. Se eu tivesse compreendido aquela hora talvez pudéssemos ter caminhado diferente, mas agora só me resta lhe pedir desculpas e torcer para que você me acompanhe nessa encrenca. Daniel encarava Impmon enquanto tentava lhe fazer tudo o que ele estava pensando e sentindo naquele momento e por algum motivo que ninguém conseguiria explicar, Impmon parecia entender.

 

— Espero que a partir de agora preste atenção no que eu falar. - Disse impmon sorrindo debochado para confirmar tudo o que Daniel estava tentando transmitir, mas antes que pudesse retomar a fala, ou mesmo retirar o sorriso, sentiu seu corpo ser arremessado contra a parede por um novo forte golpe de Gabumon que se locomoveu tão rápido quanto as outras vezes.

 

— Se tentar alguma coisa… - Gabumon apenas o ameaçou dando as costas e voltando para o lugar em que ela estava sentada anteriormente. - Comporte-se. -

 

Impmon tossiu algumas vezes recompondo-se enquanto o grupo que sequer tinha visto o movimento feito pela loba percebeu que era inútil se manter em guarda. Começaram a sentar enquanto Aururumon e Penmon se revezavam em tentar manter algum perímetro.

 

— Para não morrer! - Gritou Impmon desesperado do nada. - Eu vim para não morrer. A competição era solo. Era cada um por si! Só tem prêmio para um. Não faz nem sentido aquele monte de digimon se ajudando. -

 

Um silêncio se fez e nada mais vinha de Impmon. Gabumon fez sinal para ele continuar, mas Impmon pareceu resistir e todos na sala entenderam que ele não poderia falar muito mais que aquilo.

 

— Por causa da tal competição, morreria se ficasse lá. Mas, por causa dela também morrerá aqui. - Daniel disse calmamente ao digimon demônio. - Talvez o que te mata também te fortaleça. -

 

Impmon encarou o jovem por alguns instantes e seu rosto de encheu de um sorriso maroto que foi notado por todos.

 

— Sabem que posso aceitar tudo que ele falar como uma mentira de quem tenta ficar vivo, não é? - Gabumon questionou tranquilamente. - Já entendi que vão tentar me convencer que todos tem que ficar vivos por meio da competição, mas então vou me adiantar. - Gabumon sorriu. - Existem três grupos de seres especiais. Digimon lobos solitários, humanos invocadores e digimon invocados por humanos invocadores. -

 

Gabumon passou a ganhar a atenção de todos naquele momento enquanto Impmon mantinha o sorriso desafiando a Gabumon a conter o plano que ele e Daniel estavam traçando apenas com o olhar.

 

— Os seres especiais existem para manter a ordem em seus respectivos mundos. Sendo que os invocados têm que manter nas duas. - Gabumon parou um instante. - Melhor dizendo, Lobos solitários manterem a ordem total para que o mundo não entre em colapso. Digimons invocados ajudam a manter a ordem no Mundo Digital, mas só quando portais dimensionais estão na jogada. Invocadores e invocados no Mundo Material servem para manter a ordem quanto a interferências do Mundo Digital no Material. Melhor deixar claro porque vocês não se tornam super herois para combater crime ou qualquer outro incidente do mundo de vocês, apenas aqueles ligados aos digimon. -

 

Daniel anotava enquanto os demais ouviam calmamente.

 

— Digimons invocados geralmente são de nivel treinamento acima, pois assim eles veem com todo o conhecimento e instruções para passar a vocês. Instruções essas que Penmon não passou por desconhecer muito, por ele ainda ser muito novo e Aururamon parece estar tendo dificuldades em explicar ou saberiam da regra conhecimento zero. -

 

Gabumon encarou Aururamon por alguns instantes. Penmon já estava cabisbaixo por não estar cumprindo seu dever como deveria e gostaria.

 

— Eu diria que ele não tem culpa. - Disse Benjamin. - Desde que ele chegou tenho perguntado e não dado espaço ou tempo para ele explicar. Fiz a invocação para salvar meus amigos e isso deve ter sido um problema para ele, já que tudo era urgente. -

 

— Entendo. - Gabumon assentia com a cabeça. - Não culpo nenhum dos dois disso. Normalmente invocações ocorrem em situações de invasões e com isso o Mundo Digital normalmente já sabe. Mas, exceções como essas acontecem. - Gabumon parou. - Existe a Regra Zero Conhecimento. Não pode haver humanos não invocadores com conhecimento sobre os digimons. Se tiverem sorte de ver e não saber do que se trata estão livres, senão os seres especiais precisam entrar em ação. Vão fazer ele achar que está louco, viu coisas e tudo o que for possível para enganá-lo. Quando isso não mais for possível a pessoa tem que morrer. -

 

— Mas, que mal há em saber que digimon existe? - Questionou Cecilia.

 

— Não é um problema os digimons em si. Mas, saber da existência do Mundo Digital. Ou melhor, a existência de outros mundos. - Diz Aururamon. - A história do Mundo Material possui figuras humanas mais malignas que muitos digimons ditos malignos. Imagina um desses que tentasse invadir o Mundo Digital? -

 

Os humanos ficaram imaginando as figuras históricas que faziam tudo para conquistar e outros mais. Era claro que não precisavam explicar que não era apenas invadir para conquistar, mas invadir para exterminar por medo também era a especialidade humana de muitos povos.

 

— Não pode matar uma pessoa por causa de uma sus peita de que causariamos… - Cecilia parou por alguns instantes percebendo que Aururamon balançou a cabeça. - Já tentaram, não é? -

 

— Sim! Não foi bonito. - Confirmou Gabumon. - No entanto, humanos não precisariam invadir, bastaria capturar digimons desavisados que viessem para cá. Armas poderosas nas mãos de pessoas inconsequentes. - Gabumon pareceu rir. - Por isso, não podemos deixar humanos saberem dos digimons. Como saber o que ele ará com a informação? Não temos como ficar analisando todo mundo, não estamos aqui para julgar, mas para manter a ordem. -

 

Cecilia ia argumentar, mas Daniel pareceu interessado em algo e a interrompeu.

 

— E como tem certeza que todos os especiais fazem isso? - Questionou Daniel. - Vamos supor que eu não estivesse aqui na hora que você invadiu. Você não saberia de mim. O método parece meio falho e basicamente coloca um alvo nos digimons ou nos humanos envolvidos, pois se alguém descobre e consegue sobreviver ao ataque, eles ficam como assassinos. -

 

— Regra Zero Conhecimento. - Disse Gabumon sorrindo de forma debochada. - Vamos, estou vendo que é inteligente e por isso não pode ficar vivo. Mas, quero que você mesmo diga-me. Te dou uma chance, isso acontece a milênios e todos os vazamentos são segurados. -

 

Daniel ficou pensativo com aquilo enquanto o grupo tentava chutar ideias estranhas.

 

— Sempre achei que fosse mágico. - Disse Penmon. - Os invocadores e invocados são forçados por mágica. -

 

— Mágica? - Aururamon revirou os olhos. - Ainda que exista tal coisa, não pode simplificar assim. -

 

— É uma programação por causa da tatuagem! - Daniel se levantou indo até Cecilia pegando na mão da menina e olhando-a com cuidado. - Vocês são dados digitais, então a tatuagem que é como um contrato de servidão também insere essa programação de Regra Zero Conhecimento que os obriga a matar. Possivelmente também os dá habilidade de saber ou mesmo rastrear essas pessoas que tiveram contato. -

 

Eu estava apenas curtindo com a cara dele. Não esperava que ele realmente entendesse isso sozinho. Gabumon tentou esconder a surpresa dele ter entendido, ainda que imaginasse que Aururamon já tivesse tentado explicar bastante daquilo, mas sem que eles conseguissem entender.

 

— Não só a regra Zero Conhecimento, mas muitas outras. - Disse Impmon. - Mas, pegue as entrelinhas e me deixa fazer meu show. -

 

Daniel ao ouvir aquilo ficou tentando imaginar o que Gabumon havia dito que era importante sobre a Regra Zero Conhecimento. No entanto, Benjamin e Cecilia ficaram olhando a tatuagem imaginando o que eles seriam forçados a fazer além de matar pessoas.

 

As atenções voltadas para Impmon agora deixavam claro que Gabumon não mais falaria e na verdade, não parecia que ela precisava explicar mais nada. Gabumon mataria os humanos ou os invocadores, cedo ou tarde o fariam.

 

— Surpreenda-me e nos impeça. - Disse Gabumon a Impmon que apenas sorriu com mais malícia.

 

— Todos os candidatos a virarem Lord Demônio foram convocados com seus tutores. Os candidatos foram informados da situação do clã que é, nosso Lord Demônio está hibernando a mais tempo que o normal, já deveria ter acordado ao menos umas duas vezes e até agora nada. Para que a vila continue seu processo um Lord Interino será escolhido, sem prejudicar ao processo do Lord atual e futuro. Para isso foi criado uma competição entre os candidatos que poderiam contar com a consultoria de seus tutores. - Impmon começou. - Parece mentira até agora para você? Tenho certeza que não sabia da parte da hibernação. -

 

Gabumon limitou-se a ficar em silêncio encarando-o.

 

— A competição consistia em o candidato demonstrar que havia adquirido, ou assimilado, todas as habilidades de um digimon em treinamento do clã Soldado de Pesadelo e as principais características de um Lord Demônio. - Impmon prosseguiu. - Para isso todos passaram por um ritual em que assim que uma tarefa fosse cumprida “magicamente” a tabela mostrando que ele cumpriu o quesito seria preenchida. - Ele riu. - Desculpa, gostei da parte da mágica. - Amarrado ele tentava se mover em meio as risadas, mas era difícil. - A competição terminaria assim que um candidato conseguisse realizar todas as tarefas. No entanto, o vencedor seria aquele que tivesse o maior número de pontos. Isso é que era interessante, podia-se terminar primeiro todas as tarefas, ou seja, provar que tem todas as habilidades, mas não ser o que tem mais pontos. Isso porque aquele que faz primeiro uma tarefa recebe mais ponto do que quem cumpriu a tarefa depois dele. Só pontua mais quem cumpriu primeiro, os demais pontuam igual. Então, o primeiro a terminar pode ser só quem encerre a competição, mas alguém pode ter conseguido um número de conclusões de tarefa em primeiro que faz com que ele pontue mais. -

 

— Não precisa explicar que uma das tarefas envolve rituais. - Gabumon entendia que havia porque os portais estavam sendo abertos.

 

— Como eu disse, todas as habilidades de um digimon em fase de treinamento do nosso clã precisam ser provadas. E isto gerou o problema. No aprendizado estamos muito desnivelados, desta forma, alianças começaram a ser feitas, porque esta também é uma das tarefas. Mas, mais do que isto, o vilarejo começou a perceber o que estava acontecendo então um digimon comum ofereceu ajuda em troca de favores futuros caso quem ele estava ajudando ganhasse. Outro ofereceu ajuda só para outro candidato não ganhar. E assim toda a aldeia se envolveu. Na prática, muitos são digimon em treinamento, então falta maturidade em muitos dos candidatos, o que causou o que chamou de guerra civil. - Impmon pareceu querer contar as coisas em seu ritmo, mas tanto Daniel quanto Gabumon sabiam ele ganhava tempo. - Eu não iria me aliançar, mas precisava cumprir pontos de aliança, pontos de traição, pontos de liderança e foi ai que a coisa complicou. Não aceitaram o revesamento de liderança e havia uma habilidade que não dava para ser ignorada facilmente. -

 

— Assassinar companheiros. - Disse Gabumon deixando as crianças chocadas.

 

— Um Lord Demônio precisa estar pronto para sacrificar quem for. - Ele sorriu diabolicamente. - Adivinha quem estava na lista de ser sacrificado pela aliança? Então eu fugi e vim parar no Mundo Material. Sim, há habilidade de rituais, abertura de portal para o mundo humano, manter-se vivo aqui por um dia inteiro e voltar vivo. -

 

— O que? - Cecilia interrompeu. - Significa que todos os candidatos virão para nosso mundo? -

 

— É possível. - Disse Gabumon. - No entanto, é contra as regras. Se eles vierem, serão mortos. -

 

— Acho que está se precipitando. - Diz Daniel a Gabumon.

 

Daniel sorria do seu lugar sentado. Fechou seu caderno e carou Gavumon de forma debochada. Gabumon olhou confusa, não via como nada que havia sido falado pudesse livrar a vida de nenhum deles.

 

— Você disse para nós que mantém a ordem. Seu grupo não pratica justiça. Não vai ficar julgando e punindo. Vai apenas realizar manutenção da ordem sem interferir em assuntos dos clãs. Vai atuar quando as consequências dos assuntos dos clãs extrapolarem suas fronteiras, mas para restaurar a ordem. - Daniel parou. - Uma vez que vieram para cá é morte deles ou de quem viu e não conseguirá esquecer, certo? -

 

Uma tensão se formou. Gabumon já havia levantado-se e tentava entender o que ele estava falando.

 

— Impmon está capturado, então não tem porque eliminá-lo. Por que não têm? Porque capturado e sem energia ele não é mais ameaça ao seu segredo e se matá-lo interferirá na competição, favorecendo a um dos outros competidores. - Daniel viu Gabumon encará-lo desafiadora enquanto ele fazia o mesmo.

 

— Pé na cova covardão, eu te daria um abraço não fosse minhas intenções assassinas e essa corda. - Disse Impmon dando um sorriso aberto e alegre.

 

— Supondo que ele esteja falando a verdade. - Disse Gabumon arisca e pronta para atacar, no entanto parou bufando. - Mas, os dados do que ele falou bate com o que tenho. - Ela parecia contrariada e parecia resmungar sobre como tudo aquilo havia ficado complicado. - Mas, não significa que vocês dois devam viver. - Apontando para os humanos não invocadores Gabumon sorriu.

 

Penmon a todo momento estava tentando acompanhar a discussão e estava impressionado como parecia que só ele não estava conseguindo acompanhar. Olhou para sua Mestra que apenas fez um gesto de cabeça para ele. O azulado pokémon não duvidou, desta vez faria o que sua mestra pedia, sem questionar.

 

— Não tenho certeza se isso também não é contra as regras, mas se minha mestra pedir eu te enfrentarei. - Diz Penmon. - Me desculpe! - Para ele Gabumon era a lei e a ordem, não parecia complexo que o que ela falasse deveria ser acatado. Ele não entendia como tudo poderia estar tão complicado.

 

— Se acalmem. - Disse Daniel. - Você não vai nos matar, porque de acordo com o que você disse, quem mantêm a ordem aqui são Invocadores e invocados. E até o momento eles tem o feito e nenhum outro invocador se meteu na história, o que significa que ainda estamos dentro das possibilidades de encontrar alternativas para a morte. -

 

— Não diria isso. - Diz Gabumon sorrindo. - Eu posso vir aqui e fazer o trabalho se eu souber e ninguém tiver feito ainda. -

 

— Vamos encontrar uma forma deles não serem mortos. - Disse Benjamin.

 

— Como? - Questionou Gabumon. - Eu estou aqui e vocês ainda não fizeram nada, muito pelo contrário, deram mais e mais informações para eles. -

 

Jose estava calado imaginando se conseguiria sair vivo dali ou não. Então olhou para Daniel e viu o caderno de anotações dele. -

 

— Daniel. Informações. Temos informações! - Disse José.

 

O narigudo olhou sem entender. As ideias dele haviam acabado, salvara Impmon, mas suas jogada para salvar a ele e Jose não deram resultado.

 

— Entrelinhas. - Diz Impmon. - Leu muito bem a minha história e a dela para me salvar. - O digimon roxo ponderou. - Acho que terei que retribuir. - Ele sorriu para Gabumon. - Deixe-os vivos até a hora de partirmos. O pior a acontecer é eles terem que ser mortos por outro que não você. -

 

— Por que eu faria isso? -

 

— Sei que é uma rastreadora excelente. Mas, duvido que saiba o que ocorreu aqui desde minha chegada. Você diz que eles tem que morrer, e um deles diz que tem informações. Você disse uma quantidade de portais e eu digo, eles sabem onde todos eles abriram. - Um sorriso diabólico surgiu no rosto dele naquele momento. - Eles são uteis descartáveis, mantenha-os vivos enquanto forem uteis. Se eles conseguirem uma solução, coisa que sabemos ser improvável, muito bem. Mas, se não é provável que a vontade da regra zero ative-se nesses dois e eles matem seus próprios amigos. - Ele fechou os olhos. - Ou algum outro invocador chegue, eles tentem impedir, e morram junto. -

 

Um silêncio se fez e ficou claro que Impmon abriu uma janela de tempo para eles ficarem vivos, mas ainda planejava a morte deles com requintes de crueldade. Em silêncio ninguém pode perceber Benjamin consultando com os olhos a Aururamon que apenas confirmou com a cabeça. Seria uma corrida contra o tempo e aqueles dois desconfiavam que somente o conhecimento de Aururamon poderia lhes uma ideia do que fazer, afinal era o único que poderiam confiar.

No entanto, Gabumon ainda não parecia inclinada a aceitar. Ela poderia fazer seu trabalho sozinha. As informações que os humanos tivessem não eram essenciais e se fossem os humanos invocadores teriam de fornecer. Mas, estava claro, mesmo que matasse velozmente os dois, teria que enfrentar os invocadores até que a programação deles estivesse ativando-se.

 

— Impmon posso dizer que você começou a ficar sem energia após 8 horas por aqui? - Questionou Daniel quebrando o silêncio. Recebeu um afirmativo com a cabeça após o demônio roxo pensar um pouco. - Então deve ser aproximadamente isso. Se matar a nós dois vai ter que se virar para caçar aos demais. Mas, se nos deixar vivos por hora, podemos te ajudar. Temos algumas localizações e ideias de onde eles estão. -

 

— Se os matá-los meu mestre vai querer lutar com você precisarei defendê-lo. Só vai gastar tempo e energia. - Aururamon disse dando um passo a frente. - Desculpe-nos Gabumon! Meu mestre não tem nem um dia como Invocador e ainda não sabe de tudo, então não entende a gravidade das coisas. -

 

— Não vamos deixar matar nossos amigos. - Disse Cecilia.

 

Um Invocador recém-criado que está apresentando habilidades estranhas como se a programação dele fosse a mais forte e antiga. Um Humano com uma inteligência e poder de dedução acima da média e adquirindo conhecimentos sobre o Mundo Digital a cada instante. As coisas não poderiam estar mais complicadas. Tenho que matar é aos quatro. Como ele deduziu o tempo de gasto de energia? Aururamon e Penmon podem até saber que eles precisam de energia e ter contato, mas dele chegar a conclusão de que eu também teria que ter um tempo limite e definir esse tempo... Gabumon sentia que aquele grupo era um perigo para a segurança do segredo do Mundo Digital. Ela balançou a cabeça algumas vezes, inconformada que teria que ceder, ao menos por enquanto.

 

— Pelo visto... Temos um acordo. - Disse Daniel percebendo as reações da adversária.

 

— Ei! - Esperem! - Gritou Impmon. - Quero entrar neste acordo! -

 

Gabumon apenas encarou-o sem entender.

 

— Eu preciso de energia alternativa! Me dá! Eu sei que você sabe como conseguir! Tem que ter solução! - Impmon voltava a berrar. - Não serei útil se definhar. Ei! Ei! Onde está o código de que todo prisioneiro deve se bem tratado? Eu já fui até chutado! -


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Notas finais do capítulo

Alguém lendo?
Gostando?

O próximo episódio será no dia das mães (voltaremos as postagens de domingo).



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