Digimon Invocação escrita por Kevin


Capítulo 10
Episódio 09: Pacto Forçado


Notas iniciais do capítulo

E voltamos a nossa programação de postagem normal!



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— Vocês se mostram mais ingênuos a cada minuto. -

 

Daniel que voltou a trabalhar no computador olhou rapidamente para o digimon ainda amarrado e tentou ignorá-lo por alguns instantes. Ele tinha que continuar sua pesquisa, em especial por agora saber que sua vida tinha prazo de validade com a chegada de Gabumon, mas o pequeno digimon demônio amarrado havia conseguido tirar sua atenção.

 

— Achei que estava do nosso lado. - Comentou Aururamon. - Mas, eu concordo com você. -

 

Daniel parou seu trabalho, observou por alguns instantes Aururamon e logo depois virou-se para encarar Impmon com sorriso de triunfo, mas o que encontrou foi um sorriso na face do demônio. Não era cinismo, deboche, ou sarcasmo ou algo que ele normalmente apresentasse. Era um sorriso de camaradagem.

Os dois estavam arquitetando um plano para se salvarem, mas cada um ao seu modo e estilo. As poucas coisas que compartilhavam era a vontade de sobreviver e o tempo curto que tinham para trabalhar. Gabumon havia dito que ao amanhecer, senão tivessem resolvido o caso ela resolveria o que podia. Tinham apenas até o amanhecer. Impmon estava com a vida garantida, mas devia aos humanos e não queria que fosse assim.

 

— Ela partiu para o lixão levando a humana invocadora com o Penmon, digimon que apesar de ciente da situação ainda idolatra o ar que ela respira e o humano que pareceu o mais inofensivo até então na frente dela. - Impmon suspirou. - A ideia é rastrear os digimons que vocês escutaram batalhar no lixão. Mas, a missão inicial dela era eliminar a mim e a qualquer humano não invocador que viesse a saber dos humanos. -

 

Impmon parou de falar enquanto parecia ter a atenção de Benjamin, Aururamon e Daniel.

 

— Nós aprendemos durante nosso treinamento, na fase de treinamento, que humanos não devem saber sobre os digimons. Se souberem, temos que fazer eles não acreditarem no que viram, esquecerem ou eliminarmos. - Disse Impmon. - Na nossa frente ela pode ter aceito o trato para evitar um confronto, mas se no lixão ela encontrar uma pista que resolva tudo e os não invocadores se tornem descartáveis... -

 

— Alguém que vive de regras trairia um acordo? - Questionou Daniel e logo percebeu que era desta inocência que falavam. - Aururamon decidiu aguardar o momento para nos explicar e decidir, certo? - Questionou Daniel pensativo.

 

— Eu poderia te falar de índole. - Disse Aururamon. - Mas, além disso eu fui invocado para ser servo. Não posso fazer algo que meu mestre desaprove. Não é que serei repreendido, mas é fisicamente impossível, eu serei impedido no último minuto fisicamente. Penmon me atacou porque sua mestra, a menina Cecilia, não havia dito que ele não devia. Mas, agora ele não consegue mais. -

 

Daniel pareceu compreender e sorriu.

 

— Claramente você tem um plano, certo? - Benjamin encarou-o. - Desde que começou a barganhar horas de vida. -

 

— Tenho algumas. - Disse Daniel. - Infelizmente, ainda não tenho uma que garanta a vida de todos. Em todas as minhas ideias, ao menos um morre. Num erro de calculo, as vezes morre até um invocador. -

 

Benjamin ficou olhando Daniel por aquele momento. O garoto covarde estava realmente empenhado em sobreviver e estava usando a única coisa que possuía, sua inteligência. Mas, não dava para ter certeza se ele estava conseguindo pensar direito, já que ele calculava que talvez um invocador fosse morrer no processo.

 

— A minha ideia envolve morte também. - Diz Impmon com um sorriso zombeteiro. - A morte de Gabumon. -

 

Aururamon suspirou. Ele teria, em algum momento, que tomar as rédias da situação para evitar um caos generalizado. Teria de esperar e tentar fazer com que os humanos não causassem um incidente entre os dois mundos.

 

— Não temos poder para combater um Lobo Solitário. - Comentou Aururamon. - Está muito mais treinado que a gente e na prática apenas eu tenho energia para combatê-la. Impmon não vai ter energia para isso e Penmon não vai fazer isso. -

 

— Além disso, matá-la é uma solução temporária. - Comentou Daniel. - Vai nos dar mais tempo, mas quando ela não voltar outros virão atrás dela. Certamente, mais fortes e que vão perceber que Gabumon não foi acidente, mas uma armadilha. -

 

— Acredito que tenha razão. Tem uns Lobo Solitários que conseguem lidar com os candidatos a Lordes Demônio em seus estágios finais. Nós não teríamos chances de barganhar. - Impmon suspirou. - Como podemos ajudar nas suas ideias? Até agora você me salvou. Devo uma. -

 

— Me conte tudo sobre o seu clã e o que vocês aprendem na fase de treinamento. - Daniel apontou para Impmon. - E me conte tudo que sabe sobre os Lobo Solitários. - Disse apontando para Aururamon.

 

Benjamn ficou olhando sem ter certeza qual era o plano de Daniel. O pescoço dele estava em jogo justamente por causa daquela quantidade de informações que ele estava obtendo.

 

 

Digimon Invocação - Rituais
Arco 01: Pactos
Episódio 09: Pacto Forçado

 

 

Nunca imaginou que iria ao lixão três vezes no mesmo dia, ainda mais na companhia de criaturas tão estranhas. Quando adormeceu no sofá da casa de Benjamin teve sonhos confusos, mas até acreditou que tudo aquilo de digimons e invocadores era apenas um pesadelo impossível e que havia comido algo pesado e estragado antes de dormir. Acordar sendo atacada era uma péssima forma de confirmar que o pesadelo era real.

O cheiro do lixão também quebrava qualquer ilusão de que as coisas pudessem se normalizar logo. Mas, se alguma dúvida ficasse a voz repetitiva e irritante de Penmon tentando dar-se bem com a membro dos Lobos Solitários, garantia que todo aquele processo seria prolongado.

 

— Isso é uma marca de golpe! - Dizia o digimon ave. - Aqui certamente foi queimado por um golpe de digimon. - Ele dizia. - Acho que este ponto dever ter sido pisoteado por humanos na corrida. -

 

Gabumon parecia concentrado em analisar as marcas da destruição, por isso parecia ignorar a menina desconfortável ou o clamante por atenção e reconhecimento Penmon. No entanto, a loba parecia não conseguir ignorar a quarto membro de rastreio do grupo.

José estava calado observando as coisas em volta com cuidado. Parecia que um filme passava em sua cabeça a cada detalhe que ele achava naquele local em desordem. Se para Cecilia e Penmon nada fazia sentido, Gabumon estava tendo certa dificuldade em identificar o que ela mais queria, saber quais os digimons estiveram ali. Mas, estranhamente Jose estava parecendo entender algo.

 

— Ei! - Gabumon chamou José interrompendo a falação de Penmon. - Você não esteve aqui antes. Mas, parece compreender bem o local em sua volta e as coisas que está observando. -

 

José sorriu sem graça ao perceber que o grupo havia voltado sua atenção para ele. Era noite e só possuíam duas lanternas, sendo que uma delas ele havia começado a usar como se analisasse algo, o que de fato acontecia.

 

— Bem... - Ele pareceu incerto. - Não sei rastrear olhando pegadas a destruição ou coisa parecida. Imagino que você faça isso de forma brilhante e esteja identificando coisas de seu mundo que não deveriam estar aqui, correto? -

 

Gabumon confirmou com a cabeça. Era o básico para um rastreamento eficiente, identificar o que estava em desordem, o que estava ali que não deveria ou estava fora do lugar. Mas, aquilo era um lixão e tudo parecia não dever estar ali e estar fora do lugar. Não podia contar com a visão, o olfato ou outros. Via as marcas de alguns possíveis golpes e tentava deduzir o que viria a ser do golpe e do desgaste ou provocado pela imprudência humana antes do descarte, mas admitia que estava com dificuldades. Em uma situação diferente até diria que nada havia acontecido ali.

 

— Estou observando o que está no lugar. - Comentou José.

 

— O que está no lugar? - Cecilia pareceu confusa olhando de um lado para o outro questionando-se o que estaria no lugar naquele lixão. - Algo está no lugar? -

 

José fez sinal para eles se aproximarem e apontou para um amontoado de pneus semi-derretidos. Logo após ele jogou o foco da lanterna nos montes em volta como se procurasse algo até que terminou de fazer uma volta completa em volta deles.

 

— Eles deveriam estar aqui? - Questionou por fim José. - Eu não tenho certeza, mas quando entramos me pareceu que passamos por pilhas específicas de lixos. Como se estivessem separados por tipo. -

 

— Está dizendo que um lixão deveria ser organizado? - Penmon pareceu duvidar por alguns instantes e acabou começando a rir. - O Mundo Material é divertido! Nunca imaginei que um local como esse devesse ser organizado. -

 

— Na verdade não deveria. - Diz Cecilia. - Mas, além de aqui poder ser apenas um ponto de separação e os outros locais já dos separados, há muitas explicações para eles estarem aqui. –

 

Jose sorriu confirmando que ela tinha razão. Porém, Gabumon pareceu pouco convencida com aquilo e começou a retirar o lixo e a olhar em volta. Ela não precisava da lanterna, parecia que seus olhos eram adaptados para mover-se na escuridão do local com toda a tranquilidade que quisesse. Sendo observada pelos três do grupo, ela ignorava as ofertas de ajuda de Penmon naquele momento.

 

— É sério! Só diga o que quer que eu faç... -

 

Penmon engasgou durante a fala. De repente Gabumon saltou ganhando os céus e sumindo da vista do grupo. Eles se olharam durante algum tempo.

 

— Você precisa ser mais contido e fazer só o que tiver certeza que vai conseguir êxito. - Diz Cecilia rindo de Penmon. - Não se esqueça que momentos antes estávamos para lutar contra ela. Não pode querer se opor a alguém em um momento e ser amigo em seguida. -

 

A pequena ave azul olhou para sua mestra, sem conseguir encará-la devido a penumbra do local. Mas, entendeu que ela estava lhe dando um conselho e que percebera a empolgação e a tentativa de aproximar-se da digimon de alguma forma.

 

Eu sou muito sortudo! Tenho uma mestra que mesmo eu tendo traído a confiança não explicando tudo a ela ainda presta atenção em como me sinto e me ajuda a conseguir o que eu quero. Ontem eu era apenas um digimon em treinamento que ainda não tinha largado as manias da fase criança e hoje, menos de um dia depois, sou servo de um humano invocador e estamos trabalhando com um membro dos Lobos solitários! Eu vou me esforçar!

 

Correu pelo lugar sem conseguir ter certeza do que estava vendo, mas tropeçou em algo. Percebeu, por fim, que eram várias e várias caixas quadradas de algo pesado. Chegou a coçar a cabeça tentando identificar o que era, mas na certa era algo humano que não havia no seu mundo ou talvez sequer tivesse visto devido a sua juventude.

 

— Ei! O que são essas coisas? - Questionou Penmon.

 

Cecilia e José jogaram suas lanternas ao mesmo tempo sobre as caixas e perceberam ser baterias.

 

— Fujam! -

 

Um berro veio de cima como um aviso. Os três se olharam e ficaram parados aturdidos sem saber para onde deveriam correr. O chão começou a tremer e logo depois a brilhar e então José ficou paralisado assim que uma estática começou em pleno ar. Um portal estava se abrindo.

Penmon e Cecilia começaram a se afastar para se proteger, mas perceberam que José estava paralisado. Tentaram ir até ele, mas a onda de choque da saída do digimon do portal foi grande. Eles olharam na direção do portal, na tentativa de identificar o digimon e ficaram aterrorizados. A claridade desapareceu deixando apenas a ideia do que estava ali.

 

Ossos? Eu vi direito? Uma criatura gigante com um grande rabo toda feita de ossos?

 

Cecilia sentiu um passo perturbador em meio ao lixão junto com um urro animalesco, mas então viu labaredas azuis surgirem de cima. As labaredas acertaram a gigante criatura e se espalharam pelo local do lixão que estavam dando novamente visão a equipe.

 

— O que estão esperando? - Gritou Gabumon. - Estão vendo o que está a nossa frente. Fujam! -

 

Gabumon estava em posição de guarda contra a criatura e parecia preocupada. Parecia avaliar as opções quando teve que jogar-se para o lado para não levar um golpe do digimon que tentou acertá-la. Ao rolar pelo lixo percebeu que nenhum dos três parecia sair do lugar.

 

Quando falaram das coisas que não deveriam estar aqui desconfiei que foram colocadas propositalmente aqui para ocultar os rastros da batalha. Mas, depois que olhei melhor percebi que havia montes sendo formados em posições para um ritual de abertura de portal, ao menos uma preparação para que se alguém tentasse abrir do Mundo Digital. Até baterias de carro empilharam para dar energia para abri-lo. Para conferir se realmente era o desenho do portal eu saltei alto, mas enquanto eu subi o portal se abriu. Agora o humano não invocador deve estar paralisado pela estática, vai morrer para minha sorte. Mas, aqueles dois têm que fugir porque não dá para enfrentar um Skull Greymon de frente sozinha e protegê-los. Por que aquele incompetente não reage?

 

Irritada com a inércia de Penmon, Gabumon olhou para ele e percebeu que a ave tremia de medo em seu lugar. A criatura a frente deles era um digimon dois níveis acima dos dele do clã dos Soldados do Pesadelo dos mais temidos e que ele só escutava histórias de quem lutava contra ele não sobrevivia.

 

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— Eu juro que vou pesquisar como ninguém parece perceber o que está acontecendo! -

 

Daniel corria pelas ruas da cidade carregando uma mochila pesada nas costas, na companhia de Benajmin. Eles já estavam longe da residência do interiorano e faltam poucas quadras para chegarem no lixão onde eles já podiam perceber que uma batalha havia iniciado com um pokémon gigante e parecia que a parte da cidade que deveria escutar os rugidos e outros ignorava completamente.

 

— Se chama campo de distorção. - Da mochila de Daniel veio uma voz quase diabólica. - Assim que um portal se abre uma série de eventos estranhos, nos dois mundos, ocorrem dentro de uma área próxima. -

 

Daniel quase parou de correr ao escutar a voz de Impmon lhe dando uma informação como aquela. Ele chegou a se arrepiar. Demorou uns dez minutos para ser convencido por Benjamin que ele teria que ir com ele ao lixão para ajudar no possível resgate de seus amigos contra uma possível armadilha da Gabumon e depois ainda contou com mais 5 relutando em ter que carregar Impmon na mochila. Mas, não havia escolhas, era um risco o demônio os trair, não era bom que ele atacasse o invocador que possuía o digimon experiente deles.

Apesar de toda a parceria que estavam tendo, ainda não era o suficiente para confiarem totalmente no digimon roxo que tentou matá-los inúmeras vezes.

Amarrado a criatura demoníaca não fazia nada mais do que aceitar que teria que ir ao lixão, mas começou a tagarelar e se remexer ao se aproximar do lixão, sentido a grande pressão que o digimon que havia saído do portal estava exercendo na área.

 

Campo de distorção? Eventos estranhos? Acho que a abertura do portal deve fazer passar mais do que o digimon, deve influenciar o ambiente com fatores do outro mundo. Daniel deduziu aquilo voltando a correr e parando poucos metros do muro em que Benjamin já se preparava para pular.

 

— Vamos rápido! -

 

O garoto do nariz avantajado até escutou a voz do interiorano, mas não conseguia se mexer diante do muro. Sentia que seu corpo estava todo paralisado, nem mesmo conseguia falar. Benjamin olhou aquilo e lhe deu um puxão, mas não adiantou e percebeu que o menino sequer reclamou. Foi a mochila e libertou Impmon.

 

— Ele está paralisado devido ao Campo de Distorção. Quanto mais próximo do portal mais forte são os efeitos. Vai passar assim que a influência do Mundo Digital que passou pelo portal acabar. - Disse a criatura. - Mas, talvez devêssemos ir logo lá para dentro e deixá-lo aqui sozinho. -

 

— Não podemos deixar ele aqui! - Diz Benjamin.

 

— Vai ter que escolher entre ele ou os lá de dentro. - Disse Impmon. - Está na hora de começar a escolher. - O digimon roxo deu um sorriso sínico.

 

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José tremia em seu lugar e já não tinha certeza se a falta de movimento daquele momento era do medo da situação ou da paralisia. Paralisado no lixão ele presenciou o surgimento de um esqueleto de digimon animalesco que após alguns instantes parecendo tentar entender onde estava começou a lutar contra a Gabumon. Sem uma conversa certa entre os dois e apenas gritos de ordens sendo dadas para que Cecilia e Penmon afastassem-se, José via-se sendo acertado pelas ondas de choque provocada pelos golpes da perigosa criatura que surgiu.

Quase foi retalhado, quando as garras de SkullGreymon desceram em sua direção, na tentativa de acertar Gabumon. Mas, foi salvo por Cecilia que jogou-se contra ele. Ambos rolaram pelo lixão para um ponto um pouco mais distante da luta. José começou a sentir os movimentos do corpo voltarem, mas a tremedeira quase o deixava estático.

 

— Penmon apoie! - Gritava Cecilia.

 

Mas, o Digimon continuava a tremer temeroso diante a criatura a sua frente. Ele limitava-se a olhar, assustado, a gigantesca criatura esquelética ser alvejada por diversas chamas azuis, mas que pareciam apenas irritá-lo pois garras, calda e mandíbula se mexiam velozmente.

 

— Eu... -

 

Foi um gaguejar que não se completou. O pequeno digimon azulado caiu sentado após uma investida de Skull Greymon que parecia tentar atacar com algum tipo míssil que estava em suas costas, mas foi detido por Gabumon.

 

— Criança! -

 

Penmon olhou para o lado. A voz de Aururamon o chamando de criança era difícil de não se reconhecer. Ele apenas viu o digimon observar a situação e saltar pelo lixo, evitando as chamas em volta e desaparecer pelas sombras do local. A ave viu Impmon e Benjamin junto de José e Cecilia. Pensou em se mexer e ir até sua mestra, mas um estrondo o assustou. Virou-se para ver o que havia acontecido e viu uma pilha de lixo que caíra sobre a criatura de ossos. A criatura quase havia sido soterrada.

 

— Boa Aururamon! Continue neste ritmo! - A voz de Gabumon pode ser escutada, seguida de uma respirada profunda. - Fogo Azul! -

 

Labaredas azuis foram contra o lixo que quase havia soterrado a criatura, agora um incêndio parecia iniciar-se no local. Mas, a criatura não demonstrava incomodo.

 

— Acho que preciso agir. - Diz Impmon. - Eles morrerão, ou nos matarão. Arrancaram uma lasca dele. -

 

Jose escutou o digimon demônio sem compreender, mas não teve tempo de entender já que sentiu seu corpo ser arremessado pelo ar por uma longa distância. Algo foi feito que resultou numa grande pressão de ar. Caído viu que a lasca de osso a qual Impmon se referia, não teve dúvidas, pois ela brilhava diferente. Haviam caído perto e a pegou por instinto, antes de tentar se levantar.

SkullGreymon estava atacando agora com vontade ao seu adversário visível e tentava identificar onde estava o seu oculto adversário. Com a calda rodou em seu lugar retirando o lixo que o prendia criando uma onda de vento que impulsionou a todos para trás. Gabumon caiu junto a José e os outros. Levantou-se com dificuldades e arfou sentindo a pata direita. Uma de suas garras estava pendura.

 

— Aquele cretino! - A digimon lobo agarrou a garra pendurada com a boca e arrancou-a, cuspindo-a para o lado.

 

A garra caiu em cima de José que ficou olhando sem compreender a atitude da digimon. Acabou guardando a lasca de osso e a garra nos bolsos, imaginando que ela viria querer mais tarde e que talvez, deixar aquilo ali no lixão poderia ser uma prova da existência dos digimons. Não era prudente deixar para trás, mesmo que num lugar como aquele.

Gabumon havia dado um passo à frente e de repente uma sensação estranha tomou conta de todos os presentes. Era como se a temperatura estivesse caindo em volta deles mesmo com o fogo a queimar o lixão. Sentiram uma pequena pressão puxá-los em direção a Gabumon, mas, não forte o suficiente para não resistirem e logo depois perceberam, as chamas estavam se apagando.

 

— Evolução. -

 

A voz de Aururamon foi escutada em algum ponto lixão, mas não era possível identificar em meio a escuridão que havia voltado a reinar. Cecilia tentava, em vão, acionar a lanterna, bem como Benjamin ativar seu celular, mas ambos estavam completamente descarregados. A escuridão havia tomado conta e então um foco de luz surgiu onde Gabumon se encontrava. Seu corpo estava todo luminoso e parecia sofrer alguma espécie de metamorfose, pois sua silhueta estava se alterando.

Uma explosão brilhante acabou de ocorrer ofuscando as vistas de todos. Tentaram se proteger como puderam, sem saber ao certo se realmente deviam ou não. Mas, questionaram se a criatura de ossos ia ficar parado tanto tempo assim ou algo estava acontecendo.

 

— Evitem se mover! -

 

A voz era familiar, mas definitivamente eles não conheciam. Era feminina e muito mais forte e firme. Foi questão de instantes entre escutarem a voz e uma claridade surgir. Grandes labaredas de fogo azul apareceram, muito mais fortes dos que as usadas por Gabumon, indo contra a criatura de ossos que não pareceu surpresa e contra-atacou no mesmo instante com muito mais força.

 

— Aquela desgraçada... Ela está tentando nos matar! - Resmungou Impmon caindo no lixão sem forças.

 

Jose viu aquilo curioso. Viu que Cecilia tentou amparar o digimon, mas a menina também pareceu cair enfraquecida. Penmon moveu-se com alguma dificuldade até ela, amparando-a.

 

— O que está acontecendo Penmon? - José ficou imóvel em seu lugar observando o que estava acontecendo. - Aquela criatura é a Gabumon? -

 

— Sim! - Disse Penmon. - Ela evoluiu para nos salvar! Mas, não sei se é o suficiente, a diferença de poderes dos níveis ainda é muito grande. - Penmon olhou as condições de sua mestra. - Agora, sobre essa falta de energia nossa, imagino que ela tenha percebido que estamos debilitados, já que não faz um dia que estamos como invocadores e já tivemos batalhas hoje. -

 

Jose assentiu relaxando e preparou-se para ajudar a afastá-los daquele local, mas acabou desabando na tentativa de dar o primeiro passo.

 

— Mestre. Não se mexa ou desmaiará. - Diz Aururamon surgindo atrás deles movendo-se de forma lenta. - Impmon talvez esteja certo quanto a Gabumon. -

 

— O que foi isso? - Benjamin que havia seguido a instrução da voz por sentir um cansaço inesperado, estava parado até aquele momento e parecia que havia feito bem. - O que ela fez? -

 

— Ela realizou uma evolução. - Diz Aururamon. - Ela subiu uma fase em nossa fase de vida e poder. Isto é, ficou mais forte e poderosa se transformando. Mas para realizar isso ela precisou de energia. Leva-se anos de treino para fazer isso. Mas, alguns digimons conseguem esta façanha de evoluir sem tanto treino por alguns meios distintos. Os lobos solitários podem absorver a energia em sua volta para evoluir. -

 

— Ela o que? - Penmon olhou assustado. - Mas... Mas... - Confuso o pequeno digimon azulado estava sem palavras e fechou os olhos pensativos.

 

Os Lobos Solitários deveriam manter a ordem. Evoluir usando a energia do ambiente pode até ser necessário para preservar nossa vida, mas ainda que ela não tivesse compreendido que estamos todos enfraquecidos, ao fazer isso ela nos deixava vulneráveis. Ela sabe disso ou não diria para não nos mexer. Não tem como ela garantir que não precisaremos nos mexer. Ela está colocando nossas vidas em risco de propósito? Eu preciso tirar minha mestra daqui, mas não estou conseguindo seque me mexer direito.

 

— Como está conseguindo se mexer melhor que nós? - Questionou Impmon. - Não que eu tivesse muita energia. -

 

— Eu estava seguindo a melhor estratégia que eu tinha para uma situação como essas. - Disse Aururamon. - Adversário mais forte e maior, não enfrento de frente. Vou absorvendo as forças dele aos poucos limitando seus movimentos para diminuir os estragos. -

 

— Quer dizer que me julgava mais forte? - Impmon deu um sorriso convencido.

 

— Além disso, no mundo humano nós temos limitação de tempo até que nossas forças comecem a cair. Se para digimons de nível treinamento é oito horas, os de níveis superiores não podem ter mais tempo, tem que ter menos por consumirem mais energia. Neste caso, quanto mais energia eu absorvia, mais perto da fadiga ele chegava. -

 

Penmon ficou olhando Aururamon explicando sua estratégia de luta e o motivo para o mesmo. Todos estavam cansados e exaustos, caídos no chão e sem condições de se levantar, mas Aururamon e seu mestre pareciam bem.

 

— Acredito que Gabumon estava fazendo todos aqueles ataques, tentando fazer nosso adversário se movimentar e gastar sua energia o quanto desse. - Comentou Aururamon. - Minha aposta é que energia é a chave para nosso confronto. -

 

— Vou desmaterializar para não consumir mais de sua energia mestra. - Penmon disse percebendo que não iria ser de muita ajuda ali. - Aururamon, tire-os daqui, por favor! -

 

Cecilia olhou para Penmon que parecia decidido. Ela não ousou questionar a posição do digimon naquele momento. Estava fraca e se havia alguma chance de recuperar um pouco de suas forças tentaria. Sentiu um alívio grande quando Penmon desapareceu, muito da pressão que seu corpo sentia foi embora, mas ainda não era o suficiente para ter movimentos completos. Sentia-se debilitada, mas conseguia mexer-se com restrições.

— O que está acontecendo? - A voz de Daniel surpreendeu o grupo.

 

O rapaz que havia ficado paralisado devido ao campo de distorção demorou para decidir saltar para dentro do lixão após conseguir começar a se mexer. Quando o fez tremia a cada passo e pensava em voltar a cada som que escutava da batalha, mas sabia não ter escolha pois onde se esconderia? Quando alcançou o grupo ficou paralisado diante do monstro de ossos que estava à frente a lutar contra um gigantesco lobo branco, quadrupede, de pelo branco e listas azuis.

 

Benjamin e Daniel se encararam por um instante. Era claro que Benjamin sabia que o tempo da paralisia já havia acabado e neste caso imaginava que o menino havia fugido, mas ali estava ele para a surpresa do grupo.

 

— Gabumon evoluiu para Garurumon e está tentando gastar as energias de SkullGreymon para ele definhar sem energia como pode acontecer com qualquer digimon. Um digimon do nível dele gasta mais energia que Impmon ou ela. - Diz Aururamon. - Mas, ela parece que está levando a pior. -

 

A membro dos Lobos Solitários estava muito mais veloz e parecia que executaria seu plano de gastar as energias do adversário com precisão. Mas, a cada instante o adversário mostrava que não facilitaria. Limitava-se a acompanhar e defender e das poucas vezes que atacava, era avassalador.

 

— Não tem como ela fazer isso. SkullGreymon era meu mentor. Ele é muito sábio e, com certeza, sabe do tempo de desgaste. Ele está evitando grandes movimentos e até mesmo falar para que possa poupar a energia. - Impmon falava. Ele queria se levantar, mas estava até com a cara afundada no lixo. - Ele tentou vir comigo antes, mas o ritual falhou. -

 

O grupo escutou a gigantesca loba urrar de dor após um golpe que a pegou em pleno ar. Ela brilhou começando voltar a ser a pequena forma de Gabumon, caindo no lixo próximo a um local que as chamas estavam queimando e após tremer um pouco alguns tiveram a certeza, seu corpo estava esfarelando.

 

— Estamos condenados. - Disse Aururamon. - Que olhou para seu mestre. - Fique firme! Vou tentar fazê-lo perceber que Impmon está aqui. -

 

A pequena planta pareceu tomar folego e tentou avançar em direção ao adversário no intuito de fazê-lo escutá-los.

 

— Eu vou acabar com vocês todos, invocadores e não invocadores! Membros ou não dos Lobos Solitários. Está é a regra! - Skull Greymon urrou alto em meio as palavras.

 

O grupo recebeu um olhar de Gabumon que não conseguiram entender. Mas, não ligaram, tentaram fugir, mas acabaram caindo todos devido à falta de energia.

 

— Grandão! Sou eu! - Impmon gritava ao ver seu antigo mentor preparando-se para dar seu principal ataque. - Me escuta, seu bosta! -

 

Desesperados, começaram a gritar desconexos e a tentar se levantar, ainda que sem forças. Aururamon tentava correr na direção de seu adversário para tentar impedi-lo, mas faltava-lhe energia e acabava sempre caindo no lixo.

 

— Daniel... - Jose agarrou o braço do rapaz que era o único a poder se mexer. - Repete comigo! -

 

O garoto do nariz avantajado olhou sem entender, mas o jogador de RPG esticava para ele uma espécie de garra preta um pouco ensanguentada e percebia que na outra mão ele segurava um pedaço de osso.

 

Daniel parou por alguns instantes encarando José e então lembrou-se do relato de como José e Benjamin invocaram Aururamon. O rapaz franzino estava propondo que eles invocassem um digimon cada. O que mais surpreendia Daniel é que José tentaria fazer um contrato de invocador com os dois digimons ali, SkullGreymon que estava prestes a matá-los e Gabumon que parecia prestes a morrer.

 

Esta era uma das ideias para nos salvar, fazer contrato de invocadores. Mas, ligar-nos a um digimon do clã dos Soldados do Pesadelo parece má ideia. Ele está louco? Fazer contrato com um digimon que pode vir a querer conquistar a terra algum dia ... Daniel recusou a ideia de imediato. Tentou ajudá-los a se mover e então acabou olhando Gabumon a desmaterializar-se em dados. A digimon estava morrendo e eles seriam os próximos. As memórias da conversa de que o digimon invocado teria que obedecer vieram novamente e acabou fitando novamente José. Se ela morrer virá outro no lugar dela que vai nos matar sem nos dar chances. O que estou falando, vamos morrer aqui e agora! Ele está com um osso, então ele vai estar ligado ao Soldado do Pesadelo! Ele sabe do que conversamos agora a pouco ou é apenas uma tentativa desesperada? Droga! Ele pegou rapidamente o objeto assentindo com a cabeça.

 

Na primeira frase pronunciada por Jose, Daniel gaguejou, mas foi só ai que Benjamin e Cecilia perceberam a intenção de Jose. Os dois invocadores se olharam, Cecilia foi emitir opinião, mas Benjamin indicou para deixar, afinal ele sabia de partes dos planos de Daniel e não tinha ideia quem havia começado o plano de realizar o contrato naquele momento.

 

“Mestre Invoca Servo
Conectado Invocador Convoca
Serei o Osso da Sua Espada
Da Minha Espada Serás a Lamina

 

Paredes Dimensionais Permitam Deslocamento
Defenderemos Pilares Digitais Pétreos
Protegeremos as Dimensões contra o Mal Universal
Permita o Paladino Dimensional ”

 

Os dois proclamaram em sequência as frases de invocação e um brilho ocorreu no pulso de Daniel. Gabumon que estava afastada deles, quase que desaparecendo em dados, apareceu na frente deles, cheia de energia.

 

— Eu fui invocada? - Assustada com aquilo ela em instantes se enfureceu e saltou. - Por que tudo tem que ficar complicado? - Mandou todo o fogo que podia contra o golpe que vinha contra eles criando uma grande explosão.

 

Muita fumaça estava no local que agora estava completamente em chamas. Caídos e completamente zonzos Benjamin foi o primeiro a sentir uma mão a encostar nele tentando ajudá-lo a levantar.

 

— Estou bem. - Disse o menino. - Acho que Aururamon desmaterializou-se antes da explosão para me devolver um pouco de energia. -

 

— Se fosse só este o motivo. - A voz foi suave e familiar a ponto de fazer Benjamin congelar. - Se está bem me ajude com os outros. Uma explosão deste tamanho nem o campo de distorção esconde. Teremos 3 minutos no máximo. -

 

Mãe? Benjamin não disse nada, apenas obedeceu a voz que reconhecia como a da sua mãe indo até a pessoa mais próxima dele.

 

José e Cecilia foram acudidos pela mãe de Benjamin, os dois não pareceram querer questionar de onde ela saiu naquele momento de ajuda, apenas aceitaram o apoio para se levantarem e se arrastarem para fora dali.

Daniel por sua vez foi ajudado por Benjamin a se levantar, mas ele era o que estava em condições melhores e por isso não teve tantas dificuldades em logo ficar em pé. No entanto, ele não se locomoveu logo, pois acompanhava a cena que se desenrolava logo após uma parede de chamas, sem ter certeza das falas exatas.

 

— Então você estava com eles? - SkullGreymon ria alto enquanto seus dados se espalhavam pelo ar. Aparentemente ele havia chegado ao limite de um digimon do nível dele naquele mundo sem uma fonte de energia. - Torne-se o Lord Demônio! Você tem tudo para varrer com a concorrência.-

 

— Não me faça chorar agora, Grandão! - Impmon parecia emotivo. - Seu idiota! Por que me passou sua energia? -

 

Gabumon observava tudo com calma. Entendia que a explosão teria matado todos os que estavam sem energia ali e que Aururamon alcançou SkullGreymon, antes de desmaterializar para dar energia a seu mestre, avisando da presença de Impmon. A criatura de ossos não podia mais parar seu ataque, mas conseguiu transferir sua energia para Impmon para que ele ficasse vivo e protegesse os demais.

 

Se eu tivesse que lutar contra ele, sem a questão do limite de energia, ele teria me varrido no primeiro movimento dele sem pestanejar. Gabumon cerrou os punhos. Sua missão estava arruinada e agora não tinha ideia do que faria a seguir, principalmente porque parecia que não ela era mais quem decidiria as coisas.

 

— Quem te ajudou com o ritual para vir para cá? - Perguntou Gabumon tentando esquecer da situação inusitada que acabara se metendo.

 

— Candidata a Lord demônio... - Um chiado na fala de SkullGreymon. Ele estava desaparecendo, seu corpo já não estava mais ali, os dados estavam todos em volta. Mas, brilhavam estranhamente indo e vindo por todos os lados.

 

Impmon e Gabumon se olharam naquele momento. Havia outro candidato a Lord demônio oculto na cidade e com conhecimentos de abertura de portais e por isso pouco percebiam o comportamento dos dados de SkullGreymon.

 

— Vamos! -

 

A voz de Benjamin tirou os dois digimon do transe. Gabumon olhou na direção dos dois garotos e apesar das chamas que distorciam a visão, Daniel teve certeza que a digimon que era sua serva a fitava com um olhar não muito amistoso e por isso recorreu ao que aprendera com toda as informações anteriores, desmaterializou a digimon de imediato.

 

— Eita! - Impmon sorriu. - A coisa vai ficar interessante por aqui! - Ele saltou por cima das chamas e seguiu a dupla que ia para um dos muros.

 

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Sabe aquele momento que você tem a certeza que muda tudo? A chegada de Gabumon representava isso. Eu não conseguia pensar direito quando a vi pela primeira vez e talvez não tenha prestado atenção no olhar ameaçador que ela nos fez e continuou fazendo no restante de todo o nosso contato. Era um fato de que fomos pegos de surpresa com sua aparição e que ela parecia um presente dos céus. No entanto, durante a batalha contra SkullGreymon fiquei com a sensação que ela ficava esperando a oportunidade para nos eliminar, ou deixar-nos ser eliminados, e fazer parecer um acidente. Eu deveria ter prestado atenção naquela sensação e não me deixado iludir que a formação da nova parceria resolveriam as coisas. Posso ter colocado Daniel em uma posição difícil, mas certamente me condenei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Nós caminhamos para o final da fanfic.



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