Digimon Invocação escrita por Kevin


Capítulo 11
Episódio 10: Regras


Notas iniciais do capítulo

E falhamos na postagem... kkkk
Mas, foi um dia apenas e por um motivo técnico, desde a última postagem quando trazia o texto ele perdia a formatação completamente (ou ganhava uma nova que fazia a linha ser maior que o monitor). Estava tentando descobrir o motivo disso ter começado desde então...

Mas, chega de desculpas e vamos ao episódio!



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A noite estava quase terminando, mas ainda não era possível ver os raios de sol. No entanto, a escuridão ainda não havia retomado seu lugar naquele lixão, já que algumas chamas da batalha ainda ardiam e iluminavam o local. A maioria dos fedores fétidos deram lugar ao cheiro de queimado, mas fosse um ou outro, as chances de respirar com facilidade ainda eram dificultadas. Os quatro adolescentes estavam bem enfraquecidos precisando de terem seus machucados avaliados e de algo que repusesse suas energias, no entanto tudo aquilo levava tempo e tempo eles não tinham.

 

— Quem é ela? -

 

Pouco após o impacto do golpe de Skullgreymon e sua despedida o grupo foi surpreendido por uma mulher que começou a ajudá-los a se reerguer dizendo que eles precisavam sair logo dali. Não se fizeram de rogados em aceitar a ajuda naquelas condições, a maioria reconhecia a mulher como a de uma foto da casa de Benjamin, enquanto o próprio dava indicações de que a reconhecia. No entanto, foi só após se aproximarem do muro que deveriam pular para saírem do lixão é que foi questionado a identidade da mulher.

 

— Minha mãe, May. - Disse Benjamin ofegante. - Não se preocupe. -

 

Benjamin encarou a voz que perguntava. Impmon havia ficado parado a uma certa distância do grupo e observava a situação. Daniel, o narigudo covarde com quem tinha planos traçados estava cambaleando enquanto caminhava. Ele certamente estava ferido, mas não teve sua energia drenada por Gabumon como os demais, então deveria ser o de melhores condições. Benjamin estava ofegante, apresentando muitas escoriações pelo corpo indicavam que deveriam provocar muita dor, mas ao contrário dos outros, ainda andava de forma razoável. Cecilia e Jose, por outro lado, vinham sendo apoiados pela mulher que apareceu segundos depois que a explosão e seu caos aconteceu. A mulher tinha o selo dos invocadores, o que deixava Impmon em alerta. Mas observa que Cecilia estava acordada, mas não se aguentava em pé sozinha, já José parecia estar desmaiado, ainda que estivesse movimentando-se.

 

— Estamos em perigo! -

 

Impmon disse movendo-se rapidamente na direção de May que segurava Jose e Cecilia. A mulher saltou os dois adolescentes, que foram ao chão na mesma hora, e tentou chutar o demônio que se aproximava, mas acabou acertando o ar. Apesar de seu corpo não acompanhar o digimon, seus olhos viram que ele desviou com facilidade e foi até José, pegando-o pelo braço num esforço de erguê-lo e mantê-lo de pé. José não parecia ter forças para lutar contra ou estar ciente do que acontecia.

 

— Eu sei que está do nosso lado apesar das circunstâncias. - Impmon ao dizer aquilo manifestou uma bola de fogo com a mão esquerda. - Mas, ele eu sei que não! -

 

Impmon já era dado como aliado, ainda que tivesse que ficar sendo monitorado. Mas, para quase todos ele estava sem energia, talvez apenas Daniel compreendeu que ele recebeu algo de SkullGreymon para recuperar as forças. O espanto foi grande ao verem as chamas surgirem, com ele agarrado a Jose e logo as chamas serem lançadas, não em José como temiam, mas contra eles mesmos.
O fogo, no entanto, passou acima de suas cabeças e puderam perceber que atingiu algo atrás deles seguido de um som de queda. Um xingamento irritado foi escutado. O grupo olhou para trás e percebeu que alguém estava atrás do muro, apreensivos tomaram um susto ao ver alguém saltar e ficar parado acima dele. Um homem alto e moreno com feições que lembravam a de Benjamin.

 

— Droga! Não vai Fugir! -

 

O rosnado do homem serviu para que o grupo olhasse para a direção de Impmon que havia desaparecido das vistas deles, carregando José consigo. Os três adolescentes restantes começaram a olhar em volta prontos para irem atrás, assim como o homem que descia do muro, irritado. Mas, assim que chegou ao solo do lixão foi acertado por um tapa em sua face.

 

— O que é isso? - O homem parou por alguns instantes sem entender por que estava levando aquele tapa.

 

— Wendel seu ignorante irresponsável! Olha no que envolveu nosso filho! - Gritou May.

 


Digimon Invocação - Rituais
Arco 01: Pactos
Episódio 10: Regras

 


Um tapa na face bem-dado que faz um grande barulho de estalo. Quem leva um desses dificilmente aceita de bom grado. As vezes ocorre da pessoa ficar sem reação, mas dificilmente vai ficar passiva durante muito tempo.

 

— É seu pai? - Questionou Cecilia que estava sentada ao lado de Benjamin.

 

Benjamin havia ficado calado diante a briga de seus progenitores e aquilo havia dado a confirmação a todos de que era. Mas, após cinco minutos de uma briga longa que parecia trazer a tona todos os problemas que o casal possuía, Cecília já não conseguia mais ficar calada.

 

— Sim. - Disse Benjamin. - Eles são separados principalmente por não conseguirem se entender. -

 

— Lamento. - Disse Daniel. - Mas, isso nos dá vantagem. -

 

Cecilia olhou feio para Daniel, mas Benjamin não pareceu se incomodar com o comentário. De fato ele admitia que não fosse os pais brigando não teriam conseguido tempo para Impmon e Jose. Assim que discussão do casal começou Daniel murmurou para eles, rapidamente, que Impmon fez tudo aquilo para salvar a si mesmo e a Jose, pois ele sentiu a presença de um invocador que não iria dar-lhes beneficio da dúvida.
Se a menina e o interiorano concordaram de imediato, Daniel não soube, mas depois de alguns minutos percebeu que confiariam na intuição do companheiro, pois se estivessem errados as piores opções eram que Impmon queria Jose como refém, então ele estaria bem, ou Wendel mataria aos dois. Acreditar em Impmon era menos arriscado.

 

— May, escute aqui! Eu posso tomar decisões quanto a segurança de nosso filho sem a necessidade de lhe consultar se o caso for urgente. - Wendell disse tentando se acalmar. - Mas, acho que temos assuntos mais urgentes do que brigar por causa de uma coisa que já foi feita e não tem volta. -

 

— Não tem volta! Não tem volta! - May ainda parecia bem irritadas. - Adolescentes já são questionadores por natureza e Benjamin já é abusado. Agora teremos que lidar com um potencializado pelo selo. -

 

Uma gargalhada alta e completamente sem sentido começou e fez com que os dois parecem de discutir e olhassem para o lado. Daniel tentava, mas não conseguia se conter. Desde o primeiro contato achara Benjamin abusado, para dizer o mínimo, já havia escutado a mesma opinião vindo de outro, mas a confirmação de que os pais do jovem interiorano pensavam a mesma coisa era demais para ele se conter.
O casal ignorou os motivos da gargalhada, imaginando que estivessem realmente causando um barraco, se olharam por alguns instantes e suspiraram. Wendel já havia se acalmado do ataque que levara quase que a queima roupa. Ele havia acabado de subir no muro quando Impmon lançou a bola de fogo. A certeza de que fora atacado pelo pequeno demônio roxo só o enfureceu, mas ao estar de frente para a ex-mulher batendo em sua cara com violência e muitos gritos, ele aos poucos foi percebendo que ele próprio estava fora de controle. Suas feições morenas e de rosto sisudo deixavam ele com uma expressão séria. Não era musculoso, mas percebia-se que realizava muitos trabalhos braçais. Seu cabelo era idêntico ao de Benjamin.
May por sua vez era pouca coisa que Benjamin e Wendel. Quase da mesma estatura que seu ex-marido, ela possuía cabelos longos até um pouco abaixo dos ombros. Tinha feições bem mais delicadas, mas parecia tão séria quanto o homem.
O ex-casal se virou e viu os três adolescentes olhando-os. A aparência daqueles 3 estava deplorável, não sabiam exatamente tudo que havia acontecido a eles, mas não tinham tempo de cuidar deles no momento.

 

— Vão para casa de Benjamin, encontraremos vocês… - Wendel começou a dizer, mas viu os três balançarem a cabeça negativamente. - Estão em condições de continuarem? -

 

— Não estamos em condições de ficar em pé sozinhos, que dirá de voltar até a casa. - Diz Cecilia sendo a mais abatida. - Acho que poderíamos gastar um tempo aqui para recuperarmos o mínimo de forças enquanto contam-nos o que é tudo isso. -

 

— O tempo está correndo. Instruirei vocês assim que pegar aquele demônio. - Disse Wendel.

 

Então ele não se deu conta de José? Benjamin percebia que o pai não sabia da existência de José naquela história.

 

— E vamos estar segurou na casa? - Cecilia insistia para tentar ganhar tempo. - Já nem sei como estamos seguros aqui até agora. -

 

— Esqueçam, continuaremos por conta própria. - Disse Benjamin ficando de pé.

 

Estava claro que os adolescentes não parariam de fazer perguntas e complicariam ainda mais as coisas se não fossem instruídos. No entanto, Wendel estava inquieto quanto a Impmon e queria ir logo atrás dele. Olhou para May e pensou em deixá-la contanto as coisas aos jovens, mas foi surpreendido pela mulher.

 

— Vamos gastar uma hora falando com eles. - Disse May. - Você no mínimo deve explicações para seu filho. -

 

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Quantas doenças você pode pegar em um lixão em uma situação normal? O número exato eles não sabiam, mas Cecilia estava ficando atordoada com o fato de estarem aina dentro do lixão, sentados e recebendo curativos enquanto baratas e outros passeavam em volta. Ela tentava acreditar que a ideia de permanecer ali havia saído dela realmente.
Uma espécie de fogueira foi improvisada e May surgiu após alguns minutos com uma mochila com material de primeiros socorros. Ninguém quis questionar de onde a mochila havia saído, afinal todos em suas mentes concordavam que da próxima vez que aquilo acontecesse, pois já sabiam que estavam presos naquilo para sempre, eles sairiam de casa mais bem preparados.

 

— E cá estamos. - Daniel havia feito um rapto relato de tudo o que ocorreu com eles desde o museu até aquele momento, sempre retirando José da história. - Basicamente sabemos o que está acontecendo agora, mas não o que é tudo isso ou como funciona tudo isso. -

 

— Em menos de um dia já sabem disso tudo? - May segurou o espanto. - Com um dia nós só sabíamos correr e gritar. -

 

— Não é como se tivéssemos pulado essa parte. - Benjamin riu. - Mas, como assim só sabiam correr e gritar? - Era uma pergunta por curiosidade genuína, mas serviria também para ganhar mais tempo.

 

Daniel procurou na mochila que carregara Impmon pelo caderninho para anotar. Achou um pouco amassado e chamuscado, mas estava ainda ali. Olhou Para Wendel que olhava-os sérios e interessado em algo, mas não disposto a falar ou questionar algo ainda.

 

— Bom… Assim como vocês, nós e mais algumas pessoas acabamos tendo contato com os digimons e nos tornamos invocadores. Diferente de vocês que executaram invocações nós é que fomos invocados por assim dizer. - May percebeu que o grupo olhou sem entender. - De alguma forma estranha fomos parar no Mundo Digital e lá descobrimos que alguém havia nos levado para lá, todos ganharam tatuagens de invocação, mas sem nenhum digimon para nos explicar nada. Levou uns três dias até encontrarmos o primeiro digimon invocado. -

 

— Deve ter sido difícil. - Comentou Cecilia.

 

— Mais do que imaginam. - Comentou May. - Mas, o resumo do que aprendemos e precisam entender é o que a Gabumon Loba Solitária e agora serva de Daniel disse a vocês, junto com Aururamon. Existem vários mundos, sendo que o nosso e o dos digimons são paralelos e próximos a ponto de se influenciarem com qualquer perturbação que ocorra no outro. Por isso, humanos e digimons unem forças para manter a ordem e impedir que o caos ocorra no Mundo Digital ou que a humanidade descubra sobre tudo isso. -

 

— Isso ocorre a milênios e o segredo sempre conseguiu ser mantido. - Disse Wendel. - Ocorrem situações como a de vocês? Sim! Mas, nossas marcas de invocadores estão carregadas de tudo que precisamos, o problema é que demora para se ativarem por completo. -

 

— É essa parte que não sabemos. - Diz Benjamin. - Por exemplo, por que ninguém veio ao lixão ver o que estava acontecendo? Pessoas normais tudo bem, mas nem a polícia? -

 

— Para entender isso tem que ser do básico. - Disse Wendel. - Seres vivos são dotados de instintos. Se você for um ser vivo racional vai ter pensamentos e vontades próprias além dos seus instintos. Mas, são os instintos que prevalecem. Por exemplo, você respira por instinto e não por que a cada instante precisa ficar se lembrando que tem que respirar e como respirar. Assim como uma mãe que passa a produzir leite ao dar a luz tem as células do seu corpo alterada a programação para isso. - Fazendo uma pausa ele percebeu que eles estavam entendendo. - A tatuagem vem e programa seu instinto e células para que cumpram as regras sem que precisem saber quais são elas. Será natural como respirar e as vezes não se darão conta de que estão fazendo. -

 

Pensar na tatuagem como uma programação do nosso corpo e mente foi uma tirada interessante deles. Meu grupo entende que o sinal do invocador cria um medo terrível em nós a ponto de não termos escolha a não ser acabar com o foco de nosso medo. Mas, cada invocador tem uma forma diferente de ver como as regras que a tatuagem lhe obrigava a fazer as coisas. Acredito que deva ter relação com a forma como tornaram-se invocadores. May não deixava de surpreende-se com o que o grupo de seu filho conseguia fazer com tão pouco tempo e informações. Se para Daniel ele imaginava que estava sendo reprogramado por meio das correntes elétricas digitais, para alguns era mágica e para Wendel e May era na base da pressão e medo. Nenhum estava errado, já que no final todos sentiam-se que precisavam cumprir o dever, como se fosse a única coisa certa a se fazer.

 

— Já que entenderam essa parte, entendam que as regras demoram a fazer efeito e tem uma reação diferente em cada pessoa. Enquanto eu não consigo poupar ninguém, seja digimon ou humano, May consegue se controlar melhor e procurar a forma do segredo permanecer sem que mortes desnecessárias ocorram. - Wendel percebeu que eles pareciam confusos. - Regra zero conhecimento. Humano não pode saber e digimon perdido por aqui não pode ficar. May encontra formas de digimons voltarem para seu mundo sem causar problemas e humanos esquecerem o que viram, eu elimino-os. -

 

Os adolescentes pareceram surpresos, especialmente Benjamin ao saber que seu pai poderia já ter matado humanos apenas para manter o segredo.

 

— Eu também elimino-os se não tiver como. - Diz May. - Mas, como Wendel disse, a reação é diferente para cada pessoa. Eu consigo isso porque sempre fui de procurar entender as coisas, procurar a causa das coisas. Quando digimon vem para cá é o que faço, o motivo dele estar aqui determina se ele será eliminado ou não. Assim como o humano e como ele teve contato e o tipo de pessoa que ele é. Se for possível convencê-lo de que ele delirou, não viu o que viu antes de matá-lo, será feito. -

 

— Eu por outro lado sempre fui de resolver meus problemas de frente. Quebrar tudo. Ser direto. Isso causa minha linha de ser direto e seguir a regra muito ao pé da letra. - Diz Wendel.

 

O grupo se calou durante alguns instantes, especialmente Daniel. Se Wendel chegasse uma hora mais cedo, ele teria matado muita gente. Benjamin se perguntava se o pai o mataria se tivesse chegado bem antes de tudo aquilo.

 

— Eu achei interessante a saída que tiveram para o Daniel. - Diz Wendel. - Uma das programações que me foram dadas pela tatuagem é rastrear portais e isso me fez ver que portais se abriam na cidade em locais por onde meu filho estaria. Arrisquei porque se eu tivesse que vir, ou outro invocador parecido comigo descobrisse sobre ele, ele poderia morrer. Dar a ele a chance de lutar foi a única forma de protegê-lo. -

 

May naquele momento ficou olhando o ex-esposo. Se casaram já tendo o selo das invocações consigo e ainda assim se davam muito bem. Mas, depois do nascimento de Benjamin tornou-se impossível para que eles conseguissem se entender quanto a como manter o segredo e proteger o filho, já que os dois tinham as regras ativadas ao mesmo tempo, deixando Benjamin muitas vezes sozinho ou mesmo confuso com a atitude dos pais. A separação veio para que com um pai na ausência e nas eventuais atitudes estranhas pudessem ser sempre justificada com muito trabalho e sofrimento após a separação.

 

— Então uma das regras é habilidade rastrear portais. - Diz Daniel anotando.

 

— Não. - May sorriu saindo de seus pensamentos. - Isso é algo que alguns invocadores têm, nem todos. Cada invocador acaba tendo um grupo de regras que lhe dão habilidades próprias e quase únicas. - May parou percebendo que Daniel olhava para Benjamin. - Percebeu? -

 

— Eu tinha dúvidas, mas acho que isso explica Benjamin. - Comentou Daniel que viu Cecilia não entender e questioná-lo com os olhos. -

 

— Essa tatuagem me impôs alguma regra que faz meu corpo estar sempre cheio de energia, o que é ótimo na hora da invocação. Wendel já possuí algo quanto a resistência do seu corpo, nada de indestrutível, mas é como tivesse uma degeneração mais lenta, mesmo recebendo grande desgaste. - May meneuou com a cabeça. - Brincávamos na época que eram superpoderes. - Ela riu. - Até que casamos e tivemos Benjamin. -

 

— E de alguma forma ele herdou um pouco dessas duas habilidades, mesmo sem que seu corpo tivesse uma tatuagem ditando as regras. - Comentou Daniel.

 

Por isso Benjamin sempre tinha mais energia que os outros e aguentava muito mais desgaste físico que os outros. Tudo estava sendo herdado das regras das tatuagens de seus pais.

 

— Vocês… - Benjamin estava surpreso. - Não sabiam que isso acontecer? -

 

— Saber? - Wendel riu. - As regras estão aqui. - Ele mostrou o pulso. - Não tem manual ou outros que possam estar nos contanto e orientando o que estamos fazendo. é apenas um seguir o que a mente persiste em fazer você pensar. -

 

— Como assim não tem outros? - Cecilia pareceu não entender a última parte. - Sempre deram a entender que são vários invocadores por aí. -

 

— E são! Mas, ninguém querendo bater papo. - Diz Wendel que novamente mostrava a tatuagem. - Isso não é um clube secreto que as pessoas se juntam e contam suas aventuras. Porque normalmente, cada vez que entram em ação, é um filme de terror em que seres vivos morrem e leis humanas são violadas. -

 

— Ninguém quer ser cúmplice. - Conclui Benjamin.

 

May apenas balançou a cabeça. Era desta forma que os invocadores agiam, de forma separada e solitária.

 

— Os poucos que fazem coisas juntas são os que se tornaram invocadores juntos, ou casos especiais em que o digimon é forte demais e todos perceberam isso. - Wendel pareceu pensar em algo por alguns instantes. - Mas, juntar vários sempre dá problema. Bem… Por que ninguém apareceu no lixão ou parece perceber que algo ocorre? As habilidades únicas de cada invocador. Quando evoluem ou portais se abrem muitos dados digitais vem parar no nosso mundo e influenciam o ambiente. Os mais perto são paralisados e quando voltam a se mexer estão bem. Mas, os mais distantes sentem dormências físicas das mais variadas formas, podem até ficar por alguns instantes cegos ou surdos, mas após voltam ao normal e ficam com grande sonolência. Isso e o fato de que os mais fracos recebem uma regra que os pedem para ir para algum lugar seguro e distante. -

 

— Isso parece um jogo. - Diz Cecilia. - Quer dizer que até quem não tem a marca da invocação é reprogramado pelos dados digitais? Mas, e as explosões? Não é possível que ninguém tenha vindo ver. -

 

— Os outros invocadores. - Diz May. - Assim como eu não tenho a sede de matar, existem outros que não possuem, mas sabem que se vierem para cá terão que matar e por isso trabalham como policiais, médicos, jornalistas ou mesmo atuam como mendigos, ladrões e mais para que em eventos como esses, possam impedir pessoas de se aproximar, assim como eles mesmo. Eles camuflam as coisas. -

 

Daniel meneou com a cabeça. Tudo parecia fazer sentido agora, ainda que tivesse a curiosidade de saber mais sobre o que a tatuagem obrigava as pessoas a fazerem. Ele não teria mais respostas que essas, mas por aquele momento já eram o suficiente.

 

— Bom… Agora acho que só falta matar aquele pequeno candidato a Lord Demôni. - Diz Wendel. - Vai ser dureza sem um digimon. -

 

— Como assim? - Os adolescentes ficaram alarmados.

 

— Nós não trazemos nossos servos para cá a não ser em situações de emergência. Somos tipo lendas e a ausência deles no mundo digital é entendida como sinal de caos. - Diz Wendel.

 

— Aururamon tinha razão sobre vocês. - Benjamin comentou lembrando do quanto Aururamon admira seus pais. - Mas, não era sobre isso. -

 

Wendel ficou olhando sem entender. May já havia entendido, mas assim como o grupo de adolescentes queria ganhar tempo para que Jose e Impmon dessem um jeito em tudo, ela não facilitaria para o ex-marido.

 

— Você sempre foi devagar. - Disse May simulando uma irritação.

 

— É sobre impmon? - Wendel perguntou recebendo um sinal de positivo de Cecilia. - Eu entendo que ele ajudou em algum momento e está no meio de uma seleção. Mas, isso não muda nada dentro de mim e da regra. Eu preciso pegar ele. - Ele suspirou. - May com certeza tentaria ajudá-lo a voltar para resolver, mas isso só vai ser uma corrida entre nós ou mais quem se envolva. E isso pode acabar mal, porque pessoas com reações diferentes a regra quando tem choque de ideias por estarem seguindo uma regra tendem a lutar. Então, não fiquem no caminho de outros invocadores se eles já estiverem caçando. -

 

Isso está ficando complicado. Se não formos atrás deles, outro invocador de regra assassina os encontra. Mas se formos, pode ser que nós o matemos. Agora já não temos como segurar o pai de Benjamin aqui, o que vamos… Daniel tentava decidir o que fazer, mas viu o Benjamin se levantar e encarar os pais.

 

— O que? - O pai de Benjamin que ainda estava sentado não compreendia o olhar do filho.

 

— Cecilia e Daniel, vão na frente. - Benjamin fechou os punhos. - Eu vou resolver isso com meu pai. -

 

— Você escutou quando falei sobre não entrar na rota de outros invocadores? - Questionou o pai se levantando.

 

— Você é que está em nossa rota. - Disse Benjamin. - Impmon é nossa responsabilidade. E não vou deixar você assassinar mais ninguém. -

 

— Está certo! - Wendel revirou os olhos e virou-se para sua ex-esposa. - Ele realmente ficou abusado demais. -

 

[][][][][]

 

Eles haviam aprendido sobre as regras, mas lutariam contra tudo, inclusive o tempo, para salvar minha vida. Infelizmente, eu estava na pior companhia que poderia ter conseguido possível. As intenções dele eram boas, mas desde quando um aspirante demônio consegue se manter com boas intenções por muito tempo?


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