Digimon Invocação escrita por Kevin


Capítulo 12
Episódio 11: Sombra da Morte




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Só mais algumas horas e eu poderia voltar ao meu mundo. Não tenho ideia do que vou encontrar lá, mas como o Grandão veio atrás de mim é porque ainda tenho chances. Essa tarefa que havia sido feita para me salvar acabou criando uma brecha pra mim. O que basicamente é o suficiente para encerrar a competição. Preciso ficar escondido, seguir o plano de Daniel, o meu plano secundário e manter esse peso morto seguro, pois ele é a chave.

 

Impmon havia conseguido fugir do Lixão, carregando José. Era improvável, mas ele encontrou uma espécie de carrinho de compras remoído, arremessou o garoto por cima do muro e depois levou o carrinho consigo ao saltar. Sair empurrando pelas ruas, carrinho de compras com um quase desmaiado garoto era hilário. Ele se imaginava como um humano que tivesse ido as compras e tivesse tirado a sorte grande. Mas, tomava cuidado pelas ruas, pois torcia para não dar de cara com a candidata a Lord demônio que estava naquele mundo ou outros invocadores.

Sentiu-se aliviado ao perceber que não estava sendo perseguido e que de alguma forma Daniel havia compreendido que mesmo com muitas segundas intenções ele estava tentando salvar a José.

Seu problema era onde iria se esconder. Como May era a mãe de Benjamin os conhecimentos do Mundo Material que o demônio possuía diziam que voltar para a casa onde fora aprisionado era má ideia. A mulher poderia até estar querendo ajudar, mas sabia que sua ajuda era temporária e que invocador que atacou bem poderia começar por lá.

Sabia também que o grupo estava muito fraco, pois mal aguentavam-se de pé. Então, o local onde fosse se refugiar precisava ser aprova de rastreio de digimon e que eles tivessem condições de pensar em procurar por conta própria ou não conseguiria se manter vivo.

 

— Quem diria que o segundo local mais mal cheiroso que eu conheci nesse mundo viria a ser meu segundo refugio. -

 

Impmon havia rastreado Benjamin até a escola, mas não conseguiu avançar além do quarteirão em que ela ficava por alguns motivos. O primeiro era que eram poucos locais para ele se ocultar durante eu dia para ir até o colégio. O segundo era que estava cheio de gente e o terceiro era que fedia a muitos humanos, mesmo eles não estando mais lá e era impossível definir que cheiro estava ou não lá. Para eles, os humanos não chegavam a feder, mas os locais como shopping e escolas, pareciam lixões de pessoas.

Refugiar-se na escola lhe dava camuflagem do cheiro, podendo ser rastreado apenas se alguém soubesse sentir sua presença, o que limitaria em muito seus perseguidores. Lhe dava bastante espaço para lutar caso necessário, acesso a comida para José ir se recuperando e muito material para armadilhas.

 

— Você foi mais difícil de encontrar do que eu imaginava. -

 

Impmon parou segurando a respiração por alguns instantes. Reconhecia a voz e não queria dar a ela a certeza que estava assustado. Virou-se sorrindo de forma maliciosa e encontrou a digimon sorrindo da mesma forma para ele.


Digimon Invocação - Rituais
Arco 01: Pactos
Episódio 11: Sombra da Morte

 

— Eu sei que não estão em boas condições. Mas, se quiserem aqueles dois vivos precisam encontrá-los e escondê-los antes que o sol nasça completamente. -

 

Estavam nas ruas da cidade correndo e a voz de May instruía-os do que fazer. Haviam saído do Lixão, enquanto Benjamin desafiava, Wendel, seu pai, para um duelo com o pretexto de resolver as coisas, mas o verdadeiro intuito era ganhar tempo e ver até onde as regras rígidas que prendiam o pai iriam.
Não era para conseguirem correr, não era para conseguirem andar, não era para conseguirem nem ficar de pé. Mas, May havia injetado algo neles que estava lhes dando energia. De acordo com ela, mal não faria se controlassem o tempo. Teriam 6 horas ativos e imediatamente 12 a 20 horas desmaiados. Não era uma decisão fácil de tomar, mas eles tiveram pouco tempo para fazer isso.

 

— Por que? - Questionou Daniel. - O que acontece depois do sol nascer? -

 

— Cada digimon tem uma fase. Quanto maior a fase do digimon que passa pelo portal, maior a influência digital que passa junto com ele. Pelo tempo que o portal de SkullGreymon, um digimon de nível perfeito, se abriu os dados que influenciam esse mundo acabarão e como nenhum outro portal deve ter se aberto nesse meio tempo, as pessoas vão começar a circular pelas ruas. - May parou de correr e os dois adolescentes pararam sem fôlego. - Vamos nos separar aqui. Minutos antes da população começar a sair nas ruas os invocadores terão que tomar uma posição, a regra Zero Conhecimento será muito forte e mesmo aqueles que não querem matar, o farão. -

 

A dupla de adolescentes, inicialmente não havia entendido o motivo de separarem-se, mas acabaram por escutar uma explicação que dia tudo o que precisavam. Ela não queria matar e tinha formas de não o fazer, mas ao nascer do sol as coisas ficariam complicadas demais e todos sentiriam a pressão da regra. Ela mataria Jose e Impmon, sem contar os dois invocadores adolescentes caso tentassem impedir.

 

— Separados cobriremos mais terreno e será mais seguro para vocês e eles caso os encontremos em cima do prazo ou esbarremos com outros invocadores -

 

Cecilia olhou para mulher sentindo o peso das palavras dela. Wendel dizia que invocadores que reagiam a regra de forma diferente viviam em conflitos e era nítido que ela estava temendo o que estava por vir. A responsabilidade de ser mãe e ter deixado pai e filho para uma luta sem sentido, o fato de não poder chamar o digimon para não gerar caos no mundo digital, o fato de querer impedir mortes desnecessárias e confrontos desnecessários e ainda agora tinha que lidar com o fato de que ela mesma em pouco tempo poderia ser forçada a fazê-lo.

 

— Boa sorte! - Disse Daniel fazendo sinal para que May partisse primeiro.

 

Os dois adolescentes respiraram fundo em meia a madrugada e esperaram que ela desaparecesse no horizonte. Se conseguiriam? Não tinham certeza.

 

— Talvez trazer os digimons fosse mais fácil. - Diz Cecilia.

 

— Gabumon talvez, mas Penmon já deu provas que não sabe rastrear. - Diz Daniel. - Mas, por algum motivo estranho Impmon e eu estamos alinhados. Pensamos quase que dá mesma forma. Então, se ele fugiu com José sem muitas segundas intenções, ele vai para um local que vamos pensr em procurá-lo. -

 

Cecília olhou para o rapaz invejando um pouco aquele tipo de raciocínio. Não negava que ele era inteligente, sempre percebera-o desta forma, mas acreditava que muito era arrogância Nerd de quem muito estuda. A descoberta que ele conseguia ser bom de raciocínio com qualquer coisa fazia-a repensar sobre os conceitos que tinha quanto a ele.

 

— Onde devíamos procurar? - Questionou Cecília. - Em algum lugar que já nos encontramos antes? -

 

Daniel encarou-a por alguns instantes e sorriu. Sabia que sua vaga ideia sobre Impmon não eliminava nem metade da cidade. Ainda estava no processo de selecionar critérios e estava longe de reduzir para algo que não fosse varrer meia cidade. Mas, a fala de Cecília o fez perceber que Impmon escolheria um lugar para se esconder com segurança, que possibilitasse Jose a se recuperar e que um do grupo conhecesse. Então sim, a menina estava certa! Tinha que ser um lugar onde Impmon teve um encontro com algum deles. O museu, a casa de José, o lixão, os dois becos, o ponto de ônibus, o meio de uma rua e a escola eram esses locais. A casa de José estava comprometida, o lixão também e haviam acabado de sair de lá. Ficariam expostos nos dois becos, assim como no meio da rua ou no ponto de ônibus. Restava então museu e escola.

 

— Eu concordo. Eu chutaria Escola e Museu. - Disse Daniel. - Vou adicionar que ele não pode ter ido muito longe carregando José. Então vamos tentar a escola primeiro, por ser mais perto, caso não esteja lá seguimos caminho rumo ao museu. -

 

— Bem… - Cecilia pensou no que ouviu. - Vamos a escola. José e Benjamin foram atacados lá na entrada, então faz sentido. Mas, não entendo porque o museu. Impmon nunca viu o museu, ao menos conosco. Ele surgiu foi num parque a uma certa distância do museu. -

 

Daniel ficou aturdido naquele momento e logo sorriu sem graça.

 

Ele sorriu sem graça? Ele admitiu que errou quanto ao museu? Cecília ficou espantada ao perceber aquilo. Ele nunca no inicio de tudo aquilo, admitiria estar errado.

 

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Estava começando a amanhecer e os primeiros raios de sol indicavam que logo as pessoas começariam a ganhar a rua, em especial porque toda a influência digital que reinava no ambiente já estava desaparecendo. No entanto, o lixão ainda seria palco de mais um combate, desta vez entre pai e filho.

 

— Quer mesmo fazer isso? -

 

Wendel encarava seu filho Benjamin com incredulidade. Ele entendia que de alguma forma era responsável por tudo aquilo e eram as regras dos invocadores forçando pai e filho a se enfrentarem, ainda que duvidasse que o selo de seu filho já estivesse fazendo tanto efeito para que ele cumprisse a Regra Conhecimento Zero tão ao pé da letra.

 

— Como eu disse... Não trarei meu digimon, ou será um sinal de caos naquele mundo. Mas, como o seu já está em nosso mundo, materialize-o e ganhe vantagem. Porque tenha certeza que não vou conseguir pegar leve com você. Ainda mais por defender um digimon das tre… -

 

Wendel parou por alguns instantes. Olhou em volta e confirmou que só os dois ficaram. Entendeu que os dois adolescentes tentariam alcançar Impmon para ajudá-lo de alguma forma. Mas, May foi embora deixando um combate de pai e filho para acontecer por Impmon?

 

Pense Wendel. May jamais deixaria que nós dois lutássemos. Pense! Pense! O selo dela poderia falar mais alto sobre a preocupação quanto a Impmon, mas como ela só garantiria que ele não fizesse nada que o expusesse ao mundo e viu que os dois adolescentes foram atrás, ela se convenceria que essa situação é mais importante. Por que ela foi? Vamos Wendel pense. Por que Benjamin deixaria ela ir? Por que os outros confiariam nela? Benjamin pode achar que a mãe não vai matar o digimon, mas os outros dois pareciam prestar atenção quando ela disse que se não houvesse alternativas o eliminaria. Então eles iriam detê-la aqui também. Pense!

 

Wendel encarava o filho a espera do primeiro movimento dele, mas esse movimento parecia que nunca viria. Já havia, pelo menos, uns bons dez minutos que estavam apenas tentando convencerem um ao outro de desistirem. Se é que o filho parado apenas o encarando era considerado isso.

 

Claro que ele não quer atacar ao pai e nem eu ao meu filho, mas já estou no limite de aguentar me segurar devido a pressão da minha regra. Pense! Vamos! Se eu tivesse conseguido desviar naquela tentativa de subir no muro teria pego o digimon. Impmon parecia até estar machucado, mas quem fica machucado e ainda é tão veloz e fica com um braço ergui… Um braço erguido apoiando a algo? Apoiando alguém?

 

Wendel de repente olhou para filho de forma séria.

 

— Vocês não arriscariam a vida por alguém que tentou matar vocês diversas vezes. - Disse Wendel. - Ele estava com alguém. E esse alguém não é invocador e sabe de tudo, não é? -

 

Benjamin se movimentou rápido levando a mão ao selo e materializando Aururamon. O pai não poderia sair do lixão.

 

<><><><>

 

Cinco e vinte da madrugada de domingo. Daniel e Cecilia estavam a duas ruas da escola e começavam a entender, nada da solução injetada neles tinha haver com lhes propiciar algo além de energia, pois seus corpos sentiam toda a dor que podiam a cada movimento mais brusco. Não tinham mais nenhum equipamento que permitissem dizer a hora, mas sabia que saíram do lixão faltando 10 minutos para as cinco e a injeção fora uns cinco minutos antes. Estavam correndo contra o tempo e contra o desgaste de seus corpos.

 

Daniel diminuiu o passo a medida que viu que Cecilia havia reduzido bruscamente. O rapaz do nariz avantajado tinha absoluta certeza que o pior da injeção não seria o desmaio por horas, mas o desgaste que os músculos sofreriam, afinal estavam recebendo energia extra sem que a fadiga fosse curada. Ao perceber Cecilia parando daquela forma imaginou que ela havia se machucado, mas ao diminuir percebeu que duas figuras estavam interceptando-os no meio da rua.

Eram dois homens, sendo que um era negro e tinha cara de poucos amigos. Ele por sinal realmente parecia perigoso, abria e fechava as mãos e com o silêncio que estava naquele lugar podia escutar facilmente o estalar de dedos. Foi só por isso que Daniel percebeu que ele era um invocador, pois apesar da distância, a tatuagem estava visível. O segundo estava com uma certa cara de espanto. Gordo e de pele clara, mesmo sem a cara de espanto ele não pareceria tão perigoso quanto o outro homem. Mas, ele também tinha a marca dos invocadores. Se a semelhança ficasse apenas nisso as coisas não ficariam tão estranhas, mas estavam vestidos iguais. Era um uniforme de alguma empresa de vigilância.

Daniel mostrou o pulso rapidamente deixando claro que também era um invocador e apenas fez um sinal com a cabeça que não eram problemas um para o outro, ou ao menos era o que ele queria indicar. No entanto, o negro deu um passo na direção deles da dupla de adolescentes, balançando a cabeça.

Daniel segurou a respiração e virou-se para Cecilia para pedir que não liberasse ainda seu parceiro, pois ela precisava poupar energia. Imaginava que Gabumon poderia dar conta deles sozinha, mas então viu algo que não esperava. O homem gordo moveu-se rápido, levando a mão a cintura e atacando o companheiro com uma arma de choque.

O negro caiu no chão desmaiado enquanto Daniel piscava aturdido até perceber que Cecilia, não mudava de reação desde que parara de correr por perceber aquelas duas figuras.

 

— Acho que você deve continuar seu caminho meu jovem. - Disse o Homem gordo. - Para o sucesso de sua missão é melhor não me contar nada. -

 

Daniel preparou-se para dizer algo, mas Cecilia adiantou-se.

 

— Meu pai e eu precisamos conversar. - Disse Cecilia. - Alcanço você depois. -

 

Daniel a olhou por alguns instantes e compreendeu o motivo dela ter parado com apenas uma visão rápida dos homens. Não era medo, era por ter reconhecido o pai. Sem escolha ele começou a correr pela rua, imaginando se seus pais também viriam a se revelar como Invocadores.

Cecilia ficou olhando seu pai se aproximar. Ela estava tão surpresa, mas, ao mesmo tempo, tudo na mente dela começava a fazer sentido. As saídas repentinas e ausências do pai e o fato de seu pingente ter servido como um item para a invocação de Penmon.

 

— Bem… Acho que os dois vão ter muita história para contar. - Ele reparou nela por alguns instantes. - Mas, no momento estamos em meio a algum tipo de crise que não entendo muito bem, mas desconfio que você entende, né? -

 

Ela apenas balançou a cabeça confirmando e viu o pai fazer sinal para ela ir que ele iria em outra direção carregando o companheiro desmaiado. Ela ficou o olhando sem saber se realmente queria ir sem dizer muita coisa, mas lembrava-se das palavras da mãe de Benjamin e entendia, o pai logo estaria na mesma situação. Salvou-a derrubando o amigo para que ele não os atacasse, ainda que não tivesse certeza de que tipo de regra faria um invocador atacar um outro, desconhecido, sem nenhuma troca de palavras.

 

— De que Clã é seu digimon? - Questionou o pai vendo que ela estava parada.

 

— Tribo da água. - Ela disse tentando se lembrar das coisas que Penmon dizia e então viu-o dando um sorriso.

 

— Então foi o pingente de sua mãe. O servo dela era desta tribo. -

 

Ele não esperou a reação da menina, simplesmente virou-se e seguiu caminho para fazer o que pretendia, afastar-se da sua filha e manter outros afastados, enquanto pudesse.

 

<><><><>

 

Parecia um pequeno cachorro de tom escurecido, tinha uma espécie de coleira dourada com escritos negros no pescoço e grandes olhos azuis. Salomon era a digimon candidata a Lord Demônio que surpreendeu Impmon na escola. Não ocorreu combate, ou mesmo uma tentativa de irem as vias de fato, simplesmente se encararam durante uns dez minutos e ambos relaxaram.

 

— Então abriu um portal para cá após fazer um trato com SkullGreymon. - Impmon ficou pensativo. - De todos os candidatos você é a que tinha mais conhecimento sobre portais, então não entendo porque fazer um trato com ele. -

 

A pequena digimon havia contato sua trajetória até ali para Impmon. Estava se saindo bem sem nenhuma aliança, mas além de precisar de pontos por aliança, com um grupo grande em sua cola.

 

— Eu não sabia para onde você havia ido e nem para onde os outros foram. Mas, sabia que alguns de sua antiga aliança já tinham vindo atrás de você. Como antes de sair de lá os Lobos Solitários já estavam investigando, era mais seguro abrir um portal para a direção em que mais foram abertos, confundiria o cheiro, teria mais alvos diversificados para invocadores e os lobos. - Ela riu. - Basicamente precisava dele para me dar as coordenadas de seu portal. -

 

— Em troca ele pediu para ajudá-lo a vir, já que precisava da geração de energia, além de não me atacar ou trair. - Impmon pareceu entender.

 

— Esse foi outro motivo. - Impmon franziu o cenho diante a fala. - Você é muito esperto. - Ela não escondeu o elogio. - Pelo que tenho acompanhado, quem passou pelo portal foi eliminado ou mandado de volta antes de completar 12 horas. Quando fiz o acordo, já tinha mais de 12 horas que estava aqui. Ou você tem se mantido bem ou aqui é um lugar mais fácil. -

 

— Fácil! - Ele sorriu debochado. - Estou tentado que lidar com 3 invocadores e um lobo solitário, sem contar dois outros invocadores que acho que são da geração das lendas. -

 

A pequena digimon cachorra escurecida pareceu duvidar daquilo. Mas, pelo relato que ele havia feito, sem entrar em detalhes, e pela quantidade de invocadores que ela viu indo e vindo, talvez realmente ele falasse a verdade.

Cada candidato da Lord têm uma qualidade, seja conhecimento ou algo de sua personalidade ou mesmo poder especial. Eu barganhei muito com o meu conhecimento de rituais e só por isso estou viva ainda. Para vir para cá o Skullgreymon me propôs trazê-lo e não atacar ou trair Impmon, o que poderia ser feito de palavras jogadas ao vento, mas ele fez o acordo via ritual. Skullgreymon não era só poderoso e temido, mas muito precavido. Impmon é ardiloso e esperto por ter um mentor como ele, ninguém sobreviveria ao treino de SkullGreymon sem ser esperto. Esse foi outro motivo para aceitar fazer um acordo aparentemente idiota que me deixava em grande desvantagem. Impmon ccertamente seria esperto o bastante para se virar, se eu colar nele, posso ficar viva também. Salomon reconhecia o quanto o digimon era esperto e tinha certeza, precisava se aproveitar dele para se manter viva também.

 

— Bom… O que você quer? - Perguntou Impmon. - Qual é sua jogada? -

 

Salomon deu uma risada. Achou até que ele deu muita corda para ela. Talvez só quisesse averiguar as coisas ou talvez fosse usá-la.

 

— Cada candidato tem uma característica. Alguns dizem que sou esperto e que você tem o maior conhecimento e capacidade com os rituais. - Ele permanecia sentado observando. - Ainda assim, esperto é só uma das coisas, assim como seus rituais. Você é boa de barganha, negocia como ninguém. -

 

— Normalmente acham que passo a perna. Mas, a verdade é que só entendem que não é vantajoso para eles quando as coisas complicam. - Salomon avaliou. - Enquanto você é o que mais mete medo de todos. Inteligência e presença demôniaca são combinações perigosas, por isso ninguém quer que você vença. Vai adquirir tanta experiência que vai se tornar o lord oficial quando chegar a hora. -

 

— Eu sei. - Ele riu. - Mas estou longe de ganhar. Então, acho que essa preocupação ninguém vai ter. - Ele ficou de pé espreguiçando-se. - Vamos lá, qual é a jogada? -

 

Salomon percebeu que não conseguiria mais enrolá-lo. O plano era ganhar tempo e tempo através de tudo o que tivesse. Cado minuto ao lado dele garantia um minuto a mais de sobrevivência, mas Impmon era esperto demais para ser enrolado daquela forma.

 

— Ok! - Ela ficou de pé também. - Preciso de ajuda para sobreviver minhas 24 horas. Se me ajudar, te levo para casa comigo. Afinal, você não sabe abrir portais. -

 

— Tenho 3 formas garantidas de voltas para casa, talvez até 2 a mais se minhas jogadas em andamento derem fruto. - Impmon pareceu sério. - Além disso, para fazer isso eu teria que ficar aqui todo esse tempo a mais, tem invocador demais na jogada. -

 

— 5 formas? - Piscou algumas vezes aturdida. Ela só imaginava duas, ainda que houvesse uma terceira extremamente arriscada. Ela chegou olhar o garoto desmaiado imaginando se ele era uma das jogadas ou uma das formas garantidas. - Não precisa ficar aqui, só fico com você até a hora de ir e me dá dicas nesse meio tempo. -

 

Impmon ficou olhando para ela como se aquilo fosse meio idiota. Ela estava dizendo o que queria, mas ela não estava dizendo o que daria.

 

— Posso te oferecer um ritual de recuperação de energia. Sei que isso é problemático aqui no Mundo Material. - Ela o viu balançar a cabeça como se não precisasse. - Só tenho mais duas coisas a oferecer, diga ao menos o que você gostaria. -

 

— Eu não preciso de nada. - Impmon parou pensando. - Mas, sobre esse ritual de recuperação, você pode ensinar? Da próxima vez que eu voltar pode ser útil. -

 

— Teria que ser depois da competição. Levei meses para aprender corretamente. - Viu que ele esnobou e virou as costas. - Posso te ajudar a fazer um ritual de bloqueio de passagem. -

 

Impmon não se virou, apenas conferiu o humano desmaiado. Ele sequer sabia o que era aquilo, então porque se interessar por um ritual estranho?

 

— Na verdade, não é nem para você, é para nós dois. - Disse Salomon que viu ele se virar curioso. - Ritual de Bloqueio de Passagem faz com que os portais interdimensionais não possam ser usados durante algum tempo, de um mundo para o outro. -

 

— Isso é interessante. - Impmon começou a caminhar na direção dela. - Significa que podemos impedir de mais digimons virem, ou mesmo de outros voltarem? -

 

— Sim! Mesmo os servos de invocadores não conseguiriam ir ou voltar. Mas, nossos poderes só permitiriam uma tranca de 8 horas. - Disse Salomon. - Para realizá-lo tem que ter duas pessoas, uma em cada mundo. -

 

— Entendi. Você aqui fica protegida dos demais candidatos e suas alianças e eu de quem estiver por aqui. - Impmon pareceu se interessar. - Mas, isso é para manter você comigo. - completou o demônio roxo. - Quer dicar para sobreviver ao tempo restante, preciso de mais, ou só vamos ter um acordo até aí. -

 

— Qual é?! - Reclamou Salomon. - Você levará muito mais do que eu. Proteção, pontos de tarefa e conhecimento. Eu só estou levando pontos de tarefa e proteção. Também tem que me dar conhecimento. -

 

Os olhos do demônio roxo ficaram frios ele a encarou seriamente. Dos mais diversos candidatos a lords que tinham, Salomon era a que ele menos gostava. Ela apesar de ter seu lado mal, muitas vezes demonstrava algo que beirava a bondade e camaradagem. Não que ele achasse errado um digimon Soldado do pesadelo agir assim, mas tinha certeza que era má coisa um Lord Demônio ser assim. Significava que o clã seria fraco e talvez poderia até ser dizimado diante dos demais.

Salomon tremeu em seu lugar. Tentou encará-lo, por duas vezes, mas acabou não conseguindo. A pressão demôniaca dele, habilidade que poucos reconheciam nele, era grande.

 

— Te ofereço a tabela de pontuação da competição. - Diz Salomon por fim. - É a única coisa que tenho a mais. -

 

— Está falando sério? - Impmon olhou surpreso. Nenhum candidato tinha acesso à tabela de pontuação. - Como conseguiu a tabela? -

 

— A tabela de pontuação foi criada por um ritual, então posso vê-la através de ritual. - Salmon explicou. - Basicamente, eu não posso te trair, então eu sou a parceira perfeita por seu curto tempo aqui e se me ajudar a voltar, terá alguém que pode lutar ao seu lado. Então, vou melhorar a proposta. O ritual de bloqueio mais acesso à tabela da pontuação geral e a ajuda com o bloqueio, pela ajuda com o bloqueio e as dicas. - Ela sorriu. - Convenhamos, se vamos fazer o ritual juntos vamos ter que ficar um tempo aqui e assim vou ficar na sua companhia. -

 

Impmon pensou em retrucar que havia sido levado na conversa, mas sorriu de forma divertida concordando com a cabeça. Olhou para trás observando José.

 

— Como disse vai ser uma boa companheira para lutar, se ficar aqui. - O sorriso diabólico indicava que ele iria usá-la para aumentar suas forças de luta contra possíveis invocadores ou outros candidatos que os achassem na escola. - Mas, vai ter que me ajudar a recuperar aquele saco de carne ali. É o que vou fazer e não vai ficar parada. -

 

— Certo! - Salomon revirou os olhos percebendo que trabalharia muito e poderia ter conseguido mais coisas. - Vamos ver a tabela. -

 

Ela proferiu algumas palavras estranhas, as runas negras de sua coleira dourada começaram a brilhar e então uma tabela holográfica surgiu diante deles. Impmon olhou animado para ela, não tinha ideia de como estava a pontuação e aquilo era uma oportunidade. Poderia não ganhar, mas assim que voltasse poderia dar fim ou não ao primeiro eliminado e assim garantir que alguém que não fosse contra ele ganhasse.

 

— Isso é impossível! - Salamon exclamou olhando para Impmon. - Antes de vir eu era a quarta colocada, tudo bem eu ter caído para quinta pois não fiz muita coisa aqui. Mas, quando saí você não aparecia nem na lista dos 15 primeiros, e agora está como sexto? - Ela via o rosto malandro de Impmon. - O que foi que você andou fazendo aqui? -


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