Photograph escrita por Anny Taisho


Capítulo 20
O impasse da perfeição


Notas iniciais do capítulo

Então meus amores, eu não me esqueci, aqui está o capítulo de vocês!! Muito obrigada pelo carinho, cada comentário me faz ter vontade de arranjar um tempinho para escrever. Hoje finalmente começa a reviravolta. Kisskiss



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Sarada estava em casa mexendo em caixas antigas com fotos, a vida dela estava ali contada em imagens. Ainda sentia aquela culpa por ter ido atrás de Sasuke, afinal de contas, ele não se importou em saber nada dela. Sarada sentia náuseas só de pensar, agora Sasuke sabia quem ela era, filha de quem era e mesmo assim fingia que não sabia de nada.

Ela teve um pai que a amou tanto mesmo não compartilhando o mesmo sangue e um homem incapaz de reconhecer sua existência mesmo compartilhando os mesmos genes. E agora doente novamente sentia ainda mais falta de Gaara, sabia que a mãe estava desestabilizada fazendo o máximo possível para não mostrar isso.

Chochou, Shikadai e Bolt iam vir visita-la depois das aulas, a melhor coisa que podia fazer agora era seguir em frente. Teria um longo tratamento médico a enfrentar. E sabia de uma coisa, odiava os Uchihas.

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Karin ainda frequentava o hospital a respeito do procedimento experimental, o médico havia convidado ela e os outros pacientes do grupo controle para uma palestra com os cirurgiões que estavam trabalhando no procedimento. Sasuke tinha decidido ir com ela como acompanhante. Ele queria entender melhor isso, a possibilidade de Karin voltar a andar não ia eximí-lo de culpa, mas certamente seria um grande passo.

Não era um grupo muito grande, mas o auditório sim, por isso as pessoas estavam esparças. O médico Yamamoto Yuuhi apareceu no palco cumprimentando a todos e apresentando os demais médicos da equipe e sua especialidade, para a surpresa da dupla Sabaku no Sakura estava entre eles e ela ia falar sobre o procedimento cirúrgico.

— Boa tarde a todos, como já fui apresentada, meu nome é Sabaku no Sakura, médica cirurgiã torácica. Entrei para a equipe de pesquisa do Dr. Yuuhi recentemente, mas acredito que agregando muito a equipe. Contextualizando, eu sou japonesa e me formei na Universidade de Tóquio, participei por 4 anos do programa Médicos Sem Fronteiras, fiz residência em cirurgia com ênfase em tronco. Eu coordenei a residência médica em cirurgia de urgência do Gran Hopital de Dubai por quase dez anos e fiz parte de uma linha de pesquisa a respeito de cirurgia na coluna. O que me trouxe até esse projeto.

Sakura caminhava pelo palco e falava com muita firmeza, reforçando a crença das pessoas no que era dito. Ela explicou qual era a proposta, sobre como estavam falando de um procedimento muito novo, alguns pormenores da cirurgia. Karin respirou fundo vendo aquela mulher ali na frente.

A médica tinha surgido do nada na época da faculdade, e num piscar de olhos se tornou a queridinha de todos do grupo, sem dizer que a Haruno era a epítome da eficiência. A maior nota do processo seletivo da escola de medicina de Tóquio, o melhor desempenho acadêmico, se tornou orientanda da lenda Senju Tsunade que foi a primeira mulher a ser diretora da mais tradicional escola de medicina do país e foi a médica chefe do melhor hospital do Japão. Andava com suas roupas despretensiosas, jogava gameboy, foi da liga esportiva tanto da escola de medicina quanto da Universidade... E teve todos os olhos de Sasuke assim que apareceu.

Sasuke e Karin eram de famílias amigas, se conheciam desde a metade da infância. Eles tiveram alguns momentos juntos no inicio da adolescência, mas nunca passou disso. Sasuke nunca ficava com uma garota só, não que ele saísse pegando todo mundo, mas nunca assumia nada com ninguém.

E do nada chegou essa garota tendo tudo que ela, filha de uma família abastada, não conseguiu. Nem mesmo Hinata que apesar de uma grande aluna, não era muito vista. Haruno Sakura era o exemplo da Universidade, assim como dois outros alunos. Eles representavam o teto da excelência acadêmica, física e política.

A rosada tinha tudo.

O maior sentimento que tinha em relação a ela nem era inveja, mas sim aquela inadequação. Como se fosse descartável. Mas toda a perfeição da médica também foi um dos grandes problemas do relacionamento dela com Sasuke. Ele também se sentia inadequado. Sakura representava tudo o que a família dele queria que ele fosse, que o irmão dele foi, mas que ele não conseguia ser.

E nisso eles se encontraram. Sasuke e Karin. O Uchiha não tinha ficado com ela de novo depois de começar a namorar, mas continuavam amigos. Se entendiam naquela não-perfeição, sem dizer que frequentava a casa da família dele e isso de algum modo era como encontrava uma ‘vingança’ contra a outra garota. Um modo de não ser substituída. Porque era impossível concorrer com toda aquela perfeição.

Com os anos, a Uzumaki entendeu que fosse Sakura a garota perfeita ou não, não mudava que os sentimentos que Sasuke teve por ela nunca foram despertados em todos os anos da juventude que estiveram juntos. Ele não a amava por ser perfeita, ele simplesmente amava.

E mesmo antes do acidente já começava a se sentir mal por ter fomentado as constantes brigas do casal. Não era culpa da Haruno ser quem era, nunca foi como se Sakura estivesse o tempo todo querendo ser o exemplo, naquele tempo de convivência via que era simplesmente consequência do quanto ela estudava e se empenhava nos projetos. E isso dava ainda mais raiva porque parecia natural.

Dentro do carro, Karin riu e balançou a cabeça.

— Eu sou uma ridícula mesmo me sentindo exatamente como na faculdade.

— Do que está falando? – disse dirigindo, estava um trânsito caótico –

— Naquele auditório hoje, me senti exatamente como na faculdade. Eu tenho uma carreira sólida, um bom emprego, sou reconhecida por isso... Mas nunca vou chegar perto do brilho que é ser Haruno... Ou Sabaku no Sakura.

O moreno virou a cabeça olhando Karin.

— Não seja tola. Vocês são pessoas diferentes, em áreas diferente, você trabalha para mim porque quer, Karin, eu sei que já recebeu propostas de empresas muito maiores.

— Você não entende... Na verdade, eu diria que você entende bem, Sasuke. Pense em você e no Itachi. Você hoje está onde todos acharam que o seu irmão estaria, fazendo a Uchiha Corp crescer além das expectativas, mas ainda sim, apesar de reconhecido por isso, não é reconhecido como seu irmão seria. E do mesmo modo, se tivesse largado tudo e feito como ele começando longe de tudo e todos, tendo o sucesso que ele tem, não teria o mesmo reconhecimento que ele.

O moreno olhou para frente pensando naquilo e de fato Karin tinha razão, ele conseguia entender melhor o que ela tinha para dizer.

— Tem razão, Itachi e Sakura são o tipo de pessoa que de fato de esforçam em seus objetivos, mas que recebem o dobro de recompensa por isso. Enquanto nós dois recebemos metade. Obviamente que estamos falando de um reconhecimento de terceiros... enfim... É uma merda.

— Sim. E agora ela está na equipe que pode me tirar dessa situação... Como eu me sinto cretina de estar me sentindo tão inadequada.

— Você não sabia que ela estava na equipe?

— Não fazia ideia... E olhando para ela em cima daquele palco... A carreira perfeita, uma família, dinheiro... Como sempre no topo.

— Nessa confusão toda de sentimentos que eu tive com Itachi, posso te dizer, nem a vida deles é perfeita. Itachi e Izuna brigam, ele teve que parar a carreira uma época por causa das filhas e toda pressão que a nossa família colocava sobre ele fazia tão mal para ele quanto para mim. E foi só assim que eu consegui de novo me reaproximar dele... Não sei muito da Sakura, mas ela está viúva, a filha doente... então novamente o que temos é só uma visão da vida dela.

Os dois ficaram em silêncio algum tempo parados naquele trânsito infernal.

— Sasuke, posso te fazer uma pergunta? E seja sincero, por tudo o que já passamos juntos.

— Pergunte.

— Depois de toda confusão com a sua mãe, eu estava repassando os fatos, pensando e... Tem algo errado nessa história.

— Eu sei que ficaremos um bom tempo nesse trânsito, mas sabe que não gosto de rodeios.

— Certo. Sasuke, Sarada não é sua filha ou ao menos não tem chance disso?

O moreno virou olhando para Karin incrédulo.

— Por favor Karin, não seja ridícula. Só porque eu e a Sakura namoramos não quer dizer que eu seja pai dela.

— Sasuke, eu sei que você não é nem um pouco idiota. A menina é a sua cara. A cópia da sua mãe jovem. E depois da confusão eu fui tentar entender.... Eu olhei a ficha dela, a menina nasceu em Março, sendo que o nosso acidente foi só em Setembro, pouco antes da colação de grau. A Sakura já saiu grávida do Japão ou essa menina nasceu de muito menos que 9 meses. O que eu dúvido, porque ela mesma nos disse que nasceu numa vila no meio do nada da China, sem suporte a um prematuro. E é muita coincidência... Me desculpe, a garota é filha da sua ex-namorada, podre de rica.... Eu fui procurar informações e Sasuke, nós somos ricos de boa família, mas Sarada é bilionária.... Qual a chance ou o motivo de uma garota bilionária, filha da sua ex-namorada, a cara da sua família aparecer assim do nada na sua vida?

— Isso é loucura, Karin. Foi uma coincidência bizarra.

— Oh por favor, Sasuke!! Nem você acredita que tantas coincidências podem acontecer assim!

— Karin... Eu não... Merda! – apertou o volante –

— Você disse que a Sakura te tratou muito mal no hospital, assim, eu entendo que o reencontro de vocês não foi dos melhores... Mas se a Sakura não te contou, não creio que vá querer que isso tudo venha a tona.

— O que vai contra sua teoria, se ele tivesse escondido de mim, Sarada não ia saber e não ia me procurar.

— Ou descobriu recentemente...

— Isso parece loucura.

Antes que pudesse continuar aquela discussão, o celular de Sasuke tocou e o Uchiha fechou os olhos apertando o volante. Desgraça pouca é bobagem mesmo...

— O que foi?

— O Madara estava na cidade, parece que ele e meu pai tiveram uma discussão.

— Oh... bem, todos sabem que o seu tio-avô prefere o diabo que seu pai.

— O Madara está morto, Karin, parece que ele enfartou.

E assim um silêncio mortal caiu sobre eles.

Continua...


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