Sakura estava no horário de almoço, logo depois iria fazer uma cirurgia que seria acompanhada por seu atual grupo de residentes. Olhava para o celular respondendo algumas mensagens e tinha acabado de falar com a filha que já estava em casa. Respirou fundo, não conseguia acreditar que aquele pesadelo estava acontecendo de novo, mas desta vez não tinha o marido ao seu lado. Só Kami podia saber como Gaara fazia falta.

Recebeu uma mensagem da recepção na comunicação interna do hospital avisando que havia uma pessoa procurando por ela. Olhou as horas e se fosse algo rápido ainda dava tempo de comer. Pegou o elevador e desceu até a recepção. Passou a mão pelos cabelos ajeitando eles para trás e cumprimentou alguns funcionários pelo caminho.

Quando estava se aproximando viu uma das recepcionistas apontar e quando viu quem era teve que dar um longo suspiro. Sasuke se virou e viu a médica vindo, claramente não era uma expressão receptiva na face dela.

— Em que posso ajudar, Uchiha-san? Se pudesse ser rápido, eu tenho um procedimento em alguns minutos.

— Boa tarde, Sakura. Eu gostaria de conversar com você um minuto.

— Sabaku-san, por favor, não somos amigos. E não tenho assunto nenhum a tratar com você.

— Eu gostaria de saber o estado de saúde da Sarada.

— Se está tão interessado, pois bem, Sarada está bem, em tratamento. Toda aquela situação de estresse culminou em uma reação adversa devido ao estado de saúde dela. Agora pode se retirar.

— Saku... Sabaku-san, eu lamento aquela cena. Não existe a menor possibilidade das insinuações da minha mãe serem verdadeiras.

— Eu sei disso porque conheço a minha filha, sobre a sua mãe... Bem, é uma decisão da Sarada sobre as medidas cabíveis.

— Não é necessário irmos para o judicial, minha mãe está disposta a uma retratação.

— Mesmo? – moveu as sobrancelhas – A toda poderosa senhora Uchiha está com medo o suficiente para pedir desculpas? Hum... Eu quase fiquei surpresa.

— Não tem ninguém com medo, apenas é o certo a ser feito.

— Eu não acho que vocês saibam muito bem o que é certo a se fazer.

— Você não precisa levar isso a ferro e fogo, sua filha merece um pedido formal de desculpas, mas alongar essa situação só trará prejuízos a todos.

‘Sua filha...’ Aquela frase ecoou na mente de Sakura a fazendo ficar muito irritada. Sasuke ainda era o mesmo cretino de vinte anos atrás. Como alguém conseguia ter tão pouca vergonha na cara?

— Você aprecia quando eu não levo os seus erros até as últimas consequências, não é mesmo? Pois saiba que se a Sarada quiser, nós vamos sim levar isso as últimas consequências.

Sasuke obviamente não entendeu o contexto total do que ela disse, mas estava ficando irritado, Sakura estava se mostrando extremamente prepotente.

— Vai ser uma perda de tempo, Sarada foi tratada muito bem na Uchiha Corp, o máximo que vão conseguir é uma retratação pública da minha mãe.

— Se fosse apenas isso, não estaria aqui, Uchiha-san. Desapareça da minha frente antes que eu o torne persona non grata nesse prédio. Sua mãe gosta de demostrar poder, mas acho que dessa vez ela mexeu com as pessoas erradas. Foi um desprazer te ver novamente, espero que não se repita.

Dito isso apenas deu as costas e saiu.

Sasuke viu as pessoas ao redor olhando e saiu bufando. Aquilo ainda ia dar muitos problemas a ele. E Sakura claramente não tinha ele como uma pessoa bem quista tanto em suas memórias quanto atualmente. Parecia que ele não podia ter paz.

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Sarada estava no departamento pessoal fazendo sua recisão de contrato, Kakashi já tinha sido avisado do ocorrido. A garota estava com uma máscara cirúrgica e sentada perfeitamente a sua frente.

— É uma pena que tenha de afastar da empresa.

— Além da questão saúde, ficou claro que as minhas convicções e as da empresa não estão em sintonia.

— Bem Sarada-san, eu soube da situação ocorrida e tenho que manifestar em nome da empresa que aquilo não convém com as nossas políticas. Um problema interno da família Uchiha infelizmente impactou você.

— Mostrando a incapacidade da empresa em separar os assuntos. Desculpe, Hatake-san, mas eu fui extremamente ofendida e caluniada, sem dizer a exposição pública.

— Eu entendo sua posição, mas gostaria de deixar claro que o acontecido não condiz com nossas políticas. E gostaria de saber se pretende tomar alguma medida a respeito.

— Não se preocupe, não vou gastar meu tempo com isso, na verdade, tudo o que eu quero é desvincular minha imagem da empresa.

— A Corporação Uchiha é idonêa em suas ações.

— Bem, não é isso que consta na história da empresa, mas isso já não é mais problema meu, Hatake-san. Eu retiro qualquer direito de vocês de usar meu nome para qualquer coisa, caso eu venha a saber que eu fui citada nem que seja numa reunião informal de estagiários, todas as medidas judiciais possíveis cairão.

— Não se preocupe, Sabaku-san. Eu lamento muito que sua história com a corporação tenha tido esse destino.

— E eu lamento o dia que achei que essa fosse uma boa empresa. Visto que minha situação foi resolvida, com licença, vou limpar minha mesa. Até porque ainda estou de repouso e preciso voltar para casa. Passar bem.

Kakashi viu a garota saindo, ela tinha a mesma altivez que ele já tinha visto em Sasuke, Itachi... Bem, isso agora era passado. Pelo menos ela não ia processá-los, isso já era uma boa coisa.

Sarada andou pelos corredores e foi até a antessala da presidência com uma bolsa grande para pegar suas coisas. Karin não estava em sua mesa e achou até melhor, não queria falar com mais ninguém daquele lugar. Ainda estava com as coisas que soube na cabeça, parecia inconcebível que o Sasuke que conheceu fosse um drogado, mas bem, as aparências enganam.

Ligou o computador para apagar suas informações pessoais e retirar na rede da empresa os códigos que tinha personalizado, aquilo era sua propriedade intelectual. O telefone dentro da Sala tocou e Kakashi informou ao CEO sobre os últimos acontecidos.

Karin abriu a porta e viu a menina pegando suas coisas. Aquilo foi terrível.

— Sarada-san. – chamou indo até a mesa dela.

— Boa tarde, Karin-san, em dez minutos eu termino de arrumar minhas coisas.

— Eu realmente lamento que esteja nos deixando, você foi a melhor estagiária que tivemos aqui em anos.

— Bem, pelo modo como os problemas da família  afetam a empresa não me surpreende que a empresa perca bons funcionários.

— O que aconteceu com você foi uma exceção, Sasuke quer lhe dar uma carta de recomendação.

— Não é necessário. – disse colocando suas canetas na bolsa –

— Caso mude de ideia é só entrar em contato. Poderia vir a sala da presidência?

— Não, eu estou com pressa, Karin-san.

— Por favor, é só um momento.

Fechou a bolsa e ajeitou o relógio de ouro rosa que usava no pulso direito. Levantou e caminhou até a sala da presidência onde estava Mikoto Uchiha, Sasuke Uchiha e Naruto Uzumaki.

— Eu lamento que esteja deixando o trabalho, Sarada. – Sasuke disse – Mas entendo seus motivos, como Karin já deve ter lhe dito uma carta de recomendação estará a sua disposição, eu agradeço o seu discernimento em não misturar o infeliz acontecido com o tratamento que recebeu enquanto funcionária. Minha mãe gostaria de lhe dizer algumas coisas.

Mikoto levantou alinhando o vestido e engoliu a saliva.

— Eu gostaria de me desculpar a respeito do meu comportamento completamente inadequado com você. Minha família tem problemas particulares que não lhe competem e em um momento de confusão cometi uma falha grave. Nunca que eu imaginaria que sua mãe é uma ex-namorada do meu filho, espero que entenda, aquele colar tem um valor sentimental muito grande na minha família. Eu realmente sinto muito, Sarada-san.

A Sabaku rolou os olhos, nunca tinha ouvido um discurso tão discimulado em sua vida.

— Eu não aceito suas desculpas, Mikoto-san. Mas esse incidente está terminado, não ocupe sua cabeça com isso.

— Oe... – Naruto coçou a nuca – Sarada, eu sei que tem direito de estar brava, mas nada mais justo que aceitar as desculpas.

A morena virou olhando profundamente nos olhos do Uzumaki, de um jeito que só os Uchihas de sangue poderiam fazer.

— Desculpe, Uzumaki-san, mas o motivo pelo qual não aceito tais desculpas são porque não são sinceras. A Senhora Uchiha só está me pedindo desculpas porque eu não sou uma estagiarizinha sem eira nem beira e o medo das implicações legais de suas ações contra mim visto que eu tenho condições de bater contra nos levou a cena deplorável de dissimulação.

— Não, minha jovem, eu estou errada e eu sei assumir meus erros. Não aceite minhas desculpas se não quiser, não podemos obriga-la. Mas na sua posição, quando ficar mais velha, vai entender que pessoas de certos status sociais tem de proteger suas famílias de pessoas mal intencionadas e foi com isso em mente que essa terrível confusão se deu.

— Na minha família, nós sempre tomamos cuidado com quem nos envolvemos, mas não ficamos medindo os valores financeiros das pessoas, principalmente sem saber de fato quem são.

— Claramente não, ou seu pai  não teria se casado com sua mãe.

Sasuke arregalou os olhos e Naruto bateu na própria testa, aquilo tinha sido um tiro no pé. Mikoto notou que o que falou soou ofensivo e ia emendar uma outra frase.

— Por favor, senhora Uchiha, não fale mais nada. Ficou bem claro o que disse.... – respirou fundo – Minha mãe realmente fez o que seria chamado de um bom casamento, mas a senhora não sabe como ele se deu e eu não me darei o trabalho de contar. O que a senhora precisa saber é que a minha mãe é a maior referência do Oriente médio e está entre os dez melhores cirurgiões torácicos da Ásia, ela tem uma fundação que já arrecadou milhões de dólares que construíram hospitais nos lugares com menos acesso e que tem 12 procedimentos cirúrgicos patenteados, sendo que cinco são métodos mais eficientes de suturas para diminuição de infecções pós operatórias em ambientes de pouca estrutura, ela foi premiada internacionalmente por isso e quando viemos para o Japão os 5 melhores hospitais do país estavam disputando quem conseguiria tê-la em seu corpo médico. O casamento com o meu pai realmente abriu portas, mas Sabaku no Sakura não é a referência que é hoje só por isso.  E a senhora, o que fez de bom tendo sido bem nascida e se sentindo tão importante? Qual sua contribuição para o mundo? Seu nome está em livros refêrencia em alguma área do conhecimento? Ou trabalhou em técnicas que beneficiou milhares de pessoas em zonas desfavorecidas?

— Já chega. – Karin intrometeu – Certamente Mikoto-san se expressou mal.

— Parece que Mikoto-san é incapaz de se expressar bem. Enfim, eu não quero mais ficar aqui, nem me lembrar que gastei tempo nessa empresa.

— A Uchiha corp é referência na área que atuamos. – Naruto disse –

— Uma referência que roubou patentes e sonegou impostos.

Sasuke ficou irritado.

— Isso foi na gestão anterior.

— Uma maçã não cai muito longe da árvore. – pegou o talão de cheques dentro da bolsa e se curvou na mesa preenchendo com o dinheiro que recebeu em todos os meses ali – Aqui está tudo o que eu ganhei trabalhando, não quero nada que remeta que um dia eu trabalhei nesse lugar.

— Isso não faz o menor sentido.

— Oh, eu pretendo presidir a Suna & CO ou criar minha própria empresa, não quero que ninguém desenterre no futuro que um dia eu trabalhei para uma empresa de reputação suja. Por favor, mantenha sua carta de recomendação para si mesmo, porque eu negarei veemente que um dia tive quaisquer relações de trabalho com vocês. Passar bem todos, e eu recomendaria uma acessoria a senhora sua mãe para ela parar de se expressar tão mal.

Mikoto estava num misto de ódio e vergonha. Olhou para o filho que passou as mãos pelo cabelos os jogando para trás.

— Quem fala o que quer, ouve o que não quer, mãe. Karin, destrua esse cheque.

Naruto estava meio em choque com a força que a menina demonstrava, de fato ela era criada para posições de liderança. Nenhum dos filhos dele conseguiria ter um comportamento tão adulto e ao mesmo tempo tão provocativo.

— Que circo! Eu vou trabalhar que ganho mais, realmente espero que essa coisa toda tenha acabado. – disse o loiro saindo.