Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 5
Caso Noiva Assassina


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Peço desculpas por ter demorado dois dias para aparecer, sendo que eu disse que atualizaria diariamente. Lamento muito mesmo. Eu tive alguns problemas e não consegui terminar o capítulo a tempo. Mas, aqui estou eu.

Muito obrigada Juliana Lorena, Suh Souza, Débora Cristina Oliveira, maya, isabelsilva, Fatyph22, Jade e Bih Silva pelos comentários adoráveis no capítulo passado. Vocês são realmente uns amores e eu fico muito feliz de estarem gostando tanto da história. Espero que gostem desse capítulo. Boa leitura...



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Capítulo IV – Caso Noiva Assassina

 

“Apesar do teor trágico do julgamento, achei minha situação emocionante: eu ali, no meio de profissionais respeitados da imprensa, acompanhando o desenrolar dos fatos em tempo real. [...] não perdi uma fala, um ponto de vista; nada. Anotei em meu bloquinho tudo o que foi possível transcrever. Eu queria escrever uma matéria a partir da minha ótica desta vez, e não com as anotações de Bernardo”.

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

Uma semana havia se passado desde a chegada de Felicity ao jornal e durante esse tempo, eu já sabia de cor todos as facetas da personalidade estranha da loira, em especial, seus defeitos e manias que por muito pouco não tiravam a minha sanidade. Para começar, ela é extremamente desastrada. Eu já havia perdido as contas de quantas xícaras, grampeadores, dentre outros objetos do setor que ela quebrou em apenas sete dias.

Além disso, em noventa por cento das vezes, eu me tornava vítima de seus desastres. Todas as vezes que saíamos, ela tinha que me machucar de alguma forma. Fosse esbarrando, empurrando, me atingindo com algum objeto ou me sujando de café, Felicity parecia me enxergar como um saco de pancadas.

No entanto, não era o seu desastre natural que realmente me irritava. No fim, eu já estava começando a aprender a como antecipar suas ações, antes que elas ocasionassem em um hematoma em mim. O que realmente me tirava do sério era a personalidade mandona e imprevisível de Felicity. Impaciente e hiperativa, antes mesmo que alguém se pronuncie, ela tem a irritante mania de tomar a frente da situação ou apenas querer que as pessoas adivinhem o que se está passando em sua mente, exatamente como nesse exato momento.

Felicity não havia explicado nada. Ela apenas pegou a chave de meu carro – outra mania que me irrita bastante -, e jogou para mim, indicando que iriamos sair. Com o GPS indicando o caminho que eu deveria percorrer, ela ia conversando com alguém ao telefone, sem me dar qualquer oportunidade de saber o que nós iriamos fazer. E o mais irritante dessa situação é que eu confiava na mulher ao meu lado o suficiente para acreditar que seria uma excelente reportagem.

Apesar de todos seus defeitos, eu não podia questionar seu profissionalismo e seu faro para encontrar uma boa reportagem. Com seus inúmeros contatos espalhados pela cidade, a notícia vinha até nós com muito mais facilidade do que quando eu trabalhava sozinho. Obviamente, eu jamais admitiria isso em voz alta. Meu orgulho nunca me permitiria confessar a Alec que ele estava certo. Seria vergonhoso demais.

— Qual é o caso dessa vez? – Pergunta Tommy, que havia assumido o posto de fotógrafo naquele dia por George e Colin estarem ocupados demais com outros acontecimentos.

— Noiva assassina. – Responde Felicity, desligando o telefone.

— Noiva assassina? – Repito, olhando de soslaio para a loira. – Por acaso estamos lidando com uma história de terror?

— Quase isso. – Afirma, dando um sorriso irônico, em seguida. – Alguns meses atrás, um homem foi encontrado morto algumas horas antes do casamento. A noiva chegou ao altar e todos esperaram por aproximadamente uma hora até que um amigo do casal invadiu a igreja, anunciado que havia encontrado o corpo do noivo nos fundos da capela onde seria realizado a cerimonia.

— Uau! Isso parece ter sido bastante chocante. – Comenta meu melhor amigo, pensativo. – E como a noiva acabou se tornando a assassina da história? E por que ela fez isso?

— Isso é o que nós vamos descobrir. – Afirma Felicity, sorrindo presunçosa. – Nós iremos nos encontrar com os investigadores do caso e participaremos do julgamento da suspeita.

— Eu me lembro desse caso. – Digo, pensativo. – Mas que eu me lembre, a noiva foi a primeira a ser retirada da lista de suspeitos devido a quantidade de testemunhas oculares nesse dia. Então, ela provavelmente...

— Utilizou um comparsa para fazer o serviço sujo. – Complementa a loira, assentindo. – Aparentemente, a polícia conseguiu alguns avanços nessa investigação. Ainda que não seja um grande caso, ao menos teremos exclusividade aos detalhes da operação.

— Como você conseguiu isso? – Pergunta Tommy com curiosidade.

— Eu nasci e vivi em Star City até os meus dezoito anos, então conheci muitas pessoas. Como morei durante muito tempo na periferia, eu aprendi desde muito cedo em quem confiar e como obter informações. Talvez tenha sido isso que me fez seguir a carreira como jornalista. – Responde Felicity de maneira misteriosa.

Outro fato interessante que eu havia observado desde que conheci Felicity é que ela é extremamente discreta quanto a sua vida pessoal. Ela não fala sobre família ou amigos, não sai e dedica seu tempo totalmente ao trabalho. Em momento algum ela conversa sobre amor, relacionamento ou sonhos pessoais. Pelo contrário. Sempre que alguém está conversando sobre esses assuntos próximos de nós, ela se afasta, se esquiva como se esse tema fosse um ponto proibido em sua vida.

— Interessante. – Comenta o moreno no banco de trás, observando a paisagem pela janela do carro. – Eu não sabia que você já tinha morado na periferia. Por seu tio possuir tanto dinheiro, imaginei que sua família fosse rica.

Observo Felicity ficar tensa ao meu lado. Aquele assunto estava a deixando desconfortável. Eu ponderava se deveria me intrometer ou não, mas estava bastante curioso para saber o que ela responderia. Felicity então levantar o olhar e me encara com seriedade. Suspiro. Eu sabia o que seu olhar intenso significava. E mais um ponto precisa ser adicionado a lista de coisas que realmente me irritam em Felicity. Ela nunca vai pedir ajuda. Ela é orgulhosa demais para isso. Então, para não ter que dizer em voz alta o que ela quer, a loira fica me encarando como um cachorrinho que caiu do caminhão de mudanças até que eu tome uma atitude para salvá-la.

— Nós já estamos chegando. – Digo e ela suspira discretamente. Em seguida, Felicity assume a sua típica postura confiante e encara a paisagem do carro com evidente bom humor. Ela sabia que não voltaríamos a falar sobre sua vida pessoal. Não consigo evitar revirar os olhos ao ver o quão rápido ela havia se recuperado. – Prepare os materiais, Tommy. Nós teremos que ser rápidos. Eu preciso voltar para a editora para me encontrar com o diretor da Consolidações Queen.

— Você vai se encontrar com o seu pai? – Pergunta Tommy, surpreso. – Uau! Esse dia está cada vez mais estranho.

— Cala a boca, Tommy. – Repreendo meu melhor amigo, que levanta a mão em sinal de redenção.

— Você é filho de Robert Queen? – Pergunta Felicity, encarando-me surpresa.

— Sou, mas isso não importa. Vamos nos focar nesse caso de assassinato. – Digo, encerrando aquela conversa, incomodado. Assim como Felicity não se sentia bem ao falar sobre a família, eu não conseguia me sentir confortável falando sobre meu pai. Nossa relação estava longe de ser uma das melhores e eu preferia pensar na maior parte do tempo que ele não existia.

— Tudo bem. – Concorda a loira, sorrindo compreensiva.

Assim como eu havia dito, não demorou muito para que chegássemos ao nosso destino. Ao ver o fórum a minha frente, suspirei incomodado. Das muitas garotas com quem eu havia saído, algumas delas trabalhavam naquele lugar. Todas as vezes que precisei comparecer ao prédio e me encontrei com uma dessas garotas, eu acabei envolvido em algum escândalo desnecessário. Tommy parece notar o meu incomodo e ri.

— Você vai sobreviver. – Afirma o outro em tom de voz brincalhão, assim que paramos na entrada do prédio.

— Algum problema? – Pergunta Felicity, confusa.

— Nenhum. – Respondo, abrindo a porta do prédio do departamento de polícia. – Vamos?

Felicity me encara desconfiada, mas acaba dando de ombros. Dou passagem para que ela passasse e, como era de se esperar, ela vai na frente para conversar com a atendente. Tommy e eu entramos e observamos o ambiente. Por sorte, nenhuma das garotas loucas com quem eu me envolvi parecia estar presente. Respirei aliviado e isso faz com que meu melhor amigo risse ainda mais. Resmungo e o encaro irritado.

— Não adianta me olhar assim. Se estivesse em meu lugar, também estaria rindo do visível desespero em seus olhos. – Tommy ri mais um pouco e dá alguns tapas em meu ombro. – Sorria, rapaz, você ainda pode ter Felicity Smoak.

— Vai começar. – Reclamo, revirando os olhos.

Não havia sido somente Felicity que havia me tirado do sério durante esses sete dias. Tommy também estava convicto em me convencer a apostar com ele. Eu conheço meu melhor amigo há muitos anos e eu sabia que na verdade ele queria que eu fizesse algo para ele. Ao ver que a garota é completamente diferente das mulheres com quem eu dormia. Então, para querer apostar, Tommy tem certeza de que pode ganhar.

— Ah, vamos lá, Ollie. Está com medo de perder? – Provoca mais uma vez e eu ri irônico. Vejo Felicity demonstrar um pouco de irritação e suspiro. Nós teríamos problemas para entrar se eu não agisse logo. Eu não sabia o que a louca de minha companheira de trabalho poderia fazer.

— Tire essa ideia infantil da sua cabeça. Nós não somos mais crianças. Não vou apostar dormir com Felicity apenas para você ter a oportunidade de tirar algo de mim. Além disso, nós temos trabalho a fazer, então, não seja um babaca e me deixa em paz. – Respondo e vou em direção a Felicity.

— Como eu disse, senhorita, não posso deixar que suba sem ter alguma permissão. – A recepcionista encara Felicity com desdém e eu consigo ver os punhos da loira se erguerem.

— E como eu disse, senhorita, eu tenho permissão. Então, se você não me deixar subir eu vou... – Felicity estava perdendo a paciência. Corro na direção das duas garotas e me coloco ao lado da Smoak.

— Opa. – Digo, lançando um sorriso sedutor a recepcionista, que corresponde com um olhar malicioso. – Como vai, senhorita...

— Amber. Pode me chamar de Amber, senhor... – A recepcionista ver o crachá em meu pescoço e sorri ainda mais. – Oliver.

Felicity bufa e Tommy se aproxima para afastar a garota. Meu amigo sabia que eu odiava fazer esse tipo de jogo, então se eu tinha usado esse método, era porque eu já não tinha mais escolhas. Sorrio para Amber e levo minha mão até a sua, fazendo um leve carinho no local. Ela ri e seu rosto fica corado.

— Amber, eu sei que não deve ser fácil trabalhar nesse lugar e que devemos estar atrapalhando o seu dia, mas nós realmente precisamos subir. Então, se não for pedir demais, poderia entrar em contato com os responsáveis pelo caso de Devon Carton. – E então Amber sorri e balança a cabeça, concordando.

— Claro. – Afirma Amber, pegando o telefone para ligar, assim como eu havia pedido. – Aguarde apenas um momento, por favor.

— Aguarde apenas um momento, por favor. – Sussurra Felicity de forma irônica e Tommy prende o riso diante da infantilidade da loira.

Desvio meu olhar da recepcionista para Felicity e a encaro sério. Ela revira os olhos e cruza os braços, irritada. Eu realmente esperava que Amber fosse rápida com a liberação de nossa entrada ou eu não tinha mais certeza se conseguiria controlar Felicity e seu temperamento imprevisível.

— Certo. Obrigada. – Ouço Amber dizer ao telefone e volto a encarar a secretária de longos cabelos escuros. – Eu apenas preciso da identidade de vocês para fazer os crachás e liberar as entradas.

— Obrigado, Amber. Você realmente foi um anjo. – Agradeço e Felicity ri sarcasticamente. Rio sem graça e me viro para a loira mais uma vez com um sorriso forçado e um olhar duro. – Poderia me emprestar a sua identidade, Felicity?

— Claro, Oliver. – Responde Felicity da mesma forma, entregando-me seu documento.

Tommy me lança um olhar malicioso e entrega a identidade dele e após pegar o meu, entrego tudo a Amber que começa a fazer nossos crachás. Assim que tudo está pronto, a recepcionista sorri e me dar os crachás de identificação, as identidades e um cartão extra que percebo ser o telefone da garota. Ela me lança uma piscadela e eu me afasto com um sorriso forçado. Amber então explica o que deveríamos fazer e para qual direção seguir.

— Vamos. – Digo com seriedade aos dois, depois que dei as costas a recepção do prédio.

Com uma Felicity irritada ao meu lado e um Tommy divertindo-se com o meu mal humor, seguimos para o elevador do prédio. Em poucos minutos nós chegamos ao sexto andar, onde seria realizado o julgamento de Vanessa Huberman, a provável viúva negra. Os investigadores do caso já se encontravam no lugar e foram os primeiros a nos receberem. Eles nos levaram a uma sala reservada para que conseguíssemos conversar antes da audiência e pudéssemos ter acesso ao caso.

— Muito obrigado por concordarem em conversar com a Arrow News. – Agradeço ao investigador Nicholas Routh, que após me cumprimentar com um aperto de mão e aponta para as cadeiras de frente a mesa onde estavam alguns papéis.

— Eu que agradeço por terem vindo tão de última hora. Quando Felicity me disse que havia voltado para Star City e me perguntou se eu tinha algum caso único, eu realmente fiquei feliz em poder ajudar. – Conta o investigador, sorrindo simpático.

— Obrigada, Nicholas. Com a sua ajuda, nós teremos chance de fazer o jornal crescer ainda mais. – Agradece Felicity, correspondendo ao sorriso do detetive. – Mas, sem querer ser muito apressada, poderia nos contar um pouco mais desse caso?

— Claro. – Concorda o homem, dando de ombros. – Malcolm, apresente para a eles os arquivos.

O outro investigador pega as pastas que estavam sobre a mesa e as abre a nossa frente. Havia centenas de fotos e papéis com detalhes da investigação e um pouco da vida de Vanessa e Devon. Pego aquele material e analiso com atenção, enfeitiçado pela emoção de um mistério a ser resolvido.

— Vanessa Huberman tem vinte e oito anos, nasceu em Dallas, no Texas. Ela trabalha em um escritório de contabilidade há três anos e conheceu Devon nesse mesmo lugar. As testemunhas disseram que Vanessa era extremamente ciumenta e que diversas vezes demonstrou comportamento agressivo com o noivo. A família de Devon não era a favor do casamento e isso gerou muitos conflitos entre Vanessa e a sogra, Michelle Carton. – Conta Malcolm, resumindo o que estava sendo relatado nos arquivos. – A última briga que as duas tiveram foi na noite anterior a cerimonia, onde foi preciso a interferência de Devon para impedir que as duas se agredissem. Aparentemente, a senhora Carton revelou a Vanessa que a ex-namorada do filho estava na cidade e que participaria da cerimônia.

— Algumas testemunhas disseram que depois da briga que presenciou, Devon e Vanessa discutiram mais uma vez. Em seguida, o rapaz foi para o centro e acabou encontrando Sharon Bach, a ex-namorada, no bar. Os dois conversaram a noite toda e Devon voltou para a casa da mãe ao amanhecer do dia. – Continua Nicholas, mostrando a foto da ex-namorada da vítima. – Quando conversamos com Sharon, ela disse que Vanessa a procurou algumas horas antes da cerimônia e afirmou que caso ela se aproximasse do futuro marido, Sharon conheceria a verdadeira dor e sofrimento.

Observo com atenção mais algumas fotos até que encontro a foto de um homem com o nome de Max Hauer na identificação. Mostro a foto para os investigadores que me encaram com seriedade.

— Quem é Max Hauer? – Pergunto, colocando a foto de volta a mesa. Felicity encara a foto e anota mais alguma coisa em seu bloquinho de nota.

— Ele é o possível comparsa de Vanessa e o responsável pelo assassinato de Devon Carton. – Responde Malcolm. – Em seu último interrogatório, ele confessou o crime e alegou ter agido por influência de Vanessa por quem é completamente apaixonado.

— Interessante. – Sussurro, juntando os pontos apresentados. – Mas e Vanessa? O que ela disse? Qual foi a principal motivação que poderia leva-la a matar o próprio novo?

— Vingança. – Responde Nicholas, sorrindo presunçoso. Felicity, Tommy e eu encaramos o investigador, confusos e curiosos. O homem então apresenta um exame de DNA e a foto de Devon e Sharon aos beijos. – Sharon está grávida de dois meses. Adivinha quem é o pai do bebê?

Com a revelação da gravidez da ex-namorada de Devon, nós investigamos mais sobre o caso e em seguida seguimos para o tribunal, onde seria realizado o julgamento de Vanessa e Max. Nós acompanhamos de perto todo o processo e a exposição de provas até a defesa e a palavra dos réus. No fim, a noiva assassina e o Don Juan foram declarados culpados e condenados a prisão perpétua por homicídio doloso qualificado.

Ainda que tivesse tentado negar seu envolvimento, no momento em que a promotoria apresentou Sharon como testemunha, Vanessa se mostrou extremamente hostil em relação a testemunha e em determinado momento, enquanto Sharon realizava seu depoimento, a réu se exaltou e tentou atacar Sharon, revelando que tinha realmente mandado Max matar o futuro marido e que Sharon seria a próxima por ter sido a responsável pela traição de Devon.

Desse modo, com a confissão de Vanessa, o júri finalmente conseguiu decretar sua sentença e realizar justiça pela morte do jovem contador. Aquilo era tudo o que eles precisavam para complementar as provas de que a noiva Vanessa Huberman foi a responsável por planejar o assassinato do noivo e ex-futuro marido ao lado de Max Hauer.

E após a audiência, Tommy, Felicity e eu deixamos o fórum bastante satisfeitos. Apesar do caso não envolver grandes nomes, a história com certeza chamaria atenção do público. E enquanto nos dirigíamos ao meu carro, conversando sobre os pontos altos daquele julgamento, Felicity acaba prendendo o salto fino de seu sapato num desnível da calçada, o que a faz perder o equilíbrio e cair de joelhos no chão, com as palmas das mãos abertas.

Paro de andar e a encaro assustado, mas não realmente surpreso. Já era de se esperar que o desastre humano fosse aprontar alguma antes do fim do dia. Seus olhos parecem se encher de lágrimas e seu rosto fica extremamente vermelho. Ela permanece na mesma posição por algum tempo, como se estivesse criando coragem para sair do lugar. Suspiro e me aproximo para ajuda-la a se levantar.

— Você está bem? Machucou? – Pergunto, analisando a loira dos pés à cabeça. Os joelhos estavam ralados e, apesar de superficial, deveriam estar doendo bastante. – Você está sangrando.

— Eu estou bem. – Afirma, fungando em seguida. Ela se afasta de mim e passa a mão pelas roupas, tentando limpar a sujeira que adquiriu na queda.

Suspiro mais uma vez, desaprovando sua atitude, e tiro de meu bolso um lenço que eu sempre levo comigo para o caso de emergência, algo bastante comum se você estiver ao lado de Felicity Smoak. Ajoelho-me de frente para ela e passo o pano delicadamente pelos machucados, no entanto, ela me afasta no mesmo instante, incomodada com a aproximação. Frustrado, olho para o salto que continuava preso no desnível e noto que ele havia se quebrado com o impacto.

— O seu salto quebrou. – Aviso e Felicity fecha os olhos com forças, revoltada com a sua falta de sorte.

— Não! – Choraminga, levando as mãos ao rosto. – Eu comprei esse sapato ontem. Como é que eu já conseguir quebrá-lo?

— Se tratando de você, eu não estou realmente surpreso. – Confesso e ela me encara de mal humor. Ajoelho-me mais uma vez e, ainda que contra sua vontade, puxo do lugar onde estava preso. Levanto-me novamente e encaro Felicity. – De qualquer forma, você consegue andar sozinha ou precisa de ajuda?

— Eu consigo sozinha. – Afirma a loira, que começa a andar em direção ao carro, mancando. Desvio meu olhar para Tommy, que dá de ombros e volta a caminhar. – Você não vem?

— Estou indo. – Respondo, resolvendo ignorar a atitudes estranhas daquelas duas pessoas. O dia mal havia começado e eu já me sentia exausto apenas tendo que lidar com a personalidade estranha de Felicity e com as provocações de meu melhor amigo.

E assim, dentro do carro, seguimos em silêncio para o jornal. Eu dirigia em modo automático, enquanto sofria por antecipação o encontro que teria com meu pai. Robert nunca foi um exemplo de pai e tudo piorou com a morte de minha mãe. Conforme eu fui crescendo, mais distante nos tornamos ao ponto em que não conseguíamos ficar no mesmo ambiente sem que não quiséssemos nos matar.

No entanto, ainda que eu tivesse todos os motivos para ignorar sua existência, eu não conseguia fazer isso completamente. Por pior que ele fosse, Robert continuava sendo meu pai e meu único parente vivo. Então, em raras ocasiões, eu aceitava sair com ele, mesmo sabendo que isso não daria certo e no meio do caminho nós estaríamos brigando e jogando na cara um do outro os seus defeitos.

Decido então que era melhor parar de pensar no assunto e me concentrar em qualquer coisa que não fosse em meus pensamentos melancólicos. Felicity ao meu lado, encara-me com intensidade, como se tentasse decifrar o que se passava em minha cabeça. Ao ver que eu não estava disposto a falar somente pela expressão distante e melancólica que eu fazia, a loira desvia o olhar e desiste de me questionar. Talvez soubesse que era melhor não mexer em algumas feridas do passado.

Quando chegamos ao jornal, Felicity é a primeira a subir, alegando estar com pressa e para escrever aquela reportagem. Não a questiono. Ainda que fosse a minha função relatar todas as matérias que Felicity encontrasse e ela as minhas, eu realmente não estava com cabeça para escrever nada no momento. Eu queria beber algo forte e que fosse capaz de me derrubar com apenas uma dose para assim esquecer as lembranças dolorosas que insistiam em me torturar.

Mas sem muitas escolhas, Tommy e eu seguimos para a copa do jornal para tomarmos café. Eu encosto meu corpo na pia e suspiro a cada gole dado, saboreando o sabor único do meu vício. Tommy me observava com seriedade, algo atípico de seu comportamento. Ao notar o meu olhar, ele sorri discretamente e bebe mais um gole de seu café.

— Você está bem? – Questiona, voltando a me encarar. – Depois do último encontro, eu imaginei que você iria o evitar por mais tempo.

— Não há o que fazer. – Respondo, dando de ombros. – Mês que vem completa vinte anos da morte de minha mãe e de minha irmã. Aparentemente, ele resolveu se tornar um ser humano e quer que a gente visite os túmulos delas.

— Entendo. – Sussurra Tommy, levando sua xícara a boca, pensativo. – Mas ainda assim, não parece que você está muito à vontade com isso.

— Nós estamos falando de Robert Queen. Eu não espero que esse encontro ocorra de maneira passiva. Ele com certeza vai dar um jeito de fazer eu me sentir um imprestável. – Confesso, suspirando em seguida. Viro-me para a cafeteira e coloco um pouco de café em minha caneca. – Com certeza, será um longo dia.

Tommy suspira e ouço ele se acomodar melhor na cadeira em que estava, com os braços atrás da cabeça. Meu melhor amigo conhecia meu pai e já tinha tido problemas com ele também. Apesar do bom humor e da personalidade brincalhona, Tommy levava muito a sério o jornalismo e não permitia que menosprezassem a profissão, algo que meu pai faz questão de fazer.

— E quanto a nossa aposta? – Questiona Tommy, mudando de assunto. Reviro os olhos, não acreditando que ele ainda continuaria insistindo nessa loucura.

— Por que está insistindo tanto nessa maldita aposta? – Pergunto, aproximando-me de Tommy com o meu café em mãos.

— Você vai acabar desenvolvendo uma gastrite se continuar a tomar café como se sua vida dependesse disso. – Afirma meu melhor amigo, tentando desconversar. Ao perceber que eu não ficaria sem respostas, ele dá de ombros e suspira. – Porque existe algo que eu quero pedir e que você não vai aceitar ao menos que você perca a aposta.

— Isso eu já sei. O que eu quero saber é o que você quer que eu faça de tão grave que precisa de uma aposta infantil como essa para poder me pedir? – Digo, observando com atenção o desconforto de Tommy. – E o que eu ganharia com isso?

— Por hora, você não precisa saber o que eu ganharia. – Responde, sorrindo presunçoso. – Mas, se você ganhar a aposta, eu consigo que você se torne o repórter investigativo principal do The Wall Street Journal.

— O quê? – Pergunto, surpreso. Tommy sabia que o meu maior sonho era trabalhar no The Wall Street Journal desde que comecei a faculdade de jornalismo. Observo meu melhor amigo com atenção, esperando que ele estivesse brincando, mas Tommy estava sério. – Como você conseguiria isso?

— Não se preocupe. Assim como Felicity tem seus contatos, eu tenho os meus. – Afirma o outro, sorrindo misterioso. – E então? Vai ou não vai aceitar a minha proposta? Além disso, não é como se eu estivesse falando para você casar com Felicity. Faça como você sempre faz com as outras garotas. Diga que quer somente uma noite de sexo selvagem e pronto. Ela não precisa saber que é uma aposta. Você só precisa fazer isso em uma semana. Se em sete dias você conseguir dormir com Felicity, eu consigo que você se torne o repórter investigativo mais influente do mundo.

Eu sabia que era errado apostar algo desse tipo. Mas, eu sempre sonhei em me tornar um repórter do The Wall Street Journal e se eu podia ser, de certa forma, sincero quanto a somente uma noite de prazer, não correria o risco de magoar os sentimentos de Felicity, certo? Quer dizer, ela não precisaria saber a parte da aposta também. Eu realmente me encontrava dividido entre o que fazer. Tommy sorri presunçoso e desafiante. Suspiro. Não seria algo tão ruim. No fim, Felicity e eu poderíamos ficar satisfeitos. E se Tommy realmente conseguir a vaga no jornal, então ainda que ela me odeie, pelo menos não precisará ter que me ver todos os dias e o Arrow News não ficaria na mão, pois Felicity é competente e profissional o suficiente para conseguir me substituir sem grandes problemas.

— Tudo bem. – Concordo e vejo o sorriso de Tommy se alargar. – Vamos apostar. Não importa o que aconteça, em uma semana, eu conseguirei dormir com Felicity e você terá que cumprir com o combinado.

— Não se preocupe, Oliver. Você já perdeu a aposta. – Sinto meu coração quase parar de bater ao ouvir a voz de Felicity na entrada da copa. Tommy arregala os olhos e eu me viro para trás para ver o rosto furioso de minha companheira de trabalho. E a única coisa que consigo pensa é o quanto eu estava encrencado.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Esse capítulo foi extremamente difícil de sair, porque eu fiquei tão ocupada que eu tive que fazer diversas pausas. Espero realmente que ele tenha dado certo. Hoje, eu tenho que fazer uma prova, mas se eu conseguir sair cedo, posto ainda hoje a continuação. Me desejem sorte e obrigada por você ter lido até aqui. Beijocas e até mais ♥

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