Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 6
Presos no Elevador


Notas iniciais do capítulo

Oi Cupcakes ♥!! Como prometido, mais um capítulo para vocês, compensando o fato de que fiquei dois dias sem atualizar. Eu realmente espero que vocês gostem do capítulo.

Obrigada Fernanda Mara, Pequena Rosa, AnnaCullenPatz, HaileyAsh Queen, Lari, Nanda, Juliana Lorena e Kah Mocchi pelos comentários que me deixaram extremamente animada. Vocês não sabem a minha felicidade ao receber todo esse carinho que vocês estão dando a história. Obrigada mesmo. Espero que gostem desse capítulo. Boa leitura...



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Capítulo V – Presos no Elevador

 

“Tentei não prestar atenção na conversa, distraindo-me com os quadros pendurados em uma das paredes da sala. Eram todos de imagens de premiações conquistadas pelo jornal – especificamente pela editora investigativa. [...] distingui colegas meus em uma ou outra imagem sendo reconhecidos pela qualidade de seus textos. Passei meus olhos em todas elas de maneira imparcial, sem me deter em nenhuma de forma específica. Porém, num canto menos favorecido da parede, um quadro chamou a minha atenção”.

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

O tempo parou e somente o som vindo do caos que ocorria na editoria investigativa era audível naquele ambiente com o ar pesado. Tommy e eu estávamos paralisados. Felicity nos encarava com mágoa. Eu nem mesmo tinha coragem de me mexer, porque temia tornar tudo ainda pior. Eu me sentia como uma criança travessa que havia sido pega pela mãe fazendo coisa errada. A culpa começa a me consumir. O que eu deveria falar? Como eu deveria agir?

— Felicity, eu...- Tento formar alguma frase coerente, mas nada parecia bom o suficiente para dizer a garota, que parecia fazer uma grande força para segurar o choro. Seus olhos brilhavam em decepção e isso só me fazia me sentir pior.

— Como eu fui ingênua em confiar em você, Oliver. – Afirma Felicity, dando um sorriso sarcástico. – Você é somente mais um dos caras que acham que o mundo gira em torno de vocês. E quer saber? Muito obrigada por me revelar cedo quem você realmente é.

E sem me dar chance de dizer nada, Felicity dar as costas e anda a passos apressados em direção a sala do setor investigativo. E seguindo apenas os meus instintos, afasto-me de Tommy e corro atrás da loira. Eu sentia que não podia deixar as coisas como estavam. Ainda que fosse em vão, eu precisava me desculpar com Felicity. Por alguns instantes, eu fui contra os meus princípios e magoei uma pessoa que não merecia.

Por sorte, no momento em que ela entra no elevador, eu também consigo entrar. Ela ofegava e tremia levemente, com os olhos fechados, tensa. Era como se toda a raiva estivesse se espalhando em seu corpo de maneira rápida. Mas em uma proporção muito maior que o normal. Felicity não estava bem. No entanto, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o elevador para de se mover e as luzes piscam. Aquele não era um bom sinal.

— Droga. – Sussurro, assim que as luzes se apagam. Ele realmente havia parado de funcionar e nós ficamos presos naquele minúsculo lugar. Procuro meu celular, mas ele devia ter ficado em cima da minha mesa. – Droga! Felicity, você... – Paro de falar assim que a vejo se tremer ainda mais. Ela estava realmente passando mal. – Felicity? O que houve? Felicity?

A garota leva uma das mãos a parede do elevador e no momento em que ela iria cair, consigo segurá-la. No entanto, surpreendentemente, ela me empurra, assustada. Vejo medo em seus olhos e mais uma vez eu me questiono o que estava acontecendo com a loira. Lágrimas começam a descer pelo seu rosto e sua respiração se torna ainda mais ofegante.

— Não encosta em mim! – Grita, atordoada.

— Felicity, calma! Eu não vou fazer nada com você. – Digo, surpreso com o pavor da loira. – O que você está sentindo? Me deixa te ajudar!

— Não...não se...aproxima. – Implora Felicity aos prantos, enquanto se afasta cada vez mais para encostar na parede. – Me tirem daqui! Eu quero sair! Me tirem daqui!

Ela continuava a gritar, batendo constantemente nas paredes de metal. Felicity estava completamente amedrontada e fora de si. Era como se respirar já fosse um grande esforço para ela. Seus lábios tremiam e as lágrimas desciam intensamente. E ainda que estivesse escuro, era possível ver que ela estava extremamente pálida. Tento tocar em sua mão e as sinto gélidas, mas sou repelido pela mulher antes que tivesse chance de a acalmar.

Eu aperto o botão de emergência, mas sabia que demoraria muito até que alguém aparecesse para nos resgatar. A cada instante que passava, Felicity ficava mais agitada. Até que em um momento, ela deixa o celular cair. Esperançoso, pego o aparelho, mas me frustro ao ver que não havia sinal algum e que ele não demoraria a descarregar. Tento ligar para a emergência, mas com Felicity tendo uma crise nervosa, eu nem mesmo conseguia lembrar o número do resgate.

Sem saber se era o certo a se fazer, puxo Felicity para um forte abraço e a seguro contra mim, enquanto ela se debatia desesperada. Seu celular volta a cair no chão, partindo-se em duas partes, mas eu nem mesmo me importava com isso. Não tínhamos muito o que fazer e ela precisava se acalmar ou teria um colapso a qualquer momento. Enquanto uma de minhas mãos prendiam seu corpo contra o meu, a outra acariciava sua cabeça, chiando como um pai tentando acalmar a filha.

— Shii. Eu estou aqui. Nós vamos sair daqui muito em breve. Por favor, fique calma. – Sussurro contra seu ouvido e, aos poucos, sento que Felicity começa a se acalmar. Permanecemos daquela posição até que fosse possível apenas ouvir seu choro baixo. Aperto a loira ainda mais contra meu corpo, sentindo-me o pior ser humano do mundo por ter sido responsável por deixá-la assim.

Felicity então corresponde ao abraço. Seu corpo tremia e era nítido o medo que sentia. Suas lágrimas molhavam minha camisa, mas eu nem mesmo me importava com aquilo. Quando ela parece estar mais calma, tento me afastar, mas ela me puxa ainda para mais perto. Com o rosto escondido em meu peito, ela crava suas unhas em minhas costas, como se temesse que eu desaparecesse. Arfo, sentindo a dor e surpresa pela atitude inesperada de Felicity.

— Eu te odeio. – Ela sussurra, com a voz abafada pelo pano de minha camiseta. – Eu realmente te odeio.

— Eu sei. – Sussurro de volta, apertando-a ainda mais contra mim para mostrar que eu não me afastaria. – Eu sinto muito.

— Eu quero sair daqui. – Afirma como uma criança assustada. – Por favor, me tire daqui.

— A ajuda não deve demorar a aparecer. – Digo, tentando soar o mais esperançoso possível. – Eles não devem demorar a perceber que um dos elevadores parou de funcionar.

— Eu não estou me sentindo bem. – Sussurra Felicity, fracamente.

Afasto-me um pouco somente para encarar seu rosto manchado pelas lágrimas e pela maquiagem que usava. A boca tremia levemente e ela estava extremamente pálida. Aquilo me deixa preocupado. Já fazia algum tempo que eu havia notado que a garota estava passando mal com muita facilidade. Presos e sem qualquer meio de comunicação, eu não sabia o que fazer.

— Por que não se senta um pouco? – Sugiro e ela balança a cabeça, como se estivesse fazendo um grande esforço, e eu a ajudo a sentar no chão do elevador. Tiro meu casaco e o uso para abanar a loira. Ela tentava manter os olhos abertos, mas estava fraca demais para se manter atenta. – O que você está sentindo?

— Meu corpo está fraco. – Confessa em um sussurro sofrido. – Minha cabeça está rodando.

— Droga. – Sussurro para mim mesmo, abanando ainda mais o meu casaco. Eu realmente esperava que o socorro não demorasse muito a aparecer. De repente, Felicity começa a desabotoar alguns botões de sua blusa e tenta tirar o casaco social que vestia por cima. – O que você está fazendo?

— Eu estou... sufocada. – Responde, respirando pesado.

Preocupado, ajudo Felicity a tirar o casaco. Surpreendentemente, a garota dessa vez não me repeliu. Sento ao seu lado e ajudo a tirar o sapato de salto alto que ela havia colocado para substituir o que havia se quebrado mais cedo. Ao ver que ela parecia um pouco melhor, sento-me ao lado da loira e ela encosta sua cabeça em meu ombro. Observo seu rosto e ela não parecia nada bem.

— O que está acontecendo com você? O que eu deveria fazer? – Sussurro, preocupado. Felicity resmunga algo incompreensível para mim, com os olhos fechados. Acaricio seu rosto e encaro a porta do elevador, pedindo a todas as divindades que não demorasse para a ajuda aparecer.

— Eu sinto falta dele. – Murmura Felicity, voltando a chorar.

— De quem? – Pergunto, sem saber de quem ela estava falando.

— Ray. – Responde, abrindo os olhos para me encarar. Ela se afasta e pega o colar que escondia por debaixo da blusa. Forço um pouco o meu olhar e consigo ver que seu pingente na verdade eram duas alianças. – O meu marido.

— Marido? – Pergunto surpreso. – Você é casada?

— Viúva. – Confessa, apertando as duas alianças com intensidade. – Eu o perdi dois meses atrás em um acidente. E foi tudo culpa minha.

— O quê? – Eu não conseguia acreditar nas palavras de Felicity. Ela suspira e as lágrimas voltam a cair intensamente. Ao ver quão abalada ela estava, passo meus braços por cima de seus ombros e a abraço de maneira desengonçada. Ela encosta sua cabeça em meu peito e eu a puxo para mais perto, tentando confortá-la de alguma forma. Eu nunca fui muito bom com palavras e nem conseguia imaginar a dor que ela sentia. – Eu sinto muito.

— Ray era a minha família e agora eu não tenho mais ninguém. Voltar para casa é doloroso demais. – Continua a falar com a voz embargada. Ela continuava fraca e parecia ser um assunto que trazia muito sofrimento a ela. – Tudo é tão vazio e sombrio. Eu não gosto de ficar sozinha. O silêncio é assustador. Ele traz lembranças que eu queria esquecer.

— O que houve com ele? – Pergunto com cautela. – Por que você diz que a culpa foi sua?

— Na noite anterior ao acidente, Ray e eu brigamos. Eu havia ficado mais uma vez até tarde no trabalho e ele odiou. Naquele dia, nós dissemos coisas horríveis um ao outro. Eu fiquei extremamente chateada com ele e sai mais cedo de casa naquele dia. Por estar com a cabeça na rua acabei deixando um documento importante e tive que voltar para casa. Assim que cheguei, ele estava ainda mais furioso por eu ter saído sem falar com ele. Nós discutimos mais uma vez e eu acabei saindo de casa com o documento em mãos. Ele veio atrás de mim para tirar satisfação, mas não vimos que um carro perdeu o controle e veio na nossa direção. Para me salvar, Ray acabou me empurrando, mas não conseguiu se salvar e foi atropelado. – Conta Felicity, aos prantos. – Se eu não tivesse ficado até tarde no trabalho...se eu não tivesse discutido com ele... se...se...

— A culpa não foi sua. – Afirmo, apertando-a ainda mais contra mim. – Você não fez nada de errado.

— Mas se eu não...

— Pare de viver com o “se” em sua cabeça. Você não pode viver sua vida lamentando por suposições. Nada garante que se você não tivesse voltado para casa tarde ou se você não tivesse brigado com ele, seu marido estaria vivo. – Interrompo Felicity, que suspira e continua a chorar em silêncio. Eu nunca fui bom com as palavras e não era a pessoa mais delicada do mundo, mas eu conhecia bem a dor de se viver sozinho, de não ter uma família a quem recorrer. Ainda que fosse doloroso perder alguém, sofrer ou deixar de viver não vai mudar o passado.

— Você não entende. – Sussurra, fungando em seguida. – Você não sabe como é perder alguém que se ama...

— Talvez eu não conheça a dor de perder o marido ou a esposa, mas eu já perdi a pessoa que eu mais amava em minha vida. – Respondo, sentindo um nó se formar em minha garganta ao lembrar de minha infância. – Eu aprendi desde criança que mulheres podem ser muito frágeis.

— Do que está falando? – Pergunta Felicity com nítida confusão em seus olhos.

— Minha mãe era uma mulher muito alegre e saudável, mas depois que me teve, ela desenvolveu muitos problemas de saúde e meu pai não era a pessoa mais amável do mundo. Ele vivia traindo minha mãe e ignorando os sinais de que ela não estava bem. Mas, ainda assim, minha mãe acabou engravidando. Eu ia ganhar uma irmãzinha. Eu fiquei tão feliz. – Conto, nostálgico. – Minha mãe sempre me dizia que mulheres eram como cristais e que como homem eu deveria ter muito cuidado com elas, inclusive com a minha irmãzinha. Como meu pai mentia e a tratava mal, ela estava adoecendo cada vez mais. Quando Thea nasceu, eu não poderia ter ficado mais feliz. Eu me lembro que ela era extremamente doente e precisava de aparelhos para respirar, mas ainda assim eu estava feliz por ela ter nascido. Mas isso não durou muito tempo. Thea resistiu até os dez meses de vida e acabou falecendo. Eu tinha nove anos. Foi muito doloroso perder aquela criança que prometi proteger com todas as minhas forças. Alguns meses depois, minha mãe não aguentou ter pedido a filha e se acabou se matando.

Felicity se afasta e me olha assustada. Eu forço um sorriso e respiro fundo para não chorar. Ainda que já tivessem se passado vinte anos, eu nunca havia superado a perda das duas mulheres que mais havia amado em minha vida. Eu ainda conseguia lembrar dos momentos felizes que tive ao lado de minha mãe e do curto período que passei cuidando com tanto carinho de Thea.

— Oliver, eu...

—  Está tudo bem. – Respondo, sorrindo fracamente para Felicity. – Eu realmente não sei qual é o tamanho de sua dor, mas eu posso garantir que eu sei bem como é perder alguém importante e ficar sozinho no mundo. Depois da morte de minha irmã e de minha mãe, meu pai me deixou ainda mais de lado. Ele passava dias fora, nunca ligava e nem mesmo se importava com o que eu estava fazendo. Quando estava em casa, meu pai me ignorava e todas as vezes que eu tentava me aproximar, ele me afastava. Perdi as contas de quantas vezes ele chegou em casa com uma “nova mãe” para mim, que só estava com ele por causa de seu dinheiro. Ele fazia questão de me dizer diversas vezes que eu era apenas um peso que minha mãe havia deixado para trás.

— Isso é horrível! – Felicity me encara com preocupação e eu dou de ombros.

Não era fácil falar sobre os momentos que vivi o inferno ao lado de meu pai. Ele nunca teve muita consideração por mim, ainda que eu carregasse o mesmo sangue que o dele. E sua raiva por mim piorou ainda mais quando eu decidi que não seguiria seus passos. Todos pensaram que eu estava desistindo de minha herança apenas para desafiar meu pai, como um garoto rebelde mimado. E de fato, talvez isso tenha tido alguma influência sobre mim. Mas, eu realmente amava o jornalismo e tive que aguentar muitas armações do meu pai até conseguir me desprender totalmente dele.

— Eu sinto muito por ter feito a aposta. Eu não deveria ter feito isso. Eu fui um idiota. Me perdoe por ter agido sem pensar em seus sentimentos. Nunca foi a minha intenção te machucar. Me desculpa, Felicity. – Afirmo, mudando de assunto, e ela balança a cabeça, concordando.

— Você se desculpar não te torna menos idiota. – Responde Felicity com a voz carregada de mágoa. Ela me dar um soco no peito e suspira. – E eu ainda te odeio.

— Tudo bem. – Respondo e ela suspira mais uma vez, cansada.

— E eu vou fazer da sua vida um inferno até eu sentir que sou capaz de superar isso. – Afirma e eu balanço a cabeça, concordando.

— Justo. Eu mereço isso. – Concordo e ela volta a se acomodar em meu peito, fechando os olhos.

E assim o tempo continua a passar. O elevador se tornava cada vez mais quente e abafado, enquanto o estado de Felicity continuava a piorar. Eu não fazia ideia de quanto tempos estávamos presos, mas a saúde da loira me preocupava. Começo a abaná-la mais uma vez, na tentativa de diminuir a temperatura e a deixar mais confortável, mas meu esforço parecia ser em vão.

Em determinado momento, as luzes do elevador voltam a ligar e ele volta a se mexer. Suspiro aliviado e volto a encarar Felicity. No entanto, o que era para ser um momento de comemoração se transforma em desespero ao ver a loira desmaiar em meus braços.

— Felicity! Felicity! – Chamo-a, desesperado. Ela estava ainda pior do que eu imaginava. Agora que eu conseguia enxerga-la com clareza, era nítido que ela estava realmente mal. A porta do elevador se abre, mas eu continuava preocupado demais para dar atenção a multidão de pessoas que nos aguardavam do lado de fora do elevador, curiosos para saber quem havia ficado preso. – Acorda, por favor!

— Oliver? O que aconteceu com a Felicity? – Pergunta Tommy, preocupado, assim que se aproxima de nós.

— Ela desmaiou. – Respondo, encarando meu amigo em desespero. Pego Felicity no colo e saio de dentro do elevador.

— Aonde você está indo? – Grita Tommy, assim que começo a correr em direção as escadas do prédio.

— Eu vou levá-la ao hospital. – Aviso, empurrando a porta de emergência com o pé. Por sorte, eu estava com as chaves do meu carro.

— Eu vou com você. – Responde meu melhor amigo, correndo ao meu lado. Assim que chegamos ao andar inferior, ele pega a chave do carro que estava em meu bolso e destrava o automóvel, abrindo a porta traseira, em seguida, para que eu pudesse colocá-la. – Talvez seja melhor que eu dirija e....

— Eu dirijo! – Afirmo, fechando a porta do passageiro. Pego a chave das mãos de Tommy e corro para o lado do motorista. Sabendo que eu o deixaria para trás sem pensar duas vezes, Tommy entra no lado do passageiro e coloca o cinto de segurança.

— Você tem certeza...? – Como resposta a hesitação de Tommy, ligo o carro e saio cantando pneu para fora do estacionamento. – Uou! Vai com calma, Ollie! Eu realmente não quero morrer.

Ignoro o comentário de Tommy e me concentro na direção. Eu cortava os carros e não me importava nenhum pouco com as buzinadas e os xingamentos que eu recebia. Tudo o que eu queria era chegar ao hospital o mais rápido possível. E quando enfim chegamos, estaciono o carro de qualquer maneira em frente ao pronto socorro e suspiro aliviado.

Deixo a chave dentro do veículo e saio às pressas. Abro a porta de trás e pego Felicity no colo novamente. Ela ainda estava desacordada e com o rosto pálido. Nem mesmo me incomodo em esperar por Tommy corro com a garota desacordada em meus braços para a entrada do hospital. As recepcionistas do lugar me encaram assustadas e uma enfermeira que passava pelo lugar se aproxima de mim ao ver o meu desespero.

— O que aconteceu? – Pergunta a mulher, fazendo sinal para o segurança do hospital. Ele provavelmente já estava acostumado com aquela situação, pois não demora para correr até um corredor que havia ao lado da recepção.

— Nós ficamos presos no elevador e ela começou a passar mal. – Respondo, respirando com dificuldade. – Ajude-a, por favor.

— Não se preocupe. – Concorda a mulher, dando um sorriso confiante. O segurança volta a aparecer, mas agora com uma maca. – Coloque-a na maca. Eu a levarei para fazer alguns exames e ver o que aconteceu com ela. Enquanto isso, preencha a ficha de atendimento da paciente.

Concordo e vejo eles levarem Felicity na maca para dentro do hospital. A recepcionista me entrega uma prancheta e uma caneta, pedindo para que eu desses os dados de Felicity. Ainda atordoado, sento-me em uma das cadeiras e tento preencher as poucas coisas que eu sabia sobre ela.

— Onde ela está? – Pergunta Tommy, assim que entra no hospital. Ele me estende a minha chave do carro e me encara confuso. – O que é isso?

— Ela está fazendo exames e me pediram para preencher essa ficha de atendimento com os dados dela. – Respondo, guardando a minha chave no bolso da calça.

— Você está bem? – Pergunta Tommy, observando-me com atenção. Balanço a cabeça concordando e continuo a preencher a ficha de atendimento. – Eu sinto muito pelo que aconteceu. Não achei que uma simples aposta poderia fazer Felicity parar no hospital.

— A culpa foi minha por ter concordando com essa idiotice. – Afirmo e me levanto para entregar a ficha a recepcionista. Volto a me sentar ao lado de meu melhor amigo e jogo minha cabeça para trás, colocando meu braço sobre meus olhos. – Eu fiquei tão ganancioso com a sua oferta que nem mesmo pensei nos sentimentos de Felicity. Eu já estou acostumado com as suas ideias idiotas, então eu deveria ter sido mais resistente e ter recusado. – Suspiro e o encaro com preocupação. – Você acha que ela vai ficar bem? Você sabe que eu não lido bem com situações como essas. Eu estou apavorado. Eu não consigo parar de pensar na minha mãe e em Thea. Eu...

— Felicity é uma mulher forte, Ollie. Ela vai ficar bem. – Tommy sorri confiante e bate em minhas costas, em apoio. – Às vezes ela apenas ficou assustada com o fato de ter ficado presa no elevador e como já estava descontrolada, as emoções ficou muito a flor da pele e ela acabou desmaiando. Vamos esperar pelos resultados dos exames e torcer para que ela saia ainda hoje do hospital.

E nós esperamos. Durante aproximadamente duas horas, Tommy e eu permanecemos sentados na sala de espera, sem notícia alguma dos médicos e nem dos enfermeiros. Eu já conseguia imaginar que algo de terrível havia acontecido a ela e que a culpa era minha por ter sido um babaca.

— Senhor Queen? – Chama um médico e eu me levanto na mesma hora, ansioso por respostas. Tommy se coloca ao meu lado e nós encaramos o médico com expectativas.

— Sim, doutor. Sou eu. Alguma notícia sobre Felicity? – Pergunto, aproximando-me do homem que não parecia ser muito mais velho do que eu.

— Ela está bem. Por causa do susto, a pressão dela acabou abaixando e por isso ela passou mal. Nós já ministramos soro e ela deve ser liberada daqui a pouco. Ela já está acordada. Vocês gostariam de visita-la? – Questiona o médico, dando um sorriso gentil.

— Claro. – Respondo e Tommy concorda sorrindo aliviado.

— Acompanhem-me, por favor. – Pede o homem, apontando para o elevador que havia próximo de nós. – Não se preocupe. Ela está bem. – Afirma, ao notar que eu continuava tenso. Sorrio agradecido e um pouco mais aliviado. Era ótimo saber que tudo não havia passado de um grande susto.

Assim que chegamos ao segundo andar, o médico nos guia até a enfermaria, onde consigo ver Felicity deitada em uma das macas, tomando soro que o médico havia nos contado. Ela já parecia bem melhor. Sua aparência estava mais corada e ela estava bem mais relaxada. Ao nos ver, a loira sorri discretamente e lança um olhar duro a Tommy, que prefere ficar afastado da garota.

— Oi. – Cumprimento e me aproximo, hesitante. – Como você está?

— Bem melhor. – Garante, dando de ombros. – Pode se aproximar, Tommy. Apesar de você merecer, eu não vou te atacar.

— Fico feliz que você esteja bem, Felicity. – Comenta meu melhor amigo, sorrindo envergonhado.

— Os resultados de seus exames de sangue acabaram de chegar. – Anuncia o médico, abrindo um envelope branco. – Apesar de você estar bem, eu pedi que realizassem um exame completo somente para garantir.

— E como ela está, doutor? – Pergunto, observando o médico lê todos aqueles inúmeros papéis com atenção. – Está realmente tudo bem com ela?

— Eu estou bem. Pare de se preocupar. – Felicity me repreende, revirando os olhos. – Eu só não gosto de lugares escuros e fechados, por isso acabei surtando daquele jeito.

— Oliver geralmente é uma pessoa que não liga para nada além do trabalho, mas quando ele ver uma pessoa passando mal, ele fica facilmente desesperado e se torna um bebê chorão, Felicity. – Brinca Tommy e Felicity ri, concordando. – Você precisava ver a cara dele toda vez que um médico passava direto por nós.

— Quanto drama! – Complementa a loira, rindo ainda mais. Reviro os olhos diante das provocações dos dois.

— E então, doutor? – Insisto, ignorando Felicity e Tommy. O médico sorri e me encara com tranquilidade. Suspiro aliviado. Se tivesse algo de errado, ele não estaria sorrindo, certo? A não ser que ele seja uma daquelas pessoas psicopatas que gostam de ver o sofrimento dos outras. Mas nesse caso, eu duvido muito que um hospital continuaria com um médico assim.

— Nenhum problema. Está tudo em perfeita ordem. Ela e o bebê estão perfeitamente bem. – Responde o médico, sorriso. Encaro o homem sem entender e sorrio, confuso.

— Desculpa, doutor. Acho que você está com o exame da pessoa errada. Eu sou a Felicity Smoak. Eu não estou grávida. – Afirma Felicity, rindo nervosa.

— Não estou com o exame errado, senhora Smoak. – O médico mostra os dados de Felicity com seu nome. Ele então parece entender o que estava acontecendo. – Oh, vocês dois não sabiam? Parabéns aos dois. Vocês serão papais!

— É o quê? – Pergunto, assustado. – Pa... pa... papais?

— Isso! O exame de sangue apontou que a sua esposa está grávida. – Afirma o médico, dando um sorriso simpático. Ele parecia achar engraçado a minha reação e a de Felicity.

— Esposa? Gravidez? – Questiona Tommy, surpreso. – O que diabos foi que aconteceu nesse tempo em que vocês estiveram presos naquele elevador?

— Grávida? Eu? – Pergunta Felicity ao médico, em estado de choque.

— Você tem certeza disso, doutor? – Questiono com cautela. O médico ri e entrega o exame a Felicity. Eu me coloco ao seu lado e observo o resultado de um dos exames. – Droga!

— Ai meu Deus! Ai meu Deus! – Fala Felicity com a voz falhando e as mãos tremendo. Eu via o desespero em seus olhos. Ela se vira para mim e eu consigo entender exatamente o que se passava em sua mente. - Oliver, eu estou grávida!


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Esse capítulo é extremamente importante para a história. Ele teve um pouco de drama e eu ainda tentei deixar ele um pouco mais cômico no final para não acabar tudo como uma tragédia. A partir do próximo capítulo, Oliver e Felicity vão começar a se aproximar ainda mais. Beijocas e até mais ♥

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