Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 4
Caso Menino Desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Oi Cupcakes ♥! Antes de mais nada, eu gostaria de ter um momento para surtar. AAAAAAAH JULIANA LORENA, SUA LINDA, AMOR DA MINHA VIDA, OBRIGADA PELA RECOMENDAÇÃO MARAVILHOSA. EU NEM SEI COMO AGRADECER!!! ESSE CAPÍTULO É COMPLETAMENTE DEDICADO A VOCÊ.

Gente, surtei demais com essa recomendação e seu comentário maravilhoso. Obrigada mesmo, Jujuba ♥!! Obrigada também a isabelsilva, Suh Souza, Jade (Piranha Cobra Atrevida ♥!), amandaflor, Renataafonso, maya e buuuu louca pelos comentários lindos e inspiradores no capítulo passado. Espero que gostem! Boa leitura...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758995/chapter/4

 

Capítulo III – Caso Menino Desconhecido

 

“Toda redação é igual no que se refere à cacofonia das vozes que preenchem o ambiente. Como a notícia não para jamais, é impossível passar o dia na calmaria [...], entretanto, o caos, naquele contexto, tornava tudo perfeito, vivo, como um gigantesco coração pulsante. Adrenalina pura.”

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

A equipe do setor investigativo do jornal estava reunida para a celebração do sucesso que havíamos atingido com as duas reportagens lançadas no dia anterior. Tanto a declaração de Lindsay Madson quanto a reportagem sobre o envolvimento do prefeito e sua esposa em um escândalo de corrupção trouxe muitos benefícios a Arrow News. A quantidade de acessos no jornal virtual e a venda da edição na cidade foram acima do esperado, além de ter trago uma grande visibilidade ao nosso jornal.

Para conseguir entregar a matéria a tempo, foi preciso um grande esforço da equipe para escrever e editar as duas entrevistas que haviam sido mais longas que o esperado. Como uma espécie de edição especial, o jornal do dia seguinte possuía destaque nas duas matérias, que abordaram não somente a versão das duas mulheres para seus respectivos casos, como também contou um pouco da linha cronológica das investigações e as provas encontradas pela polícia. Foi trabalhoso e consumiu a nossa noite inteira, em um árduo trabalho. Mas no fim, tudo valeu a pena.

— E como sentença final, a jovem Lindsay Madson afirmou que ainda acredita na justiça e que não vai descansar até que os responsáveis pelo crime bárbaro que destruiu sua vida sejam levados à prisão. – John termina de ler a reportagem que nos trouxe reconhecimento, sorrindo orgulhoso. - Isso sim é matéria!

Os números eram a prova de que nossos esforços haviam sido recompensados. Apenas algumas horas depois de ter sido levado as bancas de jornais e terem sido entregues a algumas residências, os jornais se esgotaram e foi preciso que mais versões fossem impressas. Até mesmo pessoas que não tinham costume de comprar esse tipo de conteúdo estavam interessadas em saber o que Lindsay tinha a dizer sobre a morte de sua família e a revelação bombástica da primeira-dama da cidade, que confirmou que o marido estava sim envolvido com a máfia corrupta de políticos dos Estados Unidos.

— Parabéns, Ollie e Felicity! Vocês superaram as nossas expectativas, que já eram altas. - Parabenizar Tommy, levantando sua caneca de café em nossa direção.

— Obrigada, Tommy. - Agradece Felicity, sorrindo animada. - Mas eu tenho que dar os maiores créditos à testa de Oliver. Se não fosse por ela, provavelmente nunca teríamos conseguido nos aproximar tanto de Lindsay.

— Engraçadinha. - Resmungo, rindo rabugento, o que gera ainda mais risadas de meus colegas de trabalho. - Eu sabia que tinha sido de propósito.

— Eu juro que não foi. - Afirma a loira, levantando os braços em sinal de redenção. - Agora eu estou rindo, mas eu realmente fiquei assustada quando você caiu e não respondeu aos meus chamados.

— Sempre soube que o Ollie era sensível, mas não imaginei que um simples encontro com o poste podia fazê-lo desmaiar. Ao invés de ser ele a ser salvo pela dama, são as damas que precisam o salvar. – Brinca Tommy e mais risadas ecoam pela sala. Jogo uma bola de papel que havia em minha mesa no rosto de meu melhor amigo, que resmunga, mas continua a ri.

— Nossa, como vocês são engraçados. Eu não sabia que estava em um circo para estar cercado de tantos palhaços. – Ironizo e meus comentários pareciam deixar a situação ainda mais divertida, pois todos riam com ainda mais intensidade.

— Defendendo Oliver, eu tenho que dizer que vocês realmente fizeram um excelente trabalho. Independentemente do que tenha acontecido, o importante é que vocês conseguiram escrever essa reportagem magnifica e traíram ainda mais sucesso para a Arrow News. Eu sabia que unir vocês dois seriam a fórmula perfeita desse jornal. – Elogia Alec, aparecendo com uma enorme garrafa de champanhe. – Isso merece uma comemoração.

— Você está sugerindo que a gente beba às dez horas da manhã de uma terça-feira, em pleno ambiente de trabalho? – Pergunto, surpreso com a atitude de meu chefe.

— Duas perguntas. Quem é você e o que fez com o nosso chefe? – Questiona Colin, em falso tom de surpresa.

— Cala a boca, Colin. Se alguém com melhores condições financeiras e cargo maior que o nosso, fala que é para a gente beber com ele um dos melhores champanhes do mundo durante o expediente, a gente não questiona, apenas bebe. – Fala Tommy, jogando a bola de papel que eu havia jogado em seu rosto contra o rapaz. E novamente, todos caem nas gargalhadas. Não era sempre que podíamos festejar daquela forma, mas sempre que possível, nós nos divertíamos.

— Essa é uma ocasião especial, Colin. Graças aos esforços de Oliver, Felicity e George, nós conseguimos que a diretoria aprovasse o projeto da reforma do nosso setor. Aparentemente, os bons resultados que conseguimos apenas com essas duas reportagens trouxeram a bondade de meus adoráveis chefes. – Conta Alec, fazendo todos vibrarem com a notícia. Nós estávamos há uns bons meses pedindo melhores recursos para trabalharmos, mas a diretoria sempre dizia que o orçamento estava baixo. – Por esse motivo, apenas por hoje, permitirei quebrar uma das minhas principais regras.

Alec então prepara para abrir a garrafa de champanhe, enquanto George começa a distribuir os copos de plástico – porque não havia taça alguma no lugar e se algum outro funcionário fora do setor contasse aos diretores que estávamos bebendo durante o expediente, Alec poderia ter problemas -, todos riam e comentavam o quanto tínhamos sorte de termos Felicity ao nosso lado.

Apesar de parecer um pouco intimidada com os elogios exagerados dos rapazes, era nítida a felicidade de Felicity. Por outro lado, ela também parecia não estar se sentindo tão bem quanto tentava demonstrar. Seus olhos estavam um pouco mais opacos do que ontem e ela exalava uma aura cansada. Pondero se devia perguntar se estava tudo bem com ela, mas eu não queria parecer um cara estranho. Não era exatamente algo comum uma pessoa prestar tanta atenção na outra, quando se conhecem apenas há três dias.

— O que foi? – Pergunta Felicity e somente nesse momento percebo que eu a encarava intensamente, enquanto viajava em meus pensamentos.

— Você está bem? Parece estar um pouco pálida. – Questiono, sem conseguir encontrar uma desculpa convincente para explicar o porquê de estar a encarando por tanto tempo.

— Estendam seus copos. – Pede Kevin, o estagiário do setor, impedindo que a loira me respondesse. De maneira hesitante, Felicity estende seu copo e eu faço o mesmo. – Aproveitem e parabéns pelas reportagens. Vocês são realmente incríveis. Eu espero que um dia eu possa ser tão bom como vocês!

— Você será melhor, garoto! – Respondo, dando alguns tapas em seu ombro. Kevin sorri, deslumbrado. – Continue o bom trabalho que tem feito e você será o melhor jornalista investigativo do país.

— Obrigado, Oliver. – Agradece o rapaz e eu balanço a cabeça, negando. Não havia motivos para que ele me agradecesse. Kevin era realmente esforçado e fazia o possível para ajudar toda a equipe. Ele merecia os créditos.

— Ei, Kevin! O que está esperando? Eu quero experimentar esse champanhe que parece ser mais caro que a minha casa. – Reclama Edward, um dos editores do departamento. O estagiário revira os olhos e dá de ombros.

— Já estou indo. – Responde o mais jovem e Edward ri da careta que Kevin faz ao se aproximar dele.

Dou gole no champanhe e suspiro, satisfeito. É em momentos como esse que eu vejo que valeu a pena toda a humilhação e as brigas que tive com meu pai por ter escolhido o jornalismo ao invés de assumir o império de tecnologia que ele possui. O reconhecimento de saber que pude fazer a diferença para alguém é realmente gratificante. Bebo mais um pouco da bebida e me viro para Felicity, que encarava o próprio copo, pensativa.

— Não vai beber? – Pergunto e ela desvia seu olhar para mim.

— Eu estou me sentindo um pouco enjoada. – Confessa Felicity, com um sorriso forçado em seu rosto. De repente, o telefone de sua mesa começa a tocar e ela me entrega seu copo para ir atender a ligação.

Eu realmente não conseguia entender a estranheza de Felicity. Eu estava até mesmo ponderando fazer uma lista com todas as atitudes da loira que mais me irritam. Apesar de estarmos trabalhando juntos há apenas três dias, eu já podia apontar sem grandes problemas os defeitos da loira. E no topo de minha lista, com certeza, a sua personalidade mandona de Felicity.

— Ela é interessante, certo? – Comenta Tommy e eu o encaro, tentando entender o objetivo de seu comentário malicioso. – Eu aposto que é isso que está se passando em sua mente.

— Está enganado. – Afirmo, terminando de tomar a minha bebida. Lanço meu copo vazio em direção a lixeira e, de maneira gloriosa, acerto a cesta de primeira. Sorrio satisfeito e encaro o copo de Felicity que eu continuava segurando. – Ela é realmente irritante.

— Mas é isso que a torna interessante. Apesar de parecer tímida e quieta a primeiro momento, Felicity tem uma personalidade forte. E mesmo sem deixar transparecer tão facilmente, você consegue sentir que ela está no controle. É por isso que você não consegue dizer não a ela. – Responde Tommy, sorrindo presunçoso. – Isso com certeza é novidade para nós. Geralmente, mulheres de personalidade forte se impõe com gritos e escândalos.

— Ela é estranha. – Digo, incomodado com o comentário de Tommy. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele estava aprontando alguma coisa.

— Você só diz isso porque está assustado com o fato de Felicity ser diferente das outras mulheres que conhecemos. – Continua meu melhor amigo, dando de ombros. Ele toma mais um gole de seu champanhe e me encara com um brilho perigoso em seus olhos. – Duvido que consiga levá-la para a cama.

— Não seja estúpido. – Repreendo Tommy, olhando para os lados, preocupado com a possibilidade de alguém ter o ouvido. Por sorte, todos pareciam entretidos demais em suas conversas para notarem as bobagens que meu melhor amigo falava. – Eu não vou levar Felicity para a cama.

— Por quê? Você não se garante? – Questiona o moreno, rindo de maneira travessa.

— Claro que não! Eu consigo fazer qualquer garota transar comigo. Eu apenas não estou a fim de perder o meu emprego. Além disso, ela é sobrinha de Alec e não faz o meu estilo. – Respondo, dando de ombros.

— Medroso! Covarde! – Fala Tommy, fingindo tossir ao me acusar.

De repente, eu sou despertado de meus devaneios com a atitude inesperada de Felicity, que pega a chave do meu carro e joga em minha direção. Ao ver meu olhar confuso, a loira apenas balança a cabeça para a saída, enquanto pegava suas coisas. Acrescente mais um item a minha lista: Eu odeio o fato dela querer que as pessoas adivinhem os seus pensamentos.

— O que houve? – Pergunto, ignorando os comentários de Tommy e indo em direção a minha mesa para pegar meus equipamentos de trabalho.

— Colin, nós precisamos de você. – Avisa Felicity, andando de maneira apressada em direção ao elevador.

— Droga! – Resmunga Colin, tomando toda a sua bebida de uma vez em seguida. Ele corre até sua mesa e pega seu material que já estava pronto, para a sorte dele.

— Aonde vocês vão? – Questiona Alec, encarando-nos confuso.

— Nós vamos o final do arco-íris encontrar mais um pote de ouro. – Responde Felicity, apertando o botão do elevador.

Não demora muito para que ele chegue ao nosso andar. Colin corre de maneira desastrada atrás de nós, enquanto eu respirava fundo para manter a paciência com Felicity. Encaro-a com intensidade e ela parece perceber que eu estava atrás de respostas. Ela sorri presunçosa e no mesmo instante, as portas do elevador de abrem.

Sem perder muito tempo, corremos até o meu carro e a loira arruma o GPS para que ele me guiasse. De fato, o lugar onde ela queria que fossemos ficava a menos de dez minutos de onde estávamos. No entanto, a curiosidade ainda estava me deixando bastante irritado. Desde quando ela se tornou a chefe? Suspiro frustrado.

— Vai me dizer o que aconteceu ou eu vou ter que consultar a minha bola de cristal? – Ironizo e ela me encara com a sobrancelha erguida.

— Acabaram de encontrar o corpo de um garoto dentro de uma mala próximo daqui. Aparentemente, nem a polícia conseguiu chegar ao local ainda. Se dermos sorte, conseguiremos ouvir as testemunhas e tirar boas fotos antes que todo o local seja fechado pela perícia e as pessoas sejam interrogadas. – Responde Felicity, dando de ombros.

E sem dizer mais nada, acelero o carro e em poucos instantes não demoramos a chegar a região onde o corpo havia sido encontrado. O lugar estava repleto de mendigos e tudo parecia sombrio demais. A polícia ainda não havia chegado, então próximo a mala, havia uma multidão de curiosos, tentando reconhecer a criança.

— Eles vão estragar a cena. – Resmungo e Felicity balança a cabeça de maneira frustrada, concordando com meu comentário.

— É melhor nos apressarmos. – Afirma Colin, arrumando sua câmera para começar a tirar as primeiras fotos.

Estaciono o carro a uma distância relativamente próxima da multidão e não demoramos a nos aproximar. Enquanto eu preparava o gravador, Felicity já se posicionava ao meu lado com seu bloco de notas e Colin um pouco mais atrás para tirar as fotos e capturar algum detalhe que pudéssemos perder com a chegada da polícia.

— Com licença. Nós somos do jornal Arrow News. Algum de vocês se chama Leonard Jones? – Fala Felicity, chamando a atenção dos moradores de rua que estavam ao redor do corpo.

— Sou eu. – Revela um dos homens que estava mais próximo da mala. – Fui eu que entrei em contato com vocês.

— Olá. Obrigado por ter ligado para nós. Se possível, poderiam se afastar do corpo. Ainda que estejamos ansiosos para descobrir a identidade dessa criança, não podemos contaminar a cena do crime. – Peço olhando com seriedade para todos. De alguma forma, a minha postura pareceu surtir algum efeito e não demora muito para que os moradores de rua fizessem o que eu havia pedido. – Colin.

— Sim, senhor. – Responde Colin, começando a tirar foto da mala azul aberta, onde estava o corpo de um garoto que não parecia ter mais do que cinco ou seis anos.

Felicity se aproxima do corpo, ao meu lado, e parece não se sentir muito bem com o que ver. Ainda que estivesse completamente encolhida dentro da mala, era possível ver sinais de violência pelo corpo e que estava faltando algumas partes do corpo, como dedos e a genital. Aquele crime havia sido brutal e somente pelo fato de envolver uma criança tão nova tornava o caso ainda mais cruel.

A loira ao meu lado leva a mão a boca e no momento em que eu me viro para ver se ela estava bem, Felicity vomita em minha blusa nova. Por sorte, consigo tirar o gravador de voz de perto antes que o acidente tivesse acontecido. Olho surpreso para o estrago que ela havia feito e quando acho que havia terminado, Felicity olha mais uma vez para o corpo e volta a vomitar em cima de mim.

— Droga, Felicity! Para de olhar para o corpo! – Repreendo a loira, ainda paralisado pelo banho de vômito que eu havia tomado. – Abram espaço! – Grito para os mendigos que estavam ao nosso redor. – Colin, fique aqui por enquanto e registre tudo que puder. Eu já volto.

— Tudo bem. – Concorda o fotógrafo, encarando-nos com clara expressão de nojo.

Assim que os moradores de rua abrem espeço para que passássemos, envolvo os ombros da garota da melhor forma possível e a levo para longe daquele lugar. Eu estava furioso, mas sabia que não adiantaria nada brigar com ela naquele momento. Eu precisava trocar de blusa e teria que voltar para pegar os relatos das testemunhas.

— Me desculpa. – Sussurra Felicity com a voz fraca.

— Tanto faz. – Respondo, suspirando em seguida. Encaro o rosto pálido da loira e me sinto mal por ela. Garotas são frágeis. Eu sempre soube disso. Aprendi da pior forma possível, mas isso não significava que eu sabia lidar com seus momentos de fragilidade. – Você está melhor?

— Sim. – Concorda de maneira incerta. Abro a porta do carro e Felicity se senta no banco do passageiro.

Por sorte, eu sempre andava com uma garrafa de água no carro. Pego-a e entrego a garota, que dá um gole para lavar a boca e cospe em seguida. Após um suspiro sofrido, ela bebe um pouco e me estende a garrafa de volta para que eu guardasse. Olho para minha blusa mais uma vez e choramingo ao ver que provavelmente aquela mancha não sairia tão fácil. Suspiro e - com muito nojo, devo confessar -, desabotoo minha blusa.

— O que está fazendo?! – Exclama a mulher, assustada.

— O quê? Você espera realmente que eu fique com a blusa suja de suco gástrico? – Pergunto, terminando de tirar a peça nojenta de roupa.

Abro a porta de trás do carro e pego uma mochila que estava sobre o banco. Preventivamente, eu nunca saia de casa sem uma segunda peça de roupa para o caso de decidir ir a uma festa depois do trabalho. Pego a blusa que estava lá e a visto. Aproveito o perfume que também havia na mochila e passo um pouco, torcendo para que ele conseguisse disfarçar o cheiro asqueroso do vômito.

— Eu vou voltar para lá. – Aviso e no mesmo instante ela se levanta.

— Eu vou com você! – Exclama, decidida.

— Para quê? Para vomitar de novo e comprometer ainda mais a cena de crime? Não mesmo. Fique aí e se recupere. Colin e eu cuidaremos do resto. – Respondo, fazendo com que ela me encarasse com tristeza e culpa em seus olhos. Pego o gravador que estava no banco de trás e a encaro pela última vez.

Ignoro-a e, assim como eu havia dito, volto para a cena de crime. Segundos depois a polícia aparece junto a mais inúmeros outros jornalistas. A partir daquele momento, não foi fácil conseguir alguma informação concreta das testemunhas oculares. Aparentemente, ninguém viu o momento em que a mala foi deixada e muito menos faziam ideia de quanto tempo a mala estava lá e quem era aquele garotinho.

E foi no meio da confusão de jornalistas, moradores de ruas, curiosos que passavam por perto e policiais que eu vi alguém suspeito próximo da cena de crime. Ele encarava tudo com um sorriso misterioso em seus lábios. Discretamente, chamo a atenção de Colin que estava ao meu lado e peço para que ele tire uma foto daquele homem. Ainda que ele pudesse ser uma pessoa qualquer, meus instintos me diziam que ele poderia ser alguém de grande importância para aquele caso.

Entretanto, aparentemente, eu não fui o único que notou a presença daquele homem estranho. Ao longe, vejo Felicity se aproximar do homem e meu coração passa a bater acelerado. Ela iria fazer alguma merda. Eu sentia isso com todas as minhas forças. E a minha vontade naquele momento era de pegar aquela loira mandona pelos cabelos e trancá-la no carro.

— Droga! Colin, fique aqui. Eu já volto. – Peço e o rapaz me encara, sem entender o que estava acontecendo. Antes que ele me respondesse, apresso meus passos em direção ao caminho que Felicity fazia. – Droga, droga, droga. Não faz o que eu estou pensado que você vai fazer, Felicity. Por favor, não faz! – Sussurro a mim mesmo, tentando passar pela multidão que se encontrava a minha frente.

E como eu supus, o homem não demorou a notar a presença de Felicity e como sua primeira reação, ele começa a correr. Para a minha surpresa, ao invés de deixar que o homem fosse embora, a louca que agora é minha colega de trabalho, começa a correr atrás do suspeito, sem qualquer senso do perigo.

Sem saída, acabo participando daquela perseguição sem qualquer sentido de Felicity e o homem suspeito no local. Ela gritava, pedindo para que ele parasse para que eles pudessem conversar e eu me perguntava como uma garota que instantes antes estava vomitando conseguia correr tão rápido. Eu tentava me aproximar, mas parecia que pedestres, latas de lixos e cachorros podiam se tornar obstáculos bastante incômodos durante uma perseguição.

Em um determinado momento, eles começam a se aproximar de uma movimentada avenida. Aquele não era um bom sinal. Apresso minha corrida, temendo pelo que poderia acontecer. O suspeito atravessa a rua quase sendo atropelado. Felicity joga seu sapato contra o homem, acertando sua cabeça. Ele esbarra em um carrinho de pipoca e acaba indo ao chão. Felicity continua a correr e no momento em que resolve atravessar a avenida sem olhar para os lados, consigo chegar a tempo para puxá-la de volta, antes que um caminhão a atingisse.

Tudo aconteceu muito rápido e intensamente. E quando dei por mim, nós estávamos na caídos na calçada da avenida, com Felicity em cima de mim. Minhas costas latejavam e eu sentia que até o simples ato de respirar fazia meu corpo doer. As pessoas nos encaravam confusas e não demoro muito a ouvir a voz de Colin.

— Vocês estão bem? – Grita o rapaz, aproximando-se de nós.

— Sai de cima de mim. – Peço, com dificuldade. O cotovelo de Felicity apertava minha barriga e por ter batido minhas costas com força no chão havia feito com que eu ficasse com falta de ar.

Felicity se levanta na mesma hora, olhando assustada para mim. Com a ajuda de Colin, consigo me levantar do chão e vejo que do outro lado da rua, um policial havia conseguido capturar o suspeito antes que ele continuasse a fugir. Encaro a loira a minha frente com intensidade. Ela me olhava preocupada e eu sabia que teria que ouvir mais uma série de lamentações.

— Não começa! – Digo, no momento em que ela abre a boca. – Qual o seu maldito problema? O que você tinha na cabeça para correr atrás de um suspeito sem qualquer proteção?

— Mas ele iria fugir... – Resmunga, encolhendo os ombros.

— E daí? Você por acaso é a Mulher Maravilha e eu não estou sabendo? – Ironizo, ficando cada vez mais irritado com a atitude da loira, que apenas encara o chão, intimidada. Afasto-me de Colin e passo a mão pelo meu rosto, tentando me acalmar.

— Calma, Oliver. No fim, tudo deu certo. – Colin tenta amenizar a situação, mas ao ganhar meu olhar furioso, ele sorri sem graça e levanta as mãos em sinal de redenção. – Você está sangrando.

— O quê? – Questiono Colin, que aponta para os meus cotovelos. Encaro os dois braços e choramingo, sabendo que teria que jogar mais uma camisa fora. – Você é inacreditável!

— Oliver, eu sinto muito. – Lamenta Felicity, encarando-me com arrependimento em seus olhos.

— Você deveria andar com uma placa escrita “perigo” na testa! – Exclamo, indignado. – Primeiro você me faz bater a cabeça em um poste, depois vomita em mim e agora você me fez perder uma camisa que eu nunca tinha usado antes e ainda machuquei meus dois cotovelos. O que vai vir a seguir? Um tiro no peito?

— Quanto drama, Oliver. – Resmunga a loira e assim que eu a encaro com fúria, ela sorri sem graça e se aproxima de Colin, que parecia segurar o riso. – Desculpa.

— Quer saber de uma coisa? Eu vou para casa! – Respondo, irritado. Começo a andar de volta ao meu carro que estava bastante distante de onde estávamos no momento.

— Mas e nós? – Pergunta Colin com preocupação.

— Vocês que se virem! Peguem um táxi! Vão a pé! Pouco me importa como vocês vão fazer! Mas comigo vocês não voltam! – Exclamo, dando as costas aos dois. Eu realmente estava irado demais para me importar com o destino que os dois teriam.

— Oliver! – Grita Felicity.

— O que é?! – Grito de volta, virando-me para meus colegas de trabalho. Felicity então levanta a mão, segurando um molho de chaves. Olho surpreso para a loira e começo a procurar em meus bolsos a chave do meu carro, rezando para que aquelas chaves não fossem a que eu estava pensado. E, como era de se esperar, eu não estava com sorte.

— Pare de drama e nos leve para o jornal. – Responde a garota, jogando as chaves para mim. Inconformado, consigo pegar o molho, enquanto observo-os aproximarem de mim. – Vamos. Nós temos muito trabalho a fazer.

Suspiro, frustrado, e acabo concordando com sua sentença. Colin ri e passa o braço por cima do meu ombro, puxando-me para que eu os acompanhasse na longa caminha que seria até a de volta para o carro. Felicity ia na frente e eu sentia que ela sorria naquele momento. E a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento é em por que aquela louca garota possuía tanto controle sobre mim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam?

Como podem ver, eu não sirvo para escrever cenas de ação. Na verdade, eu não sei nem o que eu estou fazendo da minha vida, mas foi isso que conseguimos para hoje, depois de uma complicada prova na faculdade. Peço desculpas pela qualidade do capítulo e agradeço a todos que estão me dando tanto apoio. Prometo que um dia eu faço um capítulo decente. Obrigada por tudo. Beijocas e até amanhã ♥.

Cupcakes da Lara: https://www.facebook.com/groups/677328449023646
Família Cupcake 2.0: https://chat.whatsapp.com/E6wkn6DU0rR0IoR0d3EOLi