Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 6
Pés Descalços


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, galerinha do perigo! Estou aqui com mais um capítulo pra vocês!
Esse eu achei bem legal, então espero que vocês gostem!
O personagem de hoje pertence ao BrunooVento! Um outro personagem dele faz uma pequena aparição, mas o que se juntará à equipe está lá mais pra baixo mesmo!
Boa leitura, galera!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758848/chapter/6

Um dia se passou.

Todos se sentam no meio de uma clareira, no meio da noite, com uma pequena fogueira acesa aquecendo os quatro.

Norman examina uma curiosa carta que encontrou no local em que o necromante tinha habitado.

Depois que ele fora eliminado, seus mortos vivos pouco a pouco perderam as forças e começaram a se putrefar. Dentro de seu local de trabalho haviam alguns tesouros roubados de aventureiros e viajantes agora mortos, uma carta estranha e a poção agora nas mãos de Kairon, que se deleitava de possuí-la. Após um pouco de observação, perceberam que a poção tinha propriedades curativas.

Mas de todas estas coisas, a carta certamente era o mais curioso. O mago gostaria de ter examinado o anel do criminoso também, mas isso, infelizmente, não seria mais possível.

“Amanhece, minha criança. Coma e cresça, para o anoitecer. A lua sangrenta revelará seu caminho.”

O homem coça um pouco a cabeça e olha para o que os outros estão fazendo.

Kairon fazia um pequeno truque de mágica com um baralho de cartas, prendendo bem a atenção de ambos Siegfried e Alire, que se entretinham. O ladino os pedia para escolher uma carta e fazia uma série de movimentos e reajustes no baralho, no fim, sempre os fazendo puxar a mesma carta de novo. Os dois estavam encantados.

Óbviamente, Kai escondia a parte em que ele usava ilusões mágicas para fazer tudo dar certo.

Norman deixa surgir um pequeno sorriso. É melhor ele ir lá e mostrar como se faz.

 

“E então? Para onde você vai depois daqui, Kairon?”, Siegfried pergunta, bebendo um pouco de água.

O ladrão se reclina sob o tronco em que se sentava, sua cauda se balançando um pouco de lado para lado.

“Hm….ha! Não sei!”, ele responde. Ele não fazia ideia mesmo. E se da próxima vez que ele não fosse tão bom em fugir de uma encrenca, o matassem?

“Não vai voltar a bater carteiras, não é?”, o guerreiro então pergunta, com um olhar um tanto inquisitivo.

Kairon sorri, considerando dizer que sim apenas para pestanejar o pobre garoto.

“Não sei…”, o tiefling fala, cruzando os braços e fingindo estar incerto. “Talvez se eu aprendesse a comer pedras, eu deixaria aquela vida.”

“Venha com a gente.”

O jovem pisca com as palavras de Sieg. De certo, ele tinha gostado de estar com os três, mas não esperava que eles lhe permitissem acompanhá-los por mais tempo.

“Ha. Tem tanta confiança em mim assim?”
“....bem...não sei.”, Siegfried responde. “Mas bater carteiras e roubar dos outros não é jeito de viver. Você pode vir com a gente e nos dar a ajuda que precisamos, e deixamos você ficar com uma parte dos tesouros, não é?”

O paladino olha para Norman, com um olhar esperançoso. O mago só olha para ele de maneira cansada.

“Ou então eu te ensino a comer pedra.”, Sieg diz, se virando de volta para o outro jovem.

Kairon olha pra ele por alguns momentos e solta uma gargalhada.

“Como você é engraçado, menino! Por essa eu não esperava mesmo.”

Ele levanta as mãos, como um sinal de derrota.

“Tá bom, tá bom. Talvez quando meus dentes estiverem um pouco mais afiados eu posso aprender a comer pedra, mas por hoje vou andar com vocês.”

O garoto sorri e estende a mão para o ladrão, que suspira, sorri de volta e a aperta.

Logo depois de as separarem, Kairon faz aparecer em sua própria mão direita a carta que Siegfried tinha escolhido antes, e a gira um pouco para mostrar ao paladino, da mesma maneira que fez com a moeda de Norman.

“Vocês não aprendem, não é?”

 

“Você tem pais? Por quê você anda sozinho?”, Alire pergunta ao tiefling. Siegfried está sentado por perto, quase adormecendo, mas ainda escutando a conversa. O mago simplesmente folheia mais seu grimório.

“Tenho pais, sim.”

“E o que eles estão fazendo?”

“Bem...eles não me querem por perto.”

A meia-elfa lhe lança um olhar, mas não é de julgamento. É claro que o ladino tinha roubado e feito coisas ruins. Mas até onde ela sabe, os pais dele poderiam ter prevenido muitos dos problemas que ele hoje enfrenta.

“Sinto muito, Kairon.”

“Não se preocupe.”, ele sorri. “Eu não preciso da pena de ninguém, já estou contente comigo mesmo. Mas de qualquer forma, agradeço pela preocupação.”

“Talvez um dia você consiga fazer as pazes com os seus pais.”

O tiefling ri, antes de brandir um sorriso deveras cruel.

“Eu quero que eles morram.”

Alire pisca. O guerreiro sonolento levanta seus olhos para olhar pro ladino. A meia elfa lhe dá um sorriso, apesar deste estar cheio de melancolia.

“Talvez você não queira isso de verdade…”

O sorriso do rosto de Kairon some.

“Eu quero.”

As palavras dele fazem o sorriso da meia-elfa desaparecer também. Ela abaixa um pouco a cabeça. O jovem de pele vermelha coça um pouco as costas do pescoço.

“Desculpe. Tenho meus motivos.”

Alire simplesmente faz que sim com a cabeça, ainda um pouco melancólica. O ladrão se levanta e vai se deitar. A meia-elfa faz o mesmo.

Vendo isso, Norman e Sieg suspiram na mesma hora, mas o mago simplesmente decide ir dormir. Siegfried tinha outros planos em mente.

 

Alire se deitou, porém não dormiu. Ela olha para o céu estrelado, visível através do tecido da tenda, mantendo os dedos no seu colar de ametista. A garota se envergonhava da cena de mais cedo, já tendo em sua mente vários motivos para ter feito errado.

Ela insistiu demais. Ela não sabe o que o outro passou. Ela parou de sorrir, e não estava mais confiante. Ela ficou calada. Além destes motivos, muitos outros já passavam pela sua cabeça, a enchendo de dúvida.

A garota simplesmente suspira, se abraçando a si mesma para tentar afastar um pouco esses pensamentos, até que algo abre sua tenda.

Seu primeiro instinto é se sentar, assustada, até perceber que era só Siegfried. Ela relaxa um pouco, até que os fios em sua cabeça se cruzam.

“Uh….Sieg? O que está fazendo aqui?”, ela diz, seu rosto ficando um pouco avermelhado.

O jovem cora um pouco, ao perceber que a situação era constrangedora. Ele balança um pouco a cabeça e se senta na entrada da tenda.

“Você está bem?”, ele pergunta.

Alire não responde. Ela abaixa a cabeça e leva a mão para o pingente novamente. Apesar disso, ela tenta fazer que sim e esboçar um sorriso fraco. É óbvio que não está bem.

É óbvio que ela não está bem. Mas ela não poderia incomodar um amigo com o seu próprio fardo. Isso era algo que só ela precisava saber, e que só ela precisava sofrer. Afinal, se uma pessoa pode sofrer para que os outros não sintam tristeza, porquê não fazer isso?

Mas...por que é que, no fundo de seu coração, Alire desejava que Sieg percebesse o quão mal ela estava?

Sim, era verdade. Ela queria poder falar, ela queria ser entendida, mas para isto, precisaria entregar seu peso para outra pessoa. Não há ninguém no mundo que mereça receber o fardo dos outros.

“....Alire?”, o paladino responde. “Olha….eu sei que você não está bem.”

Ela levanta seus olhos para o paladino, sem nem ter percebido que seu sorriso se esvaíra. A moça estava tão presa em seus próprios pensamentos que por um momento perdeu a noção do que estava logo à sua frente.

Ela olha para baixo novamente. O que dizer? O que fazer?

“Alire…”

Os olhos do paladino e da meia-elfa se cruzam. A luz da lua entra dentro da tenda gentilmente, dando ao garoto um ar levemente angelical.

“Confie em mim.”

Ela cora um pouco. Não tinha como esconder o que ela realmente queria, nem como se iludir.

A garota se levanta um pouco, pegando a mão de Sieg e saindo da tenda dela. Apesar da confusão dele, ela o leva para fora do acampamento, até um lugar um pouco distante, na floresta, onde eles não poderiam ser vistos nem ouvidos. A luz da lua cheia deixava o ambiente claro e visível, mas ainda era gentil o suficiente para deixar escondidos parcialmente os rostos dos dois. Os olhos heterocromáticos da jovem reluziam.

Eles se sentam numa rocha. Alire deixa sair aquele sorriso melancólico novamente.

“O que aconteceu?”, ele pergunta.

A menina suspira, e então fala, lentamente.

“Sieg….sempre me disseram que eu tinha os olhos dos meus pais.”

Siegfried, na verdade, estava com sono. Mas ele havia decidido se estapear e ir perguntar à garota o que a afligia. Era mais importante do que uma noite de sono perfeita. Quando ela começou a falar, ele redobrou sua atenção e seu foco.

“A verdade é que eu não me lembro deles, então não sei se é verdade. Quando eu era pequena, a pequena vila onde eu nasci foi saqueada, e eles…”

Ela suspira novamente, limpando uma lágrima de seu olho.

“Eles morreram nos defendendo. Eu não me lembro disso porque no dia, estava fugindo e sofri uma queda. Eu bati a cabeça com muita força.”

Os olhos do paladino se abrem por completo. As palavras dela ressoavam nele.

“Esse colar foi a única coisa que sobrou deles.”, a meia-elfa fala, o mostrando. 

Ela olha para o garoto, para mensurar sua reação, mas ao ver que ele está lhe dando sua completa atenção, contínua. Siegfried já tinha uma ideia de onde isso estava indo, mas deixou ela dizer tudo que sentia vontade.

“É verdade que fui acolhida pela catedral onde você me encontrou, e eles cuidaram muito bem de mim. Me ensinaram muitas coisas e agora eu sou alguém. Por isso me dedico muito a eles. Mas…”

A pobre menina cerra os dentes, tentando manter sua compostura, mas as lágrimas começam a rolar de seus olhos.

“Mas…”, ela gagueja, embora muito pouco. “...eu passei muitos anos sobrevivendo nas ruas. Eu….eu não tinha quem cuidasse de mim….nem quem se importasse….por muitos…”

Os olhos dela estão avermelhados, e ela para de falar. A garota soluça um pouco.

“....por muitos anos.”

Alire limpa seus olhos, mas isso não impede as lágrimas de continuarem a vir.

“Então quando vi Kairon querer que seus pais morressem, eu….”

Ela soluça novamente, mas antes de continuar a falar, Siegfried põe uma mão no seu ombro. Já bastava. Ele a compreendia perfeitamente. O seu olhar de empatia e compaixão deixava isso claro.

A clériga abraça o jovem, ainda chorando.

Sieg é surpreendido pelo abraço, mas pensa por um breve momento. Essa pobre garota sem dúvida sofreu muito. Mas essa dor era uma que o próprio paladino conhecia talvez bem demais.

Ele a abraça de volta, alisando sua cabeça com uma mão, o que só a faz soluçar mais. O contato e o carinho que ela tanto desejava estava lhe sendo entregue ali.

Siegfried pensava que ela era pura, mas talvez isso não fosse verdade. Alire sofreu, e sofreu muito. Ela tinho sido manchada por traumas e não era perfeita como ele tinha antes pensado. Mas, ironicamente, saber que ela tinha passado por tudo isso e ainda conseguia esboçar um sorriso gentil para pessoas que ela mal conhecia só o fazia a admirar mais. Sem a armadura que os dois vestiam durante o dia, o abraço era quente e confortável.

Apesar de estarem tão próximos, os dois não coraram nem se envergonharam. Esse momento, apesar de doloroso, era verdadeiramente puro.

O paladino aperta o abraço, apenas esperando que isso o tornasse mais longo.

Cinco minutos depois, os dois voltam até o acampamento, e a clériga entra de volta na sua própria tenda, agradecendo ao rapaz por sua amizade.

Sieg anda de volta até a sua tenda, mas para, vendo a cabeça de Norman olhando pra ele da entrada da tenda do mago. O homem tinha sido acordado quando os dois jovens voltaram ao acampamento, já que ativaram o seu alarme mágico acidentalmente.

“Uhh….Norman….não é o que está pensando.”

O mais velho simplesmente dá um olhar de leve desprezo e irritação para o garoto, voltando então a dormir.

O menino suspira fundo.

“....droga.”

 

Os quatro finalmente chegam à cidade de Ordinance na manhã seguinte. Norman suspira fundo, um pouco irritado. Já que ele tinha usado seu pergaminho, não haveria uma maneira fácil de encontrar seu amigo. O mago decide simplesmente entrar numa taverna e perguntar à primeira pessoa que parecesse ter alguma noção da cidade, provavelmente o taverneiro.

A cidade era um tanto grande. Certamente maior do que a pequena vila de Mirna. Entrando numa taverna chamada O Cisne Azul, os quatro se aproximam da bancada.

"Com licença.", Norman diz. "Você sabe onde mora o druida daqui de perto? Um gentinha, gordo e sujo."

Siegfried levanta uma sobrancelha. O amigo de Norman era gordo e sujo? Essa era nova. Se bem que, pensando melhor, essa foi a primeira coisa que ele ouviu sobre essa pessoa.

O taverneiro simplesmente revira os olhos e anda até outro cliente, sem responder à resposta do mago, que franze as sobrancelhas.

"É muita falta de educação pedir informações sem nem olhar o cardápio antes."

Os quatro olham para onde a voz veio. Uma elfa alta, com um arco e uma aljava em suas costas, e um chapéu de abas largas em sua cabeça. Ela usa as duas mãos para prender o cabelo ruivo numa trança, seus braços protegidos por braçadeiras de couro e seu corpo por uma armadura de pele de animal.

Do seu lado, um urubu está sentado. Ele mastiga um pouco de carne crua.

"Ah...obrigado.", Norman fala.

A mulher dá de ombros, se levantando e andando para fora, deixando algumas moedas de cobre perto de um prato vazio. A ave voa até seu ombro e os dois desaparecem na cidade.

"Eu gostei dela.", Kairon diz, sorrindo.

O mago olha o menu e pede a coisa mais cara nele.

"Posso pedir um porco inteiro?"

Duas horas depois, os outros três inclinam suas cabeças sobre a mesa, tanto satisfeitos quanto exaustos de comer. Era óbvio que os jovens não estavam acostumados a comer com tanta fartura.

Norman estava em pé perto de onde o taverneiro servia os clientes. Ele deixa cair algumas moedas de ouro de sua mão. Algumas caem no chão aos pés do dono do estabelecimento, que resistiu à tentação de pegá-las. Mas era claro o que isso significava. Me diga o que eu quero e são suas.

"Onde está o druida que mora perto da cidade?"

"Ele está para o leste, não muito longe daqui."

"Alguma encrenca da parte dele?"

"Não que eu saiba."

"Alguma notícia sobre mortos vivos?"

"Não…"

"Hm.."

O homem faz que sim, contente.

"Diga para quem passar que zumbis e monstros estão mais à solta. Peça para tomarem mais cuidado, não é brincadeira."

"Tudo bem."

O mago se afasta, andando em direção à saída, e chamando os outros três, que logo se levantam e o seguem.

"Como vamos achar o seu amigo, Norman?", Siegfried pergunta, curioso.

"Ah, eu tenho o feitiço perfeito pra isso.", ele responde, abrindo seu grimório numa página que diz Skywrite.

 

Almiro estava bem tranquilo.

Ele descansava numa rede feita de folhas, galhos e algumas linhas de tecido que ele tinha conjurado com transmutação. Ele faz uma pequena magia e em sua mão surgem dez pequenas frutinhas do tamanho de uvas, que ele põe em sua boca uma por uma. Apesar delas serem mágicas e matar sua fome completamente na primeira fruta, Miro comia uma atrás da outra, simplesmente apreciando a experiência de comer.

Mais cedo, ele tinha visto um pássaro bem bonito. O pássaro deixou cair caca em cima de um macaco.

Miro achou isso bem engraçado.

Como ele sempre costumava fazer, o gentinha, tendo a metade do tamanho de um ser humano mas dez vezes o apetite, se perguntava se as frutas da cidade por perto eram boas.

A resposta óbvia seria que sim. Mas como sempre fazia também, Almiro se lembra que, por algum motivo estranho, as pessoas da cidade se irritavam pelos menores motivos, como comer comida que está por aí ou pegar as frutas de uma árvore qualquer. Elas gritavam com ele, mandavam ele lhes dar uma coisa estranha chamada "dinheiro" de volta. O que era isso? Comida? Será que era isso? As pessoas trocam comidas por outras na cidade?

Mas então, para que serviam aquelas moedas que as pessoas sempre têm no bolso e dão uns para os outros? Elas não são comestíveis, o Almiro já sabia muito bem.

Talvez ele tentasse trocar frutas na cidade, já que era assim que funcionava. Ou talvez não. Talvez o melhor fosse ficar por aqui mesmo, na mata. Se algum aventureiro aleatório precisasse de sua ajuda de vez em quando, ele poderia receber comida boa como pagamento.

Quando tinham cinco frutinhas sobrando, Miro lança todas elas na sua boca de uma vez só, de uma forma meio mal educada.

Ele preferiria ter ido atrás de frutas, mas a preguiça foi maior hoje. Ele põe a mão em sua grande barriga e relaxa, abrindo um pouco a túnica de couro para poder respirar melhor, e deixando sua outra mão debaixo da cabeça, onde seus cabelos bagunçados e sujos estavam.

Almiro estava bem tranquilo, até olhar um pouco mais para o céu.

As nuvens tinham um formato engraçado e familiar. Uma delas parecia uma letra. Outra também. E mais outra.

Miro sabia ler, mas como não havia necessidade de praticar, ele era um pouco lento em sua leitura. Por causa disso, ele demora um pouco para decidir que vai ler as várias nuvens no céu que estão tomando a forma de letras uma ao lado da outra.

"ALMIRO, SEU GORDO IMUNDO! VENHA AO PÉ DA MONTANHA IMEDIATAMENTE!"

Ele para e pensa um pouco. O que será que isso quer dizer? Bem, só tem um jeito de descobrir.

Quer dizer...daqui a cinco minutos. Ele tinha acabado de comer, afinal de contas.

 

“Já faz uma hora que você usou aquele feitiço.”, Kairon diz, sentado e entediado.

“Ele vai aparecer. Qualquer coisa, eu uso de novo.”, o mago responde.

Kai suspira, sua cauda batendo levemente na pedra em que ele se sentava. Estava o maior tédio.

“Eu ainda acho que você exagerou um pouco com ele. Não acha que ele vai ficar magoado ou irritado?”, Alire pergunta.

Norman ri levemente.

“Aquele cara não ficaria irritado nem se você jogasse água na roupa dele. Só não pegue na comida do Miro e vai ficar tudo bem.”

“Ele gosta de comer?”, indaga o paladino.

“Ah, muito. Mais do que os outros gentinha, eu diria.”

“E você está dizendo que essa é a pessoa que pode lhes ajudar a achar uma resposta para o pergaminho velho?”, Kairon pergunta, nada impressionado.

“Sim.”

O ladino revira os olhos. De todas as pessoas que poderiam ter sido úteis para eles, o tiefling não esperava que Norman procuraria alguém que literalmente vive na mata.

Até que todos escutam um barulho muito estranho vindo dos céus. É um bater de asas mas...parece um pouco sofrido.

Os olhos da equipe se movem para o alto e eles vêem uma coruja. Uma coruja que, na verdade, era bem gorda. Ela bate as asas com dificuldade mas voa até onde eles se encontram, pousando no chão e se sentando lá.

Todos congelam, confusos, exceto pelo mago, que cruza os braços.

“Você se atrasou. Pra caramba, Miro.”

Os outros três piscam os olhos, até que a coruja se transforma num gentinha cansado. O pequenino homem na frente deles não era tão gordo quanto eles esperavam, mas ainda possuía uma pança redonda.

Ele se levanta lentamente e dá um legal com a mão direita.

“Almiro Pésdescalços ao seu dispor.”, ele diz, então olhando para o homem mais velho. “Ah, Norman, como vai?”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Se lembrem de deixar seus comentários, por favor! Ajudam muito a dar aquele calorzinho no coração!
Amo vocês! S2