Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 7
Quinhentas Moedas


Notas iniciais do capítulo

Quentinho do forno! Espero que gostem desse capítulo!
Se lembrem de deixar os seus comentários, seu povo bunitu!
Até!



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“Ué? Tu quer minha ajuda?”, Miro pergunta, enquanto os cinco andam pela floresta.

“Eu acho que fui claro o suficiente. Vamos.”, Norman diz, enquanto eles se movem pela floresta. “Temos coisas que eu acho que você consegue ler. Não quero perder tempo explicando isso de novo.”

O grupo começa a atravessar um pequeno riacho, que possui apenas uma tronco como ponte e algumas pedras com as pontas acima da superfície da água.

Norman, que ia a frente, simplesmente pula em cima do tronco e começa a andar até o outro lado, completamente confiante. Ele chega do outro lado sem se molhar.

“O resumo é que tem algo sinistro acontecendo em Lore. E quanto mais tempo perdermos andando em círculos mais pessoas podem acabar em perigo.”

“Mas como você tem tanta certeza disso, Norman?”, Almiro pergunta, saltando no tronco e se movendo rapidamente de quatro sobre a madeira, para mais segurança. Ele pula no chão do outro lado e cai em pé, sua pança rechonchuda balançando um pouco.

“Enfrentamos um necromante recentemente que possuía uma tropa de mortos-vivos muito maior do que ele teoricamente deveria ter. Ele era um ordinário, um medíocre. De maneira nenhuma que deveria conseguir controlar vinte monstros daqueles.”

Kairon pula, casualmente indo de salto a salto entre as pedras, e chegando do outro lado sem nenhum problema.

“Tá, mas o que é que isso tem a ver comigo? Não estou entendendo porque isso faz você precisar de minha ajuda especificamente.”, Miro pergunta.

Siegfried oferece uma mão à Alire e os dois sobem em cima do tronco, atravessando juntos.

“Você sabe ler élfico, não sabe?”

Norman se vira para o seu amigo gentinha.

“Olha, é um pergaminho muito antigo. Acho que você pode restaurar ele a uma condição melhor.”

“Ah….hm. Acho que posso usar alguma magia de transmutação ou divinação.”

“Ótimo. Vamos precisar disso.”

Siegfried perde um pouco o equilíbrio, mas Alire o segura. O paladino fica envergonhado, já que ele tinha sido quem ofereceu ajuda e segurança.

Os outros três se viram para olhar a cena justamente quando o tronco desliza um pouco. Os dois jovens perdem o equilíbrio e ambos caem no pequeno riacho, provocando risadas dos três homens do outro lado do rio.

Norman limpa uma pequena lágrima do olho, que escapou durante a risadaria, e sorri.

Alguns minutos depois, eles seguem caminhada. Sieg e Alire deixam para trás pegadas molhadas.

“E vocês? Quem são?”, pergunta Miro, caminhando contente do lado dos outros.

“Kairon.”, o tiefling diz, fazendo que sim com a cabeça.

“Alire.”, responde a meia-elfa, acenando timidamente.

“Siegfried Graham Maxwell! Eu sou um paladino!”

O druida levanta uma sobrancelha a isso.

“Paladino? O que é isso?”

O rapaz sorri, enchendo o peito e pondo o punho do seu lado.

“Eu sou um guerreiro da justiça, que vive para destruir monstros e mortos-vivos!”

A sobrancelha do gentinha permanece levantada.

“E qual é a graça nisso? Você mora na cidade, né?”

Siegfried franze as suas próprias sobrancelhas.

“Huh? Sim, por quê?”

“Gente da cidade tem gosto estranho.”, Miro diz, andando para frente, deixando o jovem para trás, confuso e levemente indignado.

Kairon congela.

Ele levanta a mão, alertando todos os outros, que fazem o mesmo.

Silêncio total.

O cabelo da cabeça e do corpo de Almiro fica eriçado, como um felino pressentindo algum tipo de ameaça.

O tiefling faz um gesto, levando seus companheiros para fora da estrada e para dentro da mata, onde eles se sentam.

Há um barulho alto de grama e gravetos sendo esmagados. Algo estava se movendo por lá.

Eles procuram de onde pudesse estar vindo, mas não têm certeza.

Miro se transforma numa cobra, escalando uma árvore que estava perto e procurando uma posição mais avantajada.

Uma sombra larga se aproxima da escuridão da floresta, e todos os quatro ainda no chão suam frio.

“Se abaixem!”, grita Kairon.

Vários objetos passam zunindo por perto da cabeça da equipe, que se abaixa no chão, logo se dividindo e se dispersando.

Kairon se senta, tomando cobertura numa árvore. Um pouco de energia mágica surge das mãos do ladino, que arremessa um pequeno raio de gelo na criatura.

Assim que faz isso, o jovem vê vultos voando rapidamente em sua direção, desviando logo e ouvindo outro zunindo passando. Ele escuta uma série de baques do outro lado do tronco, algo que lhe lembrou o barulho que alvos faziam quando ele lançava suas facas neles.

Ele se expõe levemente para olhar e vê uma mantícora, uma fera com corpo de leão e com uma cauda longa, pesada e cheia de espinhos.

Um espinho voa em sua direção, sendo arremessado da cauda da criatura e pegando o ladino desprevenido. Ela bate em seu chifre, o deixando um pouco atordoado, mas não o suficiente para impedi-lo de se esconder.

Kairon leva uma mão até o chifre, que arde dolorosamente, e percebe que este agora está com um arranhão.

“Ah, fala sério!”, ele resmunga um pouco alto, até perceber que a criatura se aproximava dele em alta velocidade.

A mantícora ruge e corre em direção à o tiefling, até que um urso demasiadamente gordo cai de cima das árvores e aterrissa em cima do monstro. O felino solta um grunhido de dor quando um urso negro de tresentos quilos cai sobre ele, logo após sendo alvo de mordidas da fera.

Miro, em sua forma de urso, cessa seu ataque quando sente adagas de queratina perfurando suas costas três vezes. O monstro arremessara seus espinhos nele enquanto era atacado, numa tentativa desesperada de se libertar. O druida foge, um pouco ferido.

Siegfried salta de seu esconderijo e desfere um golpe no rosto do monstro. A espada cria um corto em seu olho direito e a criatura urra de dor, atirando várias de suas agulhas mortíferas no paladino, que as bloqueia com seu escudo. Espinho depois de espinho, todos vão ficando presos no escudo, o deixando mais pesado.

Norman corre para a luta e conjura uma magia, criando uma esfera de eletricidade em sua mão.

"Lightning Bolt!"

Um relâmpago surge de suas mãos, atravessando e eletrocutando a mantícora, enquanto chamusca e destrói outras árvores numa linha reta.

A fera, já furiosa, transforma seus gritos de dor em fúria, se virando para o mago. Ela corre e lança mais dos seus virotes malignos, e o mago põe uma barreira mágica para se proteger.

"Norman!", Siegfried grita, correndo até ele.

A barreira não consegue impedir o ataque da criatura, e o mago é perfurado por dois dos três espinhos. Um atinge seu torso e outro a palma de sua mão. Norman deixa escapar um grito de dor e cai no chão, levando sua mão ainda saudável ao ferimento.

O paladino se põe entre a fera e o seu amigo, cortando fora os espinhos em seu escudo com a espada em suas mãos.

Atrás dele, Kairon arrasta o mago de volta para a segurança, onde Alire começa a tratá-lo, removendo o espinho com cuidado e usando sua magia de cura.

A mantícora lança mais de seus espinhos letais, terminando de destruir o escudo de Siegfried. O paladino sua frio. Ele segura a espada com as duas mãos e imediatamente a usa para refletir um espinho mirado no garoto, mas a força entorta um pouco sua arma e joga os seus braços para trás. Ele está desprotegido.

O monstro se prepara para saltar em cima dele até que vinhas crescem numa velocidade extraordinária, se enrolando no corpo da fera e a impedindo de se mover. Almiro surge da mata, com as mãos abertas em direção à criatura e, surpreendentemente, sem nenhum arranhão.

Essa era a oportunidade pela qual Sieg esperava. Ele parte em disparada até a mantícora e desfere um golpe horizontal com a sua espada quebrada. Para sua surpresa, porém, o monstro revida e morde a arma, a partindo em dois e fazendo a própria boca sangrar. O paladino congela. Ver a fera destruir suas duas ferramentas de combate assim lhe preenche de terror.

Ele sai de seu transe quando percebe que Kai ainda arremessa adagas e magias na mantícora. Sieg leva sua espada quebrada e toma cobertura atrás das árvores.

Justamente quando parece que as vinhas vão ser rompidas, uma rajada de flechas desce do céu e atinge as costas do monstro. A equipe olha para cima e vê a elfa de antes, com seu urubu, colocando mais uma flecha em seu arco.

Um espinho voa em sua direção, partindo o arco ao meio mas sem a machucar. Ela pula pelas árvores para procurar segurança enquanto os outros distraem o monstro.

A mulher para, olhando para seu arco quebrado e grunhindo de raiva.

"Tudo bem. Você que pediu…", ela diz, tirando uma besta pesada de suas costas e colocando um virote. Hora de esperar o momento certo.

Siegfried aproveita a chance e corre até a mantícora com sua espada quebrada. Ele dá um grito de fúria e sua espada brilha com poder divino e com um poderoso corte, a cauda espinhosa do monstro é decepada.

A dor e a adrenalina enchem a criatura de novas energias e ela rompe as vinhas que a prendiam, correndo loucamente até Miro, que se joga no chão para evitá-la, sem muita sorte. A besta-fera corre até ele, que, ainda no chão, encontra um galho grande e longo e o fortalece com magia.

"Shillelagh!"

O galho endurece e toma a forma de um bastão, e o gentinha bate no olho esquerdo e saudável da criatura, que enlouquece com sua visão destruída. Ela levanta uma pata cheia de garras para atacar o pequeno homem, até que um virote pesado a atravessa.

Kairon corre por trás da fera e, numa velocidade impressionante, amarra as duas pernas traseiras dela com uma corda resistente, a puxando e a imobilizando parcialmente, apesar dos corte, arranhões e patadas que levou.

Um, dois, três virotes penetram nas costas da mantícora, enquanto Siegfried enfia o que sobrou de sua espada no lado de seu abdômen.

Alire, que terminou de cuidar de Norman, vê o paladino desarmado e grita.

"Siegfried! Pega!", ela diz, jogando sua maça para ele.

O jovem pega a arma que lhe foi entregue e imediatamente a desce diretamente no olho direito do monstro, enquanto Almiro faz o mesmo no olho esquerdo. Ambos, cheios de adrenalina, batem repetidamente no rosto do monstro até perceberem que finalmente está morto.

Todos caem no chão, se sentando, exaustos.

A elfa desce de cima das árvores com seu urubu, que tira um pedaço da carne exposta do monstro. Ela olha para os membros da equipe.

"Vou levar a cabeça dele."

Siegfried, ofegante, franze o rosto.

"Você? Por quê está aqui?"

A moça simplesmente põe sua besta nas costas, puxando um cutelo.

"Vim para caçar essa criatura."

"Sem dúvida por causa de uma recompensa.", Kairon diz, sorrindo apesar de estar irritado. "Imagino que não planeja dividir o dinheiro conosco."

"Não era meu plano me beneficiar de vocês. Se isso aconteceu, não foi minha intenção.", ela diz, secamente.

"Mas nós fizemos a maior parte do trabalho."

Ela suspira e dá de ombros, se abaixando e cortando fora uma presa da mantícora e a lançando a Kai.

"Você tem que estar de brincadeira conosco.", ele diz.

"Qualquer um que conseguir arrancar fora uma dessas muito provavelmente não enfiou a mão na boca de um monstro vivo. Peçam uma recompensa à coroa real, eu levo a cabeça."

O tiefling estala a língua com desgosto, pegando sua própria cauda e examinando a ponta. Pelo menos eles podiam levar a cauda do monstro também.

A moça começa seu trabalho sujo enquanto Alire se aproxima, dando apoio a um Norman cheio de bandagens em seu abdômen e mão. Depois que ela termina, ela põe a cabeça num saco e o guarda.

"Ei.", Norman diz, chamando sua atenção. A elfa se vira para ele.

"Qual o seu nome?"

Ela olha para o mago por um tempinho, depois lhe responde.

"Jessabella. Jessabela Belamira.", diz a arqueira, ajeitando seu chapéu de abas largas, ainda com uma expressão um tanto fria.

"Obrigado pela sua ajuda. Agradecemos muito.", Alire lhe diz, sorrindo. Siegfried faz que sim, concordando com a meia-elfa.

Há um pequeno, quase imperceptível brilho nos olhos da elfa, que quase parece mostrar gratidão pelas palavras da clériga.

"Hmph. Não me agradeça. É um serviço que alguém tem que fazer."

Com isso, ela se vira e começar a partir, gesticulando para seu companheiro animal.

"Vamos, Carniceiro!"

A ave voa para seu ombro e repousa lá. Pouco tempo depois, ela some na estrada, deixando a equipe sozinha.

Kairon suspira fundo.

"Talvez eu não goste tanto dela afinal de contas."

 

Os cinco chegam à cidade, um pouco doloridos. Norman mais do que os outros.

Siegfried olha para a sua espada e o seu escudo quebrados e suspira.

“Bem, pelo menos acabamos de ganhar algum dinheiro com isso.”, Kairon diz, levantando e olhando a presa do animal. “Parabéns para nós, eu acho.”

Miro bate palmas cinco vezes, sem qualquer ironia.

Norman se aproxima do jovem e lhe dá um pequeno tapinha no ombro.

“Não se preocupe. Vamos comprar novos pra você.”

Sieg sorri e faz que sim com a cabeça.

“Mas que perigo danado foi aquele, ein?”, diz Almiro. “Quase que aquele bicho te pegou de jeito, não é, Norman?”

“.....eh, não. Eu estou bem.”, o mago responde. Algo sobre a tranquilidade dele apesar de ter possivelmente morrido era um pouco….estranha para o Miro. “E você? Ele te acertou também, não foi?”

“Ele me acertou, mas enquanto eu era um urso. Minhas feridas como urso não se transferem para meu corpo humanóide.”, ele diz, sorrindo. “Depois, quando eu me transformo de novo, estou bem.”

“Que magia útil.”, Kairon diz.

“Sim! Eu gosto de virar um pássaro e pegar emprestado alguns biscoitos de vez em quando.”

Todos levantam as sobrancelhas para ele, exceto Norman, que já conhecia o gentinha muito bem.

Nesse momento, a equipe percebe que está sendo rodeada por guardas.

Vários deles se aproximam, mantendo seus olhos na equipe. Algo não está certo. 

Um deles se aproxima e puxa uma espada. Ele tem um tapa olho e parece estar com pouca paciência.

“Você.”, ele diz, para o tiefling. “Venha conosco. Você está preso.”

Os outros começam a suar. Mas Kairon simplesmente sorri.

“Ah, sério? E quais são os meus crimes?”

“Roubo, assassinato e outras ofensas. Sabemos que você vêm roubando e matando inocentes na estrada para cá.”, o homem diz, completamente frio.

Kairon levanta um dedo e o balança, fazendo que não.

“Acredito que não, meu amigo. Não nego que peguei emprestado algumas moedas para sobreviver, mas não matei ninguém, e quem eu quero morto estão longe daqui.”, diz o ladino, mantendo o sorriso aberto.

“Vimos os corpos de pessoas na estrada. Não adianta mentir.”, o capitão da guarda diz, olhando para os outros. “E se algum de vocês se colocar no nosso caminho, vão para a cadeia junto de seu amiguinho.”

“Mas eles eram mortos-vivos! É verdade, o Kairon não matou ninguém!”, Siegfried fala, aumentando o tom de sua voz, o que o capitão claramente não aprecia.

“Quem é você?”, ele pergunta.

Sieg põe a mão no peito, onde o seu coração está.

“Siegfried Graham Maxwell. Eu juro pela minha honra como paladino da devoção que o meu amigo aqui é inocente. Se ele tiver matado estas pessoas como você falou, eu nunca mais ponho uma espada em minhas mãos!”

Todos olham para o jovem, um pouco surpreso. O sorriso de Kairon se desfaz. Ele estava feliz por tanta confiança em si, mas…

“Sinto muito, garoto. Mas alguém tem que pagar pela morte daqueles inocentes. E seu amigo já admitiu ser um ladrão.”, o homem lhe diz.

O paladino cerra os dentes, preocupado.

Kairon vê isso e suspira. Ele dá um passo à frente.

“Temos provas.”

O jovem tiefling para, olhando para Norman. Inconscientemente, a sua cauda se mexe uma única vez.

“Dentro da montanha cinzenta da floresta, onde uma mina costumava existir. Lá vocês acharão um corpo em cinzas e utilidades mágicas. Um necromante vivia lá.”

O capitão levanta a sobrancelha, curioso.

“Como tem certeza de que ele é o responsável?”

“Vocês notaram a condição dos cadáveres? Viram como estavam deformados e putrefatos? Era obra de magia. Fomos atacados pelo necromante.”

“Hm. Interessante.”

O capitão embainha sua espada.

“Entendo. Vocês estão sendo muito cooperativos. Mandarei um pequeno esquadrão lá para me certificar. Até lá, não saiam da cidade, ou iremos atrás de vocês.”

Norman faz que sim.

“Tudo bem.”

“Infelizmente, o ladrão ainda precisa vir conosco.”

O mago levanta a mão.

“Qual a fiança dele?”

Kairon abre os olhos completamente.

“Quinhentas moedas.”, o capitão diz.

Norman tira um pequeno rubi de seu bolso e o arremessa ao capitão, que o pega sem dificuldades.

“Uma dessa deve custar setecentas. É o suficiente para cobrir a fiança e mais qualquer tipo de danos, não é?”, ele pergunta, mantendo seus olhos no guarda.

O homem olha bem para a pedra e a guarda.

“Sim...muito bem. Seu amigo receberá anistia. Só não saiam da cidade até que sejam permitidos.”

O capitão da guarda gesticula para sua pequena tropa e todos eles marcham, deixando a equipe à sós novamente.

Assim que os guardas desaparecem, Miro coça a cabeça.

“Não entendi nada.”

“Por quê fizeram isso?”, Kairon pergunta, olhando para Sieg e Norman.

“Huh? Porquê eu lhe ajudei?”, o paladino pergunta de volta.

“Não precisava ter jurado algo daquele tipo. Até onde você sabe, eu poderia ter matado alguém sim.”, ele diz, um pouco pensativo.

“Bem, você é meu amigo. Eu acho que dá pra confiar em você.”

Kai pensa um pouco nas palavras do jovem, que não parecia estar notando nada de especial nelas.

Norman simplesmente anda até o lado de Kairon.

“Parabéns para você, eu acho. Acabou de lucrar quinhentas moedas.”, diz o mago, sorrindo e andando em frente.

Alire segue os dois, sorrindo para Kairon, que fica um pouco para trás, remoendo o acontecimento.

“Que tal irmos comer alguma coisa?”, o mago pergunta, já sabendo da resposta. “Acho que todos se saíram bem hoje.”

Os sorrisos no rosto dos outros se abrem, mas não tanto quanto o de Almiro.

“Eu quero!”

 

Os cinco se sentam ao redor de uma mesa, e está anoitecendo. Kairon, Alire e Siegfried estão pasmos com o quanto o druida come. Ele não toca muito a carne, mas qualquer outra coisa que chegasse à mesa era rapidamente devorada.

“Deixa um pouco pra eles, Miro.”, Norman fala. “Não quero que seja daquela outra vez em que você quase faliu um estabelecimento que fazia rodízio.”

“Mas Norman! Isso daqui é muito bom! Olha!”, ele diz, tentando levar uma batata assada ao rosto do mago, que empurra a mão dele para longe.

“Para! Ah, seu louco!”

“Não entendo vocês da cidade. Sabiam que a gente precisa comer bastante quando tem comida pra quando faltar a gente poder sobreviver ao inverno?”, ele responde.

“Isso é porque você provavelmente é a razão da comida faltar! Você sabe o quanto você já comeu?!”

As outras pessoas da taverna olham para a mesa dos cinco, mas a equipe não se incomoda.

“Pelo menos eu não mastigo essas ‘moedas’ que nem essa gente maluca!”

“Ninguém aqui mastiga moedas! São metais! Ninguém come metais!”

“É isso que estou tentando dizer!”

O mago suspira e abre o seu grimório.

“Você se alimenta olhando pra esse troço, é, Norman? Vai morrer de fome! Esses seus braços molengas vão virar pó!”

A paciência do mago se acaba, e ele puxa a orelha do gentinha.
“Ora, sua criança!”

“Eu sou mais velho que você! Ai!”

“Norman...como você e o Miro se conheceram?”, Sieg pergunta.

Os dois param de discutir por um momento para olhar pro paladino.

“Bem, um belo dia eu fui atacado por uma quimera e o Norman me salvou.”, diz o druida. “Vocês deviam ter visto. Ele desintegrou a coisa como se não fosse nada!”

Os outros três levantam sobrancelhas. Desde quando Norman sabia fazer isso?

“Porquê não desintegrou a mantícora, então?”

O mago volta a olhar para o seu grimório, pegando um copo de água e bebendo.

“Não sei. Não tinha a magia preparada.”

Todos os quatro olham estranhamente para ele, mas ele não esboça reação.

Depois de comer, Miro põe as mãos no papiro antigo que Norman encontrou. Ele lê por um bom tempo.

“Bem, isso está em péssimo estado.”

“Entendo.”, Norman responde.

“Mas é um pouco confuso. Eu tenho…”, Almiro começa a falar, levantando os olhos. “...quase certeza de que isso é druídico.”

“Como?”

“Bem...não posso lhe explicar como é nem se quisesse, mas vamos dizer que a escrita por cima, em élfico, não significa nada. Ela só está aqui para lhe enganar e lhe dar uma ilusão de significado. O que o papel realmente está querendo dizer é algo no próprio papel.”

“E como que você sabe disso?”

“Druídico não é uma linguagem comum. Ela não se dá por letras ou escrita. Se dá por significados, expressos de uma maneira secreta e mágica. Mas…você disse que um vampiro tinha isso? Não entendo…ensinar druídico para não-druidas é um tabu.”

Norman leva a mão ao rosto. Ele estava certo. Algo está acontecendo e é muito errado.

“E o que diz?”

“Bem...a tradução do significado seria algo como…”

Miro pensa.

“Como?”, o mago pergunta.

“O que está morto se levantará para reinar este mundo em trevas. Atenda ao seu chamado ou a lua de sangue lhe pintará de carmesim.”


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Notas finais do capítulo

Eita.

Comentem, galerinha! Espero que vocês continuem seguindo essa história! Está sendo muito gratificante ler os comentários de cada um de vocês!