Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 4
Quatro Sombras


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, galerinha! Espero que estejam gostando da história até aqui!
Eu vejo que tem um baita pessoal lendo além do que os comentários revelam, hahaha! Por favor, deixem um comentário se não for pedir demais!
O personagem que aparece neste capítulo pertence à Leite!
Aproveitem!



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O sol do meio dia se levantava. Norman pisa em cima da cabeça em decomposição do zumbi.

“Hm….isso não é normal.”

Siegfried levanta o seu olhar da espada que ele estava polindo, dando uma boa olhada para o mago.

“Como assim? É só um morto vivo. Eles são bem comuns, não?”

“....sim. Mas veja.”

O homem chuta parte do braço decepado da criatura com o mesmo pé em que pisava no seu rosto.

“Tem algum tipo de magia ou veneno em suas garras. O fato de que ele possui garras já é algo com que se preocupar. Você nunca viu um ser humano com garras, não é?”

Siegfried leva a mão ao queixo.

“Bem...algumas outras raças humanóides possuem garras.”

“Mas o morto-vivo era claramente humano. Tem alguma magia poderosa transformando ele a esse nível.”

O paladino deixa a ponta da espada descansar sobre o chão. Ele olha para o morto-vivo fixamente, seu rosto congelado numa expressão de indiferença. Mas dentro dos seus olhos, uma faísca de expectativa e sede de desafio começava a se transformar numa poderosa chama. Os ombros do mago tremem um pouco.

“Ugh. Não gosto desse olhar na sua cara.”

Siegfried simplesmente levanta uma sobrancelha para o seu amigo, fingindo não entender do que ele está falando.

Alire termina de trazer faixas brancas para pôr no braço de Norman, e logo após fazê-lo, ela olha para o morto-vivo.

“....precisamos nos cuidar mais. Quase passamos por maus bocados ontem. Por sorte permanecemos em pé.”

“Menos eu.”, Norman responde a ela.

“Menos você.”, Siegfried diz.

Há um momento de silêncio, então a clériga sorri.

“Bem...acho que isso é bom, de alguma forma, não?”, ela diz. “Agora temos alguma certeza maior de que algo errado está acontecendo. Teria sido pior se não soubéssemos nem pudéssemos fazer nada sobre.”

O otimismo dela não falha em fazer os outros dois sorrirem.

Os três pegam o seu equipamento e deixam o local.

 

Algumas horas depois, a equipe continua a adentrar as florestas de Lore. Uma névoa se expande pela floresta inteira, e o silêncio predomina no local.

Os três mantêm os seus olhos em todos os lados. Algo estava muito errado.

“Não gosto nem um pouco disso. O que diabos está acontecendo aqui?”, Norman lança a pergunta ao ar.

“Não sei. Essa floresta sempre foi assim?”, Siegfried pergunta também.

O mago balança a cabeça.

“O caminho de lá pra cá sempre foi o mesmo. A essa hora do dia, essa floresta deveria estar fazendo mais barulho que uma dashfonok no meio da noite.”, ele diz.

Os outros dois viram os seus olhos para o mago, levantando ambos uma sobrancelha. O homem demora um pouco para perceber.

“Hm? O que foi?”

“O que significa isso?”, Sieg lhe pergunta, inquisitivo.

“O quê?”

Dashfonok.”, ele repete. “O que significa isso?”

“É uma palavra em dracônico.”

“Eu percebi. Mas o que significa?”

Duas engrenagens enferrujadas na cabeça do evocador se movem lentamente. Norman do nada fica com a cara um pouco mais vermelha.

Nada! Não significa nada nem é da sua conta! Agora cale a boca e vamos lá!”, o mago explode repentinamente, mantendo um passo acelerado à frente dos outros dois, que simplesmente balançam os ombros.

Alire se move na frente, e Siegfried segue a seu lado. Ele coça um pouco a parte de traz da sua cabeça e olha para a meia-elfa, que mantém os seus olhos à frente. A atitude de Norman, apesar de surpreendente, foi engraçada, e por isso diminuiu o peso nos ombros dos dois. Ela já está sorrindo de novo.

“Você não está mais com medo?”, ele fala, um pouco mais baixo para manter a conversa entre os dois.

A moça vira o rosto um pouco para olhar para ele, e balança a cabeça.

“Não, não. Estou melhor. Acho que o jeito que Norman está agindo me acalma um pouco!”, ela diz, rindo um pouco.

“É bem estranho mesmo!”, ele responde, rindo um pouco também. “Quase dá pra esquecer que essa floresta está bem sinistra.”

Ela faz que sim.

“Mas tudo bem. Acho que podemos lidar com qualquer problema que aparecer. E se não, podemos tentar fugir e lutar outra vez depois.”

“Claro! Viver pra lutar outro dia…”

Alire faz que sim novamente.

Os dois andam mais um pouco na floresta, enquanto Norman ainda resmunga raivosamente à frente. O jovem se lembra de como a palavra que ele usou estava em dracônico.

“Mas não sei se conseguiríamos lidar com um dragão.”, Siegfried diz.

A meia-elfa ri.

“Acho que não, também. É um pouco demais pra nós.”

A garota anda um pouco mais para frente e se vira, fitando o garoto.

“E se aparecer um dragão aqui? O que você vai fazer?”

Sua pergunta com certeza o pegou desprevenido.

“Se aparecer um aqui?”

“Sim.”

“...bem…”, ele pensa, corando um pouco. “...eu te protejo.”

Alire ri bem alto, deixando Sieg apenas mais vermelho.

“Você é bem engraçado!”, ela lhe diz. “Achei que seria isso que você iria dizer.”

“É sério!”, ele diz, pondo o pé no chão. “Pode confiar em mim!”

“Ah, eu confio.”, a clériga sorri. “Mas é bom ouvir isso de você.”

Há um silêncio por um momento. Ela se vira novamente e continua a caminhar para frente. Siegfried se prepara para acompanhá-la antes de sentir alguma coisa atrás de si mesmo.

Ele se vira rapidamente e vê um vulto passando de perto da sua cintura diretamente para cima de si mesmo. O garoto põe a mão no bolso de trás e sente que sua carteira sumiu. Com um suspiro súbito, ele olha para cima e vê sua carteira voando até a mão de uma pessoa escondida entre as folhas da árvore. O vulto salta de sua posição nos galhos e começa a se mover pela floresta, para a surpresa do paladino.

“Norman! Acabaram de me roubar!”

O mago se vira lentamente para a direção do garoto, quase pensando que ele está louco, até que ele passa correndo em sua frente, atrás do criminoso.

Siegfried bate em perseguição do batedor de carteiras. Enquanto ele o faz, o guerreiro pensa bem no porquê de haver alguém assim numa floresta tenebrosa como essa. Ele nem tinha certeza de como seu dinheiro havia sido roubado.

Se essa floresta nem sempre foi assim, o que isso significava? Por acaso seria essa pessoa responsável pela névoa de alguma maneira? Seria esta uma ilusão mágica, talvez? 

Mas...para bater carteiras?

O jovem balança a cabeça e se foca em correr, mas a cada passo que ele dá em sua pesada armadura, o ladrão pula o dobro da distância pela floresta. Ele range os dentes e começa a gritar:

“Seu verme! Volte aqui com a minha carteira antes que eu lhe enfie numa cela!”

Enquanto ainda desferia insultos que o vulto não se importou de escutar, outra sombra passa pelo lado do cavaleiro, correndo atrás do batedor à todo vapor.

“N...Norman?”, Siegfried pergunta a si mesmo, ainda correndo atrás deles.

O mago dá um salto enorme, fechando os olhos e  cruzando uma distância que nem o próprio paladino cruzaria sem sua armadura. Um revestimento de vento surge de seus pés, o carregando mais rápido do que ele seria capaz normalmente. Os passos de Norman se tornam leves e a resistência do ar passa a ser nula. Ele se move com a graça de uma garça, abrindo os olhos novamente:

“Longstrider!”

O ladrão olha para trás e percebe que ele está sendo alcançado e sorri. Um desafio sempre vinha a calhar.

Ele dá um salto longo pelos galhos e mira uma magia no meio do caminho do mago, criando uma nuvem de fumaça para bloquear sua visão.

“Fog Cloud!”

Norman rapidamente faz um gesto com as mãos, e ao abrí-las para os lados, um poderoso vento parte a fumaça, a dividindo pela metade pouco espaço à frente do mago.

"Gust!"

Ele levanta as sobrancelhas, surpreso.

A fumaça não estava lá para fazer ele hesitar, mas para impedir que ele visse a enorme pedra logo à sua frente. Nessa velocidade, ele iria colidir com a rocha, e forte.

Ao olhar para o lado, ele percebe o ladrão pulando para a direita, com um sorriso estampado no rosto. Ele finalmente desce das árvores e cai até a estrada.

Dois segundos antes de atingir a rocha, Norman faz uma última, veloz magia, e seus olhos brilham com poder. Todo o seu corpo vira fumaça em questão de meip segundo.

O ladino vê isso enquanto corre e levanta uma sobrancelha, curioso. A fumaça se move em velocidades extremas até o meio da estrada, bloqueando a passagem do adversário de Norman.

“Misty Step!”

O mago deixa sua forma gasosa, se recompondo de maneira sólida, e assume uma posição de combate perto do criminoso.

“Deixe a carteira, e todas as outras coisas que você tiver roubado, e vá embora. Eu não vou te ferir se você cooperar.”

É só nesse momento que Norman consegue dar uma olhada melhor no seu inimigo. Um ladino Tiefling, meio humano, meio demônio, com chifres finos escapando de sua cabeça, no meio de seus cabelos negros, dando um toque mais infernal à sua aparência, junto de sua pele vermelha e levemente áspera .

O que mais intrigava o homem era a sombra de um sorriso que sempre habitava o rosto do ladino. O que é que era tão engraçado assim?

“Tá rindo do quê?”

“Nada.”, diz o tiefling. A resposta que foi lhe dada foi, estranhamente, tingida com educação e elegância, o que só aumentava sua confusão. Para alguém ser um batedor de carteira mas estar vestido de maneira tão nobre só fortalecia a confusão do mago.

“Olha, se isso daqui é o seu passatempo da tardezinha, então sugiro que encontre outro. Seus pais não vão poder cobrir os custos de sua fiança toda vez que quiser emoção.”

O ladrão solta uma breve gargalhada.

“Não se preocupe. Meus pais nunca fariam isso por mim. Mas não tenho nenhuma intenção de ser preso.”, diz ele, com uma voz macia mas traiçoeira.

O ladino puxa uma adaga de seu bolso e a gira em sua mão direita velozmente. Ele era claramente perigoso.

“Hmph.”

Tudo acontece num instante.

Norman estende suas mãos para o criminoso, preparando uma magia. Porém, antes que ele consiga dispará-la, uma faca é lançada em direção à seu olho, das mãos do habilidoso ladrão.

Por sorte, o mago se esquiva por um fio, tendo sua bochecha esquerda levemente cortada pela arma.

O ladino parte para cima com uma agilidade impressionante. Ele revela uma adaga oculta de sua manga esquerda, focando seus olhos amarelos no pescoço do homem. Qualquer coisa que fosse lançada das mãos do mago, ele aguentaria, independente da dor. Assim, poderia alcançá-lo, atingí-lo com um golpe certeiro e assegurar sua escapada.

“Sleep!”

Os olhos do tiefling piscam quando uma fumaça prateada surge das mãos de Norman, se forçando em suas narinas e adentrando seus pulmões. Ele, pouco a pouco, diminui o ritmo de seus movimentos e cai no chão, induzido a um sono profundo.

Siegfried finalmente alcança os dois e nota a sua carteira no bolso de trás do criminoso adormecido. Ele franze as sobrancelhas.

“Espera...você que fez isso com ele?”

O mago limpa o sangue descendo de sua bochecha e ajeita seu chapéu.

“Hm…? Sim, fui eu, é claro.”

“Ooooh…”

O paladino se aproxima da figura estirada no chão e a observa. Ele parece estar tendo um ótimo sono.

“Você pode fazer isso comigo também, depois?”
“Não.”

 

Karion acorda, mas ele está de cabeça para baixo. Ele tenta se mover, mas sente as amarras nos seus braços, pernas e torso resistirem. Ao mexer um pouco a cabeça, o tiefling a bate no tronco em que está amarrado.

“Ah, que ótimo. Não estou morto.”, ele diz, sorrindo, apesar de sentir o sangue descer até seu cérebro um pouco, por estar amarrado com os pés para cima. “Estou surpreso. Uma pessoa normal já teria aberto minhas tripas a essa hora.”

“Felizmente, não estamos interessados em suas tripas.”, o mago diz.

Karion pensa um pouco. Ele poderia usar suas chamas infernais ou alguma magia para se livrar de suas amarras, provavelmente, mas deveria esperar. Fazer isso enquanto eles estivessem olhando seria idiotice. Eles não o entregariam à justiça tão rápido. A cidade mais próxima está à dois dias de caminhada, então ele só deveria se focar em sobreviver. Para sua sorte, quem o deixava cativo não parecia ter interesse de lhe matar.

“Ah...entendo, entendo. Certamente, o meu charme deve ter lhe cativado.”, ele ri, apesar de não ter um sorriso como resposta do mago.

“Eu quero saber porquê você estava nesta floresta.”

Do outro lado do pequeno acampamento que o grupo tinha montado, o paladino se sentava, cruzando os braços, furioso. Uma jovem meia elfa tentava acalmá-lo com suas palavras gentis e….ela estava conseguindo.

“Não é óbvio?”, o tiefling responde, com um sorriso. “Sobrevivendo. Preferivelmente do ouro em carteiras e bolsas roubadas.”

“Eu quero saber o porquê de você estar batendo carteiras numa floresta nevoenta e sombria desse jeito. Ou, melhor…”

O mago dobra os joelhos para se agachar, ficando um pouco mais na mesma elevação do seu prisioneiro.

“Quero saber o motivo de alguém como você estar numa floresta que, antes, era comum em todos os sentidos.”

Karion ri levemente, mantendo o sorriso.

“Ora, vai me fazer repetir? Estava aqui para pegar emprestado algumas carteiras. Nada de errado em fazer o que é preciso pra sobreviver, não é?”

“Ora, seu…!”, o paladino raivoso se levanta, rangendo os dentes e com os braços tremendo de raiva um pouco.

“Calma, Siegfried.”, o mago diz.

‘Siegfried’ deixa sair vapor de suas narinas e se senta, pisando repetidamente no chão para conter sua inquietação.

“Então não é responsável pelo nevoeiro ou pela ar sinistro? O silêncio?”

O tiefling alarga o sorriso.

“Sou apenas um humilde ladino, meu amigo. Posso usar um pouco de magia, como a que foi usada para remover a carteira do pobre jovem lá atrás, mas nada tão medonho a ponto de mudar a atmosfera de uma floresta inteira, tudo bem?”

Ele vê o mago pensando bem em suas palavras e coçando um pouco seu largo nariz.

“Vi os quatro de vocês viajando e simplesmente achei que seria uma boa oportunidade. Ah, até ouvi algo sobre um dashfonok.

O rosto do homem fica vermelho do nada, enquanto a ira do jovem garoto é substituída por uma curiosidade cautelosa.

“Cale a boca!”, o mago grita.

O ladino sorri de novo.

“Ah...mas eu tenho quase certeza que já ouvi essa palavra antes.”

“Não ouviu! Fique quieto!”

Siegfried se levanta, se aproximando.

“O que significa?”

“Não significa nada! Não escute ele!”, o homem fala, ficando mais vermelho.

Lá atrás, a meia-elfa mexe um pouco suas orelhas pontudas, prestando atenção na conversa.

“Ora….tenho quase certeza que é um tipo de estabelecimento. Não consigo me lembrar.”

“Um estabelecimento?”

“Sim….e tem mulheres trabalhando lá.”

“Mulheres?”, Siegfried levanta uma sobrancelha.

“Hm...a palavra é em dracônico, não é? Draconatas, mais especificamente.”

“Cale a boca!”, o mago grita, explodindo e com o rosto deveras avermelhado. “Se não foi você quem deixou a floresta desse jeito, então vamos lhe soltar e você some da nossa vista!”

Karion relaxa. Que pessoalzinho bacana. Eles poderiam ter achado qualquer razão para matá-lo, principalmente quando ele tentou fazer isso ao mago, mas estavam escolhendo o deixar ir.

“Nossa...como você é gente boa! Obrigado, amigo!”

“Não faça eu me arrepender, senão eu te ponho de volta aqui!”

“Claro, claro! Não vai se arrepender!”

O mago começa a cortar as cordas com uma faca, resmungando furiosamente.

“Devo dizer, faz um bom tempo que não sou tão bem tratado.”, o tiefling diz.

A clériga meia-elfa levanta os olhos para o rosto do ladino quando ele fala isso. Algo parece a encher de simpatia, e ela lhe dá um olhar empático. Na verdade, algo assim o deixava desconfortável, pois não estava acostumado. Era muito mais fácil refletir a ira dos outros.

“Mas onde está o amigo de vocês?”

O mago para, e levanta as sobrancelhas para Karion.

“....o que disse?”

“Onde está a quarta pessoa que estava com vocês?”

No momento, o ladino não entende o motivo de todos congelarem, a cor sendo drenada de seus rostos.

“...eu disse algo estranho?”

“Somos só nós três.”, Siegfried responde, engolindo seco.

“Então quem era o quarto humanóide seguindo vocês?”


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Como que foi?
Ainda tem mais que eu queria dizer mas tentei me manter mais próximo a minha meta de 2000 palavras por capítulo dessa vez! Nem tanto pra que seja mais fácil de ler, mas para que seja mais fácil de produzir também!
Eu tenho 9 disciplinas a pagar na faculdade esse semestre, hahaha, então estou ficando bem doido e preciso facilitar as coisas pra mim mesmo. Me perdoem se eu demorar um pouco pra postar de vez em quando, e se liguem em acompanhar a história pra nunca perder um capítulo novo!
Amo vocês! Até o próximo capítulo, galerinha!