Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 19
Promessa Mantida


Notas iniciais do capítulo

Esse MUITO PROVAVELMENTE foi o meu capítulo favorito de escrever. Demorou pra caramba, visto que foram 5000 palavras de pura ação, mas meu Deus, eu gostei MUITO mesmo. Espero que vocês gostem tanto quanto eu, eu me esforcei bastante de dar a cada personagem seu momentozinho para brilhar e ser massa e legal!
Vejo vocês lá em baixo, galerinha!



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Vrokvais se levanta de seu trono. Carlyle e o seu simulacro estavam mortos, e todos os seus mortos-vivos tinham sido destruídos.

Talvez tivesse sido mais fácil destruir estes mortais enquanto estivessem distraídos com seus outros inimigos. Mas algo o impedia de fazer isso. Seu orgulho, talvez? Ele não sabia. Algo dentro de si o ordenava a esperar, e apesar de seu poder e autoridade, ele não resistia.

Os heróis convergiam ao pé da escadaria. O lich se levanta, sentindo um vento misterioso tocar sua pele apodrecida.

Fechando os olhos, ele consegue sentir a energia vital de todos os que se encontravam na sala. Quando ele os abre novamente, está entre o meio do grupo, que salta para longe, desorientado.

Ele corre diretamente até Siegfried, que se aproxima e brande sua espada com ambas as mãos, a enchendo de poder divino. O vilão segura a espada do garoto, sentindo sua pele queimar enquanto as forças radiantes fulminam sua pele necrosada, e faz um corta horizontal no peito dele, atravessando a armadura e o fazendo sangrar.

O paladino congela, sentindo seu corpo sendo paralisado.

Antes que pudesse ser atingido pelos raios mágicos de Aura, o monstro salta no ar, lançando uma bola de fogo na garota enquanto permanece levitando.

Ela estala os dedos e cancela o ataque do monstro. Então, ela lança sua própria esfera de chamas, que também é cancelada.

Mirando aos céus, Jessabella atira vários virotes, que são defletidos pela pele dura e mágica de Vrokvais. Ele a ignora até que uma flecha o acerta no lado, carregada de eletricidade, que vinha da mão da elfa.

A patrulheira corre, procurando desviar de uma chuva de flechas ácidas provenientes da mão do monstro.

Ele é interrompido quando uma larga mão o puxa para baixo e o arremessa ao chão. O guardião de Alire puxa sua lança e tenta atravessá-lo com ela, sem sucesso. O lich segura a ponta da lança com uma mão, mirando o dedo indicador da outra na clériga.

Um raio negro e doentio salta de sua mão e a atinge em cheio, abrindo uma ferida larga no torso da garota, que é lançada longe, rolando e manchando o chão de sangue.

Miro, transformando-se num rinoceronte, galopa pelo local com passos pesados, atingindo o vilão que acabara de se levantar. Ele voa pelo ar, caindo de volta ao chão com um estalo alto. Cambaleando, ele se levanta, prestes a ser atingido pelo druida novamente.

Porém, o lich agarra o animal e impede o seu avanço, usando sua magia sinistra para lhe dar uma força sobrenatural. Ele usa ambos os braços para levantar o gordo rinoceronte pela cabeça, dando-lhe um soco tão forte que lança a criatura para os ares, diretamente acima de si.

Almiro, forçado a voltar à sua forma humana depois de levar um golpe tão poderoso, lança um ciclone abaixo de si, mas para pouco efeito. Vrokvais levanta sua mão, e é possível ver três marcas nela. Tatuagens roxas com formatos abstratos. Uma delas se apaga, tornando-se negra.

Quando o ciclone alcança-o, ele mal parece afetado.

“Resistências Lendárias?”, Siegfried perguntava, enquanto ainda estavam no esconderijo de Norman.

“Sim. Ele possui três.”, Norman dizia ao grupo. “Essas resistências lhe protegem de efeitos mágicos. Precisamos forçar Elliot a gastar todas as três antes que a parte final do nosso plano possa ser executada.”

“Entendo. Vamos deixá-lo desesperado, então!”

O lich salta para o ar novamente, chegando à altura de Miro e lançando uma explosão sonora que arremessa o gentinha até o chão. Ele atinge o solo e levanta uma nuvem de poeira.

Kathe enche os ares do local com uma rajada gigantesca de mísseis mágicos. Desviando da maioria deles e sendo acertado por alguns, Vrokvais voa rapidamente até a mulher, que puxa sua espada. O brilho dela, que lembrava à lua, reluzia e iluminava a área ao redor.

Correndo até o seu alvo e preparando-se para atacar, a garota dá um giro. Vrokvais segura o golpe com a mão ferida e, para sua surpresa, os dedos são cortados fora. Ele solta um grunhido de dor e congela momentaneamente.

Vendo sua chance, Kathe fecha as mãos e lança um feitiço, levantando uma grande parede de luz prateada do chão, que queima o lich com sua energia sagrada. Mais uma tatuagem se desfaz na mão do lich, que dá um soco e quebra a parede em estilhaços, vendo a mulher logo se preparando para atingi-lo com mais uma espadada.

“Caia.”

Antes que ela conseguisse, uma palavra poderosa sai da boca do seu adversário, e ela se vê extremamente atordoada, tropeçando sobre seus próprios pés.

O monstro aponta a palma de sua mão à mulher, que começa a se contorcer de dor, enquanto suas forças se esvaem.

Ele é imediatamente atingido por um tronco gigante que surge do chão. Aradan, não desperdiçando tempo, atira várias flechas no inimigo ainda aéreo, atingindo várias em cheio.

Correndo para sua amiga, ele a levanta lentamente e começa a curá-la, antes de cair no chão e se contorcer da mesma maneira que ela, os seus cabelos, como folhas de uma árvore, começando a murchar para uma cor marrom e morta.

Vrokvais, levitando no ar, mantém sua palma fixa, puxando a munição que tinha lhe atingido com a mão que ainda possuía dedos.

Uma mão gigante e fantasmagórica toma forma ao redor do vilão, o lançando ao chão.

Ele cai com um baque surdo e começa a ser esmagado pelo feitiço, que lhe dá repetidos socos, quebrando o solo ao redor.

Norman olha fixamente para o que está acontecendo, mantendo sua concentração na magia. Se ele pudesse frustrar o morto-vivo o suficiente para que gastasse sua última resistência lendária, então ele estaria completamente vulnerável para o maior feitiço deles.

Ele abre bem os olhos quando percebe que Vrokvais não se encontra mais lá. Atrás de si, uma porta surge no meio do ar, de onde o lich caminha para fora, com um andar casual mas um rosto pintado de fúria e ódio.

Kairon, vendo a cena, cerra os dentes. Ele tinha sido ordenado a ficar longe e guardar o pergaminho, mas não poderia simplesmente ignorar a cena à sua frente. O ladino puxa a adaga mágica que a mãe de Aura tinha lhe dado e corre. Esta faz crescer uma linha de chamas no chão, que explode e fere o monstro.

Siegfried, que se recuperara de sua paralisia, corria em direção ao seu oponente.

Uma onda de energia negra surge do monstro, atingindo todos os quatro por perto e os atordoando momentaneamente. Então, ele corre até Norman e lança uma explosão à queima roupa no humano, que é lançado para longe.

Kairon e Siegfried avançam, ambos atacando ao mesmo tempo. O golpe do paladino é desviado, mas Kairon atinge um acerto crítico, perfurando o olho do morto-vivo com sua adaga mágica, levando a lâmina até a base e a deixando lá.

Vrokvais deixa sair um urro de dor, procurando puxar a adaga de seu crânio. Isso não o mataria, mas a dor pulsante o estava enlouquecendo.

Ele cria um laço de energia com a mão livre, prendendo Kairon nele. Aura, que estava próxima, faz uma grande erupção de chamas surgir dos pés do lich. Apesar de não estar nas chamas, Kairon começa a gritar de dor, dividindo as dores do monstro. Ele cambaleia um pouco para trás e cai no chão, o laço se desfazendo nas mãos do vilão.

“Kairon?! Me desculpe!”, Aura grita, logo sendo vendo uma nuvem de fumaça venenosa surgindo ao seu redor. Ela corre para longe, tentando evitar o perigo, mas ainda respira o ar negro, tossindo e tremendo de dor enquanto tropeça até um local seguro.

A garota então sente a energia mágica dentro de si pulsando em seu corpo como eletricidade. Ela tenta se conter, com medo do que poderia acontecer, mas por fim decide liberar tudo sobre o lich.

Um portal se abre acima dela, e um unicórnio salta para fora, galopando em alta velocidade e atingindo o monstro em cheio, seu chifre espiral atravessando o peito da criatura. Aura, enquanto isso, desaba no chão, inconsciente e exausta.

Os dentes cerrados de Vrokvais racham por causa da pressão, e a última tatuagem desaparece de sua mão, fazendo o cavalo celestial dissipar-se em uma fumaça branca.

Norman empodera Siegfried com um feitiço de velocidade, e o garoto corre extremamente rápido, atingindo o vilão em diversos lugares antes que este pudesse reagir. Cada um de seus golpes era preenchido de energia divina, de maneira que o paladino se exauria a cada ataque.

Jessabella aproveita a oportunidade para atingir o monstro em suas feridas abertas, lançando vários virotes que sibilavam pelo ar e atravessavam carne podre. Ela então atira um virote aos pés do seu alvo, fazendo vinhas crescerem ali e segurarem seus pés, o deixando ainda mais vulnerável.

Depois de levar mais golpes pesados de um paladino veloz, o morto-vivo dá uma olhada para a patrulheira, seus olhos conjurando um feitiço de medo. Jessabella sente seus músculos travarem, incapaz de se mover ou de agir. Ela está paralisada por seu temor. O abutre a carrega o melhor que pode, a distanciando do perigo enquanto estivesse incapacitada.

Vrokvais puxa suas pernas do chão, livrando-se das vinhas, que murchavam, e gira, dando um soco com a mão que tivera os dedos decepados. Ele atinge Sieg em cheio no rosto e o garoto, que corria em alta velocidade, desliza pelo chão, levado pela inércia. Ainda relativamente próximo ao vilão, ele começa a se levantar.

Um raio de gelo voa da mão do morto-vivo e acerta Norman em cheio, quebrando sua concentração no feitiço que empoderou Siegfried. O garoto, sentindo os efeitos adversos de levar seu corpo ao máximo, tropeça ao chão, atordoado e dolorido.

Kairon se arrasta para longe, sendo curado por Alire, que havia usado essa chance para cuidar da saúde dos outros, que já começavam a se levantar.

Ele puxa um pergaminho da bolsa e olha bem para Vrokvais, que não possui mais as marcas em seu braço. Essa era a hora.

O ladino se levanta com cuidado e começa a abrir o pergaminho com cuidado. Um feitiço tão poderoso segurado neste papel poderia ser instável se não tratado com cuidado.

Miro, vendo isso, percebe que o paladino ainda estava próximo do alvo da magia. Ele se transforma numa águia e voa, passando por perto do perigo e puxando o garoto para longe.

Vrokvais vê isso e prepara-se para derrubar ambos do ar quando é atingido por mísseis mágicos vindos de Kathe. Ela não cessa a rajada de ataques mágicos, o empurrando para trás mais e mais, até que uma barreira esférica surge ao redor do monstro.

“Já chega! Vou destruir vocês um por um!”, ele grita, sua voz ecoando pelas paredes do castelo.

Miro então, chegando ao chão, toma novamente sua forma humanóide e utiliza um feitiço, criando várias paredes de pedra ao redor de Vrokvais.

“Acha mesmo que isso vai me impedir?! Seus tolos!”

Mas não era esse o propósito do feitiço.

Kairon abre o pergaminho e sente um poder mágico sem precedentes pulsar para fora. Ele cerra os dentes, gritando as palavras mágicas presentes no pergaminho. Um pulso eletromagnético gigantesco surge do chão, cobre o castelo inteiro e sobe até os céus, atravessando o teto.

O vilão, vendo isso, levanta uma sobrancelha, sem entender o que acontecia. Ele começa a danificar as várias paredes de pedra o impedindo de sair daquele lugar, e antes que pudesse escapar, um gigantesco meteoro destrói o teto do castelo, descendo em direção a ele.

“Cubram-se!”, Norman grita, criando uma outra parede de pedra junto de Miro, cobrindo todos os seus companheiros do impacto.

Vrokvais, percebendo isso, levanta as mãos aos céus, lançando feitiços para tentar destruir o meteoro, mas era em vão. Ele tenta usar uma resistência lendária para sobreviver, mas não possui mais nenhuma.

O meteoro desce lentamente, estilhaçando o orbe de invulnerabilidade que o protegia. Ele põe ambas as mãos sobre o míssil gigante, tentando impedir sua própria morte.

“Norman!”, ele grita.

O impacto do meteoro causa uma explosão que faz o castelo inteiro estremecer. As paredes de pedra que protegiam o grupo racham e desmoronam, caindo por cima deles. O fogo transforma todos os cadáveres de mortos vivos em cinzas, dissipando os restos mortais de Carlyle e evaporando a água que restara do gelo que compunha a réplica de Siegfried.

Destroços de todos os lados começam a cair, partes do teto atingindo o chão com força, todas as janelas já a muito tempo reduzidas a nada.

E então, silêncio, enquanto a poeira começava a atingir o chão.

O grupo lentamente se levanta dos destroços, atordoados e doloridos.

“Acabou…?”, Miro pergunta, um pouco de alívio começando a surgir em seus ossos.

Com tanta poeira, era impossível de ver o que teria sido o destino do monstro.

Mesmo assim, Norman corre para a cratera ainda ardente no centro da sala. Alire, que está gastando o resto de suas energias mágicas para curar Aura, vê isso.

“Norman! Espere!”

Siegfried corre junto dele, pisando no chão agora manchado de preto, e o grupo lentamente começa a se recompor.

Descendo cuidadosamente pela cratera, tentando evitar a fumaça. Seus olhos ficam bem abertos, até que ele encontra o que procurava no fundo.

Vrokvais estava deitado lá. Ou, pelo menos, o que sobrava dele.

O corpo do lich estava grandemente danificado. A superfície de sua pele tinha sido queimada fora e os seus ossos estavam todos esmigalhados.

Siegfried franze as sobrancelhas, aliviado por ter chegado ao fim, mas perturbado. Apesar do poder do meteoro, partes desta criatura maligna ainda sobreviveram.

Pouco a pouco, todos se aproximam da beira da cratera.

O mago dá poucos passos à frente e pega uma jóia amarrada ao redor do pescoço do cadáver. O amuleto que ele segura possui um poder negro e sedutor.

Antes que pudesse escutar qualquer uma das palavras doces que o item lhe iria passar, Norman utiliza um feitiço e o destrói, rachando a ônix que compunha a jóia e deixando escapar uma fumaça negra que desce até as profundezas da terra e some.

Ele larga o filactério quebrado. Acabou.

Uma luz dourada começa a surgir sobre o corpo de Vrokvais. Ela toma forma, até que o grupo vê um homem, a metade de cima sendo feita de uma fumaça dourada, e a de baixo apenas uma nuvem dourada que flutua, o fazendo levitar.

Completamente encapuzado, seus traços são difíceis de distinguir até que ele puxa o capuz para trás. Pouco a pouco, seu rosto se torna mais claro, e o grupo vê um homem de rosto cansado, olhos escuros e fundos, e cabelo grisalho apesar de sua aparência jovem, como se sua própria vida estivesse lhe deixando em sua juventude.

“Elliot…”, Norman fala, seus olhos começando a lacrimejar.

‘Obrigado…’

O mago levanta uma mão para o seu amigo, que começa a flutuar para cima, se encontrando com a luz do sol além do teto do palácio e desaparecendo no ar.

Ele baixa um pouco seu chapéu, sentindo um alívio e leveza em sua alma que não sentia fazia muito tempo.

“Adeus, Elliot…”

Todos os outros dão um suspiro de alívio, felizes que o perigo finalmente passou.

Mas estavam errados.

A chão começa a tremer, e debaixo da cratera onde os dois se encontram, ossos gigantescos se desenterram, um rugido ecoando pelo local inteiro. Nas florestas perto do palácio, todos os pássaros voam para longe e todos os animais fogem.

Um pássaro gigante voa por perto da cratera, segurando dois humanos. Miro, que agiu com velocidade, segurava ambos Norman e Siegfried, os salvando da morte certa.

Garras e dentes afiados, chifres pontiagudos e carne que lentamente volta ao corpo do monstro colossal, trazido à vida por uma necromancia extremamente poderosa.

O grupo inteiro corre para longe, tentando se afastar da área de alcança da fera enlouquecida.

Eles assistem, horrorizados, a ressureição de um dragão vermelho.

“Norman! O que diabos vamos fazer?!”, Kairon grita, quando o druida pousa no chão com os dois.

O mago se volta para fitar o esqueleto do monstro, cuja carne cresce de volta a medidas assustadoras. Com raios e eletricidade permeando o morto-vivo gigante, os seus nervos e escamas juntam-se um a um enquanto o ser dracônico debate-se, derrubando pilares onde quer que sua cauda esqueletal atingisse.

“Temos que lutar, Norman!”, Aura grita, tremendo de medo e preocupação enquanto seus olhos lacrimejam. “Se ele fugir daqui, ele vai ir até a cidade e matará todos!”

“As chamas dessa criatura vão queimar tudo.”, Aradan diz. “Florestas, cidades. Animais e pessoas. Não temos escolha.”

“Então...era isso que a Lua Loba me alertou sobre. Um dragão de verdade.”, Kathe ria consigo mesma, atônita.

Norman põe uma mão em seu próprio coração. Ele se sente vivo como jamais estivera antes.

“Meu poder está voltando.”

O mago olha para os seus amigos, que esperam sua decisão.

“Vamos destruir este dragão!”

Todos fazem que sim, levantando suas armas e gritando.

Siegfried volta a olhar para a fera, enquanto Alire se aproxima dele.

“Não vai fugir?”, ela pergunta, apesar de já saber da sua resposta. O paladino lhe dá um sorriso caloroso.

“Prometi te proteger, não foi? Vamos.”

E então, todos tornam o seu olhar para a criatura à sua frente, rugindo para os céus, suas escamas carmesim da mesma cor da lua, vermelha como sangue.

 

Vrokvais, o espírito que estava preso dentro do filactério, ruge ferozmente, agora possuindo o dragão. Ele tinha tido muita sorte de encontrar o cadáver de um monstro tão gigante, poderoso e cheio de magia abaixo do solo do palácio. Mas agora, ele estava enlouquecido.

A dor da morte o levara a perder seus sentidos e ele agia somente pelo instinto de dragão permanecido em seu novo corpo. Agora, seria sua última chance. Se ele fosse destruído agora, não haveria para onde mover a sua alma já frágil e exausta.

Um relâmpago lhe atinge o olho, fazendo com que eletricidade cruze toda a sua cabeça. O dragão gira-se loucamente e tenta atingir tudo à sua volta.

Kathe dá um salto altíssimo pelo ar e brande sua espada brilhante. Aproximando-se do dragão, ela finca a lâmina em sua pele e, colocando todo o seu peso na arma, começa a deslizar pelo pescoço da criatura, abrindo uma larga ferida e despejando sangue para todo lugar. O monstro, frenético, balança até se livrar da pobre garota, que é pega nos ares pelas vinhas crescentes de Aradan.

Quando ela pousa tranquilamente no chão, o elfo corre mais à frente e faz com que grandes estacas de madeira surjam, penetrando a da pata do dragão. Depois de um rugido assustado, a criatura se vira para a fonte deste feitiço e abre a boca.

Aradan vê a mandíbula aberta da fera e todo o seu interior. Em questão de momentos, a garganta de Vrokvais começa a se iluminar.

O homem usa ambas as mãos e levanta uma barreira composta de diversas árvores, mas a baforada do dragão as incinera, o atingindo em cheio e derrubando-o inconsciente no chão.

Alire levanta sua maça e a enche de poder, lançando-o aos céus. Um pilar de fogo desce do meio das nuvens e atinge o dragão, que parece mais incomodado com a energia divina da magia do que com o próprio calor.

Jessabella, que corria pelos pilares caídos do castelo, lançava virotes mágicos, tentando ferir ou distrair o dragão o máximo possível. Ela cerra os dentes. Uma criatura daquele tamanho mal deveria estar sentindo os seus golpes.

Ela reposiciona a sua besta e começa a mirar nos olhos. Preenchendo um projétil de eletricidade mágica, ela o dispara, fazendo um arco elétrico cruzar os céus e atingir o dragão no olho.

Vrokvais se vira, gemendo de dor, e tenta acertar a patrulheira com sua cauda, mas ela voa para longe, sendo agarrada pelo forte abutre.

Siegfried corre imprudentemente abaixo das pernas do monstro, cortando a parte traseira de seus pés numa tentativa de lhe tirar o equilíbrio. Reagindo, a criatura levanta suas patas e tenta esmagar o paladino que ainda se movia. Antes que pudesse abaixar sua pata já bem ferida pelas estacas de madeira, luzes brilhantes como estrelas voam até seu rosto e explodem intensamente.

Norman flutua sobre o ar, seu corpo transbordando poder. Os seus olhos brilham luzes coloridas e ele lança mais das luzes que pairavam à sua cabeça como uma coroa. Elas descem até o seu alvo como estrelas cadentes e explodem, fazendo o chão tremer.

Um rugido ecoa pelo ar quando o dragão se frustra, aquecendo as chamas em sua boca para incinerar o mago. No momento em que a abre, uma tempestade de gelo congela o interior de sua garganta, o fazendo se contorcer de dor.

As mãos de Aura deixam escapar uma névoa gelada, e ela sorri, após ter atingido o golpe em cheio. Ela abre bem os seus olhos quando vê a grande fera, que ainda lutava para aquecer o próprio interior, lançar uma garra em sua direção.

O golpe pega a jovem em cheio, e ela é lançada longe, seu sangue manchando o chão durante o percurso que ela faz.

Aura atinge uma parede, que desmorona, caindo sobre ela e criando uma nuvem de poeira. Alire, vendo isso, larga sua maça no chão e corre até a garota, gritando o seu nome.

Kathe e Siegfried correm juntos perto do dragão. Ambos pulam em sincronia, ambos preenchendo suas espadas com energia mágica e acertando a cauda do monstro.

Um arco de energia corta o ar onde as espadas passam, e o chão estremece quando metade da cauda de Vrokvais atinge o chão. Ele dá outro rugido de dor quando isso acontece, balançando suas asas ainda não regeneradas e afastando ambos para longe à altas velocidades com um vento impetuoso.

Jessabella conjura largas vinhas que se apossam da pata ferida da fera, o impedindo de se mover. Quando ela o faz, Miro levanta as mãos ao céu e lança um feitiço, fazendo um grande monstro de pedra se levantar do chão. Um elemental da terra.

O servente do druida usa seus pesados punhos para esmagar as garras afiadas de Vrokvais, que continua urrando de dor, impossibilitado de mover sua pata para longe.

O dragão então, com um tremendo esforço, solta-se das vinhas e dá um salto, mantendo-se no ar por vários segundos e então descendo sobre o elemental de Miro, que é completamente esmigalhado. O tremor que a queda da fera causa faz com que todos percam o equilíbrio.

Jessabella, exausta, normalmente conseguiria se manter em pé, mas o cansaço a atinge e ela tropeça. Ela não vê a nuvem de fumaça que sai da boca do dragão logo antes de uma baforada de chamas a encobrir.

“Bella!”, Kairon grita, deslizando pelas crescentes ruínas depois que o tremor cessa e correndo até ela. O ladino a agarra em seus braços, um pouco aliviado quando percebe que ela, por enquanto, ainda está viva. Sua pele estava queimada demasiadamente, mas ele se preocuparia com isso depois, seu objetivo agora era levá-la para um local seguro.

A colocando sobre suas costas, o ladrão cerra os dentes, desesperado. O que ele poderia fazer? Ele não era um mago tão bom quanto os outros, e só poderia ferir o dragão em lugares insignificantes.

Deixando a garota inconsciente encostada sobre um pilar, ele tem uma ideia quando vê o abutre dela se aproximando, empurrando-a tristemente com o bico para procurar uma reação.

“Miro!”, Kai grita, correndo pelo local. O druida levanta os olhos para o amigo. “Me leve até o rosto do dragão!”

“Você tá doido?! É suicídio!”

“Só faça! Confie em mim!”

Hesitante, o druida se torna numa grande águia e agarra o tiefling, o levando aos céus.

No chão, Kathe corre até o monstro enquanto Siegfried se cura. Enquanto o garoto usa o resto que sobrava de sua magia regenerativa, a mulher enche-se de poder para um último golpe e atravessa a carne da fera com um corte mágico, dilacerando e decepando a pata ferida do grande dragão.

Vrokvais lança um rugido intenso, desejando chorar mas sendo incapaz. Ele atinge a mulher imediatamente com sua asa, a lançando verticalmente. Kathe lentamente perde sua velocidade, e ao atingir velocidade zero no meio dos ares, é acertada pela pata ainda presente do monstro. Lançada em alta velocidade, ela sai quebrando várias paredes e desaparecendo dentro do castelo.

Miro larga o ladino de uma distância segura, e esse pousa graciosamente sobre as escamas afiadas do dragão, no meio de seus dois olhos. O ladino olha em volta e vê o olho vermelho e ferido de Vrokvais, pulando então em direção ao outro.

“Vai pro inferno.”, ele murmura para si mesmo, abrindo bem suas mãos e deixando suas garras à vontade enquanto elas crescem. Seus braços pulsam de energia mágica e são transformados em apêndices monstruosos.

O monstro sente um peso surgindo em seu olho, buscando fechar a pálpebra instintivamente.

Mas em meros instantes, a pálpebra é cortada ao meio, e uma dor agonizante se espalha pelo seu olho quando a própria massa branca é dilacerada por golpes extremamente cruéis.

Lançando sua cabeça ao ar para tentar expulsar esse inquilino indesejado, Vrokvais faz Kairon rolar pela sua cabeça e quicar, mantendo-se aéreo por pouco tempo.

O dragão abre sua terrível mandíbula, preparando-se para engolir Kairon.

Ao fechá-la, ele sente o gosto de sangue se espalhando pela sua lingua, mordendo repetidas vezes para certificar-se de que nada restara lá dentro. Antes que pudesse sequer engolir, um raio poderoso atinge o seu focinho, desintegrando os músculos, ossos e nervos ao redor num ataque doloroso.

Miro olha para trás, ainda alçando voo, entristecido por não ter sido rápido o suficiente, mas ainda aliviado de que não tivesse sido pior. Ele olha para seus pés, que seguram um Kairon inconsciente e com um braço direito a menos.

‘Vamos, meu menino...vamos te tirar daqui.’, o druida pensa, o carregando para um lugar seguro.

Tomando proveito da oportunidade, Norman preenche-se de magia e aponta as palmas abertas para o seu inimigo. Luz solar surge do seu corpo, descendo sobre o dragão e beijando suas escamas feridas e corpo machucado com gentileza.

Até que a luz começa a se concentrar num feixe único, atingindo um único ponto entre os olhos de Vrokvais e causando um leve queimar até que o corpo do mago pulsa com luz.

Uma pequena esfera brilhosa deixa o seu corpo e segue o feixe até alcançar a face do monstro, explodindo numa grande esfera de luz.

As escamas se desfazem em cinzas e sua carne é exposta, deixando a grande fera num frenesi bárbaro.

Siegfried corre, cortando o quanto pudesse da barriga exposta da criatura, antes de ser atingido e rolar ao chão. Ele se levanta rapidamente e prepara-se para continuar seu ataque quando vê sua espada quebrada.

Uma onda de medo o atinge.

O dragão usa sua pata ainda presente e ataca o mago ainda no ar. Norman vê o tempo passar devagar enquanto uma grande garra abre um corte imenso em seu abdômen. Ele perde a concentração em seu feitiço de voo e despenca dos ares, atingindo o chão com um baque surdo.

Seus ossos parecem gritar de dor, e ele cospe sangue.

O jovem paladino, o vendo, corre em sua direção, o agarrando quando o alcança e molhando o rosto do adulto com suas lágrimas.

“Norman! Norman! Segure as pontas!”, ele grita, frustrado por não possuir mais reservas mágicas para curar seu amigo.

Neste instante, os olhos do mago brilham com um poder que faz o castelo estremecer. Ele toca o peito do garoto, o infundindo de uma força intensa que lhe faz gritar.

“Blade of Disaster!”

Norman então se desfalece, mantendo seus olhos abertos pelo máximo de tempo possível.

“Vá...Siegfried..!”

Nas mãos do paladino se forma uma espada negra, da largura de um metro inteiro, escura como o espaço além dos confins deste planeta, e brilhando dentro dela estrelas vivas e pulsantes.

Era como uma fenda no cosmo, tomando a forma de uma arma. E Siegfried a segurava neste exato momento.

Com um movimento da mão de Norman, a espada voa, levando o garoto pelos ares e o posicionando perfeitamente para atingir o dragão.

Um feixe de energia negra desintegra o ar por onde a espada passa, separando a carne do monstro num nível molecular. Siegfried, tomando posse do poder da espada, voa em altas velocidades numa nuvem elétrica, abrindo imensos cortes no corpo desmoronante do vilão, que urra de dor, sem reação.

Alire, curando Aura, levanta seus olhos para a cena. Ambas as garotas abrem bem a boca, atônitas.

Kairon, segurando seu ferimento enquanto Miro fecha a ferida, mantém um olhar cheio de ansiedade e esperança.

Norman move seus dedos e suas mãos rapidamente, fazendo Siegfried voar pelos ares e atingir o dragão em todos os locais possíveis. O pouco que restava de suas forças estavam sendo gastas ali, mas ele não poderia desmaiar ou perder a concentração até o fim.

O mago grita e seu rugido ecoa pelo palácio inteiro, até que o paladino o acompanha.

Suas vozes se tornam uníssonas e seus movimentos em completa sincronia enquanto o garoto preenche a fenda espacial em sua mão com os últimos resquícios de poder em seu corpo. Levantando a espada aos céus, ela reflete o carmesim da lua de sangue.

O seu rugido parece fazer toda Lore estremecer, e a lâmina do desastre adentra o crânio do dragão a partir do ponto em que suas escamas quebraram-se, atravessando a carne e seguindo pelo pescoço, e o resto da coluna de Vrokvais, cujos ferimentos brilham com uma luz sagrada que fulmina a sua própria alma.

Uma enorme explosão luminosa cobre toda a área, levantando uma nuvem de poeira que cega todos os outros.

Silêncio.

Norman mantém os seus olhos no local onde o garoto deveria estar, e então abre sua boca.

“Siegfried!”, ele grita.

“Siegfried!”, Kairon grita.

“Siegfried!”, Alire grita.

Todos os outros, um por um gritam o nome do paladino, esperando uma resposta.

“Estou aqui!”

Com um corte no ar, a nuvem de fumaça se dissipa, revelando o paladino, ferido e exausto, de pé sobre os ossos do dragão, suas escamas se desfazendo pouco a pouco.

Norman sorri, deixando as lágrimas rolarem pelo seu rosto e permitindo que o cansaço e suas feridas lhe entregassem ao chão frio.

Kairon abre um largo sorriso, sem acreditar no que via.

Alire se levanta de onde estava, rindo alto e chorando de alívio, até alcançar o paladino.

Siegfried vê a espada lentamente se desintegrar de sua mão, retornando o ar ao redor dela a um estado normal. Então, ele é abraçado pela clériga, que lhe beija.

Retornando o abraço, ambos finalmente aceitam os sentimentos um do outro à vista de todos, mantendo o beijo.

Os outros, ainda por pouco conscientes, relaxam, felizes que tudo havia acabado.

Separando-se, Siegfried e Alire correm até os amigos feridos, mas percebem que apenas Norman ainda precisava de ajuda médica.

Os olhos do garoto se abrem quando se aproxima do adulto.

“Norman…?”, ele pergunta, sentindo as lágrimas rolarem pelo seu rosto novamente.

Um sorriso tranquilo estava estampado no rosto do mago.

Norman morreu ali.


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Notas finais do capítulo

sad ;-;
Gostaram do capítulo, pessoal? Por favor escrevam os comentários que puderem HASHASHASH eu estou carente por comentários nessa história :(
Próximo capítulo vai ser o último! Vejo vocês dia 05/08, pessoal! Vai ser um capítulo curtinho, então não percam!



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