Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 20
Almas Entrelaçadas


Notas iniciais do capítulo

Bem, este é o fim da aventura, galerinha...
Foi algo e tanto. Vejo vocês lá embaixo!



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O grupo andava junto, se afastando de uma cova entre muitas outras.

Todos vestiam roupas solenes. A mãe de Aura estava por lá, e até Jordan e a capitã meia-orc, que vinham prestar seus pêsames.

A capitã não entendia bem o que tinha acontecido ainda, mas quando a guarda chegou ao castelo em ruínas depois dos relatos de explosões gigantescas lá, encontraram o cadáver de um dragão e o mago que a justiça perseguia já falecido. Como não haviam suspeitas para os outros antes, as evidências encontradas no castelo foram suficientes para inocentar todo o grupo. Os pobres coitados que cuidavam do calabouço do rei, no entanto, tiveram cortes de salário quando foi descoberto que o mago tinha escapado.

Parte dela estava curiosa e envergonhada, mas sabia que agora não era a melhor hora. Talvez ela tivesse que passar o resto de sua vida sem entender, mas era melhor dar vez à educação do que à curiosidade.

“Obrigado por tudo que vocês fizeram.”, Jordan diz, acenando com a cabeça. Depois de breves despedidas, ele e a capitã se despedem do grupo.

Eles continuam andando pela cidade, até que Aura anda numa direção diferente junto de sua mãe.

“Então...acho que é isso, galera.”, ela diz, sorrindo modestamente. “Obrigado por todas essas aventuras. Foi...tudo algo que nunca vou me esquecer.”

Alire sorri, abraçando a outra meia-elfa.

“Obrigado, Aura. Não teríamos conseguido sem você.”

“Ah, para…”

As duas riem.

“Obrigado por cuidarem da minha filha.”, Yuna agradece, se curvando levemente. “Nunca vou esquecer de vocês.”

O grupo acena, se despedindo das duas, que desaparecem entre a multidão da cidade.

Chegando à praça principal, Kathe e Aradan apertam as mãos dos outros.

“O que vão fazer na capital?”, Siegfried pergunta.

“Bem…”, Aradan começa. “...mudei minha opinião sobre humanos. Eu quero fazer o que meus antepassados não fizeram, e trabalhar junto com eles. Não adianta impedir outras impedir outras pessoas de conhecerem a minha cultura e as nossas florestas. Seremos todos mais felizes se tratarmos uns aos outros com respeito.”

“Isso..!”, Kathe continua. “Vamos procurar uma intervenção com o rei e trazer paz e reflorestamento para as terras dos Elandrin. Acho que vai ser difícil... mas podemos conseguir.”

“Bem, espero que consigam! Esse negócio parece complicado!”, Miro ri, sendo acompanhado dos outros.

“Adeus, amigos!”, Kathe então diz, acenando para eles enquanto andam em direção ao castelo.

Siegfried, Alire, Miro e Kairon andam até a saída da cidade, onde Jessabella os esperava.

“Tudo certo?”, ela pergunta a Kairon.

Bella estava com boa parte de sua pele ainda ferida, apesar de já se terem passado três dias sobre os cuidados da equipe. Ela tinha curativos em vários lugares.

“Claro.”, o ladino responde.

Os outros três levantam as sobrancelhas.

“Kai?”, Alire pergunta.

“O que foi?!”, ele responde, já um pouco irritado. “Eu vou seguir a Jess por um tempinho, okay? Eu vou precisar de um trabalho, e acontece que caçar recompensas parece bem divertido.”

O ladino tenta cruzar o peito com o único braço que possui, o que é um pouco estranho. Apesar do pouco tempo que se passara, Kairon não estava tão triste por ter perdido um braço. Ele não tinha visão de como sua vida seria (se ela sequer chegasse a existir) depois de ter cumprido sua vingança. Mas, de alguma forma, a maneira que as coisas aconteceram o deixaram muito aliviado. Ele podia não ter um de seus braços, mas estava vivo, e sem o fardo de sua amargura.

Os dois mais jovens lhe dão olhares traquinos.

“Parem de me olhar assim!”

A elfa ri, revirando os olhos e seguindo caminho.

“Vamos, carniceiro!”

O abutre a segue alegremente, pousando no ombro da mulher.

“Adeus, Jessabella!”, Siegfried e Alire gritam, logo então sendo seguidos por Miro.

Ela responde com um aceno modesto, sem olhar na direção do grupo.

Kairon pega os dois de surpresa com um abraço, mesmo usando seu único braço. Miro logo então se junta.

O ladino deixa as lágrimas rolarem pelo seu rosto vermelho, sem se conter.

“Vocês foram os melhores amigos que já tive.”, ele diz.

Os outros retribuem o abraço, felizes.

Separando-se aos poucos, o ladino olha para trás mais uma vez, antes de sumir na estrada junto da patrulheira.

“E você, Miro?”, o garoto lhe pergunta. Mas Miro já começava a lacrimejar.

“Eu não sei!”, ele diz, chorando. “Eu vou voltar para a minha matinha, mas vou ficar com muita saudade!”

Alire lhe dá algumas leves batidinhas na cabeça.

“Calma, calma...a gente sempre vai estar te visitando. E você pode ir ver a gente de vez em quando, se não estiver com desgosto das cidades.”, ela ri.

O druida faz que sim, limpando seus olhos e assoando o nariz num lenço.

“Adeus, Siegfried! Adeus, Alire! Foi muito bom conhecer vocês!”

“Adeus, Miro!”

“Adeus!”

Os dois se vêem a sós. Dois jovens numa cidade imensa, sem familia nem parentes. Eles voltariam, então, a viver suas vidas sozinhos?

“Sieg…”

“Alire…”

Eles olham nos olhos um dos outro.

“Eu quero ir para onde você for.”, a garota fala.

“E eu só vou se você for.”, ele responde.

Os dois se beijam mais uma vez.

Longe dali, no cemitério, uma figura encapuzada olhava bem para uma cova.

A mulher abaixa seu capuz e deixa seus cabelos de cor turquesa fluírem para fora. Eles flutuam levemente, como uma nuvem, e ela passa uma mão em seus olhos, enxugando uma lágrima de sua pele ciana.

“O vento me trouxe aqui, Norman. Mas eu demorei muito, não foi?”, a feiticeira do vento pergunta, mais a si mesma do que ao próprio túmulo.

Aqui jaz Norman. Ele nos deixou jovem demais.

A mulher fica em silêncio por mais um tempo, antes de colocar seu capuz novamente. Ela olha bem para a peça de xadrez que possui. Um cavalo.

E então, olhando uma última vez para trás, ela deixa o cemitério.

 

Um vento acaricia gentilmente a grama da floresta, longe da capital. Um macaco que por ali estava se preocupa apenas em comer bananas e outras frutas silvestres.

Ele vira seus olhos novamente para o pé da montanha, onde antes tinha visto algo sobrenatural acontecer. Desde então, nada de sinistro tinha acontecido, e a sua curiosidade o deixava mais e mais impaciente conforme o tempo passasse. Eventualmente, ele iria desistir de ficar por ali e ir embora, quando a comida da região fosse mais abundante em outro lugar.

Mas dentro da caverna, além do solo rochoso e levemente húmido, já no interior do antigo esconderijo do Sindicato dos Arque-magos, algo acontecia numa pequena sala cheia de urnas de cerâmica.

Uma urna começa a brilhar, estremecendo e balançando-se rapidamente, até que ela cai para o lado e se despedaça, libertando a pequena criança que se encontrava nua lá dentro.

O pequeno garoto de cabelo preto começa a cambalear, tentando se levantar. Ele para por um momento para vomitar o líquido que havia engolido sem querer. Ela tinha um gosto horrível, mas ele sabia que existia apenas para preservá-lo.

Tropeçando sobre os próprios pés até um armário do lado, o menino, que não aparentava ter mais que dez anos, pega uma toalha e começa a se secar lentamente, ainda tonto.

Pouco tempo depois, ele se vestiria, colocando uma túnica de mago que era grande demais para si mesmo e andando desajeitadamente para fora do quarto, cuja porta estava entreaberta.

Chegando ao salão principal, o pequenino realiza um pequeno ritual, conjurando um ratinho branco de olhos vermelhos que salta para sua mão com felicidade.

“Bom dia, Ronald. Sempre bom ver você.”, a criança fala, olhando em volta.

Com uns feitiços aqui e ali, a vida começa a retornar ao esconderijo. Objetos e utensílios começam a limpar a sujeira e poeira.

Este pequenino Norman dá um sorriso.

“Vamos procurar nossos amigos, Ronald!”, ele diz, ansioso e feliz. “Aposto que eles vão ter um baita susto quando me virem assim, haha!”

 

Quinze Anos Depois…

 

Um homem anda pela sua casa, limpando os indícios de poeira e terra encontrados por lá. Ele para por um momento, vendo um retrato pequeno e dando uma boa olhada nele, coisa que costumava fazer com frequência.

O grupo estava todo junto. A magia utilizada para produzir esta foto tinha sido muito avançada e eficiente, mas todos os seus amigos tinham conseguido uma também. Algo a ver com uma...como que se dizia? Câmara? Ele nunca decorou o nome.

Um paladino, uma clériga, um ladino, um druida, uma bruxa, uma feiticeira, uma patrulheira e um elfo Elandrin. No meio deles, um pequenino mago de apenas dez anos de idade.

Kairon sorri, gesticulando com uma mão mecânica. A mãe de Aura encontrara esse item de alta raridade para ele, e o ajudou a ter um novo braço. Apesar de eventualmente ter tido a opção de recobrar seu braço de carne, ele se afeiçoou à praticidade e utilidade de um braço robótico, apesar de sempre estar fazendo visitas frequentes para consertá-lo. Ninguém nunca se incomodou de fazer os consertos para ele. Ele eventualmente se livrou de seu passado e teve uma carreira digna e justa como um agente secreto para a realeza, vivendo momentos intercalados de grande ação e de grande paz.

Miro se empanturra em frutinhas, como sempre. O gentinha voltou a sua floresta depois da aventura, mas eventualmente teria saido de lá para encontrar novos lugares a conhecer. Talvez nem toda cidade fosse tão ruim, ein? Contanto que a comida fosse boa…

Kathe continuou servindo à Lua Loba por muito tempo, tendo tantas aventuras que elas não caberiam numa história relativamente breve como essa. Talvez a mais importante fosse sobre sua caça ao vampiro que ela buscava derrotar toda sua vida, mas esta é uma história para outra hora. Quando ela decidiu que seu tempo de serventia tinha chegado ao fim, ninguém soube do paradeiro dela, mas sabiam em seus corações que ela estava vivendo em felicidade.

Aura cresceu e se tornou uma das feiticeiras mais proeminentes da capital e de toda Lore. Ela veio a conhecer o Sindicato dos Arque-magos e participar dele, se tornando uma peça fundamental no que eventualmente seria uma guerra que dividiria Lore em dois. Sua aprendiz era uma orfã dotada que continuou o seu legado de grandes feitos.

Não muito se sabe sobre Jessabella depois dos ocorridos. Ela passou um tempo se aventurando com Kairon e enriquecendo, mas eventualmente ambos seguiram seus próprios caminhos. Apesar disso, ela sempre manteve contato com o ladino, e algumas vezes o visitava discretamente na calada da noite.

Aradan passou o resto de sua vida guiando os elfos de sua raça e os humanos a uma vida de paz e eventualmente amizade. Os acordos firmados entre os dois povos acabaria tendo um papel de grande importância para a maior guerra que o país já tinha visto.

Finalmente, Norman se desvencilhou das suas antigas associações e se livrou do resto de seus clones, decidido a viver esta nova vida de uma maneira como não vivera nas passadas. Ser mais jovem do que todos os outros quando antes tinha o papel de líder da equipe foi engraçado, e ele eventualmente entregou a responsabilidade para o seu amigo paladino sem qualquer tipo de hesitação. Ele viveu uma longa vida pela última vez.

“Amor! Venha almoçar! As crianças já estão na mesa!”, Alire chama.

“Já estou indo!”

Siegfried põe o retrato de volta em seu lugar, lhe dando mais uma última olhada cheia de nostalgia.

Então, ele deixa a sala, sentindo saudades do passado, felicidade pelo presente e entusiasmo pelo futuro.

 

FIM


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Notas finais do capítulo

Este foi o final da nossa aventura, galera. Eu realmente gostei muito de escrever tudo isso, e espero que vocês tenham se divertido lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo.
Eu não sei se vou chegar a escrever outra história, e se chegar, talvez seja bem no futuro. Se você tiver interesse mesmo assim, me favorite como autor e veremos juntos o que o destino nos aguarda, ein?
Um grande e forte abraço a todos vocês que seguiram essa história desde que decidi ressuscitar ela ano passado. Ela nasceu em 2018, voltou em 2020 e terminou esse ano, então que viagem, não é?
Fiquem na paz, até outro dia.
Mast



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