Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 16
Injusto Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoales!!
Antes de tudo desculpem a demora em atualizar a fanfic HASHASHASHA eu estava mó viciado em Stardew Valley e outros jogos por isso nem me toquei. Mas aqui está esse capítulo, com muito amor!
Estamos nos aproximando cada vez mais do final da história...estou nervoso mas também ansioso. Espero que vocês continuam lendo até o final!
Boa leitura!



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Norman está paralisado. Ele não consegue acreditar no que acabou de acontecer.

Vrokvais abaixa o braço, irritado.

"Garoto tolo. Você não deveria ter se intrometido."

Miro, Kairon e Alire estão chocados, sem conseguir reagir.

Aura e Kathe vêem o que aconteceu e correm para os outros, puxando parte do grupo para longe.

Lágrimas descem dos olhos dos três. Miro e Kairon seguem relutantemente as duas garotas, mas Alire começa a se debater enquanto é puxada, chorando.

"Pare! Me largue! Eu vou matar ele! Siegfried! Siegried…!"

Pouco a pouco, suas palavras ficam mais fracas e se transformam em murmúrios de tristeza.

Vrokvais começa a se aproximar do mago, apontando um dedo para seu antigo amigo.

"Não faz diferença. Vou te levar a seu amigo logo depois."

Uma parede de luz surge do chão, separando o Lich e Norman.

"Corram!", Aura grita. "Não temos como terminar essa luta!"

Norman permanece no chão, com suas mãos tremendo, até que Kairon o agarra com firmeza, o levantando e o puxando para longe.

"Vamos, Norman! Agora!"

O grupo bate em retirada pelo local enquanto o monstro luta para destruir a parede de luz. Miro percebe que ele não parecia possuir mais tanto poder mágico quanto outrora.

Kathe lança um feitiço, enchendo a área de fumaça. Logo depois, o grupo escapa do castelo arruinado, segurando suas lágrimas o máximo possível.

Chegando do lado de fora, eles continuam correndo. Eles correm, correm e correm, até chegar numa clareira no meio de árvores mortas.

O grupo desaba. Alguns por cansaço, outros por tristeza e choque.

Alire por ambos os motivos. A clériga mantém as mãos sobre o rosto, derramando lágrimas sem fim.

Mas Norman não chorava. É como se o mago estivesse congelado.

"Não…! S-Siegfried….", a garota continua a chorar.

"Merda.", Kairon diz, se aproximando de uma árvore e a atingindo com um soco. "Merda!"

Apesar de parecer mais frustrado do que triste, seus olhos ainda permanecem molhados e avermelhados.

Miro segura a testa com uma mão, fungando com o nariz e pensando sobre a situação.

Aura e Kathe ainda estavam tristes, mas não tanto quanto os outros. Elas não conheciam o grupo a muito tempo, afinal. Mas talvez isso tenha salvado a vida do grupo.

Kairon mantém os olhos em Norman por muito tempo.

"Uma lágrima."

Ele anda até o homem e o agarra pelo colarinho, o levantando.

"Derrame pelo menos uma lágrima, seu desgraçado!"

Norman olha em seus olhos por algum tempo, mas seu olhar parece vazio.

"Kairon! Kairon, pare!", Miro grita, se aproximando e separando os dois.

Ainda furioso, o ladino larga o mago, andando para longe.

Ele cerra os dentes. Isso tudo era culpa de Norman.

Desde o começo dessa aventura, ele não tinha lhes contado nada. Siegfried morreu, e foi tudo culpa dele.

E se tivesse sido outra pessoa?

Todas essas mentiras e esses segredos o enfureciam. Agora, a pessoa mais próxima de ser um novo irmão para Kairon não estava mais entre eles.

Mas nada o enfurecia tanto quanto aquele olhar vazio no rosto de Norman. Como se ele fosse uma vítima desta tragédia. A culpa era dele.

"Kairon…"

O ladino abre os olhos e percebe Kathe do seu lado. Ela segura o seu pulso, e só então ele percebe que a palma de sua mão estava sangrando. Ele fechara o punho com tanta força que suas garras estavam cortando sua própria mão.

Kai estala a língua, ainda irritado.

Ele olha em volta de si mesmo e começa a pensar em suas prioridades.

Sair daqui e nunca mais dar as caras pelo local. Isso tudo se tornaria problema de outra pessoa.

Seu olhar se torna um tanto melancólico. Ele voltaria a vagar Lore em busca de uma forma de sobreviver, e dessa vez sem nada para o guiar. Nem mesmo vingança. Entrar naquele castelo de novo seria suicídio.

Norman abre sua bolsa, tirando uma espada quebrada de dentro dela. A antiga espada de Siegfried. Nela, um S azul estava pintado.

Ele pensa um pouco, até que Kairon levanta a mão.

"Escutem! Tem algo aqui!"

Alire se levanta imediatamente, agarrando sua maça.

"Apareça! Eu acabo com você!"

Vários pares de olhos os assistem das sombras das árvores, logo desaparecendo. Barulhos de patas batendo no chão em grande número começam a se aproximar do grupo.

A clériga grita, balançando sua arma e esperando atingir um dos inimigos invisíveis. Não tendo nenhuma sorte, ela grita de dor quando seu braço é atingido pelo que parece ser uma mordida.

Miro produz um pilar de luz mágica e o lança pela floresta, queimando alguns dos lobos invisíveis pelo caminho.

Kairon desce sua faca mágica e acerta no que parece ser a cabeça do monstro, que larga a garota. Ele a agarra e corre, junto dos outros, que fazem o mesmo.

Miro se transforma novamente em urso e agarra Norman com sua boca, levando o mago paralisado.

"Rápido! Em direção à ponte!"

"Mas por quê? Nós a destruímos!", Aura grita.

"Só confie em mim!"

Todos eles correm até a ponte arruinada, sendo seguidos pelas feras invisíveis. Do outro lado, um único soldado presencia tudo e, alarmado, começa a correr para longe do local, supostamente para avisar aos outros.

Se aproximando do penhasco, Kairon grita.

"Pulem!"

"Você enlouqueceu?!", Kathe retruca.

"Pule se quiser viver!"

O grupo inteiro pula do penhasco, enquanto os cães sombrios ficam para trás.

O ladino lança um feitiço que, ironicamente, tinha salvado sua vida não tanto tempo atrás.

"Feather Fall!"

Os seis começam a cair em baixa velocidade, levitando calmamente até o chão. Kairon tem tempo para pensar em como este feitiço só funciona em seis pessoas, e que talvez não tivesse sido possível com Siegfried ainda com eles.

Antes de que pudesse pensar mais sobre, o grupo atinge a água do rio abaixo, logo sendo levados pela correnteza.

Logo antes de entrar na água, Kai agradece mentalmente a si mesmo por ter aprendido aquele feitiço que o deixava alterar seu próprio corpo.

"Alter Self!"

Barbatanas e guelras surgem no jovem, e ao adentrar o rio, ele agarra seus amigos e os carrega para a superfície com seu nado superior.

Miro se transforma num crocodilo e leva Norman e Alire, deixando as duas garotas com o ladino.

Pouco tempo depois, o grupo chega numa área da floresta onde o rio fluía mais calmamente. Eles nadam até a margem e se lançam à terra seca, exaustos.

Ofegante, Kairon olha para cima ao ouvir passos de pesadas botas de metal.

A meia-orc de outrora, juntamente com seus soldados, olhava para o grupo com orgulho.

"Ora, ora. Mas que conveniente."

 

O grupo é levado para dentro de Oden. Todos eles estão acorrentados, e são puxados pela guarda, que mantém os olhos neles.

A única excessão seria Miro, que estava preso dentro de uma gaiola de ferro. Ele puxa e empurra as barras da gaiola, com raiva.

“Ei! Ei! Me soltem daqui! Eu não fiz nada de errado! Eu tenho cara de animal pra vocês?!”

“Fique quieto, druida! E nem pense em se transformar, porque estamos de olho em você!”, um dos guardas grita com o gentinha.

Ele cruza os braços e se senta, fazendo beicinho.

Kairon estava irritado. Ele odiava ter sua mobilidade comprometida. As garotas só tinham uma mistura de tristeza e frustração em seus rostos.

Norman tinha um olhar distante. Ele não resistia de maneira alguma.

Alire olha para os arredores da cidade e percebe que muitas casas foram danificadas no ataque. Sangue ainda está no chão, sujando as ruas da capital, e mantendo a lembrança daquela terrível noite. Apesar de não gostar de estar recebendo os olhares raivosos e julgadores dos cidadãos, ela ainda sim se compadecia deles. Eles provavelmente não sabiam quem culpar, e alguém para servir esse propósito lhes daria algum descanso.

Mas isso não significava que todos pensavam desse jeito.

Kairon retrucava os olhares irritados dos moradores com o seu próprio. Ele para, porém, quando percebe uma elfa olhando para ele de longe, atrás das multidões, com um abutre em seu ombro.

“...Jessabella?”

Uma pedra voa em direção à Kathe, que é acertada no ombro. Ela solta um grunhido, e o ladino cerra os dentes.

“Ei! Ficaram loucos?!”, ele grita com a multidão.

“Sumam daqui, seus monstros!”

Ele começa a andar na direção deles. Os guardas estão prestes a puxá-lo de volta quando a moça o impede.

“Deixe-os. Eles tem razão para estar com raiva.”

“Mas não fizemos nada de errado!”

“Eles não sabem disso.”

O grupo é puxado até um antigo mas bem-mantido local feito de pedra. Uma grande construção que parecia ter um andar subterrâneo, julgando pelas escadas seguindo para baixo. Eles, porém, são levados pelas portas principais.

O local parece ser um tribunal. Vários homens e mulheres, presumidamente o juri, estão em pé em uma bancada circular feita de mármore, que existe ao redor de um círculo no chão no centro da sala. Eles são todos trazidos para o epicentro do tribunal, e um homem se levanta. Ele abre um pergaminho e fala em voz alta.

“Segundo o direito de todo cidadão e habitante de Lore, dado a nós pelo nosso terrível e incrível rei primordial Dulgrinn Ashsworn, cujo descendente, Margo Ashsworn, nos governa nos dias de hoje, todo aquele posto sob acusações de crime deverão ser julgados de maneira imparcial, verdadeira e justa.”

“Esta é a verdade.”, o juri fala ao mesmo tempo.

“A defesa poderá argumentar a seu próprio favor, e o juri poderá acatar ou não as suas respostas. Se a defesa for determinada justa e inocente, eles serão anistiados de toda acusação e pena de lei. Caso contrário, todos serão punidos justamente conforme seus próprios crimes.”

“Esta é a verdade.”

“O juri promete julgar a defesa de maneira completamente imparcial e buscar, acima de tudo, encontrar a verdade e a justiça, conhecendo plenamente o peso que se encontra em suas mãos.”

“Esta é a verdade.”

O homem fecha o seu pergaminho e abre outro.

“Os acusados são em grande parte desconhecidos de nome, exceto por Norman Chadsworth, o mago, Aura Gwenety, e Siegfried Graham Maxwell.”

O homem franze as sobrancelhas, olhando então para o pergaminho e para o grupo.

“Siegfried? Onde se encontra? Guardas? Pensei que ele estava aqui.”

Os soldados simplesmente balançam a cabeça.

“O garoto não estava com eles quando os encontramos.”, fala a capitã meia-orc.

Norman baixa a cabeça.

Com mais um olhar do orador para o mago, ele faz que sim com a cabeça.
“Compreendo.”

Um burburinho se forma na sala. Ele tosse duas vezes.

“A defesa é acusada, segundo testemunhas oculares confiáveis, de terem controlado e conduzido o ataque dos mortos-vivos na cidade de Oden. E, por isso, são responsáveis pela morte de cento e setenta e nove habitantes, pela destruição de propriedade da cidade, e pelo atentado à vida de vossa alteza.”

O orador levanta seu braço para um local distinto da sala, onde um belo assento se localizava. Sobre a poltrona se assentava um homem vestido de peles de animais e com uma grande coroa prateada sobre sua cabeça.

Margo Ashsworn.

Ele descansa sua mão sobre uma espada. A arma é decorada com múltiplas jóias.

“A defesa terá cinco minutos para argumentar contra a acusação.”

Alire, Kairon e Aura falam todos ao mesmo tempo, e nenhum deles consegue compreender o que o outro disse.

“Parem! Um de cada vez.”

Kairon faz um gesto e começa a falar.

“Somos inocentes! Estávamos aqui justamente para impedir este ataque!”

Ele olha para o juri, que o assiste com indiferença, engole seco, e continua.

“Era...algo sobre a lua de sangue, não é, Norman? Norman? Diga alguma coisa!”

Mas o mago não diz nada.

“Que saco...estávamos aqui para impedir tudo isso! Conversamos com Carlyle, o mago real, nessa noite! Pedimos ajuda a ele, e estavamos com ele quando o ataque começou! Ele pode nos inocentar!”

Vários olhares curiosos se levantam para o ladino. Estava dando certo!

“Que curioso. Pois foi justamente Carlyle quem denunciou vocês.”, o orador diz.

O sorriso some do rosto de Kairon.

“...o...o quê? Mas por quê?”

“Carlyle, o confiável mago do castelo, afirmou ter visto o grupo de vocês liderando um morto vivo e matando alguns inocentes com magia.”

“Isso é mentira! Nós lutamos naquela noite! Contra os mortos-vivos! E salvamos a vida de várias pessoas, também!”

“Carlyle não foi a única testemunha da magia que Norman usou para controlar mortos-vivos. Temos outras testemunhas que viram o que ele fez.”

“Mas isso foi para encontrarmos a raiz do problema!”

“Pode ter sido isto. Ou talvez, vocês estavam procurando abrigo justamente em seu lar.”

O ladino levanta as sobrancelhas. Só neste momento que ele percebe com quanta ira o orador olhava para ele. Aquela conversa de justiça e imparcialidade era furada, esse homem queria alguém para punir.

Uma mão se levanta no juri. O homem exótico fica de pé e começa a falar.

“O ladino fala a verdade. Nosso grupo viu ele e o druida lutando contra mortos-vivos, e eles nos ajudaram pessoalmente.”

Os olhos de Miro se abrem, feliz de que este estranho os estava ajudando.

“Yafeer não está mentindo. Eles salvaram a minha vida.”, um dos cidadãos fala.

Yafeer, o homem exótico, faz que sim com a cabeça.

O orador parece pensar por um pouco.

“Me parece que estes dois estão inocentados, neste caso. E quanto à Aura, e as outras duas garotas?”

“Eu sou filha de Yuna Gwenety!”, Aura fala. “Ela é uma velha senhora que cuida de uma loja de artigos mágicos! Por quê que eu iria querer pôr minha própria mãe em risco? Ela ainda está aqui na cidade!”

“Eu sou uma clériga de Mirna. Possuo um símbolo sagrado. Eu nunca me tornaria uma necromante!”

Kathe fica calada por alguns momentos, antes de levantar o rosto.

Uma aura prateada começa a surgir ao redor dela, apesar de estar acorrentada. A cabeça de um lobo aparece e uiva, assustando todos na sala e logo se desmaterializando.

“Sou serva da lua loba. Minha missão era impedir essa terrível catástrofe, mas cheguei tarde de mais. Me perdoem.”

O juri mantém os olhos no grupo, curiosos e assustados.

“Seus truques de mágica nada significam.”, o orador diz. “Não adianta querer nos enganar, já sabemos o quão maléficos e calculistas vocês podem ser. Não vamos cometer o mesmo erro do passado.”

Algumas pessoas da plateia concordam, enquanto outras estão hesitantes de ter algum posicionamento.

As portas do tribunal se abrem. Um homem armado e com um tapa-olho entra na sala.

“Posso atestar a inocência deste grupo, vossa excelência.”

“Quem é você?”

“Jordan Cournedour, capitão da guarda de Ordinance.”

“E o que tens para dizer?”

“Este grupo de mercenários nos ajudou, livrando as estradas da cidade de um necromante e de mortos-vivos. Conseguimos comprovar tudo.”

“Bem…”, o orador olha para o rei, que não está indiferente à cena toda. “O que dizes, vossa alteza?”

“Eles….me parecem inocentes. Exceto pelo mago. Meu conselho para o juri é prendê-lo e deixar os outros irem. Vamos investigá-lo e a Carlyle também. No caso da dúvida, executaremos os dois.”

“O juri está de acordo?”, ele pergunta, olhando para todos, que concordam.

“Então será feito.”

 

Norman anda pela escuridão, vagando por um vazio avermelhado e carmesim. Caminhando pelo que parece uma eternidade, o homem para, deprimido.. Ele sente que algo está em suas mãos.

O mago abre os olhos e percebe que é noite. Ele suspira, puxando sem sucesso as suas correntes. Sem seu grimório, ele era inútil.

Dois dias se passaram.

O homem olha para a janela de sua cela, vendo a lua do outro lado, e se posiciona melhor para ficar mais confortável. O corredor está escuro, mas ele não consegue mais dormir, tendo acordado pouco tempo atrás.

Um guarda se aproxima de sua cela.

“Você fez uma bagunça grande, não é? Está acostumado a dar trabalho para os outros resolverem?”

Norman ri um pouco consigo mesmo.

“É….acho que sim.”

“Você não presta.”

“Eu sei.”

Os dois ficam em silêncio por pouco tempo. O guarda se encosta nas barras da cela, mas Norman nem tenta agarrar as chaves. Que diferença faria?

“Eu arruinei tudo.”

“Dá pra ver.”

“....sabe….eu pensei que estava pronto para perder qualquer um. Mas a verdade é que havia uma pessoa que eu não suportaria perder.”

“Não me diga, você a perdeu.”

“E foi tudo minha culpa.”

“Foi mesmo.”

Silêncio.

O mago cerra os dentes e dá um soco no chão.

“Às vezes, eu não me sinto mais humano! Vivi por tanto tempo...e me tornei tão frio. Eu pensei que poderia confiar novamente, mas só machuquei as pessoas que se importavam comigo.”

O guarda não fala nada. Ele simplesmente permite que Norman continue dizendo o que está em sua mente.

“Perdi meu melhor amigo uma vez, e justo quando encontrei outro, o perdi novamente. Ambas as vezes foram minha culpa. Eu sou um fracasso como mago. Não...como ser humano.”

“E como amigo também.”

“....sim.”

O homem se vira para olhar para o patético mago do outro lado da cela.

“Sabe...acho que aprendi algo recentemente. Aprendi que confiança e verdade são coisas importantes.”

O detento mantém seus olhos no chão.

“Que as pessoas precisam confiar umas nas outras e, às vezes, tomar para si os fardos de seus amigos.”

O guarda cruza olhares com o mago quando termina de falar estas coisas, mantendo o contato visual.

“Sim...você traiu a confiança de muitos e não foi verdadeiro, mas sempre há tempo de consertar tudo.”

“Como que você pode dizer isso? Não sabe que eu posso ser executado ainda essa semana?”

“Você não vai ser. Eu lhe prometo.”

“É? E como pode saber disso?”

“Porque eu vou lhe tirar daqui e então você vai contar tudo para nós. Para o Miro, para a Alire, para mim, e até para a Kathe e a Aura.”

Os olhos de Norman se abrem quando o guarda à sua frente se transforma no tiefling ladino que ele conhecia.

“Estou aprendendo novos truques de mágica. Gostou? Alter Self.

“....Kairon…!”

O jovem segura um molho de chaves e sorri.

“Vamos dar no pé.”

 

Os dois se espreitam pelos corredores do castelo, e Norman percebe que alguns guardas estão presos num profundo sono. Ele se pergunta se Kairon fez aquilo também e segue seu amigo ladino.

“Como que vamos sair daqui?”, ele sussurra.

“Do mesmo jeito que entrei. Vamos ir pelo jardim, onde ninguém consegue nos ver.”, Kai responde.

“E minhas coisas? Preciso delas.”

“Isso já está resolvido.”

Do teto se esgueira uma mulher. Ela desliza pela parede e cai no chão graciosa e silenciosamente. Ela segura uma bolsa e os entrega a Norman.

“Jessabella?”

“Só estou devolvendo um favor.”, ela diz, corando um pouco quando Kairon sorri para a elfa.

O mago abre a bolsa e toma seu grimório, conjurando um feitiço que deixa os três invisíveis.

“Aonde nos encontramos?”, ele pergunta.

“Na loja da velha, a mãe de Aura.”

“Certo. Até, então.”

Os três começam a se mover pelas trevas, mais tranquilos já que estavam invisíveis. Eventualmente, se separam para não esbarrar uns nos outros.

Kairon, porém, passa pela escadaria da torre de Carlyle. Ele sabia que o mago real não tinha sido encontrado, mas ele se lembra de algo que aconteceu quando estavam conversando com ele.

Com um sorriso travesso no rosto, Kairon sobe as escadas da torre, sabendo muito bem de que Carlyle não precisaria mais daquela espada.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Lembrem-se de comentar, pessoal! Cada comentário importa tanto para mim que vocês não fazem idéia!