Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 15
Palavra Mortal


Notas iniciais do capítulo

Boa noite galera!
Esse capítulo é um pouco mais longo mas ele é bem importante para a história. Espero que gostem!
As coisas vão ficar tensas a partir de agora!!!



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Depois de alguns minutos, o grupo se junta novamente no local onde Siegfried, Kairon e Miro se encontravam. Todos estão muito feridos.

O grupo se senta ao redor de uma pequena chama que Norman produz.

Ao redor deles, a ilusão do castelo começa a se desfazer. A pedra nas paredes passa por centenas de anos de erosão em poucos segundos, os panos e tecidos nas mesas se disintegram e a madeira apodrece.
Pouco a pouco, o material que compõe o castelo começa a se desfazer e a se transmutar num novo formato. Ao redor deles, a pequena cabana de madeira que outrora tinham visto expõe sua verdadeira forma.

Os seus inimigos não estão em lugar algum.

“E então? Conseguimos? Acabamos com esse mal?”, Siegfried pergunta.

Norman balança sua cabeça.

“Não seria assim tão fácil.”, o mago diz, limpando suas feridas.

Alire cura seus amigos, com a ajuda de Miro e o próprio paladino.

Aura relaxa um pouco mais, feliz de que tudo tenha dado certo, enquanto Kathe e Kairon estão pensativos, ambos por motivos diferentes.

“Espere aí. Então ainda tem mais?”, a feiticeira meia-elfa pergunta.

“Sim. Mas nosso próximo alvo é o último.”

Todos ficam em silêncio por algum tempo. Kathe solta um grunhido de dor quando a ferida em sua perna é fechada por magia.

“Vai ser mais difícil do que a luta de hoje, não é?”, Kairon pergunta, apesar de já saber a resposta.

“Provavelmente vai ser a luta mais difícil de nossas vidas.”, Norman diz. “Nosso próximo oponente não é nenhuma brincadeira.”

“Mas, Norman...nós vamos ficar bem, não é?”, Siegfried pergunta, levantando uma sobrancelha.

O mago pensa um pouco, antes de responder com um sorriso.

“Claro.”

Satisfeito com a resposta, o garoto retribui o sorriso.

Aura olha para Kathe e levanta uma sobrancelha.

“Kathe, você disse que seu poder vinha de sua patrona, não é? A lua loba?”, ela pergunta.

A mulher olha de volta para a meia-elfa e sorri, fazendo que sim com a cabeça.

“Foi o que eu disse. Ela é a feérica que cuida dos animais selvagens e que fortalecem os caçadores. Eu tenho um pacto com ela. Enquanto manter minha pureza, eu vou continuar recebendo seu poder.”

Os outros olham para a moça, curiosos.

“Sua pureza?”, Kairon pergunta, rindo. “Tipo o quê? Não pode passar a noite com alguém, é isso?”

Ela cora um pouco, não respondendo. Mas seu silêncio já era em si uma resposta.

“Oh. Uau. Bem, espero que tudo corra bem para você.”

A resposta um tanto estranha de Kairon a deixa confusa, mas a mulher decide não perguntar mais sobre.

Algumas horas se passam enquanto o grupo se recupera. Eles descansam na casa velha, esperando suas feridas sararem e suas energias voltarem.

Aura murmura algo.

Miro levanta as sobrancelhas para a garota.

“Disse algo, jovem?”

Ela percebe que foi ouvida, e sorri, corando um pouco.
“Ah, eu só estava cantando um pouquinho…”

“Você canta?”, Alire pergunta.

“Bem...não muito. Eu tenho um pouco de prática.”

“Uau. Eu adoro ouvir pessoas cantando.”, o druida fala. “Me lembra o canto dos pássaros.”

“Por que não canta um pouco para nós, Aura?”, Kathe pergunta, sorrindo.

Ela ri, um pouco nervosa, mas concorda.

“Bem, essa música é um pouco antiga. Minha mãe me ensinou ela, então não tem problema se vocês não souberem.”

Todos ficam em silêncio por um momento, esperando ouvir ela cantar.

“Na doce manhã

Canto esta canção

Para afastar de mim

Este grande vilão

 

Ele é muito feroz

Dentes como navalha

Com asas imensas

E chamas como numa fornalha

 

Escamas vermelhas

Ira sem ter igual

Tiamat, o poderoso

O dragão infernal”

Os outros escutam sua canção impressionados com a habilidade da garota ao cantar. Norman, porém, abre a boca e a acompanha, para a surpresa de todos.

“Um dia eu verei

Os céus se abrirem

E com muito terror

Pessoas fugirem

 

Mas no meu coração

Não existirá medo

Não haverá qualquer dúvida

Ou resquício de receio

 

Pois em mãos eu terei

A espada da perfeição

Calibur, mata-monstros

Só reis a empunharão”

Siegfried puxa de sua bolsa uma flauta. Ele a toca, dando à canção uma melodia.

“Com um golpe certeiro

Tiamat matarei

Em seu coração tenebroso

A espada fincarei

 

E com um grande rugido

E trovões lá no céu

O rei dos dragões

Será o meu troféu.”

Aura abre os olhos novamente, e todos batem palmas para ela. Ela sorri, um pouco envergonhada, mas agradece a todos pelos elogios. Enquanto isso, Siegfried olha para o mago ao seu lado.

“Você sabe bastante sobre coisas antigas, não é, Norman?”

“Claro.”, o mago responde. “É o meu trabalho conhecer bastante sobre história e sobre povos, afinal de contas. Tenho que ter conhecimento sobre Lore.”

Alire se lembra de algo que a incomodava desde então, mas que ela havia convenientemente se esquecido sobre.

“Norman…”

“Sim?”

“Quando derrotamos aquele homem, Farald. Por que ele te chamou de velho?”

Os cinco pares de olhos que estavam mirados na clériga então se direcionam para o mago, esperando uma resposta.

“Você conhecia ele?”, ela o pergunta.

O mago simplesmente não responde.

“Sabe, agora que penso um pouco sobre isso…”, Kairon começa a falar. “...você tinha um monte de coisas bem poderosas na sua mochila, não é, Norman? Magias.”

O clima do local começa a ficar mais tenso.

“Norman?”, Siegfried pergunta. “Tem alguma coisa que você não está nos contando?”

“Tem muitas coisas.”, Kairon continua. “E ele não nos disse nada.”

O mago fica calado por mais um momento, antes de responder.

“Felizmente, o que eu carrego em meus pertences não é da conta de ninguém além de mim.”

“Que mentira, Norman!”, Kairon aumenta o tom de voz. “Você sabe de muita coisa e não está nos dizendo nada! Por que diabos você não quer ser transparente conosco? Quer só nos usar?!”

“Claro que não.”

Aura franze as sobrancelhas. Isto estava parecido de mais com o que sua própria mãe havia lhe dito.

“Bem que minha mãe me avisou…”

“Eu não estou tomando vantagem de ninguém.”, Norman diz novamente.

Kathe se ajeita em seu lugar. Ela não os conhecia muito bem ainda, e não sabia o que estava acontecendo ao certo, por isso se sentia um pouco desconfortável.

“Você sabia que tudo isso ia acontecer, não é? É por isso que estava guardando todo aquele poder mágico?!”, Kairon continua questionando o mago. “E aquela peça de xadrez? O que faz?”

“Não é da sua conta!”, Norman responde, irritado. “Você está fora de si, não está vendo? Como pode desconfiar de mim desse jeito?”

Miro come algumas frutinhas, não entendendo a necessidade disso.

“Porque podemos estar caminhando em direção à nossa morte, Norman! E pela primeira vez desde muito tempo, eu estou preocupado com alguém que não seja só eu!”

“Acha mesmo que eu sacrificaria todos vocês?”

“Eu não sei, e é por isso que estou assustado!”

“Como que não sabe? Você me conhece!”
“Eu não lhe conheço, Norman!”

Silêncio.

“Eu não sei nada sobre você! Você nunca nos diz nada! E sim, entendo o quão irônico isso é já que sou do mesmo jeito, mas não sou eu que estou tomando as decisões importantes aqui.”

O mago para e pensa, formulando algum tipo de resposta em sua mente, logo antes de ser interrompido.

“Pessoal. Se acalmem.”

Siegfried levanta as mãos, gesticulando para que todos relaxem um pouco.

“Vamos fazer as coisas devagar. Se Norman não gosta de falar sobre si, vamos ter que confiar de que é melhor assim. Quando ele se sentir confortável, então ele pode nos dizer tudo. Certo?”

Kairon não estava nada convencido. Apesar disso, ele decide largar a conversa para não influenciar ainda mais a moral do grupo.

O mago fica calado por um bom tempo. Ele abre a boca para falar, mas o ladino levanta a mão, chamando a atenção de todos.

“Espera. Espera. Vocês estão ouvindo isso?”

“O que é?”, Kathe pergunta.

“Passos. Muitos. Estão marchando por perto.”

Norman se levanta.

“Vamos.”

 

Um grupo de soldados se encontra do lado de fora da cabana. A maioria está armada com lanças e escudos, enquanto outros com bestas pesadas. A capitã, uma meia-orc em seus trinta anos de idade, segura um machado e olha para o grupo.

“Temos ordens para prendê-los. Todos vocês.”

“O quê? Por quê?”, Alire questiona, franzindo o rosto.

“Vocês foram vistos por testemunhas confiáveis, controlando os mortos vivos que atacaram Oden e mataram vários inocentes. Caso resistam, temos permissão para usar força letal. Entreguem-se e vamos lhes dar um julgamento justo.”

Kairon sabia o significado disso. Ele podia ver pelo olhar da mulher que isso significaria ou execução ou uma vida na prisão. E eles não tinham tempo para resolver tudo.

“Não fizemos nada de errado! Apenas controlamos um deles com magia para nos trazer de volta para cá, que era o lar dos vilões!”, o paladino retruca.

“Verdade? Esse casebre abandonado e acabado? Nunca vi mentira mais gorda.”, a mulher diz, rindo.

“Mas é verdade!”

“Sério? Então onde estão esses vilões?”

Todos olham para trás, se lembrando de que os corpos dos seus inimigos não se encontravam em lugar algum.

“Baita tolice, essa a de vocês.”, ela diz, posicionando seu machado. “Não façam o meu trabalho mais difícil do que tem que ser, por favor.”

Todos ficam apreensivos. Eles sabem que seu trabalho não acabou, mas se lutassem agora poderiam ter um motivo real para serem procurados pela justiça.

“Claro, claro.”, Norman diz, levantando ambas as mãos. Ele olha para Kairon, que faz o mesmo. “Só tenho uma pergunta a fazer.”

“Diga.”

“Depois do meu julgamento, o que acha de passar a noite comigo em algum quarto bem confortável?”

A guerreira ri alto, fechando os olhos e virando o rosto para cima. Ela está prestes a aplaudir a ousadia do mago quando a área inteira é coberta de uma fumaça que emana das mãos de dois dos heróis.

"Fog Cloud!", ambos Norman e Kairon gritam.

A equipe inteira corre em retirada. Miro se transforma num leão, carregando Aura e Alire em suas costas, enquanto os outros correm a pé.

"Malditos! Sigam eles, suas lesmas! Agora!"

Os soldados rapidamente os seguem, atirando virotes de suas bestas ou lançando machadinhas na direção do grupo, que pouco a pouco ganha distância. O número de guardas, além de seus equipamentos e armaduras pesadas, dificultam sua locomoção em conjunto, principalmente no terreno incerto da floresta.

"Norman! Para onde estamos indo?!", Siegfried grita.

"Vamos seguir até o rio e atravessar a ponte! Se destruirmos a ponte, eles não vão conseguir nos seguir!"

Eles correm por mais cinco minutos, pouco a pouco se distanciando, antes de encontrarem uma fraca e frágil ponte de corda e madeira unindo dois penhascos.

"N-Nossa…", Alire gagueja, olhando para o penhasco abaixo deles.

Aproximadamente setenta metros abaixo deles estava um rio que corria forte. Uma queda daquela altura provavelmente seria fatal, e o estado da ponte não os enchia com confiança.

Porém, vendo a tropa de soldados se aproximando deles, o grupo se vê forçado a atravessar a ponte velozmente.

O paladino nota que sua amiga meia-elfa está com medo, e por isso segura sua mão.

Alire sorri, corando um pouco.

"Obrigado, Siegfried."

"Pelo quê?"

"Por me ajudar tanto."

O garoto retribui o sorriso.

"Calma. Não matei aquele dragão que prometi ainda."

Todos chegam do outro lado e começam a derrubar os suportes da frágil ponte.

Um único soldado, um tanto ágil, dá tudo de si e corre corajosamente através da ponte enquanto ela é danificada. Siegfried vê isso e começa a gritar.

"Pare! Saia daqui! A ponte vai cair!"

Mas já era tarde de mais.

A estrutura balança, instável, e as cordas a mantendo juntas começam a se romper.

"Seu tolo! Volte para cá agora!", a capitã grita.

O soldado começa a correr de volta, e abre seus olhos por completo.

A ponte cai.

O homem grita, desesperado, sentindo o vento atingindo o seu rosto enquanto caía até o que seria sua morte. Ele fecha os olhos e se prepara para o impacto até que sente algo agarrando seus ombros com força.

Uma coruja gigante e gorda o segura, o carregando para o lado da ponte destruída onde os outros soldados estavam. Vários arqueiros miram suas bestas na fera, mas são impedidos pela capitã.

"Não, seus idiotas! Vão acertar ele!"

A ave larga o homem em segurança, e este é logo socorrido por seus amigos.

Voando para seus companheiros, Miro assume sua forma humanóide novamente, deixando homens confusos do outro lado e correndo com o grupo em direção a um tenebroso castelo arruinado, que descansa seus velhos ossos de pedra sob um solo antigo e de alta altitude.

 

Todos param à porta do local. Nervosismo e ansiedade começam a se espalhar.

“Então, nossa última missão, não é?”, Siegfried pergunta.

“Sim.”, o mago lhe diz. “Mas não baixe sua guarda. Será difícil.”

O paladino olha para o grupo e leva uma mão até o próprio peito.

“Pessoal! Já passamos por muita coisa, mas agora é a hora de nos provarmos! Vocês podem ter medo, mas eu prometo que vocês sairão daqui em segurança!”

Kairon sorri.

“E você também.”

“Claro!”

O grupo reúne sua coragem e entra.

O castelo é escuro e tenebroso. Tochas fracas estão acesas em todos os locais, e o tempo denegriu as paredes outrora bonitas e impressionantes a estruturas fracas e comprometidas. Os corredores, cheios de poeira, parecem guardar a memória de uma época em que várias pessoas pisavam seus pés naquele chão. Qualquer objeto ou decoração de pano não é mais nada do que fiapos de tecido, deixados no chão.

Mas talvez o que mais incomodava o grupo não fosse o local em si, mas o silêncio.

Todos estavam esperando algum tipo de fortaleza cheia de monstros poderosos e perigosos, mas um local vazio lhes dava a sensação de que algo poderia estar se aproximando deles pelas sombras.

Norman, porém, parece ao mesmo tempo calmo e furioso. Ele anda pelo piso antigo sem qualquer receio, e parece ter mais pressa do que todos os outros.

Ele se vira e para em frente a uma porta. Quando ele faz isso, todos os outros compreendem.

O destino deles estava ali.

O mago usa ambas as mãos para abrir a passagem, logo descobrindo que ela é incrivelmente pesada. O grupo inteiro se junta e a empurra, o metal enferrujado raspando o chão abaixo dele.

Uma sala do trono. Sem qualquer tipo de luz.

Duas tochas se acendem na entrada. Entre elas, um tapete.

O grupo anda para frente, e mais e mais tochas se acendem enquanto eles se aproximam do trono.

Quando alcançam o centro da sala, chamas começam a queimar sozinhas na sala inteira, mostrando a todos o ser sentado sobre o assento real.

“Elliot…”, Norman diz.

“Esse não é mais o meu nome.”

Todos conseguem ver, assentado em frente à eles, um homem. Ele veste uma túnica azul prussiano, luvas negras e botas da mesma cor de sua túnica. Um capuz cobre parte de sua cabeça, e seu rosto é escondido por uma máscara.

Sua voz é fria. É como se alguém raspasse uma faca sobre uma superfície de madeira. Ela faz o grupo se arrepiar, exceto pelo mago.

“Sempre vai ser quem você é.”, ele diz.

“Elliot está morto. Quem fala com você neste momento é o Lich Vrokvais. Eu abandonei minha humanidade e transcendi esta carne fraca e mortal.”, o homem responde, segurando uma taça de vinho em sua mão.

“Nossa pesquisa não vale mais a pena, Elliot! O que você está procurando só lhe trará desgraça!”

“A minha pesquisa, Norman.”

Os outros escutam com atenção a discussão dos dois.

“Esta pesquisa é minha e minha somente, pois você nos abandonou com os seus próprios planos.”

“O que estávamos fazendo era errado! Pessoas não devem viver por tanto tempo, e ainda hoje pagamos o preço pelos nossos crimes contra a natureza!”

“Crimes?!”, Vrokvais grita. “Eu estou buscando um novo começo para a natureza e para a humanidade, Norman! Você acha que fui corrompido? Eu nunca vi as coisas com tanta clareza! Vou tornar Lore inteira num reino imortal, inacabável, começando por você!”

Norman abre o seu grimório, sendo seguido por seus amigos, que se preparam para lutar junto dele.

“Você está errado, Elliot! Eu vou lhe devolver a sua humanidade, mesmo que seja pela morte!”

“O que é um humano?!”, o homem grita, jogando sua taça de vinho no chão. “Uma miserável e minúscula pilha de segredos!”

“Chega de conversa, Elliot! Levante-se e lute!”

O suposto imortal se levanta de seu trono, tirando sua máscara. Todos conseguem ver que seu rosto é pálido, e em alguns lugares, em decomposição. Uma energia mágica extremamente intensa preenche toda a sala, focando-se nele.

“Norman!”

A batalha começa.

O lich se teleporta no meio de todos, e solta uma onda de choque que empurra o grupo para trás, exceto por Norman. O mago prepara uma imensa bola de fogo para explodir sob os pés do oponente, mas com um gesto de mão deste, a magia se esvai, dissipando-se nas mãos do evocador.

Depois disso, Vrokvais cria uma nuvem de fumaça venenosa, que se espalha ao redor de Norman. Os outros, que estavam se aproximando, são pegos pela fumaça também.

“Cloudkill!”

A pele de cada um começa a queimar, o gás se espalhando para dentro de seus pulmões e os enfraquecendo severamente.

Uma onde de vento espalha a fumaça, partindo de Norman. Mas para sua surpresa, o seu inimigo já corria em sua direção.

O lich se preenche de magia, puxando uma adaga ritualística. Ele desaparece, e todos exceto Norman e Kairon sentem uma grande pressão, sendo atingidos com força mágica. Siegfried e Aura, porém, se protegem. O primeiro com seu escudo, que quebra completamente, e a segunda com um escudo mágico.

Miro se transforma em um urso e corre até o vilão, atacando ferozmente com suas garras. Ele erra dois ataques e desce sua face para dar uma mordida, recebendo uma cotovelada poderosa. O urso cambaleia para trás e fica imóvel, paralisado pela magia do monstro.

Kairon e Kathe correm juntos para atacar, mas ao se virar, Vrokvais olha nos olhos do ladino. Um terror intenso preenche a mente de Kai, que para de correr e fica imóvel. Kathe não entende o que acontece e por isso aproxima-se mais do seu inimigo.

Ela enche sua espada de poder e a desce num ataque vertical na cabeça do lich, que a bloqueia com o braço. O golpe causa efeito, mas a arma fica presa no braço do vilão, que atinge a mulher com uma onda de choque que sai de sua mão, acertando o estômago dela.

Kathe voa cai no chão, deslizando.

O morto-vivo anda calmamente até um Kairon paralisado quando um grande feixe de luz o atinge na lateral. O golpe o faz perder um pouco a postura, e ele se vira, vendo Norman segurando um pergaminho.

“Sunbeam!”

Outro raio. E mais outro. Ambos atingem a criatura, que dá um passo para trás com cada ataque.

Um outro raio de luz o atinge nas costas. Alire, satisfeita por enquanto, corre até Kathe para a curá-la.

Aura reúne toda o seu poder e o mira no monstro, lançando uma explosão de gelo que cobre a área inteira, tendo cuidado para não atingir Kairon e Miro. O feitiço levanta uma geada no ar, criando um leve nevoeiro branco. Quando este cessa, o lich suspira, irritado. Ele foi pouco afetado pelo poderoso ataque. A feiticeira meia-elfa levanta as sobrancelhas, surpresa e um pouco assustada.

Vrokvais enche-se de energia mágica, criando uma barreira ao redor de si. Os magos e feiticeiros do grupo começam a lançar magias nele, mas todas são bloqueadas.

Kairon finalmente volta a si e corre para dentro da barreira. Ele finge atacar o monstro no rosto, mas então desliza no chão e corta o tendão de uma de suas pernas, o fazendo perder o equilíbrio. Siegfried corre, segurando a espada com as duas mãos e corta a lateral ferida da criatura. O poder divino que corre pelo seu corpo é passado para a arma, que o lança para o vilão com uma explosão divina.

Vrokvais agarra Siegfried pela cabeça e o lança com uma força desumana, atingindo Kairon no processo. Ambos ficam mais próximos de um Miro ainda paralizado, mas com um gesto das mãos do monstro, o urso começa a se mexer novamente.

“Miro?!”, Kairon grita, mas ele não é ouvido.

O druida desce suas garras nos dois, os cortando.

Satisfeito com a cena, o vilão se vira e começa a caminhar até Aura. Ela prepara uma outra onda de água e lança nele, mas um pilar de pedra é levantado sobre o chão, quebrando-a e o protegendo. Ele aponta um dedo para a garota e lança um feitiço terrível.

“Finger of Death!”

Aura grita, segurando seu coração e caindo no chão. Ela se contorce. Apesar disto, Vrokvais está surpreso de que ainda esteja viva.

“Hm. Talvez estes amigos de Norman tenham algum valor.”

Kathe corre novamente até o lich. A espada dela ainda está em seu braço, mas fazendo um pequeno feitiço, a arma é teleportada de volta para sua mão. Ela corre até o seu inimigo, criando uma armadura de gelo ao redor de si mesma, e atacando. Ambos trocam golpes por breves momentos. A armadura de gelo da mulher a protege de ser paralisada, ao mesmo tempo ferindo o monstro com seu frio. Ele a empurra para longe com uma onda de ar e lança um raio de energia verde.

“Disintegrate!”

O raio a atinge com força, e Kathe sente parte de sua pele sendo desconstruída. A armadura de gelo se desfaz, salvando a sua vida. Ela cai no chão, enquanto Alire corre para protegê-la.

A clériga levanta seu símbolo sagrado e grita.

“Turn Undead!”

O lich grita de dor, caindo de joelhos e protegendo o rosto com as mãos. Alire se aproxima da criatura, mantendo o símbolo brilhante perto deste.

Para sua surpresa, o monstro se levanta e rapidamente a agarra pelo pescoço, levantando ela do chão e apertando.

“Eu odeio clérigos.”, ele diz. “Se fazendo de santinha, não é? Vou lhe transformar em pó.”

Neste momento, uma mão gigante e translúcida o agarra e o lança no chão como um brinquedo, quebrando grande parte do chão.

O mago concentra seu poder mágico, movendo sua mão direita. A mão fantasma responde, movendo-se da mesma maneira, e começa a esmagar a criatura com golpes repetidos, enquanto Alire desajeitadamente corre para longe.

A mão mágica explode, e Vrokvais se levanta. Ele mantém seus olhos no mago, e começa a andar até o seu antigo amigo.

“Já estou farto de suas brincadeiras, Norman. Você morre agora.”

Siegfried vê isso e chuta o urso, rolando no chão, se levantando e correndo.

“Ainda não, Elliot! Eu vou acabar com isso hoje!”

Ele puxa de sua mochila um outro pergaminho, o ativando.

“Mordekai-”

Infelizmente para Norman, antes que terminasse de conjurar o feitiço, o pergaminho é destruído por completo pelo lich.

O mago começa a suar frio. Seu antigo amigo levanta e estende sua palma até ele.

“Tarde demais, Norman. Power Word Kill.”

Tudo aconteceu muito rápido.

Norman pisca por um momento, sua visão ficando turva, até que vê algo que o aterroriza.

Em meio segundo ele percebe que não está morto, nem morrendo. Em sua frente, Siegfried está de pé, mantendo os braços abertos.

O paladino sente seu corpo inteiro estremecer e esfriar. Suas pupilas dilatam, e a sala fica escura. Ele já não consegue ver mais ninguém além de Vrokvais.

O garoto olha para suas mãos e vê sua pele se desfazendo como escamas de peixe. O sangue começa a fluir para fora de seu corpo, ele pouco a pouco perde a consciência.

“Pai...me desculpe….”, ele murmura, engolindo seco.

O corpo do garoto começa a se desintegrar. Ele se sente gelado por mais alguns dolorosos momentos.

“Me desculpe, pai... me desculpe…!”

Todos conseguem ver Siegfried desaparecendo frente à palma do vilão, seu corpo virando pura energia e se esvaindo pelo ar. Uma explosão de fumaça cobre a área ao redor de onde ele estava, encobrindo Vrokvais e Norman, que está paralizado.

“Siegfried!”, ele grita.

“Siegfried!”, Kairon grita.

“Siegfried!”, Alire grita.

Mas não há resposta.


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Notas finais do capítulo

Estão em shock? Se lembrem de comentar!!!
Até a próxima galerinha! Té mais!
Estamos chegando bem perto do fim dessa jornada...e que jornada foi, ein? Eu espero que vocês continuem lendo até chegarmos lá!