Stellarium escrita por Acquarelle


Capítulo 20
CAP.5, Epi.4: O chamado para uma nova aventura




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758618/chapter/20

Os dois continuavam seu caminho em direção ao quarto silenciosamente.

Quanto mais Ayase conhecia o ambiente, mais achava Arcadia um lugar surpreendente. As portas magnéticas agora abriam sem que ela fizesse o mínimo de esforço, lhe dando acesso às salas que Void havia mostrado mais cedo.

Mesmo a porta da cozinha de Rashidi se abriu quando a garota se aproximou, fazendo Ayase refletir se Ribbon cometeu algum engano e acabou lhe concedendo acesso total.

Para confirmar sua teoria, ela apressava os passos pelos corredores, sendo surpreendida por salas que não havia visto antes. Uma delas possuía uma extensa coleção de objetos ao longo de suas paredes, e conforme Ayase passeava seus olhos por eles, fazia uma nota mental de chamar Ribbon para lhe explicar sobre os curiosos itens dali. Em outra, havia um grande espaço vazio e escuro que ela não se atrevia a entrar. Também tinha um outro cômodo semelhante à biblioteca, mas com diversos dispositivos eletrônicos ao longo de suas intermináveis prateleiras.

Quando Ayase se dava conta, não fazia a mínima ideia de onde estavam.

— Onde nós...? — Ela olhava de um lado ao outro tentando se localizar.

— Estamos na ala leste — sibilou Ryuuki, erguendo a cabeça. — Para onde você pretende ir?

— Precisamos voltar para o aquário o quanto antes, não quero que pensem que eu sou bisbilhoteira.

— Não acredito que a Lephancee vá pensar isso, ela pareceu gostar de você. E se te considerassem alguma ameaça, você estaria trancada naquele quarto, o que não é o caso.

Ayase se sentira melhor depois daquela resposta. A dupla, então, passaram a refazer o caminho até o aquário.

Durante o percurso, eles pararam em frente à uma das salas em que Void lhes mostrara mais cedo; dentro dela, inúmeras armas de energia eletromagnética foram dispostas como uma grande galeria. Mas diferente do que pensaram, a porta sequer fez menção de abrir.

— Mexilhões...! — resmungou com uma expressão chateada. — Por que a porta não abre?

— Você acreditava que eles iam dar acesso às salas de armamento? Tem coisas ali dentro que provocariam de pequenos curtos-circuitos à grandes explosões na espaçonave, não seria prudente deixá-la aberta para... para você.

— Como assim "para você"? — bufou Ayase, inconformada com o que acabou de ouvir. — Eu sou a prudência em pessoa!

Ryuuki sibilou algo que parecia um riso baixo, fazendo a garota rir também.

Eles seguiam caminho, e enquanto caminhavam por outro corredor, uma das portas à direita se abria, chamando a atenção dos dois. Com passos curtos, Ayase adentrava o local, se deparando com mais uma sala de convivência. Haviam inúmeras lâmpadas minúsculas em seu teto, deixando o cômodo, seus inúmeros sofás brancos dispostos em fileiras e os dispositivos eletromagnéticos ainda mais iluminados que nas salas que tinha visitado.

Conforme adentrava o cômodo, a garota desviava seus olhos para uma porta em uma das extremidades; havia outra sala depois daquela, o que atiçava ainda mais a sua curiosidade. Cercada por vidros opacos (mesmo a porta era esculpida com o mesmo material fosco), algumas silhuetas estáticas podiam ser notadas, mas não era possível deduzir seus respectivos objetos apenas por suas sombras disformes.

Ayase se aproximou da porta, e diferente da sala de armamento, não teve dificuldade para acessar o local. Ela adentrou o novo cômodo sem muita cerimônia, fazendo a porta atrás dos dois se fechar em um baque surdo.

— O que mexilhões está...?! — Ela se virou, dando leves batidinhas na porta, que agora se encontrava trancada.

— Esse lugar é—

— N'no, Ayase! N'no, Ryuu!

Uma voz infantil ressoou pela sala e interrompeu Ryuuki. Logo Ayase descobriu de onde ela vinha: em uma das paredes, um monitor holográfico acendeu em um rostinho amarelo com uma expressão confusa. Ribbon esteve os observando?

— O que Ayase e Ryuuki estão fazendo na câmera de descontaminação? Ribbon não detectou nenhum agente infeccioso nos dois, então Ayase e Ryuuki não precisam ficar nela!

— Pe-perdão, Ribbon... — desculpou-se Ayase, cujo rosto pareceu tão rosado quanto seus cabelos. — Estávamos indo para o aquário e... e essa porta abriu quando passamos por ela. Como Void não disse o que era essa sala, eu fiquei curiosa...

O rostinho amarelo no monitor mudou para uma expressão irritada.

— Como assim o Void não mostrou a ala hospitalar para a Ayase?!

— Talvez não fosse necessário. — Ayase respondeu nervosamente.

— Também não era necessário mostrar as salas de armamento!

A garota abaixou a cabeça, envergonhada, fazendo suas mechas onduladas quase ocultarem o seu rosto.

— Tudo bem, tudo bem. Ribbon depois vai mostrar o resto das salas para a Ayase. Ayase tem muito o que aprender ainda, mas Ribbon vai ensinar tudo direitinho!

Nesse momento, o rostinho amarelo fingiu dar um suspiro.

— Mas Ribbon precisa fazer algo antes. A energia que Ribbon falou mais cedo era mesmo de um fragmento do aglomerado, então Ribbon precisa passar as informações para Rashidi e Void a respeito do novo planeta. Ayase e Ryuuki também deveriam vir até a cabine de comandos, Ayase e Ryuuki com certeza seriam úteis na missão. Ribbon pode esperar, se Ayase e Ryuuki quiserem!

— Nós iremos, Ribbon! — respondeu Ayase sem hesitar. — Só não sei como...

— Ribbon vai traçar o caminho para Ayase vir o mais depressa! Sem distrações!

A porta da câmera de descontaminação abriu, e no momento em que Ayase colocou os pés fora dela, setas azuis e brancas passaram a piscar no chão, desenhando o percurso que os dois deveriam seguir.

Sem pensar muito, Ayase apressou os passos, admirando a maneira como Ribbon lidou com o problema.

Ela sentia a ansiedade crescer dentro do peito, fazendo seu coração acelerar de maneira incômoda; finalmente poderia ver de perto o que os integrantes da Arcadia faziam para recuperar os estranhos cristais de luz roxa. Quanto mais corredores eram deixados para trás, mais perguntas surgiam na mente de Ayase ("O que será que eles vão fazer?", "Vamos descer desse monstro metálico?", "Será que eles vão me deixar ir com eles?"), a deixando cada vez mais nervosa e animada.

Em um dos corredores, Ayase se deparou com Rashidi, que a encarou no momento em que seus olhos se cruzaram.

— Então era aqui que você estava, peixinha. A Ribbon disse que—

— Eu já sei. Vamos até a cabine de comandos também.

— É por isso que essas setas estão... — Rashidi resmungou, logo soltando um suspiro nervoso. — Escute, peixinha, vocês não precisam vir se não quiserem. Essa missão não é problema de vocês.

— Seria um pouco solitário ficar aqui. E também que...

Ela deu uma pausa, fazendo uma expressão séria que Rashidi não percebeu.

— Eu tenho meus próprios motivos para ir.

— Você quem sabe. Tente não atrapalhar.

Mesmo com Ryuuki visivelmente incomodado, Ayase ainda conversava com Rashidi durante o percurso até a cabine de comandos.

— Ribbon disse que... — Ela deu uma pausa, pois tropeçou de maneira desajeitada. Por que Rashidi andava tão rápido? — Que iria passar as informações para você e para o Void. O que isso quis dizer?

— Informações sobre o planeta que iremos pousar, peixinha. Não podemos só chegar, recuperar o aglomerado e sair.

— Por que não? — perguntou, tendo dificuldades para respirar. O ar em Arcadia ainda era muito estranho para ela.

— Tem tantos motivos... listar um por um só iria me fazer perder tempo. — Rashidi passou a mão por seus cabelos brancos. — Mas entenda que ninguém pode saber da existência do aglomerado, o que inclui os próprios habitantes do planeta. Já temos problemas demais para nos preocuparmos.

Para Ayase, Rashidi parecia levemente alterado; suas respostas eram mais diretas e ele já não se importava se a garota o entendia ou não. Ele também estava nervoso com a missão? Era como se existissem dois Rashidis: o primeiro era uma ótima companhia e exímio cozinheiro quando estava livre de responsabilidades; o outro não passava de um cefalópode amedrontado com o mundo fora do alcance de seus tentáculos.

Antes mesmo de perceberem, os três chegaram ao seu destino; as setas no chão pararam de piscar no instante em que a porta abrira.

Naquele momento, Ayase não sabia dos perigos que a aguardavam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo 5, Parte 4

Essa deve ser a parte que eu menos gostei do capítulo. Não que eu tenha gostado desse capítulo, mas céus... parece que não houve absolutamente nada aqui e eu podia simplesmente excluir essa parte completamente que não faria diferença alguma. Há um foreshadowing aqui, sim (e vocês vão muito ligar os pontos a partir desse capítulo, presumo), mas eu não sei se estou fazendo isso da maneira correta.

Eu não sei, estou naquela situação de: "O capítulo é útil, mas não para agora", sabe?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stellarium" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.