Um Caminho Para O Coração escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 46
Capítulo 45 — Cultivando Amor




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No jardim totalmente diferente do que lembravam, a poucos dias de retornarem a casa, depois de dias difíceis pós o incêndio, a família tirou algumas horas para cuidar das plantas, sob um céu azul de primavera.

De um lado, Emmett, Olívia e Rosalie acrescentavam adubo à terra aos pés das pequenas mudas. Não muito longe, Esme podava, com um cuidado que lhe era peculiar, uma roseira. Norman rastelando o gramado recém-aparado que antecedia o jardim.

— Muito bem, meu amor — Rosalie elogiou Olívia pelo excelente trabalho ao qual vinha fazendo com as flores. Olívia sorriu, revelando uma janelinha na arcada dentaria superior. Os cabelos estavam presos em duas marias-chiquinhas. A camiseta de listras coloridas e o short cor-de-rosa, manchados pela terra.

Emmett encostou o dedo sujo de terra na ponta do pequeno nariz, salpicado de minúsculas sardas, da filha.

— Bom trabalho, amorzinho.

Olívia desvencilhou com uma risadinha. Tentou alcançar o rosto do pai com as mãos sujas de terra. Emmett caiu sentado ao tentar escapar. Rosalie e Olívia gargalharam de sua tentativa desastrosa de escapar. Ele levantou, se divertindo ao lado delas, pronto para pegá-las com seus braços fortes. As duas foram rápidas ao fugir, correndo pelo jardim de mãos dadas.

Norman parou o que estava fazendo para prestar atenção à cena. O mesmo aconteceu com Esme, que deixou a tesoura de poda de lado para olhá-los brincar.

As risadinhas de Olívia era o som de que Emmett mais gostava de ouvir, desde que a menina aprendeu a sorrir, após um longo período de tristeza que era habitual a casa deles não faz tanto tempo.

Correram para o jardim dos fundos, onde o caramanchão florido destacava sua beleza, o banco sob ele fora substituído por um novo. A casinha de bonecas passou por uma segunda reforma. As cores escolhidas por Olívia dessa vez foram o branco e cor-de-rosa.

Olívia soltou a mão de Rosalie, correndo para o interior da casinha.

— Vem também, mamãe — chamou por ela. Olhou pela janela, sorridente, a tempo de ver Emmett alcançar Rosalie pela cintura com firmeza, chegando erguê-la do chão. O rosto dele ficou muito próximo ao dela, o peito se movendo com a respiração pesada, assim um beijo aconteceu.

Durante esse período, Emmett se recuperou bem da perna, com algumas sessões de fisioterapia.

Olívia iniciou as aulas de música, uma vez na semana, sempre depois da escola. Esme lhe deu o primeiro violoncelo, e ele tinha o tamanho ideal para sua idade.

Esme comprou a casa da senhora Smith e, como era de sua vontade desde o início, a casa estava passando por reforma. O pessoal retomaria os trabalhos na segunda-feira.

Ainda pela manhã, a família foi à igreja. Cuidar do jardim, na casa de Emmett, ficou para a parte da tarde.

— Ei, vocês dois.

Ambos riram entre o beijo, sabendo que era Olívia a chamar por eles. A risadinha entregou estar feliz. Afastaram-se, olhando a menina na janela da casinha.

Aproximaram-se então da casinha, de mãos dadas.

— Podemos entrar? — tentou Rosalie.

— Sim, podem entrar. — Abriu a porta para eles.

Rosalie se abaixou para entrar na casinha. Então, foi à vez de Emmett se apertar lá dentro. Mesmo agachado ainda precisava ficar atento para não bater a cabeça no teto.

Olívia sorriu, com todos apertados lá dentro.

— Muito bonita sua casa, senhorita.

— Não, papai. Eu sou uma fada.

Rosalie tocou no braço de Emmett.

— É amor, ela é uma fada.

— A fada mais linda da vida do papai. — Passou o braço ao redor de Olívia, levando-a sentar em suas pernas. Ela ficou cutucando sua barba. E se assustou, quando fingiu morder a mão dela.

— Papai não vai morder de verdade — avisou. Segurou a mão pequena e deu um beijo. — Papai está brincando.

— Você não é doido, papai.

— Papai não é doido de fazer isso. — confirmou, com um beijo na bochecha corada dela. — Podemos sair agora? Minhas costas estão doendo. A casinha é muito bonita, mas não serve para mim.

Rosalie e Olívia riram.

— Podemos, sim, papai. — Pôs a mão no ombro do pai. — Grande feito um urso pardo — brincou.

— Nosso urso de estimação — Rosalie compartilhou.

Olívia saiu da casinha na frente. Então Emmett, que começou fazer exercícios para a coluna. Por último, Rosalie.

Sentaram-se no banco sob o caramanchão, Olívia entre os dois. A menina observou as flores lilases que pendiam sobre suas cabeças. A cerca nova, pintada de branco, rodeando toda a parte dos fundos da casa.

— Está tudo tão bonito — falou.

Rosalie afagou seu rostinho feliz, e um punhado dos cabelos ruivos presos à maria-chiquinha.

— Está mesmo, não é, meu amor?

— Até parece um sonho — pontuou Olívia.

— Espere só para ver seu quarto novo — Emmett lembrou.

— Posso ver agora?

— Não está finalizado ainda.

— Vai levar muito tempo?

— Não muito. Vamos voltar a morar aqui em poucos dias.

— Aí estão vocês — disse Esme, chegando àquela parte do jardim.

— Vovó, vem sentar aqui com a gente.

— Obrigada, meu anjo. Não quero atrapalhar.

— Você não atrapalha — Rosalie fez questão de dizer.

Norman também foi até lá.

— Emmett — começou Norman —, eu vou ter de ir buscar mais fertilizante para o gramado. O que trouxemos não foi suficiente.

— Eu vou com você. — Ele olhou Olívia. — Fique com a mamãe e a vovó até o papai voltar.

— Tá bom, papai.

Emmett beijou seu rosto, para então se colocar de pé. Beijou Rosalie, e seguiu Norman ao jardim da frente. Entraram na velha caminhonete e partiram.

Esme ocupou o espaço vazio, ao lado de Olívia, que Emmett deixou no banco.

— Vovó, você gosta de fadas?

— Gosto, sim. Fadas são mágicas.

Um sorriso enfeitou o rosto de Olívia.

— Mamãe e eu também gostamos de fadas. — Levantou e saiu correndo. — Uma borboleta — disse encantada com a borboleta-amarela. Ela dizia muito sobre a fase que se iniciava na vida deles.

Esme comentou como falasse a si mesma:

— Alegria, prosperidade, renovação e mudanças de vida…

Rosalie completou sua observação:

— Símbolo da metamorfose e da natureza passageira dos ciclos da vida.

Olívia perseguiu a borboleta, que voava baixo. Curvou-se para olhá-la ao pousar no arbusto florido. — Elas nunca tinham vindo aqui — observou. — As borboletas gostam da nossa casa agora. — Ficou com a postura ereta. Olhou Rosalie ao lado de Esme, ambas no banco. — Mamãe, será que as fadas também podem nos visitar?

— É possível, meu amor.

Olívia sorriu, voltando olhar a borboleta. Aproximou a mão, para sua surpresa, a borboleta subiu em seus dedos. Agiu com movimentos delicados para não assustá-la.

— Você é tão bonita. Por que está sozinha? Onde está sua mamãe? Eu tenho uma mamãe agora. — Virou a mão com a borboleta na direção do banco. — Ela está ali. Ela tem cabelos amarelos, quase iguais a sua cor — observou. — A outra com ela é minha vovó Esme. — A borboleta moveu as asas devagar. — Você gosta delas, é isso?

Rosalie observava Olívia. A própria borboleta reconheceu na criança sua doçura e pureza. Comentou com Esme, sem deixar de olhar a menina.

— Estou pensando em recriar uma vila de fadas aqui no jardim para Olívia. Você gostaria de fazer parte disso?

— Será um prazer ajudar com algo tão bonito e mágico como incentivar a imaginação de uma criança. Olívia é uma menininha de sorte por ter você na vida dela. E aquela borboleta, também, por encontrá-la.

Rosalie sentiu o coração grato ao ouvir o que disse.

— Podemos voltar aqui quando Olívia estiver na escola — confirmou.

— É só me dizer quando, e eu estarei aqui.

— Ela está tão ansiosa para ver o quarto novo. Estava agora a pouco nós perguntando se não poderia vê-lo hoje mesmo.

— Está ficando lindo — lembrou Esme.

— Estou ansiosa para ver o rostinho dela quando vir o que preparamos.

De volta ao jardim na frente da casa, Olívia continuou brincando: correu, pulou, encontrou outras borboletas.

Voltou à varanda onde Rosalie e Esme conversavam, sentadas nos degraus. O novo jogo de cadeiras para área externa ainda não haviam sido entregues, assim como parte da nova mobília.

— Papai e vovô estão demorando muito — se queixou Olívia.

— Estão demorando mesmo. Você tem razão — Rosalie concordou.

— Quando eles voltam mamãe?

— Eles já devem estar chegando.

Olívia sentou no colo de Rosalie, que beijou seu rosto algumas vezes.

— Posso telefonar para o papai?

— Pode, sim. — Ela entregou o celular na mão da menina, com a tela desbloqueada.

Olívia deslizou o dedo na tela algumas vezes, procurando o contato do pai na agenda.

— Amor urso — leu. — Esse é o papai?

Um sorriso desenhou os lábios de Rosalie.

— Sim, esse é o papai.

— Mamãe, se eu tivesse um número de telefone, como você nomearia na sua agenda?

Esme achou graça de sua pergunta.

— Meu pequeno arco-íris — admitiu Rosalie, beijando no rosto da menina.

— Eu gosto de ser seu pequeno arco-íris. É bonito. E fofo. Você, vovó, como nomearia?

— Na minha agenda, lhe daria o nome “meu melhor presente”.

Olívia segurou o rosto da avó entre as mãos, dando nela um beijinho de esquimó.

— Vovó, bonitinha — disse.

Rosalie avistou a caminhonete de Emmett se aproximando.

— Olha só quem está de volta — falou para Olívia, observando Emmett estacionar. A menina olhou naquela direção.

— É o papai. — Devolveu o celular a Rosalie e se levantou com um pulo.

Emmett saltou e foi até os fundos da caminhonete.

— Olívia, venha até aqui.

Ela saiu correndo para encontrá-lo.

— Papai, você demorou muito.

— É que o papai comprou uma coisa muito legal.

Olívia sorriu, aguardando.

— É a sua cara — disse ele.

Olívia pulou, se mostrando ansiosa.

— O quê?

Emmett abaixou a parte traseira da carroceria. Chegou um pouco mais para frente, alcançando o presente.

— Uma bicicleta cor-de-rosa — se admirou Olívia. Pulou com os braços para cima. — Uma bicicleta linda.

Emmett pôs a bicicleta no chão. Olívia se aproximou para olhar nela os detalhes. Tocou na cestinha e nas fitas pendentes no punho.

— É tão linda, papai. É tão linda.

Rosalie e Esme se aproximaram.

— Sobe na bicicleta — Norman sugeriu.

Olívia olhou o pai.

— Eu posso? Posso subir nela? Posso, papai?

— É claro. Ela é sua, amorzinho.

— Mas eu não sei andar de bicicleta.

— Tem rodinhas. — Ele mostrou as rodinhas no pneu de trás. — Papai também comprou capacete, joelheiras e cotoveleiras. — Pegou o restante das coisas. Pôs o capacete na cabeça dela, bagunçando um pouco o penteado. A janelinha em seu sorriso estava à mostra. Os olhinhos, brilhando.

Emmett tocou a pontinha de seu nariz.

— Você viu mamãe, que linda?

— É mesmo, muito linda. O papai caprichou.

Emmett terminou de colocar os equipamentos de segurança nela.

Olívia se atrapalhou ao subir na bicicleta a primeira vez.

— Pronta? — testou ele.

— Sim, papai.

— Você tem de pedalar.

Olívia tentou a primeira vez e não aconteceu nada.

— Não deu certo, papai.

— Precisa colocar mais força nos pezinhos.

Ela tentou novamente, os pés calçados com sapatinhos cor-de-rosa deslizaram chegando bater no chão.

— Não tão forte.

Uma risadinha mostrou estar se divertindo.

— Está muito confuso. Forte. Não forte.

— Você consegue.

Na terceira tentativa, a bicicleta se moveu poucos metros.

— Estou conseguindo, papai. Estou conseguindo.

Os adultos sorriam.

— Muito bem, Ollie — Rosalie elogiou. — Muito bem, meu amor.

Olívia parou a bicicleta, colocando os pés no chão.

— Para parar você precisa apertar o freio, esse aí logo abaixo de seus dedos.

— Esqueci os freios.

— Não tem problema. Logo, logo você estará andando de bicicleta muito bem. Então, poderemos retirar as rodinhas.

— Não, papai, senão eu vou cair.

— Não vou deixar você cair. Vamos, papai vai com você para uma volta no quarteirão.

Emmett pegou no guidão guiando a bicicleta, com Olívia em cima, até a calçada que antecedia o gramado, saindo da entrada de veículos.

— Rose, você vem com a gente? — ele chamou.

— Vá pedalando. Qualquer coisa o papai está logo atrás. — Ele segurou na mão de Rosalie ao vê-la se aproximar.

— Que surpresa linda — ela comentou com Emmett.

Olívia olhou para trás, o guidão entortou, imediatamente colocou os pés no chão.

— Estamos bem aqui — lembrou Rosalie. — Continue pedalando, meu amor.

Emmett ajudou pôr a bicicleta em linha reta outra vez.

— Pode ir.

— Mamãe — falou enquanto pedalava —, eu posso colocar flores na cestinha?

— Você pode pôr o que quiser.

— Quero flores.

— Mamãe te ajuda escolher as mais bonitas.

Deram a volta no quarteirão. A poucos metros da casa, Olívia se queixou de estar cansada de pedalar. Emmett a colocou em cima dos ombros. A bicicleta, Rosalie empurrou pelo punho pelo restante do caminho. A bicicleta foi colocada novamente na carroceria da caminhonete por Emmett.

Norman havia terminado de colocar fertilizante no gramado. Retornaram a casa dele para descansar. Esme foi para a casa onde estava morando temporariamente, os encontraria mais tarde para o jantar.

Rosalie levou Olívia para o banho. Emmett guardou a bicicleta na garagem de Norman. A caminhonete permaneceu na entrada de veículos, no jardim.

— Temos uma menininha muito suja aqui — brincou Rosalie.

— Hoje foi um dia muito legal.

— Por que você mexeu com terra? E cuidou das flores no jardim?

Rosalie ajudou com as roupas sujas.

— Porque estávamos juntos cuidando do jardim da nossa casa.

— Foi legal mesmo, você tem razão.

— Só faltou a vovó Cheryl e o namorado dela, Joseph.

— Logo eles vêm nos visitar.

— Uhun.

Rosalie abriu o chuveiro.

— Vamos lavar esses cabelos bonitos e suados.

Olívia saiu do banheiro, vestida em um roupão cor-de-rosa. Toalha da Barbie ao redor da cabeça. 

Emmett as encontrou ainda no corredor.

— Penteia os cabelos dela, amor? Aproveitarei que está de volta, para tomar banho também.

Emmett pegou na mão de Olívia.

— Está uma princesa com esse roupão de banho. Essa toalha nos cabelos foi você quem colocou?

— Foi mamãe que fez isso.

— Você agradeceu?

— Obrigada, mamãe.

Ele acompanhou Olívia ao antigo quarto de Dorothy. Aguardou escolher o pijama, sentado na cama, segurando o frasco de creme de pentear, escova de cabelos e o secador.

Quando terminou de arrumar os cabelos dela, ganhou um beijo estalado na bochecha em forma de agradecimento.

— Agora sim, uma menininha limpa e cheirosa — brincou.

Rosalie chegou ao quarto, vestida em roupão de banho, toalha na cabeça da mesma forma que estivera Olívia antes.

— Olha a mamãe aí.

— Vou deixar vocês, para tomar um banho também. — Ele levantou, beijou Rosalie de leve nós lábios, e saiu para o corredor.

— O papai está mandando muito bem, em arrumar os cabelos da minha menina linda.

— Sou eu?

— É claro que é você. — Segurou no queixo de Olívia, que sorriu com olhos de admiração e amor.

Pouco depois do jantar, Rosalie e Esme repassaram com Olívia o texto para sua apresentação da peça “O Mágico de Oz”.

O violoncelo, presente de Esme para Olívia, estava em um local improvisado na sala de Norman, de onde a menina vinha praticando com a professora particular.

Adormeceu no colo da avó, exausta, após um dia movimentado. Emmett a carregou no colo até a cama temporária.

Esme retornou a casa alugada. Norman se recolheu no próprio quarto para descansar.

Mesmo agora, Rosalie e Emmett ainda passavam as noites no sofá-cama na sala de estar. Preferiram assim a botar um colchão no pouco espaço do quarto que Olívia ocupava.

A família saiu de casa para assistir à apresentação de teatro na escola primária.

Deixaram Olívia nos bastidores aos cuidados da senhorita Hannah, e os colegas, para encontrar os lugares no auditório lotado. Conseguiram sentar-se ao centro da plateia. Emmett aguardando para fazer a chamada de vídeo com Cheryl. Depois do incêndio, ele precisou comprar um celular novo. Rosalie ficou ao lado dele, na sequência Norman e Esme.

Antes de saírem de casa, Rosalie arrumou Olívia com o figurino de Dorothy. Emmett, perfeitamente fez o penteado. Fizeram tantas fotos quanto o tempo permitiu.

Esme estava bastante emocionada, lembrando momentos passados, quando, aos dez anos, quatro anos mais velha que Olívia hoje, Sarah interpretou Dorothy, também, em uma peça de teatro na escola.

A apresentação ainda não havia começado e já estava chorando.

As cortinas se abriram dando início a apresentação das crianças. Houve outras apresentações antes da turma de Olívia se apresentar.

Rosalie começou a gravação no celular. Emmett deixou Cheryl assistindo por chamada de vídeo.

O momento em que Olívia entrou no cenário, vestida de Dorothy, foi de orgulho para todos eles.

Norman sorriu, recordando o quanto havia se dedicado. Esme chorou o tempo todo, com os sentimentos relacionados ao passado e ao momento atual: saudade, orgulho, felicidade e agradecimento.

Na estrada de tijolos amarelos, o cachorro nos braços de Olívia era de pelúcia. Todas as crianças tiveram seu momento, fazendo o melhor que puderam no papel que lhes fora confiado. Megan ficou com o papel da bruxa boa do Norte. Ela quem apresenta OZ a Dorothy.

Esme retirou da bolsa a caixa de lenços de papel, usando um atrás do outro. Norman tocou seu braço, sensibilizado com suas lágrimas.

— Ela está fazendo tudo tão bem — fungou com o lenço na mão. — Nem parece que estava nervosa quando a deixamos com a professora.

— Abobrinha se dedicou muito.

Esme anuiu, enxugando os olhos.

Rosalie acenou sutilmente ao perceber que Olívia os avistou na plateia. Ela estava tão feliz.

A apresentação terminou com Olívia cantando “Além do Arco-íris”.

Todas as crianças deram-se as mãos curvando-se diante à plateia em agradecimento. As cortinas se fecharam ao som de aplausos.

Hannah encontrou as crianças atrás das cortinas, elogiando a cada uma delas pelo desempenho. Reuniu todas mais uma vez nos bastidores, enquanto os familiares deixavam o auditório.

Eles encontraram com a família de Megan somente do lado de fora do auditório. 

Hannah trouxe ambas as meninas pelas mãos para entregar as suas respectivas famílias.

Emmett se abaixou, abrindo os braços para recebê-la. Olívia correu ao seu encontro. Ele ficou de pé com ela no colo, beijando seu rostinho algumas vezes.

— Parabéns! Você fez tudo direitinho. Papai está tão orgulhoso.

Rosalie trocou algumas poucas palavras com Hannah, que logo retornou para entregar outras crianças as suas famílias.

— Sua apresentação foi linda, Abobrinha — elogiou Norman.

Rosalie abraçou Olívia, mesmo ela estando nos braços do pai.

— Coisa linda, de minha vida — murmurou, apertando a menina. Olívia grudou em seu pescoço retribuindo ao gesto de carinho. Rosalie a pegou e girou com ela no colo, só então a colocou no chão.

— Vovó — Olívia olhou para Esme, sem soltar a mão de Rosalie. — Você chorou? Não gostou de minha apresentação?

— Eu amei. Foi a coisa mais linda. Vovó chorou de emoção. — Voltou enxugar os olhos. — Que dia mais lindo.

Olívia soltou a mão de Rosalie para abraçar a cintura da avó.

— Você lembrou-se dela… a mamãe Sarah — disse.

Esme afagou os cabelos ruivos da neta.

— Não se preocupe, vovó está muito feliz. Foi uma lembrança linda. Linda, linda.

— Tá bom, vovó.

Voltou para junto de Rosalie e lhe deu a mão novamente.

— Que linda, minha menina — Rosalie elogiou, vendo Olívia pular ao seu lado.

Emmett atendeu a uma chamada de vídeo da mãe.

— Olívia, é vovó Cheryl. Ela quer falar com você.

Olívia balançou o vestido azul e branco do figurino. Sorriu ao segurar o telefone do pai entre as mãos.

— Olívia — disse Cheryl, aparecendo na tela.

— Oi, vovó.

— Você está linda.

Olívia se balançou, sacudindo o vestido.

— Mamãe me vestiu assim. O papai fez meu penteado da Dorothy. Queria que tivesse visto minha apresentação, vovó. Foi muito legal.

— Eu vi, sim. Seu pai fez uma chamada de vídeo bem momento da apresentação.

— Você gostou?

— Sim, gostei muito. Parabéns, eu achei tudo muito bonito.

— Obrigada, vovó. Quando vem nos visitar de novo?

— Ainda não sei… Talvez no verão, durante suas férias escolares.

Olívia olhou no rosto do pai ao questionar:

— Falta muito para o verão?

— Não muito. Estamos agora na metade da primavera.

— Tá bom, vovó. O verão irá chegar logo, e as minhas férias também.

— Beijo, Olívia. Tchau!

— Tchau, vovó. — Mandou um beijo estalando os lábios. Devolveu o celular ao pai em seguida.

— Que tal um sorvete para comemorar? — sugeriu Emmett a Olívia.

— Sim! — A menina pulou, com um sorriso que revelou a janelinha.

Emmett guardou o celular no bolso, para segurar a mão pequena na sua. Os três seguiram de mãos dadas rumo ao estacionamento. Norman e Esme foram logo atrás deles.

De tempos em tempos, Olívia dava um pulinho. Emmett e Rosalie ajudando, com impulso, levantar os pés do chão sempre que isso acontecia.

Pararam ao lado do carro de Rosalie, que entregou a chave na mão de Emmett. Esme abriu a porta traseira, permitindo Olívia entrar no carro primeiro, então ela. Do outro lado, Norman fez o mesmo.

Emmett parou, percebendo Rosalie com a atenção voltada ao outro lado do estacionamento.

— Rose — chamou.

Rosalie pôs a mão na dele ao virar-se.

— O que aconteceu? — ele pediu.

Ela voltou olhar onde esteve olhando antes.

— Não sei… Pensei ter visto alguém olhando para cá, evitando ser notado.

— Deve ser outra família que veio pegar o carro para ir embora.

— É pode ser isso. Bem, vamos tomar sorvete, então — sorriu.

— Vamos tomar sorvete — repetiu Emmett.

— Ollie merece. — Ela passou para o outro lado, abriu a porta para se acomodar no assento do carona.

Emmett fez o mesmo ao se acomodar atrás do volante.

— Vai querer qual sabor de sorvete, Ollie? — Rosalie tentou descobrir.

— Sorvete arco-íris.

Esme e Rosalie sorriram.

— Existe esse sorvete arco-íris? — Emmett perguntou.

— Existe, sim, papai. Eu tomei no outro dia, com a vovó e a mamãe, no parque.

— O que estamos esperando para tomar sorvete arco-íris, então — brincou Emmett. — Nossa pequena Dorothy merece.

— Olívia — ela lembrou. — Pequena Olívia.

Emmett olhou para trás, com um sorriso no rosto. Olívia lhe sorriu de volta, os olhos quase fechando, a janelinha aparecendo.

 


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