Um Caminho Para O Coração escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 45
Capítulo 44 — Estreitando Laços




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Sentado no sofá, na sala de estar de Norman, Emmett observou Olívia com o lápis na mão, ouvindo a avó, Esme, explicar a lição de matemática. A menina sorriu, mostrando que entendeu. Pegou a borracha, apagou onde estava o erro, e fez novamente do jeito certo.

— Agora, sim, não é vovó?

— Perfeito! Você é muito esperta, meu amor.

Olívia deixou o lápis sobre a mesa para abraçar Esme de forma breve.

— Vamos fazer outro, tudo bem? — Esme insistiu. Afagou a mão de Olívia quando voltou segurar o lápis.

Emmett sentiu o toque da mão de Rosalie em seu queixo. Olhou no rosto dela, reconhecendo a pergunta se formando, apenas pelo modo como o olhou.

— Que cara é essa?

Virou o rosto, evitando entrar no assunto.

— Não fique com ciúmes — insistiu ela.

Emmett voltou olhar em seu rosto.

— Esme deixou claro que não quer afastar Ollie de você. Não fica enciumado assim, quando Ollie está comigo. — Estreitou os olhos ao questionar. — Ou fica?

Emmett passou os braços em volta de seu corpo, aproximando-os um pouco mais. Rosalie envolveu o pescoço dele com os braços.

— É diferente — explicou. — Ainda estou me acostumando que a mãe de Sarah está aqui. Que esse todo esse tempo não foi fácil para ela também… — Deu uma rápida olhada na mesa da sala de jantar, onde avó e neta trabalhavam juntas. — É estranho ter ela ao lado de minha filha.

— Vai se acostumar — Rosalie reafirmou. — Esme é uma boa pessoa. E ama a Ollie de verdade, assim como nós.

— Não tenho escolha.

Rosalie roçou os lábios ao dele com um beijo breve. Acariciou seu rosto, chegando tocar na barba as pontas das unhas.

Emmett levou a mão ao rosto dela, afagando seu lábio inferior com o polegar.

— Ainda que eu esteja inseguro e desconfortável, é um direito das duas se conhecerem. Sarah iria gostar que fosse assim. — Moveu a mão até a nuca de Rosalie, aproximando seus rostos e a beijou devagar.

— Obrigada, vovó.

Ambos Ouviram Olívia agradecer a avó. Finalizaram o beijo, e ficaram olhando Olívia novamente. A menina pulou da cadeira no chão e foi correndo até eles. Rosalie a abraçou e colocou sentada no colo. Olívia se encolheu, recebendo os beijos que esmagavam suas bochechas. Agarrou-se ao pescoço do pai, passando então para o colo dele.

— Fez toda a lição? — Rosalie pediu.

— Sim, a vovó Esme me ajudou.

Rosalie viu Esme terminando de guardar o material escolar de Olívia na mochila.

— Você agradeceu?

— Sim, mamãe.

Rosalie segurou seus pezinhos, calçados com pantufas.

— Coisa linda, de minha vida.

Olívia a abraçou exatamente como havia feito com o pai.

— Onde está o vovô Nor?

— Ele está lá em cima, descansando.

Esme fechou a mochila. Observou os três juntos. Embora feliz por Olívia ter ganhado uma família que a amava muito, sentiu por Sarah não ter tido a chance de conviver com a filha. Deixou as coisas de Olívia na mesa, e aproximou.

— Voltarei a casa onde estou hospedada.

Olívia pulou no chão, apressando-se em abraçar a cintura da avó.

— Não vá, vovó — pediu.

Esme se curvou, beijando no alto de sua cabeça ruiva.

— Amanhã, volto para te ver.

— Promete?

— Prometo.

Rosalie se colocou de pé. Emmett fez o mesmo, apoiando-se as muletas. Olívia voltou para junto do pai, segurou no bolso da calça de moletom que ele vestia.

Norman desceu a escada bem quando se despediam.

— Obrigada pelo convite para jantar com vocês.

— Você é sempre bem-vinda — garantiu Norman. — Volte sempre que sentir vontade.

Esme anuiu, agradecida. Voltou-se para Emmett ao dizer:

— Obrigada por compartilhar comigo as recordações que guardam de minha Sarah.

Emmett moveu a cabeça, aceitando as palavras.

Esme olhou para Olívia, sorrindo.

— Vovó volta amanhã.

— Te amo, vovó.

Os olhos de Esme marejaram ao abraçar Olívia novamente. Rosalie a acompanhou até a varanda. Esme parou, secando os olhos em um lenço de papel que pegou a bolsa.

— Me desculpe.

— Não tem que se desculpar por estar emocionada.

— Eu a amo muito — falou sobre Olívia. — Sinto que estou em falta com minha neta e, de alguma forma, com minha filha também.

— Todos nós amamos muito a Ollie. Não se preocupe, tudo isso que está sentindo, vai melhorar com o tempo. Restará somente o amor.

Esme fungou. E voltou enxugar os olhos com o lenço de papel.

— Emmett demorou em encontrar o amor de novo, mas acertou ao escolher você para fazer parte da vida deles. — Se virou de costas e começou descer os degraus na varanda, os braços colados ao corpo se protegendo do frio. Parou para olhar para trás. — Rose — chamou.

Rosalie parou a um passo de cruzar o limiar da porta, aguardando o que iria dizer.

— Acha que Emmett permitiria Olívia dormir na casa onde estou ficando hospedada, durante uma noite, no fim de semana?

— Eu vou falar com ele.

— Obrigada. — Esme virou e continuou andando até estar no carro.

Rosalie voltou para dentro de casa, para encontrar Emmett e Norman rindo junto a Olívia.

— O que perdi? — brincou ao se aproximar.

— A vovó já foi?

— Foi, sim, meu amor. — Rosalie a pegou no colo. — Agora você vai escovar os dentinhos e vai para a cama. Dê boa-noite ao papai e ao vovô.

— Posso dormir com vocês no sofá-cama?

— Pergunte ao papai.

Olívia voltou para perto de Emmett.

— Posso papai, dormir com você e a mamãe no sofá-cama essa noite?

— Lá em cima tem uma cama fofinha esperando por você.

— Mas lá não tem mamãe e papai.

Emmett afagou seu rostinho.

— Mamãe vai ficar ao seu lado até você dormir — lembrou Emmett.

Olívia fez beicinho.

— Não quer a mamãe com você? — pediu Rosalie.

Olívia sorriu.

— Quero, sim.

— Que susto você me deu. Agora dê boa-noite ao papai e ao vovô e vamos subir.

Olívia abraçou cada um deles e ganhou um beijo no rosto.

— Boa noite — disse-lhes.

Rosalie subiu a escada levando-a pela mão.

Momentos mais tarde, enquanto se prepararam para dormir no sofá-cama, Rosalie tentou descobrir o que Emmett pensava sobre o pedido de Esme.

— Amor.

Emmett deitou com as costas apoiadas aos travesseiros, acomodou o pé imobilizado em cima da almofada.

Rosalie foi se acomodar ao lado dele.

— Esme — continuou falando.

— O que tem Esme? — Emmett segurou sua mão.

— Esme me perguntou o que você pensa sobre Ollie ficar uma noite, durante o fim de semana, com ela?

— O que respondeu?

— Que tentaria descobrir.

— Contou a Olívia?

— Ainda não. Gostaria de saber sua opinião, antes de ela ficar sabendo.

Após uns poucos minutos em silêncio, ele voltou a falar:

— Preciso conhecer a casa onde ela está ficando.

— Tem medo que…

Emmett pegou também a outra mão dela, e as segurou entre as suas.

— Passaram-se muitos anos sem contado algum. Preciso estar seguro que não irá querer levar minha filha embora.

Rosalie passou a mão sobre a dele, fazendo um afago.

— Nesse momento que estamos sem casa, principalmente. É culpa minha que nossa casa tenha pegado fogo… negligenciei muitas coisas e todas elas têm me cobrado seu preço.

— Não é culpa sua, o que aconteceu.

— Poderia ter sido evitado, Rose. Ainda que diga que não, você sabe que sim. Eu sabia da importância da manutenção na rede elétrica. De manter o seguro em dia… e deixei cair no esquecimento. Eu poderia ter perdido minha filha naquele incêndio.

Rosalie viu dor nos olhos dele ao falar daquela noite.

— Eu mal consigo pensar nisso… sem pensar que desistiria…

— Ei, não… — Ela chegou mais perto, encostou o rosto ao peito dele, os braços em seu corpo largo. — Não pense nisso. Você a salvou. Tirou Ollie de lá sem qualquer ferimento. — Ergueu o rosto para olhar nos olhos dele. Levando a mão acariciar sua barba.

Emmett segurou sua mão, beijando seus dedos.

— Você não tem ideia do quanto é importante para mim e para Olívia. — Ficou acariciando os dedos dela.

Rosalie aproximou os lábios dos dele e o beijou.

Emmett a envolveu com ambos os braços. As mãos se apertando na curva de sua cintura. Rosalie passou a perna sobre o corpo forte, ficando sobre ele. Sentiu sua excitação. Esticou o braço, apagando a última lâmpada no abajur ao lado. Voltou a beijá-lo no escuro.

[…]

Eles foram juntos deixar Olívia na escola. Na volta, passaram para conhecer a casa onde estava hospedada, seguindo o endereço que lhes deu.

Emmett achou a casa muito grande para alguém sozinha, e por ser uma casa temporária. Ambos observaram de dentro do carro a fachada e o jardim.

— Quer mesmo fazer isso? — confirmou Rosalie, antes de saltarem.

— Preciso fazer isso antes de permitir Olívia vir.

Ambos saíram do veículo. O carro alugado por Esme estava estacionado na entrada de veículos, no jardim.

Emmett se apoiou as muletas, caminhando ao lado de Rosalie até a porta da frente. Rosalie tocou a campainha e aguardou.

— Espero não ser cedo demais…

Levou alguns segundos até a porta ser aberta. Diferente do que imaginavam Esme já estava pronta para começar o dia. Não havia nenhum sinal de terem tirado ela da cama.

— Emmett. Rosalie — sua voz soou com um tom de surpresa. Não estava esperando a visita deles àquela hora do dia.

— Espero não estar atrapalhando — lembrou Rosalie.

— Claro que não. Entrem! — Chegou para o lado permitindo eles passarem para o lado de dentro. Reparou na expressão séria no rosto de Emmett. — Algum problema? — pediu. — Aconteceu alguma coisa com minha neta? Olívia está bem?

— Não se preocupe. Está tudo bem com Olívia. — Tanto Rosalie quanto Emmett responderam.

Esme demonstrou alívio, indicando a ambos o caminho à sala de estar.

Emmett reparou o notebook em cima do sofá, com o pendrive inserido na entrada USB.

— Sentem-se, por favor. — Esme fechou o notebook ao pegá-lo e deixá-lo na mesinha de centro. — Estava assistindo aos vídeos outra vez — confessou. — Vocês aceitam um café, ou um chá?

Emmett moveu a mão, recusando. Rosalie recusou com um “obrigada”.

— Rose me contou de sua vontade de trazer Olívia para passar uma noite aqui com você.

— Sim, eu gostaria muito.

Emmett olhou em volta.

— É uma casa muito grande — disse.

— Sim. Até tentei uma menor, mas não encontrei disponível. Estava pensando, se não gostariam de ficar aqui até a casa de vocês ficar pronta. Aqui tem bastante espaço para todos. Tem um quarto muito bom aqui no térreo, onde vocês poderiam ficar. — Moveu a mão, como mostrando o motivo de ele não poder ficar subindo e descendo a escada.

— Agradeço sua gentileza e preocupação. Mas, não será necessário.

— Entendo… Estou olhando casas para comprar. Vi que tem uma à venda na mesma rua que a sua.

— A casa da senhora Smith?

— Estou pensando em comprar ela.

— É uma casa diferente do que está acostumada.

— A casa passaria por uma reforma antes de eu me mudar definitivo. Quero ficar perto de Olívia. A casa da senhora Smith seria perfeita para mim, pela proximidade.

Rosalie sorriu. Emmett meneou a cabeça, concordando.

— Eu contrataria seus serviços, porém, no momento sabemos que não é possível.

— Não — Emmett concordou. — Posso indicar profissionais que darão conta do serviço. Pessoas de confiança.

— Por favor, eu vou precisar. Se me permite, gostaria de poder ajudar com a reforma na casa de vocês também.

— Não se preocupe com isso.

— Quanto mais pessoas envolvidas, mais rápido poderão retornar.

Rosalie segurou na mão dele. Emmett moveu a cabeça, aceitando.

— Acho que posso deixar Olívia ficar uma noite aqui com você, mas… não sei. Depois do que aconteceu, não acredito que queira ficar longe de mim ou de Rose. Ela ainda está assustada. Tem tido pesadelos algumas noites. Ela tem feito terapia uma vez por semana, o que tem sido muito bom. Ainda assim, penso que não está pronta.

— Entendo. Podemos tentar se não der certo, prometo levá-la de volta.

— Vou conversar com Olívia. Se ela disser que sim, tem minha autorização.

— Sim, sim, ela precisa aceitar. Jamais forçaria vir se não for da vontade dela.

— Nós já vamos. Não queremos tomar muito do seu tempo.

— Não se preocupe com isso. Tenho todo tempo disponível.

— Me avise, quando finalizar a compra da casa da senhora Smith. E eu te coloco em contato com as pessoas que irá precisar para deixar a casa ao seu gosto.

Despediram-se na porta. Esme agradeceu a Rosalie por intermediar seu pedido.

[…]

Ao final do horário letivo, Emmett foi com Rosalie buscar Olívia na escola. De lá foram a casa em reforma. Esme encontrou com eles pouco tempo depois. Ela ficou com Olívia para os dois conversarem com o pessoal que trabalhava no local.

De tempos em tempos, Emmett olhava na direção da calçada que antecedia o gramado, onde avó e neta estavam. Rosalie fazia o mesmo.

Olívia parou de rodar, segurando nas mãos de Esme, a cabeça inclinada para trás, olhando o céu azul.  

Esme sorriu ao falar com ela:

— Sabia que a vovó está comprando uma casa aqui pertinho?

Olívia soltou uma das mãos, afastando uma mecha de cabelos do rosto.

— É mesmo vovó?

— Nunca mais ficarei longe de você. — Foi surpreendida pelo abraço apertado a envolver sua cintura. Logo ficaram de mãos dadas novamente.

— Onde é?

— A casa que a vovó está comprando?

— Sim.

— É aqui mesmo, nessa rua.

— Eu posso ver?

— Claro que pode. Só precisa falar com seu pai antes.

— Tá bom. — Olívia soltou suas mãos. — Vou pedir ao papai.

— Não pode ficar indo lá, Ollie. Tem ferramentas que podem causar acidentes.

— Mas o papai está logo ali. Não vou entrar na casa, vovó.

Esme olhou onde eles estavam.

— Tudo bem, mas tenha cuidado.

Rosalie a viu se aproximando e foi encontrá-la.

— O que foi meu amor?

— Vovó quer me mostrar à casa que ela está comprando, pertinho da nossa.

O olhar de Rosalie foi para Esme na calçada.

— Eu posso ir, mamãe?

 — Precisa pedir ao papai.

Rosalie voltou se aproximar de Emmett, com Olívia no colo. Kalel fez caras engraçadas ao passarem por ele. Olívia sorriu.

— Amor, Ollie que saber se pode ir com Esme ver a casa que ela está comprando.

— Posso ir, papai?

— Pode, sim.

Rosalie a colocou de volta no chão. Olívia saiu correndo para encontrar a avó na calçada. Emmett retornou ao carro estacionado, onde sentou no banco do carona com as pernas para fora. Rosalie ficou ao lado, vendo Olívia ir com a avó a caminho da casa da senhora Smith.

— Vovó, qual é a casa?

— Estamos quase lá.

Olívia parou de andar ao avistar a placa de venda no jardim da senhora Smith.

— Não quero ir vovó.

— Por que, meu amor? É essa a casa que a vovó está comprando.

— Não. Essa é a casa da senhora Smith.

— A casa está à venda, Ollie. A senhora Smith não quer mais viver nela.

Olívia balançou a cabeça, se recusando. Soltou a mão de Esme, refazendo o caminho de volta correndo.

— Não quero — disse.

— Olívia — Esme a chamou. No instante seguinte, se pegou correndo atrás da menina. — Olívia, espere a vovó.

Rosalie percebeu Olívia chegando. Olhou Emmett, conversando ao telefone, resolvendo questões da reforma da casa. Foi encontrar a menina, antes que percebesse sua cara de assustada e ficasse um clima estranho entre ele e a avó da criança.

Segurou Olívia pelos ombros, impedindo de ir adiante.

— Ollie, é a mamãe — disse para tranquilizá-la, quando tentou escapar.

Olívia se agarrou a sua cintura.

— O que aconteceu? — Viu Esme chegando, ofegante.

— É a casa da senhora Smith. Eu não quero ir lá, mamãe.

— A senhora Smith não vive mais naquela casa, meu anjo. Por isso está a venda.

— Olívia — Esme chamou. — Desculpe — disse para Rosalie. — Ela se assustou ao descobrir qual era casa. Eu não imaginei…

— Não gosto da casa da senhora Smith — declarou Olívia, escondendo o rosto na barriga de Rosalie. — Não gosto, mamãe.

— Não se preocupe, eu mandarei reformar toda ela. Não restará nada que lembre essa senhora maldosa. — Esme explicou, com a mão no ombro de Olívia.

A menina olhou em seu rosto, em seguida, afastou os braços da cintura de Rosalie.

— De verdade? — tentou.

— Tudo será modificado. Será uma casa muito diferente do que é agora. O que você acha?

No rosto de Olívia, um sorriso ameaçou surgir.

— Acho que gosto.

Esme afagou seu rosto. Olívia lhe ofereceu a mão, com a outra, segurou na mão de Rosalie.

— Você pode morar com a gente, vovó. Nossa casa tem espaço para todos nós.

Esme olhou no rosto de Rosalie, comovida.

— Ela é um docinho — disse.

— É o meu docinho — Rosalie concordou, olhando a menina, que lhe sorriu.

[…]

Na sexta-feira, após o horário letivo, Esme aguardou por Olívia na sala de estar, na casa de Norman.

Rosalie colocou a mochila nas costas de Olívia, com as coisas que precisaria para passar a noite na casa temporária da avó.

— Pronta? — pediu.

A menina balançou a cabeça, confirmando, embora não parecesse convencida.

Rosalie a abraçou, apertando os lábios em sua bochecha.

— Na mochila estão anotados nossos números para contato. Peça a vovó para ligar, caso mude de ideia e queira voltar. Sua avó também tem todos os números para quem telefonar em caso de emergência. — Segurou na mão pequena, saindo do quarto antigo de Dorothy, seguindo pelo corredor e escada até estarem na sala.

Rosalie reconheceu, na expressão do rosto de Emmett, que não estava sendo fácil deixar Olívia ir com a avó materna, mesmo que por uma noite apenas.

Norman sorriu para Olívia.

Esme se colocou de pé, ansiosa, como houvesse esperado um longo tempo por aquele momento… e esperou mesmo.

Olívia tocou na mão de Norman ao passar por ele, para se abrigar nos braços do pai.

Emmett a colocou no colo ao abraçá-la.

— Divirta-se com a vovó. — Beijou seu rosto.

— Você está triste, papai? — a mão pequena acariciou sua barba.

— Não, papai não está triste.

— Parece triste.

Emmett se esforçou em demonstrar menos o medo de deixá-la ir. Beijou seu rosto novamente.

— Não se preocupe. Papai não está triste.

Olívia anuiu, e foi abraçar Norman.

— Vai ser uma noite divertida com a vovó — ele lhe disse.

Olívia sorriu.

— Podia ter estrelas cadentes, né vovô? Assim, podíamos fazer um pedido.

— Verdade.

Olívia voltou segurar na mão de Rosalie, que a levou até Esme.

A mão de Esme substitui a dela, na mão pequena da menina.

— Cuide bem dela — pediu.

— Cuidarei.

— Essa menininha é nosso tesouro — observou Norman.

— É o meu também. — Esme se encaminhou para a porta, levando Olívia pela mão. A menina olhou para trás, acenando como fosse difícil deixá-los, mesmo que por um curto período.

Rosalie começou sentir sua falta, no momento que a porta foi fechada.

Emmett levantou, apoiando-se as muletas, e desapareceu no banheiro.

Norman se colocou de pé, pondo a mão no ombro da neta.

— Não se preocupe, Ollie vai ficar bem. Esme vai cuidar muito bem dela. Pense que será só por uma noite, amanhã estará de volta.

— Eu sei. — Afagou a mão do avô em seu ombro. — Ainda assim, já estou com saudades.

— Amor e zelo — murmurou. — Vou começar com o preparo de nosso jantar.

— Deixe que eu faça isso, vovô.

— Pode me ajudar, depois que conversar com ele. — Mostrou o caminho por onde Emmett se retirou.

Rosalie se colocou diante a porta fechada do banheiro, ali mesmo no térreo.

— Emmett. Está tudo bem? Precisa de algo? Abre a porta para mim.

A porta foi aberta devagar. Emmett se virou, escondendo o rosto.

Rosalie deu um passo à frente, alcançando o rosto dele com a mão.

— Ei! O que houve? Olhe para mim.

Emmett olhou.

— Você chorou? — Passou os braços em volta da cintura dele.

— Não.

— Chorou, sim. — Apertou os braços em volta dele. — Ollie está em boas mãos. — sentiu os lábios de ele tocar seus cabelos no alto da cabeça. — Amanhã ela estará de volta. E nos contará tudo sobre a primeira noite na casa da vovó Esme.

— Ela não queria ir — arriscou.

As palavras a levaram olhar em seu rosto.

— Não estava feliz — continuou.

— Amor, Ollie queria ir. Estava apreensiva, por ser a primeira vez que estava indo com Esme.

— Não me sinto confortável em deixar Olívia com a avó. Ainda que eu saiba que Esme não faria mal a ela, meu coração não quer aceitar. Olívia foi porque apoiamos, e também porque Esme ficou feliz.

Rosalie descansou a mão em seu peito largo.

— Vai dar tudo certo.

[…]

Horas mais tarde, Emmett se mostrou inquieto ao deitar para dormir. Rosalie deitou a cabeça em seu ombro, enquanto segurava sua mão.

— Estou com medo que aconteça algo. Que Olívia precise de mim e eu não esteja por perto para protegê-la. — Passou a mão na cabeça. — Não consigo deixar de pensar nisso.

Sentiu quando os lábios de Rosalie tocaram a pele de seu pescoço.

— Não vai acontecer nada — insistiu.

Emmett a envolveu em seus braços.

— Te amo — murmurou. — Não precisa ficar acordada me fazendo companhia, você pode dormir.

— Não tenho sono — sussurrou em seu ouvido.

— Ah, é — Emmett segurou seu queixo. Roçou os lábios aos dela antes de ter início o beijo.

Rosalie cochilava no peito dele, não muito tempo depois, quando o celular tocou. Emmett estendeu-o braço, pegando o telefone na mesinha ao lado.

Rosalie levantou a cabeça, prestando atenção.

— Esme.

O coração acelerou ao ouvir o nome de Esme, os pensamentos, todos em Olívia.

— Estou indo — disse ele após ouvir o que Esme tinha para dizer.

Emmett passou uma mecha dos cabelos louros de Rosalie para detrás da orelha.

— O que aconteceu com a minha menina? — Rosalie se precipitou.

— Desculpe, não queria te pedir isso, mas, preciso que me leve à casa de Esme.

Rosalie começou sair do sofá-cama.

— É claro que farei isso. Me conte, o que aconteceu?

Emmett alcançou as muletas e se colocou de pé. Rosalie se apressou em pegar os agasalhos ao lado da porta, ambos o puseram por cima das roupas de dormir.

— Ollie está chorando.

Rosalie se movimentou apressada pela sala, pegando as chaves no aparador. Segurou a porta para Emmett passar. Estava muito frio do lado de fora. O ajudou se acomodar no carro.

Ao estacionar em frente à casa alugada, onde Esme estava ficando, saiu do carro apressada a caminho da porta da frente.

Tocou a campainha. Enquanto aguardava atender a porta, notou Emmett saindo do carro, embora tenha dito para permanecer onde estava.

A porta abriu atrás de suas costas. Virou para encontrar Esme de mãos dadas com Olívia. A menina estava chorando.

— Meu amor — murmurou, dando um passo a frente.

Esme colocou o agasalho sobre o pijama de Olívia. Rosalie pegou a menina no colo.

— Quero o papai — Olívia soluçou em seu ombro, com o cobertorzinho junto ao rosto.

— Papai está lá fora.

Os braços miúdos envolveram seu pescoço.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Estava tudo indo muito bem — explicou Esme. — Ela jantou. Brincamos um pouco com as bonecas e também colorimos com giz de cera. Mostrei fotos de família no meu notebook. Ajudei vestir o pijama, escovar os dentes, mas, quando fomos para a cama, ela estava triste. Pedi que escolhesse a história que gostaria de ouvir, foi quando começou chorar.

Rosalie afagou as costas da menina.

— Consegui acalmar ela naquele primeiro momento. Ela chegou até tirar um cochilo, mas acordou logo depois, dizendo ter fogo na casa. Tentei novamente acalmá-la, nada adiantou, ela queria apenas o papai e a mamãe — havia tristeza ao revelar que Olívia pedia por eles, mesmo estando ali para ampará-la.

— Papai — Olívia avistou o pai de muletas no jardim. — Quero o papai.

— Sinto muito — disse Rosalie a Esme. — Eu vou levá-la para Emmett.

— Tudo bem. Não quero jamais que se sinta mal. — Entregou a mochila com as coisinhas dela a Rosalie.

— Papai.

Rosalie virou de costas para Esme.

— Tchau vovó — murmurou, movendo a mão devagar.

— Tchau, meu amor. Amanhã, vovó passa para te ver. Durma bem.

Rosalie se aproximou de Emmett, Olívia grudou no pescoço dele antes de deixá-lo.

— Está tudo bem agora. Papai está aqui com você.

Rosalie a levou para o carro. Emmett ficou no banco de trás com Olívia. A menina segurou sua mão o tempo todo, no caminho de volta.

Depois de tudo, os três deitaram juntos no sofá-cama na sala de estar, na casa de Norman. Olívia sentiu-se segura. O medo do incêndio não voltou perturbá-la pelo resto da noite.

 


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