meses depois

O casal retornava de uma pequena viagem até a casa dos pais de Hector, onde tinham deixado Felipe para um fim de semana na casa dos avós. O garotinho tinha mais e mais perguntas sobre o Mundo de Lá a cada semana que se passava desde que os três tinham voltado, e Sebastian seria a pessoa mais indicada para responder todas as dúvidas dele. Além disso, eles estavam inseridos em um caso de assassinato, e não queriam que o filho ouvisse as coisas terríveis que seriam obrigados a discutir durante os próximos dois dias. Rui e a chefe do departamento de polícia de Barcelona chegariam em alguns minutos, e os dois subiam de elevador enquanto debatiam se deveriam cozinhar ou pedir uma pizza para o jantar.

Mas, quando a porta do elevador se abriu no andar correto, ambos perderam a fala. Em frente à porta do apartamento, um bebê de pele morena dormia calmamente em uma cesta bem trançada. Os dois se aproximaram silenciosamente da pequena criança, embasbacados.

— O que diabos…? — Hector começou a perguntar, mas calou-se quando Rafael encontrou um bilhete em um pedaço de pergaminho, parecendo ter sido escrito às pressas e colocado no cesto. O homem de cabelos castanhos mostrou o bilhete ao marido, que arregalou os olhos.

— Bom, ao menos não temos que ir atrás dos funcionários do prédio para perguntar sobre isso. — o Oficial de Justiça comentou, abrindo um sorriso que mais pareceu uma careta.

— E com certeza vou ter que sair do caso, caso a menina seja chorona. — Hector acrescentou, movendo-se para pegar a criança no colo enquanto Rafael abria a porta e levava tanto o bilhete quanto a cesta para dentro. Largou ambos sobre a mesa de jantar e fechou a porta com um suspiro.  — Acho que Felipe não vai se importar se ela ficar no quarto dele por uns dias, certo? — o agente da CNI disse, começando a se dirigir para o quarto do filho.

— Acho que não. Vou pedir a pizza, certo? — Rafael falou, ao que o homem ruivo fez um som afirmativo para o marido. Ele pegou o telefone, mas mordeu o lábio inferior com preocupação. — O que acha que aconteceu com eles, cariño?

— Não sei. — Hector respondeu, voltando do quarto de Felipe depois de colocar a menininha na cama. — Vamos pensar nisso depois, sim?

— Certo. — o marido discou o número da pizzaria, tentando não se ater às palavras rabiscadas do bilhete e as circunstâncias em que tinham sido escritas.

Tomem conta da Amelia para nós por um tempo?

Com amor,

Maren & Julio