Operação Spemily escrita por Leonardo Alexandre


Capítulo 29
Capítulo 29 - Eu Te Conheço, Hanna Marin


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Como vocês estão, lindas formas de vida? Espero que bem...
Só dois capítulos pra acabar. Vocês curtiram a viajem?
Desculpa, eu sei que o nome sugere que teria muito mais Spemily que tudo. Na minha ideia de segunda temporada, só elas vão pra mesma faculdade, então teria bem pouco dos outros personagens, estava equilibrando...
Enfim, boa leitura...

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Aria suspirou aliviada quando a porta do quarto foi fechada pelo Doutor Miller, dando a ela e Hanna o primeiro momento a sós em semanas.

— Ah loirinha... — Sussurrou aproximando-se da maca para poder acariciar os cabelos que costumavam ser tão perfeitos e agora pareciam ressecados e sem vida.

— Não fala assim, baixinha. Ainda não sei mudar o volume dessa coisa. — Disse Hanna apontando para seu novo aparelho auditivo e tentou soar o menos falsa possível ao rir da própria piada horrível.

— Eu te conheço, garota. — Aria permaneceu séria, ainda fazendo carinhos suaves em sua melhor amiga. — Essa “máscara Hanna Marin Para Momentos Complexos” pode funcionar muito bem com as outras pessoas, mas comigo é diferente. Sei que você não tá legal, então...

— É, eu sei. — Respondeu soltando um muxoxo. — Te odeio por isso, mas também te amo demais.

— É, eu sei. — Por um segundo se permitiu sorrir, então fechou a expressão mais uma vez e pediu. — Me diz o que tá sentindo. Não precisa fingir quando estamos sozinhas.

— Nem imagino como descrever a sensação de estar ciente que em três ou oito anos, eu vou ficar surda de verdade e esse aparelhinho vai ser inútil. — Hanna começou a desabafar, porém sem deixar seu tom demonstrar toda a fragilidade que sentia. — Mas o doutor Miller já me disse que nada pode ser feito pra resolver isso. Nesse caso, eu acho que é melhor pra mim continuar fingindo sim. Vai que uma hora eu começo a acreditar.

— Ou você pode acabar depressiva e com um trauma não superado que vai voltar pra dizer boo na hora mais inesperada. — Expôs com as sobrancelhas arqueadas. — Hanna, você não precisa ser tão forte o tempo todo.

— Aria, eu preciso sim. — Decretou com um olhar bastante determinado. — E vou ser. Por vocês, pela minha mãe e, talvez principalmente, por mim. Eu não vou fraquejar.

— Vou respeitar a sua decisão porque sei que nada muda essa sua cabeça dura, mas eu tenho minhas condições. — Montgomery sentenciou, tão irredutível quanto sua amiga.

— Que são? — Marin revirou os olhos, porém com um pequeno sorriso nos lábios pela certeza crescente de que tinha alguém com quem contar até o fim.

— Tira a máscara e desaba comigo agora. — Pediu suavizando a expressão. — Aposto que até vai conseguir construir uma armadura mais forte depois disso.

Depois de um discreto suspiro, Hanna se afastou um pouco para o lado e fez sinal para Aria se deitar também. E assim que ela o fez, aconchegou-se no corpo menor que o seu, porém um conforto superior a qualquer outro no mundo.

— Eu vou ficar surda. Surda. — Retrucou finalmente se permitindo parecer abalada. — Não importa quantas vezes eu repita, ainda parece surreal. Me imagino falando alto demais de um jeito irritante quanto menos eu ouvir e todo mundo vai me odiar antes de descobrir que eu tenho problema. Vou ser uma pessoa detestável.

Sem querer, uma risada baixa escapou pelos lábios da Montgomery. — Sei que é bem indelicado rir agora, me desculpa.

— Tá tudo bem, eu não ligo, mas... Meio que fiquei boiando. Qual é a graça? — Marin questionou com as sobrancelhas franzidas.

— É que você é a Hanna Marin, a maior e mais linda cabeça dura que eu já conheci em toda a minha vida. — Assegurou, beijando-a na testa logo em seguida. — A palavra impossível sempre soou aos seus ouvidos quase como um desafio. Eu sei que assim que você mergulhar de cabeça naquelas aulas que a sua mãe anda pesquisando na internet, vai conseguir aprender super rápido como ler os lábios, controlar o volume da voz, falar em BSL*. Aposto cinquenta dólares aqui e agora que até o aparelho auditivo parar de ajudar, você vai tá tão boa em tudo isso que ninguém nem vai notar que você é surda.

*BLS é a sigla para British Sign Language, a língua britânica de sinais.

— Acha? — Questionou com um início de sorriso brincando nos cantos de seus lábios.

— Tenho certeza. — Aria manteve o tom firme e encorajador, pois acreditava mermo em suas palavras. — E quem sabe você possa até encontrar vantagens nessa nova condição.

— Vantagem em ser surda? — Foi a vez de Hanna rir. — Qual seria?

— Bom... — Murmurou, parando um instante para pensar, então disse. — Se imagine discutindo com alguém daquele jeito que mais dois minutos você vai acabar esfaqueando, mas a pessoa insiste em continuar falando e falando e falando sem parar. É só se virar de costas e voila, fim de conversa.

— É... Só que quando eu comer alguém eu não vou poder ouvir os gemidos. Isso vai ser uma droga porque você sabe que essa é a melhor parte. — Contra argumentou.

— Caramba, loirinha. Eu quero te botar pra cima e você quebra minha banca assim. — Aria riu não apenas pelo rumo que a conversa começava a tomar, mas também pela linguagem nada delicada usada para abordá-lo.

— Tudo bem. — Hanna também riu, com dois toques de diversão e um de amargor. — Dizem que quando perdemos um sentido, os outros ficam mais apurados. Então imagine como vou sentir os toques quando eu der.

— “Quando eu der”. — Repetiu em tom de repreensão. — Eu te deixo uma semaninha sozinha em Rosewood e quando volto já tá com uma boca suja desse jeito. Imagina é o tipo de companhias com quem você tem andando.

— Ué. Falei de comer tem nem dois minutos e você não disse nada, mas falar de dar não pode? — Indagou sorrindo e arqueando uma sobrancelha.

— Não pode. — Sentenciou. — Eu fico com ciúmes.

Pela primeira vez em dias, Hanna riu alto, arrependendo-se logo em seguida por conta das costelas quebradas, e resmungando. — Ai ai ai ai ai.

— Tudo bem? — Questionou com os ombros ficando tensos de preocupação.

— To ótima, só esqueci que não posso forçar o tórax assim. — Respondeu sentindo um pouco de dor, mas ainda com ar de riso. — Agora... Vem cá, chega mais perto pra eu falar uma coisinha no seu ouvido.

Aria se mexeu um pouco, certificando-se de que não machucaria sua amiga, então se inclinou e murmurou. — Hm?

— Porque ciúmes? É pra você que eu quero dar. — Disse com seu tom mais sedutor, e concluiu em um sussurro. — Muito.

— Não me provoca assim, loirinha. — Pediu depois de sentir cada pelo de seu corpo se arrepiar. — Só agora me caiu a ficha. A gente tá em um hospital tendo uma discussão filosófica sobre as vantagens e desvantagens de dar e comer alguém sendo surdo.

Hanna riu de novo, porém dessa vez se controlando para não sentir dor. — Nós somos muito retardadas.

— Definitivamente somos. — Concordou também rindo.

(...)

No dia seguinte, Aria passou o dia dividindo o tempo entre dar atenção para a melhor e amiga trocar mensagens misteriosas, saindo algumas vezes do quarto para atender ligações sabe-se lá de quem.

Hanna sentia-se cada vez mais intrigada, porém sempre que tentava descobrir do que se tratava, a morena desconversava e se esquivava, até que a loira desistiu para evitar somar frustração à suas outras dores.

Alguns dias se passaram e sempre que Aria ficava de acompanhante, continuava com o mesmo comportamento estranho, assim como durante os horários de visita. Inclusive naquele momento.

— Hanna, qual é a dela com esse celular? — Emily questionou franzindo o cenho de leve quando Aria saiu do quarto para atender mais uma ligação misteriosa.

— Não faço a menor ideia. Eu já perguntei um monte de vezes, mas ela desconversa e foge do assunto. — Replicou dando de ombros, em seguida fazendo uma de suas frequentes piadas para tentar se lidar com seu futuro. — Não posso gastar os meus de três a oito anos de audição discutindo porque minha amiga tem assuntos particulares.

Fields apenas soltou uma risadinha constrangida e concordou com a cabeça, porém dizendo. — Mas que isso é esquisito, é, né?

  — Com certeza. — Enfatizou abrindo bem os olhos.

— Ah, a Aria ficou diferente mesmo desde que rompeu com o Ezra. — Spencer entrou conversa com um sorriso despreocupado. — Deixa ela.

— Pera aí, pera aí, pera aí um minuto. Fala mais devagar que eu acho que não escutei direito. — Pela primeira vez em dias, Hanna falou sobre audição sem o intento de sátira. — Ela tá diferente desde o que?

— Desde que terminou o namoro com o Ezra. — Spencer falou de maneira mais clara.

— E quando foi que isso aconteceu? — Indagou sentindo-se totalmente confusa.

— Ué, ela não te contou? — Emily também estava sem entender, afinal acreditava que Hanna havia sido a causa disso.

— Voltei, meninas. — Aria ressurgiu no quarto com um sorriso inocente, alheia a toda aquela conversa. — Então, eu queria perguntar, mas com tudo o que aconteceu, a gente acaba se esquecendo dessas coisas mais superficiais, né? O baile de formatura tá chegando e...

Porém desse momento em diante, Hanna começou a encarar Aria de uma maneira diferente, tornando o clima do quarto muito mais pesado e tão denso que chegava a ser quase palpável, fazendo assim o tempo passar arrastado e extremamente desconfortável até o fim do horário de visitas.

Quando, por fim, o Doutor Miller surgiu para avisar que elas deveriam ir embora, Emily e Spencer se sentiram aliviadas. Aria, todavia, estava determinada a ser a acompanhante para saber o que havia acontecido para Hanna estar daquele jeito. E acabou conseguindo, apesar da velha insistência de Ashley para ficar.


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Notas finais do capítulo

Tem cara de capítulo parte 1. né? De certa forma é mesmo, mas enfim... Kkkkkk
Gostaram? Eu vou sentir falta dessa fic. É um ciclo da minha vida que termina junto com ela.
xoxo
Atenciosamente, menino Leo.



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