Operação Spemily escrita por Leonardo Alexandre


Capítulo 28
Capítulo 28 - Garcia e Johnson


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Como vocês estão? Espero que bem...
Mano, eu ainda não acredito que falta tão pouco pra acabar essa fic... Ainda lembro de quando comecei a escrever em 2013 como uma one short pra minha amiga DM mesmo não gostando muito do ship, mas depois eu não podia deixar a história morrer, tive que fazer mais... E agora estamos aqui na versão revisada (graças, porque o português da primeira versão era de dar pena kkkkkkkkkkkk) e passou tão rápido...
Ok, ninguém liga, vou parar de falar e ir logo pro capítulo. Mas leiam as notas finais, please.
Enfim, boa leitura...



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Na terça-feira, quando o aparelho auditivo de Hanna chegou, ela poderia por fim aproveitar de verdade a visita de Aria, Emily e Spencer; não fosse a presença de alguns policiais designados para colher seu depoimento sobre a noite em que fora agredida para que assim pudessem ter um retrato falado do agressor e melhor noção do caso.

— A senhorita foi encontrada em uma área da cidade muito frequentada pelo público LGBT. Bem perto de bar chamado Girls Like Girls, para ser mais específico. — Dizia um homem alto e careca que havia se apresentado segundos antes como Agente Johnson, segurando um bloquinho de anotações. — Acredita que tenha sido um crime motivado por homofobia?

— Não, senhor. — Respondeu com convicção. — Não foi por acaso, porque eu tava no lugar errado na hora errada ou algo assim. Foi um crime premeditado.

Enquanto escrevia, o policial continuava mantendo a conversa. — Porque tem tanta certeza disso, senhorita Marin?

— Fui até o bar porque alguém deixou um bilhete na minha geladeira que dizia pra eu ir lá justamente naquele horário. E... — Hanna fez uma pausa para engolir em seco, olhando de relance para sua mãe. — E tava assinado com a inicial de uma pessoa que eu ia querer ver.

— Uma garota? — Enfatizou o Agente sem perceber o desconforto da adolescente.

A expressão de Ashley estava neutra e séria, fazendo com que Hanna não soubesse o que esperar depois de confirmar aquilo, porém, se quisesse o responsável pela perda de sua audição preso, tinha que ser transparente com a polícia. — Sim, senhor. Uma garota.

— Certo, certo. — Murmurou parando um minuto para pensar. — A senhorita ainda tem esse bilhete?

— Sim. Deixei na mesinha do meu computador antes de tomar banho pra me arrumar. — Respondeu depois de alguns segundos tentando lembrar. — Se não estiver lá, tá caído pelo chão, mas com certeza tá no meu quarto.

— Isso vai servir de evidência. — Johnson sorriu. — Agora tente se lembrar de tudo e nos conte o que aconteceu.

— Bom... O dia tava normal como qualquer outro, eu voltei da escola, troquei de roupa e desci pra comer alguma coisa. Foi aí que encontrei o tal bilhete, tava colado na geladeira com um imã em formato de coração, não era da minha casa, certeza. — Começou seu relato com uma expressão pensativa, tentando não deixar que detalhes escapassem. — Dizia mais ou menos “me encontra no bar Girls Like Girls as oito, você vai gostar da vibe de lá” e a inicial da pessoa que eu falei. Esperei dar o horário, me arrumei toda linda e maravilhosa, e fui. Só que quando cheguei, dei uma boa olhada em volta e não vi o carro dela, então eu saí do meu pra esperar dentro do bar. Foi aí... — Hanna se interrompeu, sentindo o corpo inteiro se arrepiar com o desconforto de pensar naquela noite. — Foi aí que senti o cara agarrar meus dois braços só com um dele, e tapar minha boca com a outra mão, nem vi, mas dava pra perceber que ele tava de luva. Enfim, ele me arrastou até um beco e falou exatamente as palavras “Essa é uma noite que você não vai esquecer, boneca”. Eu senti o tapão pelos dois lados da minha cabeça, ouvi um zumbido, depois disso só... Tipo... É um borrão na minha cabeça. Foi tudo dor até eu perder a consciência.

— Entendi. — Murmurou o Agente Johnson, anotando tudo em seu bloquinho com uma sutil expressão de incomodo, pois, mesmo depois de tantos anos na polícia, ainda ficava mal pelos casos de desumanidade. — Mas você chegou a ver a pessoa que lhe atacou?

— Ver eu até vi. O problema é que tava meio escuro, então eu não poderia dar muitos detalhes sobre a aparência dele. — Respondeu demonstrando certa frustração, para logo em seguida sentir arrepios e frio na espinha. — Mas aquela voz eu nunca vou conseguir esquecer. Afinal, foi a última coisa que ouvi com minha própria audição ao invés desse aparelhinho aqui.

— A minha parte do trabalho já foi feita, agora... — O Agente fechou seu bloquinho de notas e guardou em um dos bolsos de seu uniforme, então se virou para indicar sua colega de trabalho, que estivera calada apenas observando. — Essa é a Agente Garcia, nossa desenhista. Descreva pra ela o máximo que se lembrar e ela fará o retrato falado.

— Pode ficar relaxada, tá legal? Não precisa se forçar demais pra lembrar, eu sei que foi uma noite bem difícil e qualquer coisa que você puder me dizer já vai ser de grande ajuda. — Declarou a policial, sorrindo com simpatia.

— Obrigada. — Hanna retribuiu o sorriso e começou a pensar como descrevê-lo. — Ele tinha cabelo ruivo e cacheado.

— Qual era o cumprimento? — Questionou posicionando a caneta sobre o Tablet para fazer o desenho digital.

— Não sei se classifico como longo ou curto. — Respondeu franzindo o cenho e usando as mãos para gesticular. — Era tipo assim, sabe?

— Hm, entendi. Pode continuar.

— Ele tinha barba. — Seguiu explicando. — Não era longa, mas era espessa. Cobria a boca. Ou parecia que cobria. Como eu disse, tava escuro.

— Certo. — A Agente murmurou começando a por fim a passear a caneta pela tela. — Saberia dizer o formato do rosto dele?

— Era... Quadrado? — Franziu o cenho, buscando bem na memória para ter certeza. — Sim, quadrado e largo.

— Muito bem. — Ela não olhava mais para Hanna, dedicava toda sua concentração no Tablet em sua mão. — E os olhos? O que pode me dizer sobre eles?

— Eram grandes e escuros. Não sei dizer se castanhos ou pretos, mas com certeza não era uma cor clara. E as sobrancelhas eram finas. Parando pra pensar agora, até que eram bem desenhadas demais pra um homem.

Garcia demorou alguns segundos para retornar a fala, dessa vez mirando Hanna com um sorriso de canto. — Está se saindo muito bem. Agora o nariz.

— Era longo e fino e... Eu não sei se é só coisa da minha cabeça, mas acho que era um pouco torto. Tipo, como se já tivesse sido quebrado antes.

— Entendi. — A Agente mantinha um expressão concentrada enquanto terminava de desenhar, então finalmente parou e virou a tela para que a garota pudesse ver. — Olhe bem e me diga se precisa mudar algo.

Hanna arregalou os olhos ao mesmo tempo em que seu queixo caiu em descrença. — Fala sério que você conseguiu fazer isso só com o que te contei? Tá perfeito. Eu até diria que tá melhor do que me lembro.

— Assim sendo, nós podemos considerar feito o retrato falado. — O Agente Johnson voltou a se pronunciar, abrindo outra vez seu bloquinho. — Agora, como você acredita que foi um crime premeditado, precisamos perguntar: quem poderia ter encomendado esse crime?

— Pra ser bem sincera, eu não tenho a menor ideia. — Murmurou com um pequeno suspiro de frustração. — Queria ter um suspeito, mas ninguém além das minhas amigas mais confiáveis sabia sobre o lance entre mim e... — Mais uma vez, interrompeu-se para dirigir um olhar cauteloso para Ashley que ainda continuava com a mesma expressão. — A garota que eu pensei ter me mandado o bilhete.

— Mas e o Caleb? — Pela primeira vez desde que os policiais entraram no quarto, Aria se manifestou, pois sentia a necessidade de por para fora o que tinha em mente há dias.

— Ah é. Tem o Caleb. — Hanna arregalou os olhos e cobriu a boca com uma das mãos, assustada imaginando se o garoto com quem esteve por tanto tempo teria capacidade de algo tão horrível assim. — Se você não falasse, isso nunca ia me passar pela cabeça. Ele tem aquele estilo todo de bad-boy, mas... Achei que era só pose, sabe?

— E quem seria Caleb? — A Agente Garcia antecipou a pergunta de seu parceiro.

— O Caleb é meu ex-namorado. — Respondeu, fazendo uma breve pausa para suspirar e se remoer por dentro pela culpa que ainda sentia. — Digamos que o que aconteceu não foi o melhor jeito de se ter um término amigável.

— Se não for incômodo, poderia ser um pouquinho mais específica, Senhorita Marin? — Johnson pediu com uma sobrancelha arqueada.

— Sim, an... — Hanna corou de leve, porém não demonstrou hesitação na voz. — No dia em que beijei uma garota pela primeira vez, ainda estávamos namorando. E meio que foi tudo de uma vez porque ele acabou nos flagrando e terminou comigo. Depois disso, nós nunca mais nos falamos.

— Pra mim, parece uma boa motivação pra esse tipo de crime. Não acha, parceiro? — Garcia murmurou, olhando para o outro Agente.

— Com certeza. — Johnson concluiu posicionando a caneta sobre o bloco de notas. — Qual é o sobrenome dele?

— Rivers. — Pela primeira vez, aquela simples palavrinha dava a impressão de pesar ao sair de sua boca.

— Caleb Rivers. — Murmurou enquanto anotava. — Só por precaução, vamos ficar de olho no garoto. Por enquanto é só. Se tivermos qualquer novidade sobre o caso, informaremos de imediato.

Assim que os dois Agentes deixaram o quarto, o Doutor Miller pigarrou e disse. — Eu não quis interromper os policiais, por isso não disse nada, mas infelizmente o horário de visitas acabou dez minutos atrás. Sinto muito, vocês tem que se retirar e deixar a paciente descansar.

— Seu semblante tá tão cansado, Senhora Marin. — Apontou Aria com uma expressão complacente. — Porque não vai pra casa descansar um pouco e deixa que eu fique aqui como acompanhante essa noite?

— Imagina, querida. — Ashley sorriu mesmo sentindo-se realmente exausta. — Eu não te pediria pra ter todo esse trabalho. Estou bem.

— Eu não me incomodo nem um pouco de ficar. — Insistiu tanto por querer conversar a sós com sua amiga quanto por saber que ela ainda estava despreparada para falar sobre a própria sexualidade com sua mãe.

— Acho que mesmo se eu fosse pra casa, minha cabeça continuaria aqui de qualquer jeito. — Respondeu ainda sorrindo. — Sabe como é mãe, a gente quer estar perto pra proteger os filhos de tudo e todos.

— Mãe, tem dias que a senhora não sai daqui. — Hanna entrou na conversa antes que Aria tivesse tempo de falar mais alguma coisa. — Eu to me sentindo ótima e o Doutor Miller já disse que minha recuperação tá indo bem. Tanto que em alguns dias vou ter alta. Só para um pouquinho de se preocupar comigo e vai descansar em casa. Senão é a senhora que vai acabar ficando doente de cansaço.

— Tá bom, tá bom. — Ashley ergueu as mãos em sinal de rendição. — Mas saibam que só estou indo porque vocês estão insistindo. Por mim só arredava o pé daqui junto com você.

— É, eu sei. — Murmurou revirando os olhos, porém sorrindo logo em seguida. — Por isso sempre digo que a senhora é a melhor mãe do mundo.

— Não pense que escapou da conversa sobre a tal garota. — Respondeu estreitando os olhos. — Você não tem porque ficar com medo. Hanna Lauren Marin, você ainda é a minha filha, minha princesa e eu te amo mais que tudo no mundo. Mas vou querer todos os detalhes. E, Aria, obrigada por se oferecer pra ficar.

— Imagina, Senhora Marin. A Hanna é minha melhor amiga, tenho certeza que faria o mesmo por mim se fosse preciso. — Assegurou tentando não parecer nervosa.

Mais uma vez, o Doutor Miller pigarrou tentando não ser grosseiro ao lembrar que só uma pessoa poderia permanecer no quarto naquele momento.

— Enfim. — Hanna disse alto. — Tchau, mãe. Tchau, meninas.

— Tchau, amiga. Vou sentir falta dos seus papos brisados antes de dormir. — Emily foi a primeira a se despedir e ir embora.

— Eu volto amanhã e trago um monte de maquiagens pra você. — Spencer afirmou antes de seguir sua namorada.

— Durma bem, minha filha. — Desejou Ashley, hesitando um instante antes de se por fim retirar também.

— Lá pelas sete da noite, eu venho te examinar. — Disse Ethan sendo o último a sair.


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Notas finais do capítulo

Eita, Jessica. Parece que a Aria não ajudou tanto quanto queria ajudar, né?
Não tinha essa parte da Ashley falando que a Hanna é a filha dela e nada vai mudar o amor que ela sente porque eu ia deixar pra fazer um capítulo extra com uma conversa sobre a sexualidade da Hanna, mas preferi não fazer, a fic já tá acabando e esse capítulo seria desnecessário e enchessão de linguiça. Então coloquei essa fala pra ficar claro que ela aceita a filha, afinal, a Ashley é a Ashley. #LoveMissMarin
Mas e aí? O que acharam desse capítulo?
Só mais três e nos despedimos (provavelmente sem season 2).
xoxo
Atenciosamente, Leo Guedes.



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