O amor abençoado pelo Nilo escrita por kagomechan


Capítulo 8
Conexões divinas


Notas iniciais do capítulo

olha mais um cap saindo XD
a inspiração tá em alta recentemente
nesse cap vcs vão ver algumas partes em itálico. o itálico é para indicar que está sendo falado em outro idioma. no caso, egípcio



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A mente de Sadie passeava pelas dezenas de possibilidades ao olhar as fotos que Percy havia mandado de seu filho recém nascido. A mente dela estava tão focada naquilo que ela não notou o olhar zeloso de Anúbis sobre ela quando ela levou a mão até a barriga que nada tinha de interessante dentro. O olhar de Anúbis só parou de fitar a garota quando ele foi rapidamente para o relógio do próprio celular e notou que ainda era bem cedo.

— Estava com problemas para dormir? - perguntou ele.

A pergunta dele fez ela sair do mundo da imaginação. Os olhos dela foram da tela do celular para os olhos dele e Sadie afirmou brevemente com a cabeça soltando também um pesado suspiro.

— As coisas que Hórus mostrou ainda não saem de minha cabeça e me preocupo com o que pode acontecer se eu dormir de novo - disse Sadie.

— Desculpe… - disse Anúbis se sentindo culpado já que as cenas eram de fatos de sua própria história.

— Não tem nada com o que se desculpar - disse Sadie negando com a cabeça e deitando na cama ainda com o celular nas mãos - Mais alguns minutos e o sol nasce mesmo… E é final de semana. Finalmente! Tiro a noite perdida depois. Pode voltar à dormir.

Anúbis negou com a cabeça já que o sono tinha ido completamente embora. Dormir era uma das coisas que tinha levado um tempo para se acostumar depois que tinha desistido da própria imortalidade. Não era como se não precisasse dormir quando ainda era imortal. Mas precisava dormir bem menos então estranhava todo esse cansaço que os humanos tinham. No começo, se sentia até um bebê que precisava de tantas horas de sono.

Sem sono, Anúbis saiu da cama e o movimento foi seguido pelos olhos indagadores de Sadie. Ela primeiramente achou que ele iria no banheiro mas logo notou que isso não era o caso ao ver que ele ía para a porta do quarto.

— Para onde vai? - perguntou Sadie curiosa.

— Tentar descobrir mais sobre o que Hórus anda fazendo - disse ele.

— Como? Tome cuidado com o que vai fazer - disse ela preocupada sentando-se na beira da cama.

— Não se preocupe. Vou praticamente só fazer uma ligação - disse ele com um sorriso tranquilizador - E aproveitar e resolver isso e mais uma coisa.

— Ligação? - disse ela perdida.

— É… bem… tá… mais certo seria chamar de prece mas a ideia vai ser mais como uma ligação. Não precisa sair daqui. Tente tirar um cochilo. Volto logo.

— Ei… me explique com quem vai falar antes! - disse ela pouco antes de ele sair dali.

— Tawaret - respondeu ele sumindo pelo corredor.

Sadie corou loucamente ao ouvir o nome da deusa e um sorriso tímido apareceu em seu rosto. Conhecia bem a deusa hipopótamo, deusa da fertilidade, maternidade e também da proteção. A simples menção do nome dela deu todo o significado de “mais uma coisa” que Anúbis havia dito devido às coisas que a deusa representava.

Anúbis saiu do quarto silenciosamente e, já que não queria acordar ninguém, achou que seria mais do que justo que se transportasse como névoa de um lugar para o outro. Normalmente evitava fazer isso porque sabia que tinha chances muito grande de assustar os outros aparecendo do nada. Mas como a casa inteira estava dormindo, não tinha problema. Primeiro ele foi na cozinha onde pegou algumas frutas diversas e botou dentro de uma vasilha. Em seguida, ainda na cozinha, abriu uma das gavetas e pegou dois pacotinhos de incenso. Seu destino seguinte foi a biblioteca. A biblioteca era enorme e se estendia por vários andares subterrâneos com várias fileiras de livros e papiros meticulosamente organizados nas estantes. Ao contrário das escadas do resto da casa, as escadas na biblioteca eram uma espiral para economizar espaço. A escada em espiral girava ao redor de uma pilastra com nichos, cada nicho tinha uma estátua de dois palmos de algum deus. Ele foi descendo a escada, passou pela estátua de seu avô, de seu pai, a dele (o que Sadie dizia que era meio estranho mas ele já tinha se acostumado) e então parou na de Tawaret e pegou-a.

Já com os braços cheio de coisa, embora a vasilha facilitasse carregar tudo, ele desapareceu e apareceu no telhado do prédio. Parou uns segundos para ver a vista da cidade dali. O céu já mudava lentamente de cor enquanto o sol começava à aparecer e iluminava os prédios da capital britânica. O telhado do Nomo britânico era também um pequeno jardim. Não tinham árvores grandes, mas tinham muitas flores e alguns bancos para relaxar. Obviamente também tinha toda a proteção para que ninguém caísse lá embaixo.

Anúbis botou a estátua de Tawaret no centro de um dos bancos de pedra do jardim e de cada lado dela botou um incenso. Na frente da estátua, foi botando cada uma das frutas que tinha pego tirando-as da vasilha. Ainda não tendo terminado, foi até um dos arbustos com flores lilás e pegou algumas flores. Fez o mesmo para um de pequeninas flores amarelas que mal eram do tamanho de sua digital. Botou as flores no centro junto com as frutas e, para completar, sem precisar proferir verbalmente nenhum feitiço, acendeu cada um dos incensos simplesmente pressionando a extremidade deles entre seu dedo indicador e polegar.

Sabia da ironia que era um deus fazer uma prece à outro. Contudo, mal se considerava um deus ainda e tinha que admitir que a ideia tinha suas praticidades e era bem mais discreto que ir atrás de Tawaret.

— Tawaret, escute minha prece - disse ele no mais fluente egípcio antigo - Senhora do Horizonte, do céu e da Água Pura. Aquela que é grande e remove a água. Senhora da Casa de Nascimento. Chamo-te.

— Escuto-te - respondeu a estátua também na língua morta egípcia movendo os lábios - Inpu. Protetor das tumbas e dos mortos. Guia de almas. Guardião da balança. Aquele que está sobre a montanha, que embalsama e que preside o estande dos deuses. O chacal governador dos nove arcos.

— Obrigado por vir, Tawaret - disse Anúbis abrindo um pequeno sorriso.

— Que isso. Faz tanto tempo que não nos falamos. Como andam as coisas, garoto? Finalmente envelheceu eim? E ainda por cima envelheceu muito bem. Não esperava ser chamada dessa forma…

— Muitos séculos sem preces né?

— Muitos mesmo. - disse ela, ou melhor, a estátua, dando uma gostosa risada - Mas me diga… como andam as coisas? Os outros não param de fofocar sobre você e Sadie.

— Exatamente sobre isso que queria falar.

— Se for para pedir que eu proteja qualquer gravidez e bebê que gere em Sadie, não se preocupe em pedir. Já iria fazer isso de qualquer maneira. Gosto muito de você desde quando era um bebê e Sadie foi uma boa amiga durante os problemas mais recentes com Apophis e também ajudou muito. Não iria fazer mal algum ao bebê de vocês apesar de Hórus querer muito isso.

— Hórus quer isso? - disse Anúbis com raiva fechando a mão com raiva.

— Ele até tentou. A ausência de qualquer mensagem de Lorde Osíris ou Lady Ísis é exatamente porque eles estão tentando evitar que Hórus faça algo mais drástico. — explicou a estátua de Tawaret dando um pesado suspiro.

— Hórus apareceu no sonho de Sadie hoje - disse Anúbis.

— Sério!? Não sabia disso! - exclamou Tawaret surpresa - Falarei com Lorde Osíris. Foi esperto em se comunicar desse jeito ao invés de ir procurar por mim. Ou pior, por Hórus ou Osíris. Hórus iria ficar ainda mais raivoso.

— Ele está mesmo querendo impedir isso por causa dessa besteira de sangue?

— Por incrível que pareça, sim. - disse Tawaret botando a mão na têmpora como se estivesse estressada - Eu ainda acho surpreendente que ele tenha se casado com Hathor. Não que tivessem muitas opções também… Lorde Osíris só teve Hórus e Set só teve você e aí ambos ficaram estéreis. Não teria nenhuma outra mulher para Hórus casar e gerar filhos sem misturar o sangue divino real.

— Nenhuma possibilidade de botar um pouco de juízo na cabeça dele? - perguntou Anubis.

— Lorde Osíris e Lady Ísis até estão tentando. Acredite - disse Tawaret.

— Tem algo que a gente poderia fazer? - perguntou Anúbis ansioso.

— Não sei. Acho que simplesmente seguir a vida. Não seria esperto encarar Hórus cara a cara. Ele não está muito interessado em dialogar e sabe muito bem que lado sairia em desvantagem se lutassem contra ele.

Ah Anúbis sabia bem. Mesmo quando estava no auge de seus poderes, nunca tinha ganhado numa verdadeira luta ou mesmo num treino contra o primo. A ideia de sujeitar os amigos ou os aprendizes do Nomo à lutarem contra o deus seria também um tanto injusta. Claro, concordava com Tawaret que valia a pena resolver o problema no diálogo primeiro. Mas, se fosse preciso partir pra violência eventualmente, não seria a desvantagem que impediria Anúbis.

— Espero que Lorde Osíris consiga mesmo resolver isso no diálogo - disse Anúbis.

— Acho que vai conseguir sim. Não se preocupe. Logo Hórus terá outras coisas com o que se preocupar agora que não está longe ignorando completamente o mundo humano. Os deveres sempre aparecem. — disse Tawaret e Anúbis confirmou brevemente com a cabeça.

— E quanto a gravidez…

— Não se preocupe com isso também! - disse Tawaret abrindo um enorme sorriso e estendendo os braços - Quero muito que você tenha um filhinho ou filhinha de novo. Considere Sadie abençoada por mim. Não irá demorar muito. Prometo.

— Obrigado - disse Anúbis com um leve sorriso.

A estátua de Tawaret abriu um sorriso semelhante antes de ficar imóvel novamente. Ao mesmo tempo, os incensos se apagaram e as frutas e as flores desapareceram. Mais rápido do que tinha pego as coisas, Anúbis devolveu tudo ao seu devido lugar e voltou para o quarto para encontrar uma Sadie adormecida com o celular ainda na mão. Delicadamente, tentando não acordar a garota, ele tirou o celular de sua mão e botou sobre o criado mudo mais próximo da cama. Completou as demonstrações de carinho cobrindo a garota com o cobertor. Enquanto Sadie dormia, ele não dormiu. Ficou velando pelo sono dela.

O tempo se passando enquanto Sadie dormia e Anúbis ficou lá sem sair do quarto ou dormir também. Ao menos tratou de fazer algo e pegou o enorme livro cheio de coisas marcadas e papéis dentro. Ainda achava irônica a ideia de o que aquele livro representava. O deus egípcio da morte estudando para ser um simples juiz humano. Ao menos Anúbis considerava que era melhor do que ser advogado. Sadie até poderia ter dormido mais, bem que merecia, mas ainda eram 9:30 quando ela abriu os olhos.

— Bom dia - ele disse notando os olhos sonolentos dela.

— Sério que acabei dormindo mesmo? - disse ela soltando um longo bocejo.

— Teve algum pesadelo dessa vez? - perguntou ele sentando-se na cama e fazendo carinho na cabeça dela.

— Não. - disse ela com um sorriso sonolento - Não sonhei nada. Acho que estava bem cansada. Ei, eu estava pensando sobre o casamento e queria te perguntar uma coisa.

— O que?

— Você sabe como funciona um casamento hoje em dia? A cerimônia - disse ela se sentando na cama.

— Ahm… - começou ele parando um pouco pra pensar - A noiva veste um vestido geralmente branco e o noivo um terno preto. E… tem um cara no meio… a noiva anda pelo corredor até o noivo…

— É. Não está errado - disse ela dando um sorriso - Já tem ideia de quem vão ser seus padrinhos?

— Padrinhos? - perguntou ele meio perdido virando a cabeça levemente para um lado de um jeitinho que ela achava muito fofo.

— É. Eu escolho minhas madrinhas e você seus padrinhos. Amigos que sejam importantes para você. A ideia antes era ser só uma madrinha e um padrinho, acho, mas aí o povo começou à empolgar e o número ficou bem aleatório - completou ela rindo.

— Quantos?

— Bem. Aí tanto faz só que tem que ser o mesmo tanto de madrinhas e de padrinhos.

— Já sabe quem vão ser suas madrinhas?

— Pensei em Annabeth, Liz e Emma. Seria legal a Bastet também se ela puder ir agora que voltou mas, já que não consigo nem me comunicar com ela, Annabeth, Liz e Emma são um bom começo.

— Tenho que escolher três padrinhos então… - disse Anúbis pensando e Sadie afirmou brevemente com a cabeça - Pensarei nisso.

Depois disso, eles trocaram de roupa e desceram para tomar café da manhã. Lá na cozinha, já tomando o café da manhã, estavam três aprendizes e também Nico e Will que levaram à sério o ‘sinta-se em casa’. A bagunça na mesa da cozinha era prova de que alguns outros já tinham passado por ali. Sadie só suspirou ao ver a bagunça, já tinha cansado de falar para os aprendizes para limpar a bagunça que eles faziam depois de comerem. Alguns até lembravam disso, mas não eram todos.

— Depois você me ensina a usar o arco e flecha?! - pedia um dos aprendizes, um garotinho de 12 anos, cabelos cor de areia e um sorriso enorme.

— Vou pensar no seu caso - disse Will rindo levemente.

— Achei que fossem levantar cedo para passear na cidade o mais cedo possível - disse Sadie abrindo a geladeira atrás de um iogurte.

— A ideia até ontem era essa - disse Nico.

— Mas achamos melhor aproveitar a acomodação e café da manhã grátis para descansar um pouco - disse Will rindo.

— Vocês poderiam ficar mais tempo!! - pedia outra dos aprendizes, Hannah - Eu adoraria poder aprender alguma coisa com vocês também!

— Nem dá. Foi mal - disse Will - Eu ainda tenho que voltar pra faculdade.

— Quando vai terminar? - perguntou Anúbis que se servia de pão com geléia.

— Tecnicamente eu só tenho que terminar a parte de residência - disse Will suspirando cansado.

— Ninguém mandou fazer medicina. - disse Nico.

— Mudando de assunto, viram as fotos do Percy?! - perguntou Sadie.

— Vimos! Tão bonitinho o Colin né!? - disse Will.

— Temos que visitá-los depois que voltarmos - disse Nico.

— Acho melhor esperar mais um pouco. - disse Sadie - Bebês recém-nascidos são muito frágeis e com certeza o Percy e a Annabeth estarão cansados.

— Verdade… verdade… - disse Will soltando um suspiro e então olhando para o teto com o olhar sonhador.

Do nada, Will agarrou o braço de Nico fazendo ele largar a colher com cereal e leite no meu do caminho até a boca fazendo mais uma pequena bagunça na pobre mesa da cozinha.

— Também quero um bebê! - insistiu Will de repente e todos pararam de fazer o que faziam para olhar para os dois.

— Não sei o tanto que você já estudou no seu curso de medicina, mas até onde eu saiba a biologia não deixa a gente ter um filho, Will - ralhou Nico.

Will revirou os olhos e bufou como se aquilo fosse só um mero detalhe à mais.

— Eu sei! Mas nada impede a gente de adotar. - disse Will esperançoso.

— Na verdade tem uma coisa que impede sim a gente de adotar. Se chama “preconceito” - disse Nico voltando à dar atenção ao seu cereal.

— Ah! Que isso! Pela lei a gente pode! E o que são algumas pessoas chatas pra quem já enfrentou diversos monstros e salvou o mundo diversas vezes? - disse Will.

Nico ficou olhando para Will por alguns segundos enquanto mastigava seu cereal mas depois de um tempo acabou voltando a baixar o olhar para a tigela antes de dizer as palavras:

— Vou pensar. - disse Nico.

Depois do café da manhã, o dia se seguiu normalmente. Will e Nico foram passear por Londres prometendo voltar mais cedo para ir para o restaurante mexicano. Sadie e Anúbis também foram cuidar dos assuntos que tinham para tratar geralmente relativos à administração do Nomo. Nos dias de semana, se preocupavam mais com as coisas de seus trabalhos normais e sem graça mas nos finais de semana não mexiam em nada dos trabalhos normais e sem graça e focavam mais no Nomo. Afinal, todo mundo tinha que ajudar de alguma forma ali também. Enquanto Sadie literalmente mandava no Nomo fazendo as decisões mais importantes, Anúbis ajudava ela nas coisas que ela tinha preguiça de ver ou estava muito atarefada para resolver. Além disso, ambos também ajudavam alguns aprendizes dali com seus estudos. Anúbis era bem exigente na escolha de aprendiz para ensinar suas magias de necromancia então, no final das contas, não ensinava para ninguém. Mas no final das contas ele era muito útil para aqueles que queriam ficar fluentes em egípcio. Sim, era cansativo, mas também era divertido.

Will e Nico voltaram para o Nomo antes da hora marcada no restaurante mexicano. Deu tempo certinho para todos se arrumarem e então irem para o restaurante. Quando o quarteto chegou lá, Liz e Emma já estavam lá. As duas amigas de Sadie desde muito tempo atrás abriram um sorriso enorme ao ver a garota.

— Deixa eu ver! Deixa eu ver! - pediu Liz.

Já sabendo do que a garota se referia, Sadie mostrou a aliança em seu dedo. Liz e Emma imediatamente deram gritinhos bem fangirl.

— Ai Sadie, eu estou tão feliz por vocês! - disse Emma - Parabéns.

— Eu também estou - completou Liz.

— E tem mais uma coisa… - disse Sadie - Será que vocês aceitariam ser minhas madrinhas?

— Ora, mas é claro! Eu ficaria bem chateada se você não chamasse - disse Liz fazendo Sadie rir e o resto do grupo abrir um sorriso.

Eles não conversaram muito até chegar o resto dos convidados. Um casal e mais um rapaz. O casal era um dos mais recentes orgulhos de Sadie. Ele, Peter, ela, Clare. Anúbis havia conhecido Peter no curso dele de direito enquanto Sadie tinha conhecido Clare quando fez cursinho de francês. Não demorou muito para que algo mais começasse a nascer entre o garoto de cabelos negros e olhos castanhos e a garota de cabelos castanhos e olhos azuis. Quando notou isso, Sadie rapidamente começou à dar um jeitinho de facilitar as coisas para os dois e ali estava a prova da conquista. Peter e Clare estavam namorando. Com isso, a amizade com Clare, que antes era apenas uma pequena sementinha, foi gradualmente se fortalecendo. O outro rapaz era William, também do curso de Anúbis, era um rapaz de cabelos encaracolados castanhos que tinha se mudado de uma cidadezinha no interior da Inglaterra.

Depois das típicas congratulações pelo noivado e de apresentações para aqueles que não se conheciam, a conversa se seguiu animada enquanto o grupo se enchia de tacos, quesadillas e burritos.

— Aí ele vem e me diz que isso era o mínimo esperado de uma mulher! - reclamava Clare falando de um garoto de sua aula de árabe - Sério, não acredito! Não suporto aquele cara. Dá uma vontade de esfregar minhas notas na cara dele.

— Faça isso então ué - disse Sadie dando uma bela risada.

— Farei. Com certeza farei. Só tenho que esperar sair a primeira nota. - continuava Clare - E o pior, é que o professor concorda com ele também.

— Como se não pudesse ficar pior… - disse Will.

— Mas tem uma coisa que eu estava pensando depois da aula de hoje… - disse Clare olhando para Anúbis - O professor disse que mora aqui na Inglaterra à 30 anos.

— Tempo pra caramba. - emendou Peter.

— Sim. - disse Clare concordando olhando brevemente para Peter mas logo voltando à olhar para Anúbis - Mas ele ainda tem um sotaque árabe bem carregado. Como você não tem sotaque? O Egito não fala árabe também?

Anúbis não pode deixar de abrir um pequeno sorriso conspiratório e dar de ombros sem responder a pergunta dela. Nem Clare, nem Peter, nem William sabiam quem ele realmente era. No máximo só achavam que ele era só um egípcio qualquer que por acaso tinha um nome estranho. O mesmo sorriso conspiratório também aparecia nos rostos de Sadie, Nico, Will, Liz e Emma, pois eles sabiam a verdade. A verdade que provavelmente Anúbis nunca teve sotaque árabe pelo simples fato de que sua primeira língua era egípcio e que provavelmente ele teve séculos para se livrar de qualquer sotaque que ter a língua morta como primeira língua pudesse ocasionar. De toda forma, ele, Sadie, Nico e Will estavam achando até estranho ter uma noite tão... normal... como aquela. Não foram poucas às vezes que Anúbis se perguntava como ele tinha conseguido fazer amigos humanos de novo. Sabia muito bem que faziam séculos que não tinha interagido direito com mortais, se ver agora como um era certamente algo que ele não tinha se acostumado totalmente.

O grupo conversou, se divertiu, comeu e bebeu por algumas horas aproveitando bem a magia simples chamada "Final de Semana". Depois, com todos já cansados, cada um seguiu seu rumo para dormir e eventualmente dar início à um novo dia.


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Notas finais do capítulo

e é isso por hoje :)
mereço comentários? nem que seja um joinha ou aquele "continua"? ;~;